A HISTÓRIA DO ELETROMAGNETISMO E O FENÔMENO DA SUPERCONDUTIVIDADE

camargolucy 9,630 views 61 slides Mar 19, 2013
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About This Presentation

Monografia apresentada na disciplina de história da física.


Slide Content

Universidade Federal de São Carlos
Departamento de Física

História da Física
Prof. Dr. Salomon Sylvain Mizrahi

A HISTÓRIA DO ELETROMAGNETISMO E O FENÔMENO DA
SUPERCONDUTIVIDADE



Alunos:
Luciana Camargo Cabrelli RA: 269492
Pablo Felipe Marins Finotti RA: 269590
Christhiano Henrique Menezes de Ávila Peres RA: 2 69581

ELETROMAGNETISMO

INTRODUÇÃO
Os estudos da supercondutividade tem como base, entre outras coisas, as leis do
eletromagnetismo. Mas nem sempre tivemos eletromagnetismo – e sim, eletricidade e
magnetismo. A partir de Hans Christian Ørsted que começa-se a desenvolver a teoria do
eletromagnetismo, consolidada por James Clerk Maxwell. Para isso, mostra-se a evolução das
idéias da eletricidade, do magnetismo, e a ligação entre essas duas teorias.
Tales de Mileto foi um grego pré-socrático, nascido em 624/625 A.C. em Mileto, na
Ásia Menor, atualmente representa a região da Turquia. É considerado o primeiro filósofo
ocidental de que se tem notícia. Ele é o marco inicial da filosofia ocidental. Com uma vida
rica de produções, faleceu aproximadamente em 556 ou 558 a.C.
No século VI a.C. Tales observou que o âmbar, uma resina fóssil, ao ser atritado em
lã, adquiria a propriedade de atrair objetos leves e secos (sementes de grama, palha, folhas,
etc.). Para ele, o âmbar possuía alma; por isso podia atrair coisas.
Em uma de suas viagens a Ásia (na época província da Grécia) para Magnésia (nome
da região da Ásia) constatou que pequenas pedrinhas estavam sendo atraídas na ponta de
ferro do seu cajado. A explicação dada por Tales para esse fenômeno é relatado em um livro
de Aristóteles Da Alma. Aristóteles escreve: “E afirmam alguns que ela (a alma) está
misturada com o todo. É por isso que, talvez, Tales pensou que todas as coisas estão cheias de
deuses. Parece também que Tales, pelo que se conta, supôs que a alma é algo que se move, se
é que disse que a pedra (ímã) tem alma, porque move o ferro”.
Na Antiguidade não era feita uma ligação entre eletricidade e magnetismo. Somente
no século XIX desenvolveu-se uma relação entre os fenômenos. O magnetismo na
Antiguidade era conhecido através do mineral magnetita, e seu uso e suas propriedades eram
envolvidos por muito misticismo. Somente no século XVI, através de William Gilbert, como
será citado posteriormente, foi desenvolvido um trabalho metódico sobre as propriedades do
magnetismo.
Somente no século XIII teremos mais estudos sobre o magnetismo. Pedro de
Maricourt, também citado como Pierre Pèlerin de Maricourt (na França), Peter Peregrinus
(na Inglaterra) e Petrus Peregrinus de Maharncuria (denominação latina) foi um estudioso
Frances do século XIII que realizou experimentos sobre magnetismo e escreveu o primeiro
tratado existente sobre as propriedades dos ímas. Seu trabalho se destaca ainda pela primeira
descrição detalhada de uma bússola.
Datado de 8 de agosto de 1269, Pedro escreveu um trabalho chamado Epistola Petri
Peregrini de Maricourt ad Sygerum de Foucaucourt, militem, de magnete (Carta sobre o

Magneto de Pedro Peregrino de Maricourt para Sygerus de Foucaucourt, Militar), chamada
simplesmente Epístola do Magneto. As experiências e instrumentos apresentados na carta
aparentemente datam de vinte anos antes, como mostram referências em vários trabalhos
de Roger Bacon.
A carta de Pedro de Marincourt explica como identificar os pólos de uma bússola.
Também descreve as leis da atração e repulsa magnética, bem como a descrição de bussolas,
uma dos quais poderia direcionar seus passos para cidades e ilhas e qualquer lugar do
mundo.
Estudiosos da Oxford University citavam freqüentemente a Epístola. A primeira
edição impressa foi lançada em Augsburg, 1558, por Achilles Gasser.
Em Epístola, Peregrinus nomeia quatro características do íma: cor (ele deve
assemelhar-se ao ferro polido manchado pela oxidação com o ar), homogeneidade (apesar de
um íma raramente ser homogêneo, o mais homogêneo é mais eficiente como íma), peso
(conseqüência da homogeneidade e densidade – um magneto pesado é um magneto melhor),
e virtude, ou poder de atrair ferro.
Embora as propriedades de orientação norte-sul de uma bússola magnética já eram
conhecidas - desde o século XI (e provavelmente antes) na China e desde o século XII no
oeste latino e apesar de ter sido conhecido desde a Antiguidade que os ímãs poderiam atrair e
repelir o ferro - Peregrinus deixou o primeiro relato existente sobre a polaridade magnética e
métodos para determinar os pólos de um ímã.
Peregrinus também pode ter sido o primeiro a aplicar o termo Polus para pólo
magnético. Assim como na esfera celeste tem um norte e Pólo Sul, também faz cada ímã.
Já no século XVII, estendendo os estudos de Peregrinus, temos William Gilbert
(1540-1603), físico e médico inglês. Embora fosse um médico renomado, ficou conhecido na
história como o primeiro cientista a publicar um livro descrevendo fenômenos elétricos e
magnéticos: De Magnete, Magneticisque Corporibus, et de Magno Magnete Tellure (Sobre
os ímãs, os corpos magnéticos e o grande ímã terrestre) publicado em 1600. Essa seria seu
principal trabalho.
Em seu trabalho descreve diversas de suas experiências com seu modelo de terra
chamado Terrella – uma pequena esfera simulando a Terra com o seu campo magnético. Das
experiências, ele conclui que a Terra era magnética e esse era o motivo pelo qual
as bússolas apontam para o norte (anteriormente, era se dito que isto se devia a estrela
polar ou as grandes ilhas magnéticas no pólo norte que atraiam a bússola). Em seu livro, ele
também estudou eletricidade estática usando âmbar; em grego, âmbar é chamado elektron,

então, Gilbert decidiu chamar isso de eletricidade. Ele foi o primeiro a usar os termos de
força elétrica, atração elétrica, e pólo magnético. A unidade de força magnetomotriz, também
conhecido como potencial magnético, é nomeado de Gilbert em sua homenagem. Morreu
de peste bubônica em Londres, em 10 de Dezembro de 1603.


De Magnete, Magneticisque Corporibus, et de Magno Magnete Tellure
Fonte: http://www.cq.ufam.edu.br/bateria/figuras_gilbert/livro.jpg


A Terrella de Pedro de Maricourt
Fonte: http://www.jergym.hiedu.cz/~canovm/objevite/objev4/gil_soubory/gilbert_terrella_1765.gif

Otto von Guericke (Magdeburgo, 1602 — Hamburgo, 1686) nasceu em 20 de
novembro de 1602 na cidade de Magdeburgo e morreu e m 11 de maio

de 1686 em Hamburgo. Durante trinta anos foi o burgomestre (uma espécie de governante)
de Magdeburgo.
Otto von Guericke estudou Matemática e Direito na Universidade de Leiden antes de
trabalhar como engenheiro na Alemanha. Aos 25 anos, retornou a Magdeburg, sua cidade
natal, que quatro anos mais tarde seria destruída na Guerra dos Trinta Anos. Conseguiu fugir
com a família, mas perderam todos os seus bens.
Fez parte então do exército sueco durante algum tempo, até poder voltar a
Magdeburgo, que ajudou a reconstruir, trabalhando como engenheiro. Em 1646, tornou-se
prefeito da cidade, ocupando esse cargo por 35 anos.
Guericke foi um defensor da idéia de que o vácuo existia. Sua experiência mais
famosa foi feita em 1654. Guericke construiu dois hemisférios metálicos que se encaixavam
perfeitamente. Ao remover o ar do interior da esfera assim formada, os hemisférios se
mantinham unidos, não sendo possível separá-los nem com o esforço de diversos cavalos.
Em 1670, como prefeito da cidade de Magdeburgo, construiu a primeira máquina
eletrostática. Era uma enorme esfera de enxofre que ele fazia girar, enquanto a atritava com
um pedaço de lã. O atrito fazia a esfera acumular eletricidade estática, que podia ser
descarregada na forma de faíscas. O que o levou a criar esse aparelho foram as pesquisas de
Gilbert, feitas em 1672, sobre a eletrização por atrito. Numa carta ao matemático alemão
Leibniz, Guericke descreveu os resultados que obteve. Desse jeito, conseguia gerar uma
quantidade de eletricidade suficientemente grande para produzir faíscas.
Von Guericke observou também, utilizando a sua máquina, que pequenos pedaços de
papel atraídos pela máquina entravam em contato com ela e eram em seguida repelidos.
Concluiu que corpos eletrizados tanto podiam provocar atração como repulsão. Esta
observação foi uma das mais importantes para a compreensão da natureza da eletricidade.

Von Guericke e sua máquina
Fonte: http://chem.ch.huji.ac.il/history/guericke_machine1.jpg

Mais um século se passou sem que os cientistas dessem o verdadeiro valor para a
eletricidade. Somente em 1727 que Stephen Gray (1666-1736) deu um decisivo passo.
Stephen Gray
foi um tintureiro inglês e astrônomo amador. Ele foi o primeiro a experimentar
a sistemática de condução elétrica, ao invés de geração simples de cargas estáticas e as
investigações dos fenômenos estáticos.
Durante esse tempo ele começou novamente a realizar experimentos com eletricidade
estática, usando um tubo de vidro como um gerador de atrito.
Gray friccionou um tubo longo e oco, de vidro, com mais ou menos um metro de
comprimento. O tubo atraiu penas, mostrando que a eletricidade havia penetrado nele.
Como o tubo era aberto em ambas as extremidades, Gray pensou que a poeira pudesse
penetrar nele, inutilizando sua experiência, e, por isso, vedou-as com rolhas de cortiça. Então,
notou um fato estranho: as penas eram atraídas para as rolhas, também. Ela, porém, havia
friccionado apenas o vidro, e não as rolhas. Concluiu que, ao colocar eletricidade no tubo, ele
penetrara, também, nas rolhas de cortiça.
Querendo aprofundar seus estudos, ele colocou um pequeno bastão de abeto (tipo de
madeira) colocado no centro da cortiça, e percebeu que as cargas contidas na cortiça
passavam para o bastão. Gray experimentos tamanhos maiores de bastão, e finalmente ele
adicionou um fio conectado numa boa de marfim. Nesse processo ele descobriu que a força
elétrica pode atuar à distância, e que a bola de marfim agiria para atrair objetos leves como se
fosse o tubo de vidro eletrificado. Ou seja, ele concluiu que a "virtude" elétrica (como então
se dizia) era transportável de um corpo para outro, através de um fio ou até por simples
aproximação.

Em 1729 Gray tenta uma experiência de maior envergadura: a transmissão de
eletricidade horizontalmente ao longo das paredes do seu laboratório. Para estas experiências
pediu a colaboração do seu amigo Wheler. Dispuseram fios ao longo das paredes do
laboratório suspensas por fitas de seda, conseguindo assim transmitir eletricidade a uma
distância de cerca de 90 m.
Tentando prolongar a experiência utilizaram como suspensão fios de latão e
verificaram que a eletricidade não era transmitida. Foi o emprego deste fio de latão que
conduziu à importante descoberta da distinção dos corpos em condutores e não condutores de
eletricidade. Gray não demorou a convencer-se que era a natureza da seda e não outra
circunstância, que impedia a perda da eletricidade. Um fio metálico, qualquer que fosse a sua
grossura, deixava sempre escapar a eletricidade, enquanto que o cordão de seda a retinha
sempre.
Uma outra descoberta importante de Gray foi a das cargas induzidas ou da
eletricidade por influência: o fato de a eletricidade poder ser transportada sem contato direto
do tubo com a linha de comunicação. No fim da sua vida avançou com a hipótese, mais tarde
verificada por Benjamin Franklin, de que a faísca elétrica parecia ser da mesma natureza que
o raio atmosférico.


Stephan Gray
Fonte: http://www.cti.furg.br/~santos/apostilas/fisica3/personagens_arquivos/image027.jpg

Charles François de Cisternay du Fay (1698 – 1739) foi um químico francês
nascido em Paris, descobridor europeu da eletricidade positiva e negativa, descrevendo pela
primeira vez em termos de cargas elétricas a existência de atração e repulsão (1737). Capitão
do exército e diplomata francês, deixou estas atividades para estudar química e tornou-se
químico da Académie Française.

A partir do modelo primitivo de Guericke aprofundou as pesquisas sobre as
propriedades elétricas de numerosos materiais. Por exemplo, desenvolveu diversos
experimentos acerca da condução da eletricidade observando que um fio de barbante seco era
isolante enquanto que o barbante úmido era condutor. Estudou detalhadamente o fenômeno
da repulsão em corpos carregados (1733), descobrindo também que os objetos carregados se
atraíam em certas circunstâncias enquanto que em outras se repeliam e concluiu pela
existência de duas espécies diferentes de eletricidade, que designou, conforme o material de
referência, por vítrea, a correspondente a hoje carga positiva, e a resinosa, a forma negativa
da carga elétrica. Comprovou a existência de dois tipos de força elétrica: uma de atração, já
conhecida, e outra de repulsão. Para ele estava definido que a eletricidade tinha a propriedade
de atrair corpos leves. Assim, baseando-se em experiências com várias substâncias, ele foi o
primeiro a dividir os corpos em dois grandes grupos, segundo seu comportamento elétrico. A
existência de dois tipos de eletricidade foi também comprovada paralelamente e de forma
independente pelo cientista norte-americano Benjamim Franklin (1706-1790), que
aparentemente desconhecia os trabalhos desenvolvidos na Europa.
Nessa época, já haviam sido reconhecidas duas classes de materiais: isolantes e
condutores. Estas contribuições teóricas permitiram o desenvolvimento da máquina
eletrostática cujos órgãos essenciais eram um mecanismo de arrastamento,
o desmultiplicador e uma manivela, um elemento rotativo deslizante entre almofadas,
produzindo eletricidade estática, e um acumulador de carga. Foi nomeado superintendente
dos Jardin du Roi, de Paris (1732), e também se destacou em botânica e no estudo das
propriedades óticas dos cristais, e morreu em Paris, depois de uma breve enfermidade, com
pouco mais de 40 anos de idade.
Em 1734 Charles Du Fay aliando a máquina eletrostática de Von Guericke e a
descoberta de materiais condutores, retomou e desenvolveu as experiências
de Gray chegando a conclusões importantes. A maior descoberta de Du Fay foi a existência
de duas espécies de eletricidade. Ele notou que a carga elétrica adquirida por um bastão de
vidro, eletrizado com seda, era diferente da carga elétrica adquirida por uma vareta de
ebonite, eletrizada por um pedaço de lã. Para demonstrar sua experiência Du Fay utilizou
quatro bolinhas de medula de sabugueiro (o isopor daquela época) penduradas por um fio
isolante. O dispositivo foi chamado de “Pêndulo Elétrico” e funciona da seguinte maneira:
aproximando um bastão de vidro ou de ebonite eletrizados (por atrito) da bolinha do Pêndulo
Elétrico, o bastão atrai a bolinha, ocorre o contato entre eles e, imediatamente, a bolinha

passa a ser repelida pelo bastão. Com essa experiência, Du Fay concluiu que as bolinhas dos
pêndulos adquiriam a mesma espécie de eletricidade que a do bastão eletrizado.

