A. H. Strong diz: !Livre agência é a faculdade de autodeterminar -se em vista de motivos ou poder de o homem (a)
escolher entre motivos e (b) dirigir sua atividade subseqüente conforme com o motivo assim escolhido? (Systematic
Theology, pág. 176).
Lutero negou o !livre arbítrio? como era empregado pelo seu grande oponente Erasmo e também pelos pelagianos e
sofistas; e, com toda a sua perspicácia, supondo erradamente que o uso feito de !livre arbítrio? pelos arroistas supra
era o único sentido da expressão, opôs-se ao seu emprego. Não obstante, ele atribuiu à vontade uma liberdade tal
como é atribuída por outros aqui citados, definindo-a nas seguintes palavras: !Vontade, quer divina ou humana, faz o
que faz, seja bem ou mal, não por qualquer compulsão senão por mero querer ou desejo, como se fossem totalmente
livres? (Cativeiro da Vontade, pág. 41).
John Gill, que é muitas vezes falsamente acusado de antinomi anismo, diz: !Uma determinação da vontade para uma
qualquer coisa, não é contrária à escolha, porque a vontade humana de Cristo, como a dos anjos e dos santos
glorificados estão determinadas somente para o que é bom e, todavia, tanto escolhem como fazem o bem livremente
... Além disso, nem a impotência do homem, nem a influência eficaz da graça, de modo algum impedem a liberdade
das ações humanas. Um ímpio que está sob a mais forte das parcialidades, poder e domínio da sua concupiscência, age
livremente; como o faz também um homem bom ao fazer o que é espiritualmente bom e nunca mais assim do que
quando ele está sob as mais poderosas influências da graça divina? (Causa de Deus e Verdade, págs. 184 -5).
Jonathan Edwards considerou a livre agência como a !facul dade, oportunidade ou vantagem que qualquer um tem de
fazer como lhe apraz? (Freedom of the Will, pág. 17).
De indústria reservamos para o fim a definição que é a mais explícita de todas, porque resume todas as outras e as
estabelecem em maior minúcia e de um modo mais facilmente compreensível. Esta definição é de E. Y. Mullins: !A
liberdade no homem não implica insenção da operação de influências, motivos, hereditariedade, ambientes: antes
significa que o homem não está sob compulsão e suas ações são em último caso determinadas do interior. Ele é auto -
determinado no que faz. Alguns sustentam que a liberdade no homem significa a habilidade de transceder -se e agir
contra o seu caráter. (É isto o sentido errôneo de vontade livre, como crida por todos os pelagianos e arminianos e
como contrariada por Lutéro e muitos outros). A vontade é assim considerada, não como uma expressão do que o
homem é no seu caráter essencial. É livre no sentido de ser capaz de esc olhas sem relação a escolhas passadas,
hábitos adquiridos e tendências hereditárias. Isto é uma idéia insustentável da liberdade: faz da vontade mera aditiva à
natureza do homem antes que uma expressão dela. A liberdade exclui a compulsão externa como tamb ém exclui o
mero capricho e arbitrariedade. Liberdade é auto-determinação? (The Christian Religion in its Doctrinal Expression,
págs. 258-9).
Submetemos agora que todos esses grandes escritores estão em harmonia uns com os outros na sua idéia dessa
liberdade que o homem possui, conquanto alguns deles negassem que liberdade fosse chamada tanto livre agência
como vontade livre. Contudo, se houvesse em todo o universo uma coisa tal como livre agência, mesmo no caso de
Deus, a liberdade do homem afirmada no precitado é livre agência.
Para tornar isto mais manifesto, tomamos como nossa próxima proposição:
III. O HOMEM TÃO LIVRE AGENTE COMO DEUS
Notamos que o Dr. A. H. Strong diz: !A livre agência é a faculdade de auto -determinação?. Outros a definem como a
faculdade que alguém tem de agir segundo sua escolha, fazer como lhe apraz. Vimos que livre agência não implica
habilidade de transcender-se e de agir contrário ao seu caráter; não exclui a determinação tanto para o bem como para
o mal; exclui compulsão e restrição do exterior da natureza de alguém e exclui também apenas tão seguramente o
mero capricho e a arbitrariedade.
Que mais do que isto se pode afirmar de Deus? Que menos pode ser afirmado do homem? Deus é auto -determinado,
assim o homem, em todos os tempos. Deus sempre age segundo Sua escolha e faz como Lhe apraz,(?) assim também
o homem. Deus não pode transceder -se e agir contrário ao Seu caráter(?). Nem o homem o pode. Deus está sempre
determinado para o bem. O homem natural está sempre determinado para aquilo que é espiritualmente mau. Um
homem regenerado está determinado, em geral, para aquilo que é bom. Quando ele comete o mal, ele está, no
momento, determinado para o mal. A vontade de Deus não está nunca compelida ou restringida por algo fora de Sua
própria natureza. O mesmo é verdade quanto ao homem. Deus jamais age caprichosa ou arbitrariamente, isto é, sem
causa suficiente. Nem o homem. Deus sempre age de acordo com a Sua preferência, considerando as coisas como um
todo, mas não sempre segundo a Sua preferência em si, considerando as coisas separadamente e aparte do Seu plano
perfeito (?). Por exemplo, Deus prefere emanentemente a santidade em todos os tempos, mas, em consideração ao
Seu plano como um todo, Ele propôs permitir o pecado; porque o pecado, de algum modo, é necessário à consecução
do Seu plano. É isto análogo ao fato de o homem ter preferências conflitivas, mas seguir sempre a sua mais forte
preferência e, em assim fazendo, ser sua vontade inteira e absolutamente livre.
A posição da vontade de Deus e a natureza e leis de sua ação são as mesmas como no caso da vontade do homem;
cada uma está sujeita à natureza do seu possuidor, ambas expressam a natureza do seu possuidor em vista de
motivos. Tanto o homem como Deus são livres em todos os tempos para agiram nos seus mais dominantes desejos e
suas inclinações. Deus não é, verdadeiramente, um livre agente mais do que o homem é.
Que a livre agência do homem em todos os tempos pode ser mais manifestada, consideraremos:
IV. LIVRE AGÊNCIA DO HOMEM NATURAL