Repare no casal sorridente da fotografia: sáo
meus pais, Mary e Boris. Alguns dizem que parego
com meu pai, outros, que sou igual à minha mae.
Vocé pode, portanto, me imaginar com a cara. que
proferir.
Esta foto foi tirada há muito tempo, no Aero-
porto de Congonhas, em Sáo Paulo, cidade onde
nasci. Quando eu cra bem pequena, meu pai ás
vezes me levava até lá, para ver os avióss chegan
do e partindo. No terraco do aeroporto, ficáva-
mos vendo os viajantes, sorridentes e desca-
belados pelo vento, acenando para se despedir
dos amigos antes de entrarem nos aviöes. Que
inveja... Que vontade de voar! Para me consolar
e do triste fato de ter de continuar ali no cháo, eu
punha a imaginagäo pra funcionar e... Zás! LA ostava eu, den-
bro do aviáo, voando para algum lugar distante e exótico, cheio de reis e
rainhas, califas, foiticeiras, animais falantes e outras personagens de his-
tórias com quem eu iria viver alguma aventura.
Agora, já adulta, viajo de verdade em avióes, mas náo acredito que vá
encontrar nada daquilo, seja 14 para onde eu for. Nem por isso deixei de
gostar de voar. Nem de imaginar coisas, lugares e gente. Quando comecei a.
ilustrar e escrever historias para criangas, o que antes era apenas brincadeira
tornou-se meu trabalho. Um trabalho que é tao bom quanto brincar. Ou voar.
Espero que vocé tenha gostado de ler e ver este livro, tanto quanto
eu gostei de fazé-lo
Um beijo da.
AS