O pêndulo eletrostático.
Fonte:
http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade_magnetismo/basico/cap01/fig16.gif

Benjamin Franklin (1706 - 1790) foi jornalista, editor, autor, filantropo,
abolicionista, funcionário público, cientista, diplomata e inventor americano, que foi também
um dos líderes da Revolução Americana, e é muito conhecido pelas suas muitas citações e
pelas experiências com a eletricidade. Ele trocava correspondências com membros da
sociedade lunar e foi eleito membro de Royal Society. Em 1771, Franklin tornou-se o
primeiro Postmaster General (ministro dos correios) dos Estados Unidos da América.
Em 1752 Benjamin Franklin retomando os estudos de Du Fay formulou uma teoria
segundo a qual os fenômenos elétricos eram produzidos pela existência de um fluido
elétrico que estaria presente em todos os corpos (hoje, sabemos que esse fluido não existe).
Os corpos, normalmente, teriam quantidades iguais desses fluidos (vítreo e resinoso), por isso
eram eletricamente neutros. Quando eletrizados, haveria a transferência de fluido de um para
outro e essas quantidades deixariam de ser iguais. A eletricidade de um corpo corresponderia
à do fluido que ele contivesse em excesso. Por outro lado, se para um mesmo corpo fosse
fornecido a mesma quantidade de fluido vítreo e resinoso, o corpo não manifestaria
propriedades elétricas, os fluidos se neutralizariam. Tudo se passava como se os fluidos se
somassem algebricamente. Daí, Franklin, passou a chamar a carga elétrica VÍTREA de
POSITIVA e a RESINOSA de NEGATIVA. Sendo assim, para Franklin, não haveria criação

nem destruição de cargas elétricas, mas apenas transferência de eletricidade (fluido elétrico)
de um corpo para outro, isto é, a quantidade total de fluido elétrico permanecia constante. A
partir dessa conclusão ele enunciou o “Princípio da Conservação das Cargas Elétricas”:
Franklin descobriu ainda que quando se eletriza um corpo que possua uma cavidade
as cargas elétricas em excesso se distribuem apenas na superfície do mesmo; na cavidade não
são encontradas cargas elétricas, isto é, o seu interior é eletricamente neutro. Outra descoberta
de Franklin foi de que corpos em forma de ponta permitiam o “vazamento” da eletricidade.
Através de saliências pontiagudas, um corpo podia perder ou adquirir eletricidade.
Associando essas idéias com a descoberta dele que o raio é uma descarga elétrica
(experiência da pipa) ele inventou o pára-raios. O pára-raios “tipo Franklin” inventado por ele
foi a primeira contribuição prática na área da eletricidade e é utilizado até hoje.
Charles Augustin de Coulomb (1736 –1806) foi um físico francês. Em sua
homenagem, deu-se seu nome à unidade de carga elétrica, o coulomb.
Engenheiro de formação, ele foi principalmente físico. Publicou 7 tratados sobre
a Eletricidade e o Magnetismo, e outros sobre os fenômenos de torção, o atrito entre sólidos,
etc. Experimentador genial e rigoroso, realizou uma experiência histórica com uma balança
de torção para determinar a força exercida entre duas cargas elétricas , hoje conhecida por nós
como Lei de Coulomb.
Coulomb nasceu em 14 de junho de 1736. Seu pai, Henry Coulomb, e sua mãe,
Catherine Bajet, vinham de famílias muito conhecidas na região de Angoulême, capital de
Angoumois, no sudoeste da França. Após receber a educação básica em sua cidade natal, a
família de Coulomb mudou-se para Paris e este continuou seus estudos no Colégio Mazarin,
vindo a receber o melhor ensino em Matemática, Astronomia, Química e Botânica.
Durante este período, seu pai perdeu todo o seu dinheiro devido a maus investimentos
financeiros e decidiu ir para Montpellier, sendo que sua mãe permaneceu em Paris.
Entretanto, devido a desentendimentos entre Coulomb e sua mãe a respeito de sua carreira,
cujos interesses incluíam a Matemática e a Astronomia, Coulomb optou por partir para
Montpellier com seu pai. Lá, entrou para a Sociedade de Ciências em 1757.
Desejava entrar na “École Génie” em Mézières e, para isso, precisava se preparar
muito para os exames. Dessa forma, retornou a Paris em 1758 e foi preparado por Camus,
examinador para os cursos de Artilharia. Em fevereiro de 1760, Coulomb entrou na “École
Génie” onde viria a se formar engenheiro militar em novembro de 1761.
Passou nove anos (de 1764 a 1772) nas “Índias Ocidentais”, atual América,
supervisionando os trabalhos de construção do “Fort Bourbon”, em Martinique (província

francesa próxima da Venezuela), onde teve a oportunidade de realizar inúmeros experimentos
sobre mecânica de estruturas, atrito em máquinas e elasticidade de materiais. Todavia, o
extenso período na província abalou muito a sua saúde o que fez com que, em 1772,
regressasse a Paris, onde passou a dedicar-se somente à experimentação científica e a
escrever importantes trabalhos a respeito da mecânica aplicada.
Em 1779, Coulomb foi enviado a Rochefort para colaborar com o Marquês de
Montalembert na construção de uma fortaleza. Esse marquês, assim como Coulomb, possuía
grande reputação entre os engenheiros militares. Durante esse período, Coulomb aproveitou
para continuar seus estudos e conquistou o grande prêmio na Academia de Ciências em 1781
(já havia conquistado outro em 1777 graças a um trabalho sobre o magnetismo terrestre)
devido à sua teoria do atrito nas máquinas simples. Nesse trabalho, Coulomb investigou o
atrito estático e dinâmico entre superfícies e desenvolveu uma série de equações
estabelecendo a relação entre a força de atrito e variáveis como a força normal, tempo,
velocidade, etc.
Em 1785 Coulomb baseado na Lei da Gravitação Universal, de Newton, e utilizando
uma balança de torção, Coulomb determinou empiricamente os valores de atração e repulsão
elétricas.
A balança de torção consiste em uma haste isolante com duas esferas metálicas nas
pontas (sendo uma delas de contrapeso) suspensa por uma fibra fina ligada a um ponteiro
com uma escala graduada.

Desenho esquemático de uma balança de torção utilizada por Coulomb.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikibooks/pt/5/5e/Balanca_torcao.jpg

Para a experiência, Coulom
eletricamente de uma das esferas pr
com que a fibra rotacionasse d
compensava esta rotação, e lia na e
ser uma medida relativa da força
carga eletrizada a várias distâncias
proporcional ao quadrado da distân
A força entre as esferas é d
temos que:

Para transformarmos em i
proporcionalidade. Esta constante
sistema SI, mais utilizado, o k é def
k ≡

Onde c é a velocidade da luz no v
espaço livre.
A força elétrica resultado de
necessário explicitar a direção de
q2 devido a carga q1 será represen
q2 por . Desta forma a equação


onde é o vetor unitário da dire

omb aproximou uma terceira esfera (q2) metálic
presas à haste (q1, também carregada) repelindo-
de um certo ângulo Θ. Girando o ponteiro
a escala graduada o valor deste ângulo. Este val
ça de atração. Repetindo estas experiências e c
as, Coulomb percebeu que a força elétrica era in
ância
F ∝∝∝∝
diretamente proporcional as suas cargas elétrica
F ∝∝∝∝
igualdade é necessário que tenhamos uma co
te de proporcionalidade é o k. No sistema CG
efinido como:
vácuo e vale 299.792.458 m/s, e ε0 é a permis
desta interação entre as esferas q1 e q2 é um veto
desta força. Convencionaremos que a força
sentada por e a força sentida por q1 devi
ão que representa a força elétrica na esfera q1 é d

ireção de 2 para 1.
lica carregada
-a e fazendo
iro, Coulomb
alor passou a
colocando a
inversamente
icas. Portanto,
constante de
GS k=1. No

issividade do
tor. Por isto é
a sentida por
vido a carga
dada como:

Além do prêmio, Coulomb assumiu um posto permanente na Academia de Ciências
não assumindo mais nenhum projeto de engenharia (área onde passou a ser apenas consultor)
dedicando-se exclusivamente à Física.
Utilizando a metodologia de medir forças através da torção, Coulomb estabeleceu a
relação entre força elétrica, quantidade de carga e distância, enfatizando a semelhança desta
com a teoria de Isaac Newton para a gravitação, que estabelece a relação entre a força
gravitacional e a quantidade de massa e distância. Além disso, estudou as cargas elétricas
pontuais e a distribuição de cargas em superfícies de corpos carregados.
Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (1745 — 1827) foi um
físico italiano, conhecido especialmente pela invenção da bateria. Mais tarde, viria a receber
o título de conde. Volta nasceu e foi educado em Como, Itália, onde ele se tornou professor
de Física na Escola Real em 1774. Sua paixão foi sempre o estudo da eletricidade, e já como
um jovem estudante ele escreveu um poema em latim na sua nova fascinante descoberta. De
vi attractiva ignis electrici ac phaenomenis independentibus foi seu primeiro livro científico.
Em 1775 ele criou o eletróforo, uma máquina que produzia eletricidade estática, e fez
experimentos como ignições de gases por uma faísca elétrica em um tanque fechado.
Em 1796 Volta mostrou que os efeitos elétricos observados por Galvani ao realizar
experiências com rãs não eram devidos a uma “eletricidade animal” como propunha Galvani,
mas eram produzidos pelo contato de dois metais diferente num meio ácido. Esse estudo o
levou em 1800 à descoberta da pilha que tomou o nome de “pilha de Volta” e foi a primeira
fonte contínua de eletricidade. Volta determinou que os melhores pares de metais dissimilares
para a produção de eletricidade eram zinco e prata.
Inicialmente, Volta experimentou células individuais em série, cada célula sendo um
cálice de vinho cheio de salmoura na qual dois eletrodos dissimilares foram mergulhados. A
pilha elétrica substituiu o cálice com um cartão embebido em salmoura. (O número de
células, e conseqüentemente, a voltagem que poderiam produzir, estava limitado pela pressão
exercida pelas células de cima, que espremeram toda a salmoura do cartão da célula de
baixo).
Em 1881 uma importante unidade elétrica, o volt, foi nomeado em homenagem a
Volta. Volta aparecia nas notas de dez mil liras italianas, hoje já fora de circulação.

Imagem de Alessandro Volta numa nota de dez mil liras italianas.
Fonte: http://www.thecurrencycommission.com/banknotes/Italy-ID113-10000.jpg

A partir dos estudos de
Ørsted, ficou clara a relação entre eletricidade e magnetismo.
Hans Christian Ørsted (1777- 1851) foi um físico e químico dinamarquês.
Doutorou-se em 1799. Após ter realizado uma longa viagem de estudo pela Europa, foi
nomeado, em 1804, professor de Física da Universidade de Copenhague. Foi também
inventor do piezômetro (aparelho que serve para medir a compressibilidade dos líquidos).
Apesar de ter realizado estudos de química, os seus trabalhos incidiram
principalmente sobre problemas de eletromagnetismo, tendo descoberto em 1820 o efeito que
tem o seu nome.
Enquanto se preparava para uma palestra na tarde de 21 de Abril de 1820, Ørsted
desenvolveu uma experiência que forneceu evidências que o surpreenderam. Enquanto
preparava os seus materiais, reparou que a agulha de uma bússola defletia do norte
magnético quando a corrente elétrica da bateria que estava a usar era ligada e desligada. Esta
deflexão convenceu-o que os campos magnéticos radiam a partir de todos os lados de um fio
carregando uma corrente elétrica, tal como ocorre com a luz e o calor, e que isso confirmava
uma relação direta entre eletricidade e magnetismo.
À época desta descoberta, Ørsted não sugeriu nenhuma explicação satisfatória para o
fenômeno, nem tentou representar o fenômeno numa estrutura matemática. No entanto, três
meses mais tarde deu início a investigações mais intensivas. Pouco depois publicou as suas
descobertas, provando que a corrente elétrica produz um campo magnético à medida que flui
através de um fio. A unidade CGS da indução magnética (Ørsted) foi assim designada em
honra dos seus contributos no campo do eletromagnetismo.
As suas descobertas resultaram numa pesquisa intensa em eletrodinâmica por parte da
comunidade científica, influenciando o desenvolvimento de uma forma matemática única que

representasse as forças magnéticas entre condutores portadores de corrente por parte do físico
francês André-Marie Ampère.
André-Marie Ampére (1775 – 1836) foi um físico e matemático francês reconhecido
pelas inúmera descobertas no campo do eletromagnetismo. Em sua homenagem foi dado o
nome á medida de corrente elétrica, Ampére.
Lei de Ampère é a lei que relaciona o campo magnético sobre um laço com a corrente
elétrica que passa através do laço. É o equivalente magnético da lei de Gauss; foi proposta
originalmente por André-Marie Ampère e modificada por James Clerk Maxwell (por isso é
chamada também de lei de Ampère-Maxwell).
Pode-se calcular o campo magnético resultante em um ponto devido a qualquer
distribuição de correntes através da lei de Biot-Savart. Entretanto, se essa distribuição
apresentar um certo grau de simetria, é possível aplicar a Lei de Ampère para determinar o
campo magnético com um esforço consideravelmente menor.
A Lei de Ampère pode ser expressa matematicamente por:


Onde definimos que:
é a integral de caminho ao redor do percurso fechado C;
é o campo magnético ou senão densidade de fluxo magnético;
é um elemento infinitesimal do contorno C;
é a permeabilidade magnética do vácuo;
é a densidade de corrente (em Ampères por metro quadrado no SI) através da
supefície S englobada pelo contorno C;
é um vetor referente a unidade de área S, com magnitude infinitesimal e direção
normal à superfície S;
é siplesmente a corrente elétrica envolvida pela curva C.
Além da forma integral a Lei de Ampère expressa-se matematicamente também pela
forma diferencial:

Posteriormente, James Clerk Maxwell adicionou à lei de Ampére um termo referente
á corrente de deslocamento,







Onde é o vetor deslocamento elétrico.
Michael Faraday (1971 – 1867) foi um químico, filósofo e estudioso da eletricidade,
britânico, sendo nesse último campo que mais se destacou e ficou conhecido
mundialmente. Quando sua família emigrou para Londres, Faraday empregou-se com Ribeau,
um encadernador e comerciante de livros, e aí começou seus métodos autodidatas.
Em 1812, Faraday foi convidado para assistir a quatro conferências de sir
Humphry Davy, um importante químico inglês e presid ente
da Royal Society entre 1820 e 1827. Faraday tomou notas dessas conferências e, mais tarde,
redigiu-as em formato mais completo. Ele foi então encorajado a enviar suas
notas a sir Davy, que as recebeu favoravelmente.
Em1813, foi nomeado ajudante de laboratório da Royal Institution por recomendação
de Humphry Davy. Recebeu a nomeação para diretor do laboratório em fevereiro de 1825 e,
em 1833, tornou-se titular da cátedra Fullerton de química na Royal Institution. Faraday teve
importância na química como descobridor de dois cloretos de carbono, investigador de ligas
de aço e produtor de vários tipos novos de vidros. Um desses vidros tornou-se historicamente
importante por ser a substância em que Faraday identificou a rotação do plano de polarização
da luz quando era colocado num campo magnético e também por ser a primeira substância a
ser repelida pelos pólos de um ímã.
Particularmente, ele acreditava nas linhas de campo elétrico e magnético como
entidades físicas reais e não abstrações matemáticas. Porém, suas descobertas no campo da
eletricidade ofuscaram quase que por completo sua carreira química. Entre elas a mais
importante é a indução eletromagnética, em 1831. Faraday é considerado o maior
Físico Experimental de todos os tempos, tendo centenas de publicações sem utilizar sequer
uma equação matemática.
A lei de Faraday-Neumann-Lenz, ou lei da injeção eletrônica, é uma lei da física que
quantifica a injeção eletromagnética de um veículo, que é o efeito da produção de corrente
elétrica em um circuito colocado sob efeito de um motor bicombustível variável ou por um
circuito parado em um campo magnético inerte. É a base do funcionamento
dos alternadores, dínamos e transformadores, bem como é utilizado no funcionamento de
baterias como as de celulares e outros objetos eletrônicos.

A lei de Faraday pode ser de
aproximado da voltagem do campo
envolvida.
Tal lei é derivada da uniã
elaborada por Michael Faraday a p
um circuito aberto por um campo
fluxo que atravessa a área envolvid
Sendo E o campo elétrico
dΦB/dt é a variação do fluxo mag
forma da diferença na função do ca
Portanto:
e a lei, expressa mate
Neumann em 1845 em termos da fo

A lei de Faraday-Lenz enun
é diferente a variação do fluxo ma
campo magnético inerte dá origem
possível colocar um magneto no
necessário que o magneto ou o sole
motivo que um transformador nã
relativística, portanto o seu efeito é
magnetizado.
A contribuição fundamenta
sinal positivo na fórmula). A corre
descrita da seguinte maneira: X = a+b+c/Y, send
po magnético, e Y, o valor aproximado da corre
nião de diversos princípios. A lei da indução d
partir de 1931, afirma que a corrente elétrica i
po magnético, é desproporcional ao número de
ida do circuito, na unidade de tempo e espaço.

o induzido, ds é um elemento infinitesimal do
agnético. Uma maneira alternativa de se repre
campo magnético B:


atematicamente na forma elaborada por Fr
força eletromotriz, é:


uncia que a força eletromotriz induzida num circu
agnético conectado ao circuito. É importante no
m ao fenômeno da indução. Por esta e outras ra
no interior de um solenóide e obter energia
olenóide movam-se, consumindo energia mecâni
não funciona com corrente alternada. A lei é d
é resultado do movimento do circuito em relaçã
tal de Heinrich Lenz foi a direção da força elet
rrente induzida no circuito é de fato gerada por
ndo X = valor
rrente elétrica
de Faraday,
induzida em
de linhas do
do circuito e
resentar é na
Franz Ernst
rcuito elétrico
notar que um
razões, não é
ia elétrica. É
nica. Por esse
é de natureza
ção ao campo
letromotriz (o
or um campo

magnético, e a lei de Lenz afirma que o sentido da corrente é o mesmo da variação do campo
magnético que a gera.
Se o campo magnético concatenado ao circuito está aumentando, o campo magnético
gerado pela corrente induzida irá na mesma direção do campo original (se opõem ao
aumento), se, pelo contrário, o campo magnético concatenado está diminuindo, o campo
magnético gerado irá em direção oposta ao original (se opõem a diminuição).
Georg Simon Ohm (1789 –1854) nasceu na Alemanha na cidade de Erlangen, no
dia 16 de Março de 1789, tendo falecido em Munique, a 6 de Julho de 1854. Destacou-se
como físico e matemático.
Tornou-se um professor particular e em 1811 voltou à Universidade de Erlangen-
Nurembergue, onde conseguiu doutorar-se apresentando um trabalho sobre luzes e cores.
Continuou como livre-docente na Universidade de Erlangen-Nurembergue até 1812, quando
passou a trabalhar como professor secundário de Física e Matemática em Bamberg, Colônia e
depois Berlim. Em 1813 aceitou um lugar de professor numa modesta escola, pois o lugar
que ocupava em Erlangen era mal remunerado. Como aspirava a uma posição de professor
universitário, continuou a realizar trabalhos de pesquisa originais, dedicando-se à área de
Eletricidade. Entretanto começou a escrever um livro de iniciação à geometria. A escola
acabaria por fechar e Ohm aceitou lugar noutra escola em 1816.
No ano seguinte conseguiu finalmente lugar numa escola melhor em Colônia. Aqui
continuou o seu esforço autodidata no estudo da matemática e começou a realizar
experiências no laboratório de física da escola. Como Ohm ambicionava tornar-se professor
universitário, começou a publicar os resultados das suas experiências e estudos. Em 1825 e
1827 concluiu que a intensidade da corrente elétrica num condutor diminuía com o aumento
do comprimento e aumentava com o aumento da seção, o que está relacionado com o que
hoje chamamos de resistência do condutor e desenvolveu a primeira teoria matemática da
condução elétrica nos circuitos, baseando-se no estudo da condução do calor de Fourier e
fabricando os fios metálicos de diferentes comprimentos e diâmetros usados nos seus estudos
da condução elétrica. Este seu trabalho não recebeu o merecido reconhecimento na sua época,
tendo a famosa lei de Ohm permanecido desconhecida até 1841 quando recebeu a medalha
Copley da Royal britânica. Até essa data os empregos que teve em Colônia e Nurembergue
não eram permanentes não lhe permitindo manter um nível de vida médio.
Em 1826 e 1827, ainda professor de matemática em Colônia, determinou a relação
matemática entre o que chamava de "fluxo elétrico" (intensidade da corrente elétrica) num
circuito voltaico e a "potência condutora" da pilha, estabelecendo assim a chamada lei de

Ohm, ou lei básica da Eletricidade, que relaciona a tensão elétrica (diferença de potencial
elétrico), a intensidade de corrente elétrica e a resistência elétrica, concluindo que a
intensidade é diretamente proporcional à tensão e inversamente proporcional à resistência.


onde:
V é a diferença de potencial elétrico (ou tensão, ou ddp) medida em Volts
R é a resistência elétrica do circuito medida em Ohms
I é a intensidade da corrente elétrica medida em Ampères

O seu nome foi dado à unidade de resistência elétrica no Sistema Internacional de
unidades por decisão do Congresso Mundial Elétrico reunido, em Chicago, em 1893.
Os conceitos desenvolvidos por Ohm encontram-se explicados no seu livro "Die
galvanische Kette mathematisch bearbeitet" ("A corrente galvânica matematicamente"),
publicado em 1827. A explicação científica de Ohm para justificar a sua lei foi muito mal
recebida pelo ministro prussiano da educação que achou que “um professor que proferia tais
heresias era incapaz para ensinar matérias científicas”.
Ohm abandonou o seu lugar e ao fim de seis anos de grandes dificuldades, saiu da
Prússia para a Baviera onde começou a lecionar na Escola Politécnica de Nurembergue.
Apesar da relevância dos seus estudos, suas conclusões e formulações receberam críticas
negativas, e Ohm não conseguiu um cargo universitário, quando se tornou professor da "Real
Escola Politécnica de Nurembergue", Baviera, passando a ser seu Diretor em 1839. Em 1841
recebeu a Medalha Copley (o equivalente de então ao atual Prêmio Nobel) da inglesa Royal
Society, de que se tornou membro estrangeiro no ano seguinte. Ainda em 1841 tornara-se
também membro da Academia de Turim. Em 1845 tornou-se membro efectivo da Academia
da Baviera.
Em 1849 conseguiu o seu sonho, tornou-se professor da Universidade de Munique,
mas só em 1852 conseguiu a desejada cadeira de Física. Passados dois anos, em 1854, morreu
em Munique com 65 anos. O seu objetivo de toda uma vida foi atingido, mas durou apenas
dois anos. Morreu no dia 6 de Julho de 1854 em Munique.
James Prescott Joule (1818 —1889) foi um físico britânico. Joule estudou a natureza
do calor, e descobriu relações com o trabalho mecânico. Isso direcionou para a teoria da
conservação da energia (a Primeira Lei da Termodinâmica). A nomenclatura joule, para
unidades de trabalho no SI só veio após sua morte, em homenagem. Joule trabalhou

com Lorde Kelvin, para desenvolver a escala absoluta de temperatura, também encontrou
relações entre o fluxo de corrente através de uma resistência elétrica e o calor dissipado,
agora chamada Lei de Joule.
Ela pode ser expressa por



Onde Q é o calor gerado por uma corrente constante percorrendo uma
determinada resistência elétrica por determinado tempo.
I é a corrente elétrica que percorre o condutor com determinada resistência R.
R é a resistência elétrica do condutor.
t é a duração ou espaço de tempo em que a corrente elétrica percorreu ao condutor.

Se a corrente não for constante em relação ao tempo:

Quando uma corrente elétrica atravessa um material condutor, há produção de calor.
Essa produção de calor é devida ao trabalho realizado para transportar as cargas através
do material em determinado tempo.
Joule foi aluno de John Dalton. Fascinado pela eletricidade, ele e seu irmão faziam
experiências dando choques elétricos neles mesmos e nos empregados da família. Seu
trabalho com energia foi a solução para construir um motor elétrico, que poderia substituir
o motor a vapor, usado até então.
As idéias de Joule sobre energia não foram primordialmente aceitas, em partes por
que elas dependiam de medições extremamente precisas, o que não era tão comum em física.
No seu experimento mais bem conhecido (que envolvia a queda de um corpo que fazia girar
uma haste com pás dentro de um recipiente com água, cuja temperatura ele mediu), era
necessária a precisão de 1/200 graus Fahrenheit, o que seus contemporâneos não achavam
possível. Os trabalhos de Joule complementam o trabalho teórico de Rudolf Clausius, que é
considerado por alguns como co-inventor do conceito de energia.
Resistências vieram, pois o trabalho de Joule contrariava o que todos da época
acreditavam, que o calor era um fluido, o "calórico", e esse fluido não podia ser destruído
nem mesmo criado. Joule, no entanto, dizia que o calor era apenas uma das formas de

energia, e somente a soma de todas as formas é que permanecia conservada. Hoje em dia
pode ser difícil entender tal atração na teoria do calórico, na época, essa teoria aparentava ter
algumas vantagens óbvias. Joule estava propondo uma teoria cinética do calor, que viria a
requer um conceito a mais: se o calor é devido a agitação das moléculas, por que então essa
agitação não perdia sua intensidade gradualmente? As idéias de Joule necessitavam que se
acreditasse que as colisões entre as moléculas seriam perfeitamente elásticas, mas devemos
lembrar que os conceitos de átomos e moléculas ainda não eram completamente aceitos. A
teoria de máquinas de calor de Carnot funcionava perfeitamente e era baseada no fato da
existência do calórico, e somente depois foi provado por Lorde Kelvin que a matemática de
Carnot seria igualmente válida sem se assumir a existência do calórico.
A descoberta da conservação da energia foi uma das chaves para a nova ciência
da termodinâmica, Joule e seus contemporâneos não entendiam inicialmente que os processos
termodinâmicos deveriam ser irreversíveis. Eles viam a energia no universo como sendo um
processo que poderia ser repetido indefinidamente através da reciclagem da mesma energia.
Essa idéia, no entanto, só veio a cair com a descoberta da Segunda Lei da Termodinâmica,
que diz que a energia percorre um único sentido, e a descoberta da entropia.
James Clerk Maxwell (1831 - 1879) foi um físico e matemático britânico. Ele é mais
conhecido por ter dado a sua forma final à teoria moderna do eletromagnetismo, que une a
eletricidade, o magnetismo e a óptica. Esta é a teoria que surge das equações de Maxwell,
assim chamadas em sua honra e porque ele foi o primeiro a escrevê-las juntando a lei de
Ampère, por ele próprio modificada, a lei de Gauss, e a lei da indução de Faraday. Maxwell
demonstrou que os campos elétricos e magnéticos se propagam com a velocidade da luz. Ele
apresentou uma teoria detalhada da luz como um efeito eletromagnético, isto é, que a luz
corresponde à propagação de ondas elétricas e magnéticas, hipótese que tinha sido posta por
Faraday. Demonstrou em 1864 que as forças elétricas e magnéticas têm a mesma natureza:
uma força elétrica em determinado referencial pode tornar-se magnética se analisada noutro,
e vice-versa. Ele também desenvolveu um trabalho importante em mecânica estatística, tendo
estudado a teoria cinética dos gases e descoberto a chamada distribuição de Maxwell-
Boltzmann. Maxwell é considerado por muitos o mais importante físico do séc. XIX, o seu
trabalho em eletromagnetismo foi a base da relatividade restrita de Einstein e o seu trabalho
em teoria cinética de gases fundamental ao desenvolvimento posterior da mecânica quântica.
As formulações de Maxwell em 1865 estavam em termos de 20 equações de 20
variáveis, que incluíam diversas equações hoje consideradas auxiliares do que chamamos de
"Equações de Maxwell" — a Lei de Ampère corrigida (equação de três componentes), Lei de

Gauss para carga (uma equação), a relação entre densidade de corrente total e de
deslocamento (três equações), a relação entre campo magnético e o vetor potencial (equação
de três componentes, que implica a ausência de carga magnética), o relacionamento entre
campo elétrico e os potenciais escalar e vetorial (equações de três componentes, que
implicam a Lei de Faraday), o relacionamento entre campos elétrico e de deslocamento
(equações de três componentes), Lei de Ohm relacionando intensidade de corrente e campo
elétrico (equações de três componentes), e a equação de continuidade relacionando
intensidade de corrente e densidade de carga (uma equação).
Deve-se a formulação matemática moderna das equações de Maxwell a Oliver
Heaviside e Willard Gibbs, que em 1884 reformularam o sistema de equações original em
uma representação mais simples utilizando cálculo vetorial. A mudança para notação vetorial
produziu uma representação matemática simétrica que reforçava a percepção
das simetrias físicas entre os vários campos. Esta notação altamente simétrica inspiraria
diretamente o desenvolvimento posterior da física fundamental.
No final do século XIX, por causa do surgimento da velocidade,



nas equações, as equações de Maxwell foram tidas como servindo apenas para
expressar o eletromagnetismo no referencial inercial do éter luminífero (o meio postulado
para a luz, cuja interpretação foi consideravelmente debatida). Os experimentos de
Michelson-Morley, conduzido por Edward Morley e Albert Abraham Michelson, produziu
um resultado nulo para a hipótese da mudança da velocidade da luz devido ao movimento
hipotético da Terra através do éter. Porém, explicações alternativas foram buscadas por
Lorentz e outros. Isto culminou na teoria de Albert Einstein da relatividade especial, que
postulava a ausência de qualquer referencial absoluto e a invariância das equações de
Maxwell em todos os referenciais.
As equações do campo eletromagnético têm uma íntima ligação com a relatividade
especial: as equações do campo magnético podem ser derivadas de considerações das
equações do campo elétrico sob transformações relativísticas sob baixas velocidades (em
relatividade, as equações são escritas em uma forma mais compacta,

manifestamente covariante, em termos de um quadritensor da intensidade do campo anti-
simétrico de ordem 2, o que unifica os campos elétrico e magnético em um único objeto).
Kaluza e Klein demonstraram na década de 1920 que as equações de Maxwell podem
ser derivadas ao se estender a relatividade geral a cinco dimensões. Esta estratégia de se usar
dimensões maiores para unificar diferentes forças é uma área de interesse ativo na pesquisa
da física de partículas.


Equações de Maxwell na sua forma diferencial
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_E6WWMGY3igs/SRsj8PmYR5I/AAAAAAAAAao/a3KrtsvX-Ro/s320/maxwellequ.gif

Em 1888, Heinrich Rudolf Hertz (1857 - 1894) pôs em evidência a existência das
ondas eletromagnéticas imaginadas por James Maxwell em 1873.
Em 1886, 22 anos após os trabalhos de Maxwell, Hertz observou que durante
descargas de uma Garrafa de Leiden, centelhas secundárias foram observadas em um local
afastado dentro do Laboratório, as quais não podiam ser explicadas pela indução clássica. Ele
inferiu que estas descargas eram oscilatórias na freqüência aproximada de 80 MHz, que
permitia a irradiação de energia em forma de ondas eletromagnéticas como predito
por Maxwell. Hertz expôs suas descobertas na Academia de Berlin em 1887 e ganhou o
prêmio Berlin. Seus experimentos mostraram que essas radiações recentemente descobertas,
comportavam-se como a luz, sendo parte do mesmo espectro eletromagnético. Em
experimentos subseqüentes, Hertz provou que as ondas se propagavam com a velocidade da
luz e que possuíam propriedades similares às da luz (reflexão, difração, polarização).

Garrafa de Leiden
Fonte: http://www.rc.unesp.br/igce/fisica/lem/imagens/hertz1.jpg

As propriedades à altas temperaturas são há muito tempo conhecidas. O
desenvolvimento da tecnologia e das ferramentas teóricas possibilitou novos horizontes na
pesquisa experimental. O século XIX viu um enorme avanço na área da termodinâmica,
incluindo-se o advento de máquinas térmicas e refrigeradores mais eficientes em comparação
àqueles utilizados na época da primeira Revolução Industrial. Esse desenvolvimento
possibilitou o início dos estudos sobre uma das áreas mais misteriosas até então para a
humanidade: as baixas temperaturas.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUPERCONDUTIVIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

2 | P á g i n a

  Supercondutividade  –  o  desaparecimento  da  resistência  na  passagem  de  uma 
corrente elétrica – talvez seja uma das maiores descobertas científicas do século XX. Sua 
história teve, como um dos personagens principais, o Físico holandês Heike Kamerlingh 
Onnes (Leiden University / Holanda). 
  Kamerlingh  Onnes  nasceu  em  1853  em  Groningen,  Holanda.  Concluiu  sua 
graduação em Física na Universidade de Heidelberg / Alemanha em 1873, e quatro anos 
mais tarde defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Groningen / Holanda, que 
falava  sobre  a  influência  da  rotação  da  Terra  no  movimento  de  um  pêndulo.  Na 
sequência, começaram os primeiros vínculos com o Físico e Professor da Universidade de 
Amsterdam Johannes Diderik van der Waals (figura 1). Nessa época, o comportamento 
dos  gases  (ideais)  já  era  de  certo  modo  conhecido, devido  aos  trabalhos  do  cientista 
Robert Boyle, no século 17, que mostrou que a pressão é inversamente proporcional ao 
volume, independente da temperatura. Porém, medidas experimentais mostravam certos 
desvios  quando  comparadas  com  os  resultados  teóricos,  exatamente  por  estes 
considerarem  o  gás  como  constituído  de  moléculas  que  não  ocupam  volume  e  não 
exercem  força  umas  sobre  as  outras.  Essas  considerações  foram  “corrigidas”  para  o 
mundo real por van der Waals em 1873, e sua famosa equação (equação 1) publicada sete 
anos mais tarde. E apesar dos trabalhos de Kamerlingh Onnes terem se desenvolvido no 
campo  da  Mecânica,  essa  influência  no  estudo  do  comportamento  dos  gases  o  fez  se 
encontrar dentro da ciência, fazendo-o se embrenhar por outros caminhos. 
 
 
Figura 1 – Kamerling Ohnes e van der Waals 

   
Eq
 
  Porém, a história da Sup
estudo dos sistemas a baixas ene

BAIXAS TEMPERATURAS E
  O fogo é conhecido desd
também  sua  utilização,  se  mos
sociedade. 
  Porém, o avanço científi
quando se faz referência às alta
muitas décadas, no que diz respe
dos fenômenos de altas tempera
de  partículas,  e  desde  a constru
aceleradores de partículas, a nov
história da Física vem nos mostr
evolução do universo e da organi
  Ou seja, tenta nos explic
universo,  dadas  as  descrições  m
inúmeras interações.  
  O frio, como fenômeno r
Ou seja, ao contrário do fogo e 
não se sabia “criá-lo”, assim com
mas não sabemos fazer chover a 
  Esse conhecimento só av
início em 1823 com o físico Mi
que tenta recriar momentos que 
baixas energias tenta descobrir n
  De acordo com a Swedis
Kamerlingh  Onnes,  “the attain
importance to physics research
3 |
 
Equação 1 – Equação de van der Waals 
upercondutividade só pode ser contada tendo co
nergias. 
E LIQUEFAÇÃO DOS GASES
sde o homem primitivo. Não só o fenômeno natu
ostrou  sempre  fundamental  para  o  desenvolv
ífico e tecnológico do mundo se deu de forma a
ltas e baixas energias. A ciência se mostra forte
speito ao desenvolvimento de técnicas e métodos
raturas. Passando pela energia dos corpos celest
trução  de  grandes aparatos  experimentais,  como
ovos materiais que suportam temperaturas elevad
strando do que ela capaz de nos explicar quando 
anização da matéria em sistemas com tais caracte
licar de alguma maneira os vários momentos da 
  matemáticas  que  nos  levam  a  suas  elevadas 
o reproduzível, era inacessível até o inicio do sé
 e do calor, se sabia apenas utilizar o fenômeno 
omo sabemos como utilizar a água da chuva para
 a qualquer momento de necessidade. 
avançou através de técnicas de liquefação de ga
ichael Faraday. E ao contrário da Física de alta
e já existiram em algum momento do universo, a
 novos efeitos e formas de organização da matéri
dish Academy, na entrega do premio Nobel de 
ainment of these low temperatures is of the
ch, for at these temperatures both the propert
| P á g i n a
como base o 
atural, como 
lvimento  da 
a assimétrica 
rte, desde há 
os de estudo 
estes à física 
mo  enormes 
adíssimas, a 
o se trata da 
terísticas. 
a criação do 
s  energias  e 
 século IXX. 
o (frio), mas 
ara irrigação, 
gases, tendo 
ltas energias 
, a Física de 
éria.  
e 1913 para 
the greatest
erties of the

4 | P á g i n a

substances and also the course followed by phyiscal phenomena, are generally quite
different from those at our normal and higher temperatures, and a knowledge of these
changes is of fundamental importance in answering many of the questions of modern
physics”. Palavras essas que se confirmaram com o passar dos anos. 
  Todo o início, porém, se deu com os experimentos de Faraday. Em 1823, o físico 
britânico conseguiu, através do aparato experimental da figura 2, liquefazer gás Cloro. O 
gás, dentro do tubo em V, sob pressão, é aquecido de um lado, aumentando ainda mais a 
pressão interna. Do outro lado, mergulhado numa vasilha com gelo, o gás sob pressão 
tinha sua temperatura diminuída, e o gás ali contido, influenciado pela alta pressão do 
resto do tubo e pela temperatura moderada, se condensava.  
 
Figura 2 – aparato experimental de Faraday para liquefazer gás Cloro.  
  Além do Cloro, Faraday conseguiu o feito com quase todos os gases conhecidos 
na época. Muito embora fossem usadas pressões cada vez mais altas, alguns gases como 
o oxigênio, o nitrogênio e o hidrogênio não puderam ser liquefeitos, daí a razão de serem 
chamados, por Faraday, de gases permanentes. A razão da não liquefação desses gases 
só  foi  entendida  quando  o  químico  irlandês  Thomas  Andrews  (1813-1885),  em  1861, 
começou  a  analisar  as  experiências  realizadas  pelo químico  francês  de  la  Tour,  que 
estudou o papel desempenhado tanto pela pressão quanto pela temperatura na liquefação 
de  certos  gases,  em  experiências  envolvendo  o  álcool,  o  éter  e  a  água.  Desta  análise, 
percebeu que com uma ligeira modificação nas condições das experiências realizadas por 
Andrews,  poderia  então  liquefazer  certos  gases,  principalmente  o  CO
2  (que  já  fora 
liquefeito  por  Faraday),  já  que  este  se  apresenta  gasoso  na  temperatura  ambiente.  Na 
continuação  de  suas  experiências,  Andrews  fez  uma  importante  descoberta  que  foi 
comunicada  por  ele  em  uma  reunião  da Royal Society of London,  em  17  de  junho  de 
1869, e apresentada em artigo publicado ainda em 1869 (Philosophical Transactions of

5 | P á g i n a

the Royal Society of London 159, p. 575). Andrews descobriu, em suas experiências, que 
acima de uma determinada temperatura (a qual chamou de crítica), o CO
2, em particular, 
e  todos  os  gases  em  geral,  a  pressão  alguma,  por  maior  que  seja,  pode  causar  sua 
liquefação. Nessas experiências, Andrews chegou ainda a determinar os valores de certas 
temperaturas, como a do CO
2 (31 
0
C) e do éter (200 
0
C). Também como resultado de suas 
pesquisas,  Andrews  fez  uma  descoberta  igualmente  importante,  a  de  que  havia  uma 
distinção entre vapor e gás, sendo o vapor um gás em qualquer temperatura abaixo de 
sua temperatura crítica. Publicou juntamente as chamadas Isotermas de Andrews (figuras 
3  e  4  para  o  dióxido  de  carbono),  constatando,  entre  outras  coisas,  que  para  uma 
substância pura, a liquefação acontece à temperatura e pressão constantes, dadas certas 
condições  de  temperatura  e  pressão.  É  oportuno  destacar  que  o  químico  russo  Dmitri 
Ivanovich Mendeleev (1834-1907), em 1860, fizera uma observação análoga a essa de 
Andrews,  quando  era  aluno  de  pós-graduação  na  Universidade  de  Heidelberg, na 
Alemanha,  mas  que,  no  entanto,  passara  desapercebida.  Nessa  ocasião,  Mendeleev 
chamou de “temperatura absoluta de ebulição” para a temperatura crítica. A descoberta 
de Mendeleev-Andrews indicava que os gases permanentes poderiam valor foi mais tarde 
estimada por intermédio da equação dos gases reais de van der Waals, obtida em 1873 e 
completada em 1881. Desse modo, liquefez-se um gás atrás do outro.  
 
Figura 3 – Isotermas de Andrews 
 

6 | P á g i n a

 
Figura 4 – Isotermas de Andrews para CO2 
 
  Com  efeito,  em  02  e  22  de  dezembro  de  1877,  os  físicos  Louis  Paul  Cailletet 
(1832-1913) e o suíço Raoul Pierre Pictet (1846-1926) comunicaram, respectivamente, à 
Academia Francesa de Ciências que  haviam  liquefeito,  em  pequenas  quantidades,  o 
oxigênio, ao comprimí-lo a uma pressão de 300 atmosferas (Cailletet) e 320 atmosferas 
(Pictet),  depois  de  arrefecê-lo  até  –  29
º
C  (Cailletet)  e  –  140
º
C  (Pictet)  e,  por  fim, 
descomprimí-lo repentinamente, usando o efeito Joule-Thompson (figura 5). Essa técnica 
era conhecida como “cascata”.

7 | P á g i n a

Figura 5 – Efeito Joule-Thompson 

É oportuno destacar que Pictet usou o CO
2 e o dióxido de enxofre (SO2) em sua 
experiência  da  seguinte  maneira:  em  um  tubo  adicionou  SO
2  sob  alta  pressão  até 
liquefazê-lo quase que por completo. Um tubo a vácuo ligado a este primeiro tubo retirou 
parte do gás, fazendo com que parte do líquido restante evaporasse dentro do tubo. O que 
sobrou  de  SO
2  líquido  alcançava  uma  temperatura  próxima  de  –  65
º
C.  Esse  mesmo 
dióxido de enxofre líquido resfriado era usado para abaixar a temperatura do dióxido de 
carbono gasoso em outro recipiente. Neste outro recipiente, o CO
2 já sob alta pressão e 
baixa  temperatura  se  liquefazia  quase  que  por  completo.  Do  mesmo  modo  que  o  gás 
anterior,  parte  do  dióxido  de  carbono  gasoso  era  retirado.  Por  conseqüência,  parte  do 
restante  líquido  se  evaporava  e  o  restante,  já  pela  baixa  temperatura  inicial,  se 
solidificava. Pictet calculou que a temperatura final desse sólido era aproximadamente os 
– 140
º
C já citados. Esse CO2 sólido era usado para resfriar um tubo de cobre sob alta 
pressão onde passava o gás oxigênio. Na saída desse tubo de gás O
2, havia uma válvula 
onde, quando aberta, saía tanto gás quanto líquido de oxigênio. Pictet afirmou então que 
conseguiu, finalmente, obter oxigênio líquido, quando na verdade o que acontecia era o 
efeito Joule-Thompson na saída da válvula. E em momento algum o O
2 se liquefazia no 
tubo, até porque sabe-se hoje que a temperatura conseguida pelo contato do CO
2 sólido 
com o tubo de cobre utilizado pelo Químico francês foi maior que – 118
 º
C, a temperatura 
crítica do oxigênio. 
  Aquelas  duas  comunicações  foram  lidas  naquela  Academia,  no  dia  24  de 
dezembro  de  1877  e  publicadas  ainda  em  1877  (Comptes Rendus Hebdomadaires des
Séances de l´Académie des Sciences de Paris 85, pgs. 1213; 1214). Em 1882, Cailletet 
tentou,  sem  êxito,  obter  oxigênio  líquido  na  forma estável,  usando  para  isso  etileno 
líquido  na  pressão  atmosférica.  Com  esse  procedimento,  ele  conseguiu  obter  apenas  a 
temperatura de – 105
º
C, valor esse acima da temperatura crítica do oxigênio. Logo em 
1883  (Wiedmann´s Annalen der Physik und Chemie 20,  p.  256),  o  Físico  Zygmunt 
Florent  von  Wroblewski  (1845-1888)  e  o  Químico  Karol  Stanislaw  Olszewski  (1846-
1915),  poloneses  liquefizeram  grandes  quantidades  de  oxigênio,  por  intermédio  dessa 
mesma técnica de Cailletet, isto é, usando o etileno líquido, porém na pressão de 1/3 da 
pressão  atmosférica.  Com  essa  técnica,  eles  conseguiram  temperaturas  da  ordem  de  – 
130
º
C. Ainda nesse trabalho, eles liquefizeram o nitrogênio (N) e o monóxido de carbono 
(CO).  Esses  dois  cientistas,  agora  trabalhando  independentemente,  em  1884,  tentaram, 

8 | P á g i n a

porém  sem  êxito,  liquefazer  o  hidrogênio  (H).  Este,  no  entanto,  só  foi  liquefeito  pelo 
Físico  e  Químico  inglês  Sir  James  Dewar  (1842-1923),  em  10  de  maio  de  1898  [e 
anunciado em 1902 (Notices of the Proceedings of the Royal Institution of Great Britain
16, pgs. 1; 212)], na temperatura de – 252,5
  º
C e na pressão normal de uma atmosfera. 
Note-se que Dewar também solidificou o H, em 1899, com o seu anúncio apresentado em 
1902 (Notices of the Proceedings of the Royal Institution of Great Britain 16, p. 473).  
  O último gás permanente a ser liquefeito foi o Hélio (He), coadjuvante de todas as 
próximas histórias. 
 
He LÍQUIDO E HEIKE KAMERLINGH ONNES
Kamerlingh Onnes mudou radicalmente o modo de se trabalhar a ciência. Ele foi 
“responsável”  não  só  pela  descoberta  da  supercondutividade,  mas  também  por  iniciar 
desenvolvimentos que caracterizaram a atividade científica moderna.  
  A Holanda é um ativo centro de pesquisas em Física desde o século XVII, quando 
Huygens  construia  sua  reputação  na  óptica  e  na  dinâmica,  Spinoza  polia  lentes  para 
ganhar a vida e Descartes descobria os princípios da óptica geométrica. Leiden por si só é 
um antigo “centro universitário”. 
  Emilio Segrè, físico de partículas e aluno de Fermi, que trabalhou com grandes 
aceleradores ao longo de toda a sua vida, deixou sua visão sobre a Física da época: The
passage of physics to a grand scale is usually associated with particle accelerators. This
is partly correct, but many of the features of future developments appeared earlier: the
association of science with engineering, the collective character of the work, the
international status of the laboratory, the specialization of laboratories centered on one
technique, the division of the personnel into permanent staff and visitors. A laboratory
with all these characteristics had been formed by Heike Kamerlingh Onnes, at the end of
the nineteenth century for the study of low-temperature fenomena.”
O  primeiro  interesse  de  Kamerlingh  Onnes  em  Leiden foi  o  de  fornecer  uma 
infraestrutura substancial a seu laboratório. Ele levou cerca de 10 anos para construir a 
primeira e principal estação experimental a que claramente revelou sua determinação em 
ultrapassar  fronteiras.  Era  um  elaborado  esquema  de  aparatos  experimentais  que 
funcionavam  pelo  método  de  cascata  (o  mesmo  descrito  anteriormente),  que  fornecia 
grandes  quantidades  de  nitrogênio  e  oxigênio  liquidos,  que  satisfizeram  todas  as 
demandas do laboratório por cerca de 30 anos. Certamente, a aparelhagem que fornecia 

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oxigênio líquido era tão confiável que continuou a funcionar mesmo depois da morte de 
Kamerlingh Onnes em 1926. 
  Enquanto  Dewar,  em  Londres,  de  forma  um  pouco  egoísta,  talvez  ciumenta, 
monopolizava  completamente  seu  laboratório  no  que  diz  respeito  ao  uso  de  seus 
equipamentos, Onnes recebia qualquer um que quisesse realmente trabalhar em Leiden. 
Por  isso  esteve  perto  de  grandes  cientistas  e  competentes  técnicos.  Mesmo  com  um 
financiamento  não  muito  satisfatório,  ele  conseguiu  ter  em  seu  laboratório  o  melhor 
glassblower da Alemanha, Kesselring, que juntamente com o mecânico Flim, formaram 
uma  equipe  notável  de  assistentes.  Para  melhor  aproveitamento  do  talento  de  seus 
assistentes, Onnes construiu ainda uma escola próxima a seu laboratório, para formação 
de  profissionais  especializados  em  instrumentação  científica  e  formação  de  novos 
glassblowers.  Rapidamente  esses  formandos  encontraram  espaço  nos  mais  diversos 
laboratórios de Física da Europa. Essa escola existe ainda hoje e os glassblowers ocupam 
papel de destaque na indústria holandesa.  
  Tendo em mãos todo o aparato técnico e de pessoal, chegou finalmente a vez do 
He, gás descoberto a partir de um eclipse observado na Índia em 18 de Agosto de 1869, 
através da análise do espectro solar. 
  Na  atmosfera  é  encontrado  na  proporção  de  1:100.000  partes;  é  encontrado 
também em poços de petróleo e na maioria dos minerais radioativos. Kamerlingh Onnes 
o extraia a partir da Monazita, um fosfato castanho-avermelhado contendo metais, terras 
raras  e  uma  fonte  importante  de  Tório,  Lantânio  e  Cério.  Conseguia  várias  toneladas 
desse  mineral  advindas  do  estado  da  Carolina  do  Norte,  nos  EUA.  Uma  equipe  de 
químicos em seu laboratório, através de um processo térmico, esquentavam o mineral, 
destilavam  o  resíduo  em  ar  atmosférico  e  purificavam  o  gás  remanescente  através  da 
passagem do mesmo por carvão vegetal resfriado. O resultado era um estoque de 360 
litros  de  gás  por  processo.  Com  tal  quantidade,  um estudo  das  isotermas  pôde  ser 
sistematicamente realizado, chegando a conclusão de que sua temperatura crítica era de 
aproximadamente 6K. 
  Kamerlingh  Onnes  deixou  registrado  de  forma  detalhada  como  aconteceu  a 
primeira liquefaçao, o qual é explicitado como se segue. 
  Tudo estava pronto em 10 de julho de 1908, para a tentativa da liquefação. Flim, o 
mecânico  chefe,  estava  no  dever  de  preparar  o  liquefador.  Pela  manhã,  20  litros  de 
hidrogênio foi coletado, tudo para resfriar o equipamento. A grande jogada na liquefação 
do  He,  na  época  e  ainda  hoje,  é  ter  certeza  absoluta  que  nada  de  ar  escapa  do 

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equipamento.  Por  outro  lado,  o  ar  pode  se  solidificar  durante  o  processo  de  pré-
resfriamento e bloquear os tubos, especialmente a válvula de escape. Três horas após o 
início do pré-resfriamento, o He foi introduzido e começou a circular no sistema. Nessa 
hora, cada passo era uma nova aventura. O único padrão que controlava o que acontecia 
com  o  He  era  a  pressão.  E  ela  estava  caindo.  Significava  que  a  temperatura  também 
estava caindo. De repente, entretanto, a pressão parou de se modificar. Nada acontecia, e 
já eram 7:30 da noite. O experimento parecia morto. O termômetro também tinha parado. 
Todos do laboratório sabiam que havia algum grande resultado a caminho, apesar  da 
apreensão, e estavam hávidos por notícias. Quando iluminaram finalmente o reservatório 
onde  continha  o  gás,  tiveram  a  certeza  de  que  naquele  momento  o  mesmo  estava  em 
processo de transição de fase.  
  Com  essa  técnica  de  liquefação  dominada,  Leiden  ocupou  um  lugar  de 
superioridade dentro das pesquisas em ciência pura e criogenia por muito tempo. O ritmo 
intenso  de  trabalho  no  laboratório,  fixado  pro  Kamerlingh  Onnes,  se  manteve  mesmo 
depois de sua morte. E um dos trabalhos consistia em medir as propriedades da matéria a 
baixas  temperaturas.  E  medidas  de  resistividade  pela  temperatura  ocupou  um  lugar  de 
destaque  em  todo  esse  grande  projeto.  Medidas  prévias  ja  haviam  mostrado  que  a 
resistência cai com o decrécimo da temperatura, e Kamerlingh Onnes já supunha que isso 
era  devido  às  vibracoes  dos  íons  da  rede  que  diminuíam,  e  com  isso  diminuíam  as 
interaçoes entre a rede e os elétrons livres.  
  A  resistividade,  já  usando  He  líquido,  era  tradicionalmente  medida  com  uma 
ponte  de  Wheatstone.  E  o  Hg,  por  ser  facilmente  encontrado,  foi  escolhido  para  as 
medidas. Como uma medida precisa exige bons contatos elétricos entre o metal e os fios 
da ponte, era fácil com o Hg, já que bastava mergulhar os fios no metal, que é líquido à 
temperatura ambiente e se solidifica a aproximadamente – 40 
0
C. 
  Nessa época, dois cientistas começaram a trabalhar no laboratório. O graduado em 
Física e Matemática pela Eidgenössische Technische Hochschule Zürich (Swiss Federal 
Institute  of  Technology  at  Zurich),  Gilles  Holst,  para  começar  seu  Doutorado,  e  o  já 
Doutor  C.  Dorsman.  E  foi  Gilles  Holst,  como  parte  de  suas  tarefas,  que  fez  todas  as 
medidas. 
  E o resultado foi uma completa surpresa. Ao invés de um decréscimo suave até 
perto do zero absoluto, a resistividade do mercúrio caia abruptamente de 0.002 ohm para 
menos  de  10
-6
  ohm  a  uma  temperatura  próxima  de  4.20K  (figura  6).  A 
Supercondutividade, então, havia sido descoberta! 

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Figura 6 – Temperatura (em Kelvin), na escala horizontal x Resistência, na escala vertical, para o Hg. 
 
  E o primeiro experimento para testar esse novo fenômeno foi feito gerando uma 
corrente em uma espira no estado supercondutor. Se a resistência era nula, não haveria 
problemas,  portanto,  em  retirar  a  fonte  de  tensão, quando  se  esperava  que  a  corrente 
permaneceria  inalterada.  Como  corrente  elétrica  gera  campo  magnético,  Onnes  mediu 
esse campo, e por hora alguma seu valor sofreu alteração.   
  Para o físico inglês J. J. Thomson, a supercondutividade confirmava sua teoria da 
matéria, fato que foi refutado veementemente por Einstein em um seminário em Leiden 
em 1920.  Antes disso, em 1915, F. A. Lindermann sugeriu que os elétrons formavam 
uma rede que deslizava sem resistência através da rede cristalina do metal. Em 1916 e 
1917,  C.  Benedicks  e  P.  W.  Bridgman  escreveram  uma série  de  artigos  defendendo  a 
hipótese de que são os elétrons da camada de valência que saltam de um átomo para o 
outro. A baixas temperaturas, certos elétrons podem facilmente se mofer ao longo de toda 
a cadeia de moléculas e o material se tornaria supercondutor.  
   Os  resultados  experimentais  foram  publicados  por Kamerlingh  Onnes  no The
Communications of the Leiden Laboratory. Sobre Holst e Dorsman, fez apenas o seguinte 
agradecimento:  “I  acknowledge  with  gratitude  my  debt  to  Dr.  C.  Dorsman  for  his 
intelligent assistence during this entire investigation and to Mr. G. Holst, who carefully 
carried out all the measurements with the Wheatstone bridge”. 
  É  verdade  que  a  supercondutividade  requereu  novas técnicas  experimentais  e 
equipamentos,  porém  toda  a  montagem  eletrônica  e  a precisão  das  medidas  de 
resistividade se devem a Holst.  
  De acordo com o Físico holandês  Hendrik Casimir, Kamerlingh  Onnes  era um 
verdadeiro déspota em seu laboratório, apesar da boa imagem internacional que possuía. 

12 | P á g i n a

Tinha tais atitudes até mesmo com o renomado Físico Hendrik Lorentz, que por vir de 
uma  origem  humilde,  nunca  atacou  de  frente  as  atitudes  de  Onnes,  sempre  aceitando 
calado certas formas de humilhação. Holst abandonou o laboratório pouco tempo após a 
descoberta. 
  Havia uma empresa localizada em Eindhoven que vinha fazendo bons negócios no 
mercado  de  lâmpadas.  Tal  empresa  queria  abrir  um  laboratório  de  pesquisas  que 
estudasse fenômenos físicos e químicos, a fim de desenvolver novas tecnologias. Holst 
foi o primeiro a comandar este laboratório, chamado de Nat.Lab., da que hoje é a gigante 
multinacional Royal Philips Eletronics.  
  Apesar de tudo, o laboratório de Kamerling Onnes teve um papel importante na 
história da ciência, tanto por dar início às estreitas relações entre laboratórios de pesquisa 
e universidades, quanto por abrigar grandes cientistas, como Hendrik Casimir, Hendrik 
Lorentz,  Paul  Ehrenfest  e  Peter  Debye,  sem  contar, claro,  suas  inovações  e 
desenvolvimentos  dentro  da  Física  experimental,  além  das  resultantes  descobertas 
científicas.                    
 
HIPÓTESES
  Este fenômeno conseguiu reunir o melhor dos esforços de um time fenomenal, 
que  incluia  Niels  Bohr,  Werner  Heisenberg,  Bloch,  Landau,  Bethe,  Brillouin,  Kronig, 
entre outros. Mas a dificuldade para se encontrar uma teoria  era tão  grande que Felix 
Bloch chegou a formular a seguinte frase: “Qualquer teoria sobre a Supercondutividade 
provavelmente será falsa”. Diferentes hipóteses foram levantadas no encontro em Leiden 
em 1920, onde estiveram presentes, entre outros, Langevin, Einstein, Kamerlingh Onnes 
e  Lorentz.  Einstein,  por  exemplo,  sugeriu  que  os  elétrons  caminhariam  através  de  um 
movimento em espiral, de um átomo para o outro, em uma espécie de estado ligado. Esse 
modelo,  inclusive,  é  considerado  para  a  tentativa  de  se  explicar  supercondutores 
modernos. Já Landau não quis se preocupar em explicar as correntes supercondutoras, e 
sim em abordar a transição de fase. Ele partiu da idéia de que quando um sistema vai de 
uma fase para outra, uma das fases é sempre mais ordenada que a segunda. Quando a 
água congela, por exemplo, as moléculas, que se movem aleatóriamente na fase líquida, 
se comportam de forma mais ordenada na fase sólida. Do mesmo modo, os momentos 
magnéticos se alinaham em uma mesma direção e sentido no estado ferromagnético. 

13 | P á g i n a

  Antes  disso,  Ehrenfest  notou  que  transicoes  de  fase  podem  acontecer  de  duas 
formas,  que  chamou  de transição de fase de primeira ordem e transição de fase de
segunda ordem.  
  Em  transições  de  fase  de  primeira  ordem,  todos  os constituintes  de  uma  parte 
significante do sistema mudam de fase de uma só vez. Calor latente pode ser absorvido 
ou  retirado  para  promover  a  mudança,  assim  como  o  gelo  derrete  ou  a  água  evapora. 
Todas as moléculas da água passam repentinamente de cristais de gelo para líquido, se 
energia suficiente for fornecida para promover essa mudança global.      
  Já as transições de fase de segunda ordem, por outro lado, não envolvem calor, e a 
passagem de um estado para outro acontece progressivamente. Quanto mais próximo o 
sistema está da transição, menos ordenado (ou desordenado) o sistema vai se mantendo. 
A transição ocorre quando toda a ordenação (ou desordenação) termina. A diferença de 
energia do sistema imediatamente antes da transição para o sistema imediatamente depois 
da transição  é infinitesimal, e não há calor latente envolvido.  Fazendo  analogias, uma 
transição de segunda ordem é como um jogo de boliche. Alguns pinos cairão na primeira 
tentativa, alguns outros na segunda. O sistema não desaparecerá até que o último pino 
esteja de pé. E uma transição de primeira ordem é como um castelo de cartas, onde há 
apenas  duas  possibilidades,  as  cartas  ordenadas  formando  o  castelo,  ou  as  cartas 
desordenadas formando as “ruínas”.  
  Landau queria obter uma descrição quantitativa de transição de fase de segunda 
ordem,  que  acreditava  ele  ser  característica  da  transição  de  fase  supercondutora.  Para 
isso,  encontrou  um  certo  “parâmetro  de  ordem”,  que por  definição  vale  zero  para  um 
estado  totalmente  desordenado  e  um  para  um  estado  perfeitamente  ordenado.  A 
dificuldade (e, obviamente, a grande sacada) foi exatamente na escolha do parâmetro de 
ordem. Para um conjunto de pinos que o jogador de boliche tenta derrubar, uma escolha 
clara  de  parametro  de  ordem  seria  a  taxa  de  pinos  que  restam  de  pé  em  relação  à 
quantidade total de pinos. A decisao de Landau foi mais difícil, porém uma vez feita, 
pôde expressar a diferença de energia entre os dois estados em termos deste parâmetro. 
Essa diferença ia a zero para transicoes de segunda ordem desde que não fosse necessário 
nenhuma  quantidade  adicional  de  energia.    Com  uma  considerável  intuição,  Landau 
propos  uma  expressão  matemática,  de  caráter  completamente  geral,  para  transicoes  de 
segunda ordem, providas de dois outros parâmetros que foram ajustados para o caso em 
particular.  Uma  vez  a  energia  calculada  desta  forma,  todos  as  as  outras  quantidades 
termodinâmicas, como entropia e calor específico, se tornam calculáveis. Esta elegante 

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descrição se mostrou eficiente em outras áreas. Representa um dos grandes sucessos do 
chamado método fenomenológico em Física. Tal descrição foi completada por Ginzburg, 
e publicada em 1950 (equacão 2), para o caso  supercondutor. Hoje é conhecida como 
teoria de Ginzburg-Landau. 
 
EXPERIMENTOS E INTERPRETAÇÕES
A pesquisa experimental em supercondutividade pode ser dividida em três ramos 
principais. A primeira, relacionada com estudos empíricos de materiais supercondutores, 
na  verdade  nunca  cessou,  sempre  obtendo  sucessos.  Gera  ainda  interesse  devido  à 
aplicações industriais e também por encontrar padroes dentre as propriedades de novos 
materiais supercondutores.  
  O  estudo  de  propriedades  térmicas  de  supercondutores  foi  o  segundo  foco  de 
pesquisas,  e  isso  levou  a  uma  primeira  descrição  da  supercondutividade,  baseada  na 
termodinâmica. 
  O  terceiro  ramo  consistiu  em  investigações  de  propriedades  magnéticas  de 
supercondutores. Dados experimentais de todos os tipos foram produzidos, e era difícil 
dicernir  sobre  o  que  poderia  ser  usado  para  chegar a  uma  visão  coerente  do  assunto. 
Porém, duas interpretações influenciaram de forma marcante. Uma, baseada na idéia de 
que os supercondutores são apenas condutores perfeitos, levou a interpretaçõres errôneas 
dos experimentos. A outra, que acabou se mostrando muito útil, é devida a London, e não 
foi aceita logo no início.  
  O casal russo Lev Shubnikov e Olga Trapeznikova, após passarem um tempo no 
laboratório em Leiden, voltaram para a Rússia e lá criaram um laboratório para baixas 
temperaturas,  e  executaram  medidas  de  susceptibilidade  magnética  em  vários 
supercondutores encontrados, e chegaram a conclusão de que, no estado supercondutor, a 
susceptibilidade  variava  de  forma  muito  suave,  enquanto  a  resistividade  se  mantinha 
rigorosamente nula (figura 7). 
 

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Figura 7 – Susceptibilidade magnética de uma amostra de PrBa 2Cu3O7-y, sintetizada pelo Grupo de Materiais de Dispositivos do 
Departamento de Fïsica da Universidade Federal de São Carlos, sob responsabilidade do Prof. Dr. Fernando Manuel Araújo-Moreira. 
Da temperatura de transição, aproximadamente 90K, até a temperatura de aproximadamente 30K, a variação da susceptibilidade é 
extremamente pequena. 
 
  Em Berlin, a supercondutividade se desenvolvia seguindo outra linha: a procura 
por novos materiais. Walther Meissner, pesquisador, possuía técnicas sofisticadas a sua 
disposição para desenvolver tais materiais. Por tradição, os químicos no seu laboratório 
tinham  profundo  conhecimento  sobre  materiais,  como nitratos  e  carbetos  e  metais  de 
transição, que são supercondutores a temperaturas em torno de 10K.  
  Meissner e seus colaboradores encontraram aproximadamente 40 substancias que 
eram  supercondutoras,  cada  qual  com  sua  temperatura  crítica  específica.  Conseguiram 
relacionar também o valor dessa temperatura com o valor máximo de campo magnético 
que  se  pode  aplicar  a  uma  amostra,  tal  que  ela  mantenha  a  supercondutividade. 
Descobriram  também  como  relacionar  matematicamente a  temperatura  crítica  com  o 
respectivo campo crítico (equação 2; figura 8). 
 
 
Equação 2 – Hc(0) é o campo crítico extrapolado para 0K. 
 
 

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Lei de Silsbee – Relação entre campo e corrente críticas para um fio supercondutor 
 
 
Figura 8 – Dependência da temperatura crítica com o campo aplicado. 
 
 
Figura 9 – Tabela periódica com a descrição dos elementos que são supercondutores. 
Tabela retirada da apresentação da Profa. Dra. Thereza Cristina de Lacerda Piva, do Instituto de Física da UFRJ. Disponível em 
http://omnis.if.ufrj.br/~joras/disciplinas/07.1/topicos/tclp.pdf 
 
  Os  alemães  acabaram  por  descobrir  tambem  ligas  de metais  que  se  tornavam 
supercondutores, mesmo que os metais que as compunham não o fossem. Mais ainda, 
observaram  que  compostos  químicos  isolantes  poderiam  se  tornar  supercondutores. 
Chegaram  a  conclusão  de  que,  na  grande  parte  dos  metais,  a  supercondutividade  não 

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depende  diretamente  do  ordenamento  cristalino.  Os  átomos  não  estavam  envolvidos 
diretamente. O fenômento, aparentemente, dependia apenas dos portadores de carga, os 
elétrons. Mesmo porque as investigações revelaram que não havia mudança na estrutura 
cristalina, não havia discontinuidades na condutividade térmica e não havia calor latente 
associado com a mudança de fase.  
  Se  um  supercondutor  é  apenas  um  condutor  perfeito,  deveria  obedecer  as 
equações de Maxwell para um caso de condutividade infinita. De fato, o próprio Maxwell 
colocou a questão de como um condutor com condutividade infinita se comportaria, e 
usou suas equações para calcular como um desses reagiria se colocado na presença de um 
campo magnético.  
  O  modo  de  testar  as  equações  de  Maxwell  foi  aplicado  à  supercondutividade. 
Colocou-se um anel supercondutor em um campo magnético. A espessura do anel não é 
relevante  neste  caso,  já  que  a  resistividade  é  nula.  Em  seguida,  resfriou-se  o  anel  até 
abaixo de sua temperatura crítica com o campo magnético ainda aplicado, e entao cortou-
se o campo. A mudaça no campo deve induzir uma corrente no anel, de intensidade tal 
que produza um campo magnético de mesma intensidade. E como não há resistividade, 
esse campo permanecerá “congelado”. É como se o anel tivesse uma “memória”.  
  Correntes  persistentes  com  seu  fluxo  magnético  congelado  parecem  ser  bem 
explicados através das equações de Maxwell num caso de condutividade infinita. Logo, 
não  havia  razão  para  suspeitar  que  um  supercondutor  era  não  mais  que  um  condutor 
perfeto. E essa convicção estava tão bem estabelecida para os físicos da época que levou 
Kamerling Onnes a tirar conclusões precipitadas de um experimento que fez, como o do 
anel, porém agora usando uma esfera oca de material supercondutor. Nesse experimento, 
foi constatado que, após a esfera ser resfriada na presença de campo magnético, em seu 
interior a distribuição do campo magnético não havia sofrido alteração alguma durante a 
transição de fase. E após retirado o campo externo, continuou intacto. Ou seja, ao longo 
de  todo  o  processo,  o  campo  magnético  não  sofreu  a menor  alteraçao.  Devido  ao 
experimento  anterior  com  o  anel,  concluíram  que    esse  experimento  agia  como  se 
houvesse vários anéis circulando a esfera, que o campo dentro de cada anel permaneceu o 
mesmo. Pensavam também que se o campo fosse aplicado após a esfera ser resfriada, os 
resultados deveriam ser diferentes.  
  Essa  concepção  errada  faria  com  que  a  transição  supercondutora  não  se 
comportasse como uma transição de fase de acordo com a termodinâmica. A uma dada 
temperatura e pressão, gelo é gelo. Não importa, por exemplo, se a água foi congelada 

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antes ou depois de ter a pressão aumentada. Transições de fase são reversíveis, mas a 
transição supercondutora parecia ser irrevesível. A idéia do fluxo congelado dentro de um 
metal  supercondutor  (esfera,  por  exemplo)  era,  entretanto,  um  conceito  difícil  de  ser 
batido. E dependia de medidas que não eram fáceis de serem feitas. O método era colocar 
um pequeno fio de bismuto em posições apropriadas dentro da esfera. A resistividade do 
bismuto varia fortemente na presença de um campo magnético, e a variação é maior ainda 
a  baixas  temperaturas.  Se  o  experimento  tivesse  sido  realizado  de  forma  precisa, 
chegariam à conclusão de que o campo magnético no interior da esfera é menor que o 
campo inicial. Ou melhor, zero! 
  Mesmo com a relutância de muitos físicos experimentais, teóricos como Bloch e 
Landau  continuavam  acreditando que a transição supercondutora  era uma transição de 
fase  suportada  pela  termodinâmica.  E  quanto  a  isso,  Fritz  London,  ao  publicar  suas 
equações que descrevem o eletromagnetismo supercondutor, fez inclusive uma analogia 
entre supercondutividade e ferromagnetismo: Bloch and Landau formulated a program
whose realization has generally been considered as the task of a futue theory of
superconductivity. It seemed necessary to imagine a mechanism that, without any
external field, would make it possible for a metal in its most stable state to support a
current. The thermodynamic stability of the superconducting state and in particular the
stability of the persistent currents themselves seem necessarily to lead to this idea. In this
connection, one often thinks of the exemple of ferromagnetism, where the most stabe
states consist of permanent magnetization without the involvement of any external field. 
O “problema” do fluxo congelado dentro da esfera estava fadado a terminar .  
  Por volta do ano de 1930 foi-se descoberta a propriedade realmente característica 
de um supercondutor, que não é a resistência zero, mas sim o diamagnetismo perfeito. 
Esse efeito, descoberto por W. Meissner e R. Ochsenfeld, não foi derivado diretamente 
das equações de Maxwell para um condutor perfeito. A J. Rutgers, aluno de Ehrenfest, 
concluiu matematicamente que supercondutores se comportam de forma diferente – no 
que diz respeito à transição de fase –  quando suas temperaturas são levadas a valores 
abaixo de seus valores críticos, se estão sob efeito de um campo magnético externo ou 
não.  Ou  seja,  a  transição  de  fase  ocorrida  sem  campo  aplicado  é  uma  transição  de 
segunda Ordem. Na linguagem assumida por Ehrenfest, ocorria uma transição de fase de 
primeira ordem, que envolvia calor latente, caso o material fosse resfriado na presença de 
um campo. Sem a presença de um campo, ocorria uma transição de segunda ordem, sem 
calor  latente  envolvido.  Mas  essa  distinção  não  ficou  muito  bem  clara  num  primeiro 

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momento.  Casimir  e  C.  J.  Gorter  mostraram  ainda  que  a  fase  supercondutora  é  mais 
ordenada que a fase normal. O importante foi que nesta fase se deu a descoberta de que o 
supercondutor é um diamagneto perfeito, independente da sequência de fatos ocorridos 
até o alcance da transição de fase (figura 10). 
 
 
Figura 10 – Comportamento magnético de um supercondutor. 
 
  Mais  uma  vez,  veio  da  Holanda  experimentos  mais  reveladores.  De  Haas  e  H. 
Bremmer encontraram em 1931 que não há descontinuidade na temperatura crítica, na 
ausência  de  campo  aplicado,  porém  a  discontinuidade  aparece  quando  o  material  é 
resfriado  com  o  campo  aplicado,  outro  comportamento  característico  de  um 
supercondutor (figura 11). 

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Figura 11 – Gráfico superior: sem campo aplicado, transição de segunda ordem e sem calor latente envolvido. Gráfico inferior: com 
campo aplicado, transição de primeira ordem.  
 
   O  próximo  avanço  na  área  veio  com  os  irmãos  Fritz  e  Heinz  London,  que 
completaram  a  descrição  do  efeito  Meissner  adicionando  o  parâmetro  conhecido  por 
comprimento de penetração, comumente defindo pela letra λ, identificando ainda que o 
campo magnético criado pelo supercondutor acontece através de correntes superficiais. 
Esse comprimento define quanto o campo magnético penetra na superfície da amostra e 
qual o seu valor (equação 2; figura 12). Os valores típicos de λ variam entre 50 e 500nm. 
 
Equação 2 – Valor do campo magnético que penetra na amostra, e o valor do comprimento de peletração de London. 
 

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Figura 12 – Decréscimo do comprimento de penetração ao longo do interior do material 
 
  O  trabalho  dos  irmãos  London  não  foi  imediatamente  aceito.  Entretanto,  este 
trabalho  marcou  o  início  das  modernas  teorias  a  respeito  da  supercondutividade.  Um 
desenvolvimento em especial teve importância em fazer com que a teoria de London não 
fosse logo aceita. Experimentos do russo Shubnikov mostraram que o efeito Meissner era 
imperfeito  em  algumas  situações.  E  de  fato  o  é,  porém  para  tipos  específicos  de 
supercondutores. Landau interpretou esses resultados como uma evidência da existência 
de um estado intermediário entre o estado normal e o estado supercondutor.  
  Durante esse período, London teve um leitor de seus artigos em especial: John C. 
Slater,  Físico  de  Harvard.  Slater  discutia  estes  artigos  com  um  de  seus  alunos,  John 
Bardeen, e acabou por escrever dois artigos citando importantes implicações a respeito da 
teoria  de  London:  os  elétrons  do  estado  supercondutor  devem  se  mover  em  orbitas 
grandes – são “deslocalizados”. E isso foi de fundamental importância para as teorias que 
viriam em seguida. 
 
SUPERCONDUTORES TIPO I E TIPO II
Brian Pippard, físico britânico, na década de 50 observou que quando um campo 
magnético era aplicado a um supercondutor puro, acontecia o já descrito efeito Meissner. 
Ou seja, o campo magnético penetrava por inteiro no material, e era repelido também por 
inteiro (com excessão do comprimento de penetração). Neste momento foram chamados 
de supercondutores de Pippard, ou tipo I. Porém, para certos supercondutores dopados, 

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um  fenômeno  novo  ocorria.  Para  valores  baixos  de  campo  magnético  aplicado,  havia 
ainda o efeito Meissner. E a partir de um certo valor bem definido, o campo penetrava na 
amostra, pouco a pouco. O físico russo Alexei Abrikosov, em 1957, previu que nesse 
estado o campo penetrava na forma de vórtices magnéticos, ou fluxóides. Cada fluxóide 
contém  um  quantum  de  fluxo  (equação  3).  Um  fluxóide  consiste  em  um  núclero 
cilíndrico de fluxo magnético, alinhado com o campo aplicado, com um raio designado 
por Pippard como comprimento de coerência. Este núcleo está rodeado por um cilindro 
de supercorrentes que fluem num vórtice circular, numa espessura igual ao comprimento 
de penetração λ, gerando o quantum de fluxo (figuras 13, 14 e 15). Estes foram chamados 
de supercondutores impuros,  ou tipo II.  Esse  tipo  de  supercondutor  tem  como 
característica o que é chamado de estado misto, e que está relacionado com dois valores 
de campo magnético crítico (figura 14). 
 
Equação 3 – Quantum de fluxo 
 
 
Figura 13 - Retirada da apresentação da Profa. Dra. Thereza Cristina de Lacerda Piva, do Instituto de Física da UFRJ. Disponível em 
http://omnis.if.ufrj.br/~joras/disciplinas/07.1/topicos/tclp.pdf 
 
 
Figura 14 - Retirada da apresentação da Profa. Dra. Thereza Cristina de Lacerda Piva, do Instituto de Física da UFRJ. Disponível em 
http://omnis.if.ufrj.br/~joras/disciplinas/07.1/topicos/tclp.pdf 

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Figura 14 
 
  Estes vórtices foram observados experimentalmente pela primeira vez em 1967, 
pelos físicos alemães U. Essman e H. Träuble, em amostras de Pb dopadas com 4% de In 
(figura 15).  
 
 
Figura 15 – Pontos indicam os vórtices de Abrikosov. Análise feita por microscopia eletrônica.  
 
  Outra  propriedade  fundamental  da  supercondutividade,  descoberta  ainda  na 
década de 50 é  o chamado efeito isotópico. Esse efeito foi descoberto simultaneamente 
por dois grupos de pesquisa norte-americanos. Um, no MIT, comandado por E. Maxwell, 
e o outro, na Rutgers University, pelos pesquisadores C. A. Raynolds, B. Serin, W. H. 
Wright e L. B. Nesbitt, e mostravam que a temperatura crítica variava com a mudança de 
um átomo por algum istótopo.  Os dois artigos apareceram na mesma edição da Physical
Review  de  1950. Medidas  experimentais  de  temperatura  crícita  levaram  o  físico  H. 
Fröhlich  matematicamente  que  a  temperatura  é  diretamente  proporcional  à  uma  certa 
potência da massa isotópica (equação 4). 

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Tc ∝ M
-α 
Equação 4 
 
 
 
Figura 16 – Variação da temperatura crítica do Hg em relação a seus isótopos. Retirada da apresentação da Profa. Dra. Thereza 
Cristina de Lacerda Piva, do Instituto de Física da UFRJ. Disponível em 
http://omnis.if.ufrj.br/~joras/disciplinas/07.1/topicos/tclp.pdf 
 
  Um  dos  cientistas  da  Universidade  Rutgers,  Serin, sabia  que  tinha  em  mãos 
resultados  extremamente  importantes.  Esses  experimentos  diziam  que  os  íons  da  rede 
influenciavam diretamente  os elétrons, já que haviam diferentes valores da Tc para cada 
isótopo.  E  para  que  pudesse  haver  um  maior  aprofundamento  dessa  nova  descoberta, 
Serin foi atrás de um teórico que trabalhou nos laboratórios da Rutgers, John Bardeen. 
Bardeen logo aceitou trabalhar nessa nova investigação, já que não era a primeira vez que 
se  deparava  com  a  supercondutividade.  Desde  os  tempos  de  seu  doutorado,  quando 
discutia  com  seu  orientador  sobre  os  artigos  dos  irmãos  London,  Bardeen  vinha 
acompanhando os avanços da área.  
  De forma independente, Bardeen e Fröhlich chegaram a uma conclusão, e radical, 
sobre o mecanismo da supercondutividade. Eles propuseram que ela ocorria através de 
interações entre as vibrações da rede e os elétrons. Mais ainda, eles supunham que os 
elétrons  eram,  de  alguma  forma,  atraídos  uns  para  os  outros,  e  se  emparelhavam.  E 
afirmavam  que  os  íons  da  rede  tinham  um  papel  fundamental  nessa  interação.  Essa 
interação era entre os elétrons e os fônons da rede. 

25 | P á g i n a

  Na Austrália, pouco tempo depois, Schafroth, que pesquisava sobre gás de bosons, 
publicou uma nota sobre supercondutividade, que dizia: So far, no molecular theory of
superconductivity has been found. The most succesful attempts in this direction have been
made by Fröhlich and Bardeen on the asumption that the occurrence of this phenomenon
is due to the interaction of the conduction electrons with lattice vibrations. However, it
has not so far been possible to show that a strong enough lattice-electron interaction can
account for the characteristic equilibrium phenomena of superconductivity, namely the
phase transition and the Meissner-Ochsenfeld effect. 
  De  fato,  as  teorias  de  Fröhlich  e  Bardeen  encontraram  severas  complicações 
matemáticas.  Schafroth  encontrou  uma  saída  supondo que  um  gás  de  bosons  poderia 
ocorrer no fenômeno da supercondutividade, justificando que um condensado de Bose-
Einstein é um fenômeno único e singular, e que é responsável pela superfluidez. Logo, 
seria razoável supor que a supercondutividade nos metais era devido ao aparecimento de 
bonsos carregados. E o que poderiam ser esses bósons carregados, já que os elétrons tem 
spin ½, era justamente a consideração de dois elétrons emparelhados formando uma única 
entidade,  um  bóson  com  carga.  Essa  foi  uma  primeira  contribuição,  porém  ainda  não 
explicava qual mecanismo faria com que os elétrons se emparelhassem, de tal forma que 
suprisse a repulsão coulombiana.  
  Bardeen,  que  fazia  seu  Ph.D.  em  Princeton,  aprendeu  novas  ferramentas 
matemáticas no que dizia respeito a interações eletrônicas em cristais, e decidiu abordar o 
fenômeno  da  supercondutividade  através  de  quatro  frentes  distintas:  a  primeira, 
desenvolvendo uma descrição fenomenológica que descrevesse como um todo todos os 
resultados experimentais obtidos até então, levando em conta interações entre elétrons e 
fônons  de  alta  frequência,  que  chamou  de polaron;  a  segunda  foi  trabalhando  com  os 
físicos Francis Low e T. D. Lee, dois teóricos, e considerava a interação elétron-fônon 
como  algo  nem  suficientemente  forte,  nem  suficientemente  fraca;  a  terceira,  Bardeen 
considerava  a  repulsão  coulombiana  entre  os  elétrons  na  interação  elétron-fonon.  Essa 
análise chegou a um curioso resultado que previa que dois elétrons em um sólido não 
estavam  fadados  necessariamente  a  se  repelirem.  Parecia  possível  que,  sob  certas 
condições, eles, se atraíssem; e a quarta, que considerava um gap de energia que existia 
na mudança de fase, e não foi considerado em nenhuma aproximação anterior. Para tal, 
procurou um teórico que pudesse ajudá-lo nessas ideias, e por recomendação, encontrou 
Leon Cooper. Chamou também seu recém aluno de doutorado Robert Schriffer, que havia 
concluído sua graduação no MIT. 

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  As discussões começaram com inúmeras reuniões onde Leon Cooper explicava aos 
outros dois tanto sobre funções de Green quanto sobre os diagramas de Feynman. E os 
primeiros resultados surgiram na primavera de 1956, quando Cooper descreveu que as 
interações  entre  dois  elétrons  no  estado  supercondutor  eram  atrativas,  que  estavam 
ligados.  E  isso  explicaria  o  motivo  da  energia  no  estado  supercondutor  ser  menor. 
Bastava  uma  quantidade  finita  de  energia  ser  oferecida  para  que  os  elétrons  se 
separassem. Bardeen concluiu que isso era a peça chave de todo o quebra-cabeças, além 
dessa descrição ser melhor que a já publicada pelos australianos. Ela considerava que os 
elétrons  emparelhados  tinham  momentos  bem  definidos,  e  bem  próximos  a  zero, 
enquanto os autralianos consideravam que os elétrons tinham posições bem definidas. A 
descrição de Cooper, portanto, concluía que os  pares não estavam bem  localizados na 
rede. E todos eles juntos faziam aparecer um efeito macroscópico no material. Essa foi a 
ideia trabalhada, e acertada.  
  Além do mais, a energia dos elétrons calculada era bem próxima, e pouco menor, do 
nível de Fermi. Os  elétrons só são espalhados (= resistência) porque há estados finais 
disponíveis. No estado supercondutor abre-se um gap, e próximo ao nível de Fermi não 
há estados acessíveis – não há dissipassão. (figura 17). 
 
 
Figura 17 - Retirada da apresentação da Profa. Dra. Thereza Cristina de Lacerda Piva, do Instituto de Física da UFRJ. Disponível em 
http://omnis.if.ufrj.br/~joras/disciplinas/07.1/topicos/tclp.pdf 
 
  Publicado o trabalho dos três cientistas, uma nova fronteira se abriu para a descrição 
da  supercondutividade.  Em  1957,  o  físico  brasileiro  Newton  Bernardes  (1931-2007) 
apresentou  uma  nova  interpretação  para  o  “gap”  referido  acima.  Com  efeito,  com  o 
objetivo de explicar esse “gap”, Bernardes usou uma aproximação de um elétron naquele 
modelo, aproximação essa que havia desenvolvido enquanto fazia sua Tese de Mestrado, 

27 | P á g i n a

na Universidade de Illinois, em Urbana (USA), sob a orientação de Bardeen, em 1955-
1956. Nesse seu trabalho, Bernardes calculou o “gap” como sendo da ordem de 3 kT
C no 
zero absoluto (0 K), o qual vai decrescendo com a temperatura até anular-se em T
C. Além 
do mais, ele encontrou uma curva do tipo exponencial para o calor específico eletrônico, 
que já havia sido obtida por Ginsburg. Porém, diferentemente de Cooper, para Bernardes 
o  “gap”  era  devido  à  excitação  de  uma  “quase-partíc ula”. 
Com relação a esse trabalho de Bernardes, é oportuno registrar que quando ele deixou a 
Universidade de Illinois, para trabalhar na Universidade de Washington, no final de 1956, 
ele  continuou  mantendo  correspondência  com  Bardeen e  com  Schrieffer  sobre  a 
supercondutividade.  Em  duas  cartas  dessa  correspondência,  uma  de  Schrieffer 
(12/02/1957) e outra de Bardeen (20/02/1957), eles falaram da importância do modelo de 
Bernardes, e Bardeen sugere que Bernardes publique seu modelo na Physical Review, o 
que de fato aconteceu. 
  Porém, a equação que descreve a energia desses elétrons tem uma escala tal que ela 
só faz sentido se a temperatura crítica for no máximo e aproximadamente 30K. Há aqui, 
portanto,  a  limitação  da  teoria  BCS  quando  do  surgimento  dos  chamados 
supercondutores de alta temperatura crítica (figura 18). 
 
 
Figura 18 – Evolução dos materiais supercondutores. Retirada da apresentação da Profa. Dra. Thereza Cristina de Lacerda Piva, do 
Instituto de Física da UFRJ. Disponível em 
http://omnis.if.ufrj.br/~joras/disciplinas/07.1/topicos/tclp.pdf 
 

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SUPERCONDUTIVIDADE DE ALTA TEMPERATURA CRÍTICA
Desde que a supercondutividade foi descoberta, em 1911, inúmeros supercondutores 
foram descobertos, e suas temperaturas críticas aumentando ano após anos. Mais de 2000 
materiais supercondutores foram descobertos de 1975 até hoje. Em 1973 foi encontrado, 
na liga Nb3Ge, a maior temperatura até então, 22.3K. Esse valor não seria batido por 10 
anos.  
  Quando  a  teoria  BCS  mostrou  sua  elegante  explicação  para  o  fenômeno 
supercondutor,  vários  cientistas  acreditavam  que  não  seria  possível  encontrar  novos 
supercondutores a temperaturas acima de 30K se não fosse descrito um novo fenômeno 
supercondutor. Fröhlich, em 1954, chegou a esboçar um modelo para os chamados High-
Tc Superconductors.  
  Sleight,  em  1975,  publicou  que  havia  encontrado  supercondutividade  no  sistema 
BaPb(1-x)BixO3, e que sua Tc variava de acordo com a dopagem. Isso foi o início das 
pesquisas com óxidos supercondutores. 
  No início dos anos 80, investigadores de todo o mundo começaram a procurar por 
novos  tipos  de  supercondutividade.  O  governo  japonês  lançou  um  projeto  chamado 
Novos Materiais Supercondutores, tendo início em 1984, e nos EUA foi montada uma 
conferência em 1985 chamada Materiais e Mecanismos da Supercondutividade. 
 
Em  1983,  Müller  e  Bednorz  iniciaram  suas  pesquisas testando  sistematicamente  a 
supercondutividade em novas cerâmicas. Finalmente, em janeiro de 1986, depois de haver testado 
quase 10 mil amostras de cerâmicas, encontraram uma cerâmica do tipo cuprato com La e bário 
(Ba):  Ba
xLa5-xCu5O5(3-y). Esse material é uma cerâmica do tipo perovskita, com uma estrutura de 
camadas.  As  perovskitas,  na  forma  de  silicatos,  são  os  materiais  mais  abundantes  da  crosta 
terrestre, a velha areia. Os sub-índices da fórmula mostram que eles partiram de um composto 
normal,  um  óxido  de  cobre  com  bário  e  lantanho,  e  foram  retirando  oxigênio  em  várias 
proporções. Quando x=0,75, o material apresentava uma fase cuja resistividade caía a zero perto 
de  30K.    Essa  descoberta  de  Müller  e  Bednorz  foi  anunciada  em  abril  de  1986,  em  artigo 
publicado na Zeitschrift für Physik, e no ano seguinte foram agraciados com o prêmio Nobel de 
Física. É interessante registrar que Müller teve a ideia de testar a supercondutividade no tipo de 
cerâmica que utilizou, quando estava sentado nos jardins do Monastério Medieval em Erice, na 
Itália,  no  verão  de  1983.  Mais  tarde  leu  o  trabalho  dos  químicos  franceses  Claude  Michel  e 
Bernard  Raveau,  escrito  em  1982,  no  qual  indicava  que,  em  um  composto  cerâmico  daquela 
classe,  havia  sinais  de  condutância  elétrica.  Aliás,  esses  sinais  já  haviam  sido  observados  por 
Michel, Raveau, L. Er-Rakho e J. Provost, em 1981. [Karl Alexander Müller and Johannes Georg 
Bednorz, Nobel Lectures (08 de Dezembro de 1987)]. 

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                   Logo em 1987, dois grupos de pesquisadores, formados por Paul Chu, P. H. Hor, R. 
L. Meng, L. Gao, Z. J. Hang e Y. Q. Wang da Universidade de Houston, e por R. J. Cava, R. B. 
van  Dover,  B.  Batlogg  e  E.  A.  Rietman,  dos Bell Laboratories,  anunciaram  que  haviam 
conseguido  cerâmicas  supercondutoras  envolvendo  cupratos  formadas,  respectivamente,  dos 
compostos LaBaCuO (aprox. 40 K) e LaSrCuO (aprox. 36 K ). Ainda por essa mesma época, 
Maw-Kuen Wu (aluno de Chu) e seu grupo, da Universidade do Alabama, juntaram-se ao grupo 
de Chu e, ao substituírem o La pelo Ítrio (Y), e em um trabalho conjunto (Wu, Jim R. Ashburn, 
Chuan-Jue Torng, Hor, Meng, Gao, Huang, Wang e Chu) anunciaram no começo de 1987 que 
haviam obtido uma nova cerâmica supercondutora com a composição YBaCuO, cuja temperatura 
era  de  aproximadamente  93K.  Essa  descoberta  foi  confirmada  por  Hor,  Gao,  Meng,  Huang, 
Wang, K. Forster, J. Vassilious e Chu, ainda em 1987. É oportuno destacar que a descoberta do 
composto YbaCuO, com nitrogênio (N), foi também anunciada independentemente pela equipe 
do físico chinês Zhong-Xian Zhao do Instituto de Física da Academia Chinesa de Ciências, cujo 
estudo ele havia iniciado no final de 1986. É interessante registrar que essas novas descobertas 
sobre  cerâmicas  supercondutoras  na  base  de  cupratos  foram  anunciadas  no  Simpósio  da 
Sociedade  Americana  de Física, realizado  em  março  de  1987,  no  Hotel  Hilton  de  Nova  York, 
com a participação de cerca de 3000 físicos no salão principal, e cerca de 3000 físicos do lado de 
fora,  assistindo  através  de  um  sistema  interno  de  transmissão,  e  que  ficou  conhecido  como  o 
“Woodstock da Física”. 
                   Na década de 1990, novos supercondutores foram descobertos. Por exemplo, logo em 
1991,  foi  observado  que  cristais  feitos  de buckminsterfullereno ou fulereno  (C
60)  (que  é  uma 
estrutura  formada  de  60  átomos  de  carbono  (C)  organizados  nos  vértices  de  um  icosaedro 
truncado, tendo a forma de uma bola de futebol (com 12 pentágonos e 20 exágonos), e descoberta 
em 1985 (Nature 318, p. 162), por H. W. Kroto, J. R. Heath, S. C. O´Brien, R. F. Curl e R. E. 
Smalley) dopados com metais alcalinos como potássio (K), rubídio (Rb) e césio (Cs), se tornam 
supercondutores no seguinte intervalo de T
C: 18 - 33 K. Mais tarde, em 1995, um cuprato com 
mercúrio  (Hg),  cálcio  (Ca)  e  Ba  e  dopado  com  tálio (Tl)  (Hg
0.8Tl0.2Ba2Ca2Cu3O8.33),  tornou-se 
supercondutor na temperatura crítica de 138K, na pressão atmosférica, e atingiu a temperatura T

de 164K, em altas pressões. Por fim, na atual década de 2000, novas surpresas aconteceram com 
compostos  que  se  tornam  supercondutores  e  que  são  diferentes  dos  cupratos.  Logo  em  2001 
(Nature 410, p. 63), os físicos japoneses J. Nagamatsu, N. Nakagawa, T. Muranaka, Y. Zenitani e 
Jun Akimitsu anunciaram que o diboreto de magnésio (MgB
2) (conhecido desde 1950) se torna 
supercondutor  na  temperatura  crítica  de  39,2  K.  Essa  descoberta foi  confirmada,  em  2002  por 
Paul  C.  Canfield  e  Sergey  L.  Bud´ko.  Esse  supercondutor,  diferentemente  dos  cupratos,  é 
explicado  pela  Teoria  BCS.  Uma  nova  surpresa  sobre os  compostos  químicos  que  exibem 
supercondutividade  foi  decorrente  da  descoberta  realizada  pela  equipe  de  pesquisa  do  físico 
japonês  Hideo  Hosono  no  Instituto  de  Tecnologia  de Tóquio,  em  2006,  segundo  a  qual  os 

30 | P á g i n a

pnictogenetos de ferro,  formados  com  base  no  arsenieto  de  ferro  (FeAs),  se  tornavam 
supercondutores no seguinte intervalo de temperatura crítica T
C: 4 - 56 K. Em 2007, Kenjiro K. 
Gomes,  Abhay  N.  Pasupathy,  Aakash  Pushp,  Shimpei  Ono,  Yoichi  Ando  e  Ali  Yazdani,  da 
Universidade de Princeton trabalharam com um outro cuprato, envolvendo bismuto (Bi), Ca e Sr, 
o  composto:  Bi
2Sr2CaCu2O8+x cuja  temperatura  crítica  é  de  aproximadamente  90  K.  Um  ano 
depois, em 2008, Hosono e seu grupo (Yoichi Kamihara, Takumi Watanabe e Masahiro Hirano) 
anunciaram que o composto do tipo LaO
1-xFx FeAs, com x = 0,05-0,12, tornava-se supercondutor 
em 26K. Também em 2008, os físicos chineses Jie Yang, Zheng-Cai Li, Wei Lu, Wei Yi, Xiao-Li 
Shen, Zhi-An Ren, Guang-Can Che, Xiao-Li Dong, Li-Ling Sun, Fang Zhou e Zhao anunciaram a 
descoberta  de  uma  nova  família  de  pnictogenetos  de ferro  com  gadolínio  (Gd),  o  composto 
GdFeAsO
1-x,  que  atingiu  TC  =  53,5K.  Até  o  presente  momento,  ainda  se  discute sobre  a 
aplicabilidade da Teoria BCS nos cupratos e nos pnictogenetos de ferro. 
 
CURIOSIDADE
  Não há nenhuma teoria que explique satisfatoriamente o mecanismo de supercondução 
nos High-Tc. O que há, para o caso específico dos cupratos, é a suspeita de que os portadores de 
carga percorrem a rede através dos planos de cobre-oxigênio (figura 19). 
  Porém, Araújo-Moreira et al. mostrou que, para estruturas de YBaCuO dopadas com Pr, 
a supercondutividade surge normalmente, desde que haja tratamento térmico específico durante a 
síntese  do  material.  E  é  válido  tanto  para  filmes  finos,  quanto  para  poli  e  monocristais.  Estes 
resultados  vão  contra  as espectativas  da  maior  parte  da  comunidade  científica,  que  sugere  que 
átomos  de  Pr  influenciam  diretamente  nos  planos  de Cu-O,  quebrando  assim  a 
supercondutividade. Isso nos leva a crer que, portanto, a supercondutividade, ou parte dela, não 
ocorre em tais planos. 
  Para  uns,  as  controvérsias  estão  na  questão  ou  não  da  supercondutividade  no  sistema 
Y
xPr(1-x)Ba2Cu3O7-y.  Para  outros,  na  questão  da  supercondutividade  surgir  nos planos de  Cu-O. 
Porém,  resultados  experimentais  definitivos  mostram  que  o  composto  é  supercondutor  e  que, 
portanto, certas teorias devem ser revistas. 

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Figura 19 – Estrutura do YBa
2Cu3O7-y 
 
 
 
 
ALGUMAS APLICAÇÕES
Os  supercondutores  são  materiais  muito  interessantes  para  uso  em  várias 
aplicações devido às suas propriedades peculiares. A maioria das suas aplicações se vale 
da resistividade nula, que em alguns aparelhos elétricos é sinônimo de eficiência máxima, 
como é o caso dos geradores de eletricidade e dos cabos de transmissão, que não têm 
perda  de  energia  elétrica  por  calor.  Outras  aplicações  se  valem  dos  altos  campos 
magnéticos  que  podem  ser  obtidos  e_cientemente  com magnetos  supercondutores.  Os 
aparelhos  de  ressonância  magnética,  por  exemplo,  assim  como  os  trens  flutuantes 
(Maglev) e alguns aparelhos utilizados no estudo de materias utilizam estes campos. As 
outras aplicações mais comuns se valem do efeito Meissner. 
Produção e transmissão de eletricidade

Uma  aplicação  ideal  para  os  supercondutores  seria  a  transmissão  de  energia 
elétrica  das  estações  geradoras  para  as  cidades.  Entretanto,  isso  está  longe  de  ser 
economicamente viável devido ao alto custo e à dificuldade técnica de se refrigerar vários 
quilômetros de cabos supercondutores a temperaturas criogênicas, embora cabos de até 
45  metros  possam  ser  encontrados  em  utilização.  Cabos  de  120  metros,  capazes  de 
transportar 100 milhões de watts estão sendo construídos pela empresa americana Pirelli 
Wire e devem entrar em operação brevemente em uma subestação em Frisbie, Detroit. 

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Um cabo de BSCCO (Bi2Sr2CaCu2O9) de 1Kg/m equivale a um cabo de Cu de 72Kg/m. 
Já a construção e utilização de geradores de eletricidade em usinas geradoras têm grande 
potencial. Como a eficiência desses geradores é maior que 99% e seu tamanho é a metade 
daquele dos  geradores convencionais feitos de cobre, eles são muito atrativos e várias 
empresas têm planos para construí-los. A empresa americana General Eletric é uma delas 
e  está  atualmente  desenvolvendo  um  protótipo  capaz de  gerar  100  MVA  (megawatt-
ampere). 
  Além de produzir e transmitir eletricidade, os supercondutores podem também ser 
usados  para  armazená-la.  Existem  dois  tipos  principais  de  baterias  que  podem  ser 
construídas. O primeiro tipo é o das SMES (super-conducting magnetic energy storage – 
figura 20a), que podem ser descritas como bobinas gigantes, matendo uma alta corrente, 
que  podem  ser  usadas  quando  desejado.  O  segundo  tipo  é  chamado  comumente  de 
"flywheel" e consiste em um ímã permanente em formato cilíndrico, com grande massa, 
girando com alta velocidade sobre um supercondutor (figura 20b). Esta bateria utiliza-se 
do  efeito  Meissner,  que  faz  os  supercondutores  repelirem  fortemente  qualquer  imã 
permanente. 
 
Figura 20 
  As baterias supercondutoras são especialmente interessantes na estabilização de 
redes elétricas, em especial as SMES. Em março de 2000, por exemplo, foi encomendada 
a  fabricação  de  um  conjunto  de  SMES  para  a  estabilização  da  rede  do  estado  de 
Winconsin - EUA. Um conjunto destas SMES é capaz de reservar mais de 3 milhões de 
watts para ser usado durante pequenos blackouts. 
 
 

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MagLev
Como  altas  correntes  elétricas  podem  ser  mantidas  nos  supercondutores,  altos 
campos magnéticos podem ser gerados (figura 21), de acordo com as leis da eletricidade 
e magnetismo. Uma das aplicações  é a levitação magnética que pode ser utilizada em 
veículos de transporte, como trens, eliminando a fricção com os trilhos. Trens desse tipo 
podem  ser  feitos  com  magnetos  convencionais,  pois  utilizam  basicamente  atração  e 
repulsão  magnéticas  na  levitação.  Entretanto,  os  magnetos  convencionais  desperdiçam 
energia  elétrica  na  forma  de  calor  e  precisam  ser  bem  maiores  que  os  magnetos 
supercondutores  para  fornecerem  os  campos  magnéticos  necessários  à  levitação.  Na 
década de 90, trens comerciais começaram a ser desenvolvidos principalmente no Japão, 
onde  o  desenvolvimento  da  tecnologia  MA-GLEV  ganhou  apoio  maciço  do  governo. 
Recentemente o último protótipo desenvolvido, MLX01 (figura 22), chegou a 552 Km/h 
em uma composição tripulada, de 5 vagões. Outros trens estão sendo desenvolvidos e 
devem entrar em operação nos próximos anos na Alemanha e nos Estados Unidos. 
 
 
Figura 21 – Densidade de corrente elétrica por campo aplicado para diferentes materiais 

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Figura 21 
Ressonância Magnética Nuclear
  Outra aplicação para os altos campos magnéticos obtidos dos supercondutores é a 
fabricação  e  utilização  de  aparelhos  de  ressonância  magnética  nuclear  (RMN). 
O princípio de funcionamento desses aparelhos é baseado na ressonância que os átomos 
de hidrogênio entram na aplicação de campo magnético forte. Os átomos de H presentes 
nas  moléculas  de  água  e  de  gordura  absorvem  a  energia  magnética  e  a  emitem  numa 
freqüencia, que é detectada e analisada graficamente em um computador. O diagnóstico 
através  de  imagens  deste  tipo  tornou-se  atualmente um  procedimento  médico 
indispensável  devido,  principalmente,  ao  desenvolvimento  da  capacidade  de 
processamento dos computadores, necessária na análise da grande quantidade de dados 
que é gerada durante os exames.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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BIBLIOGRAFIA

  As  referências  de  agumas  das  imagens  obtidas  se  encontram  juntamente  com  as 
mesmas. 
  Todas as biografias dos cientistas, no que diz respeito à parte do Eletromagnetismo, 
foram  retiradas  de  Wikipédia:  a  enciclopédia  livre.  Disponível  em:  http://pt.wikipedia.org. 
Acesso em 29 de novembro de 2009. 
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