A narração por Yves Reuter (2003). pdf

FRANCISCORICHARDTRIN 1 views 35 slides Oct 01, 2025
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About This Presentation

material sobre a narração do ponto de vista de yves reuter


Slide Content

A NARRAÇÃO
Gabriela Cunha
TEORIA DA NARRATIVA

Dois grandes modos narrativos:
diegese
Mediação do narrador visível.
Mais frequente na nossa cultura.
"O leitor sabe que a história é
contada por um ou vários
narradores, mediada por uma ou
várias consciências." (p.60)
Contar: Mostrar:
mimese
Narração menos visível.
" Para dar ao leitor a impressão de
que a história se desenrola diante
dos seus olhos como se ele
estivesse no teatrou ou no cinema."
(p.60)

CENAS E SUMÁRIOS:
Cenas: Sumários:
Tem relação com o modo de mostrar.
São trechos que carregam uma
riqueza de detalhes, dando a
impressão que os eventos narrativos
ocorrem aos olhos do leitor. É
também acompanhada de falas de
personagens.
Tem relação com o modo de contar
histórias. São trechos mais resumidos,
com menos detalhes. "Se
caracterizam por uma visualização
menor. " (p.61)

Modo de mostrar:
falas sem mediação do narrador;
Monólogos ou diálogos com uma predominância do discurso
direto livre.
Modo de contar:
falas sempre mediadas pelo narrador.
A FALA DAS PERSONAGENS:

A ESCOLHA DAS PERSPECTIVAS:
Modo de mostrar
Perspectivas que dão a impressão de serem
neutras e/ ou de estarmos "na pele" de uma
personagem.
Modo de contar
Perspectivas em que se vê que a história está
sendo mediada pelo narrador ou por uma
personagem que temos certa distância.

Aqui predomina o modo de contar.
Primeiramente o narrador assume duas funções básicas:
Função narrativa: ele conta e evoca um mundo.
Função de direção ou de controle: ele organiza a
narrativa, na qual insere e alterna narração, descrições e
falas das personagens.
A FUNÇÃO DO NARRADOR:

A função metanarrativa
trata-se aqui, de algum modo, de uma
explícita função diretora, que consiste
em comentar o texto apontando para
a sua organização interna. (p.65)
A função comunicativa:
Consiste esta função em
dirigir-se ao narratário para agir
sobre ele ou com ele manter
contato. (p.64)

A função avaliativa
·centrada nos valores, esta função
manifesta o julgamento do narrador
sobre a história, as personagens ou o
relato. (p. 67)
A função
modalizante
centrada na emoção, este tipo
de função manifesta os
sentimentos que a história ou
sua narração suscita no
narrador. (p.66)
A função
testemunhal:
centrada na declaração,
manifesta o grau de certeza ou
de distância que o narrador
mantém em face da história que
conta. (p.66)
Estas são as três funções que
consistem na relação do narrador
com a história que ele mesmo conta.

A função generalizante ou
ideológica
manifesta a relação com o mundo do narrador.
Interrompendo assim o curso da história e situada nas
passagens mais gerais, mais abstratas, mais didáticas, ela
frequentemente toma a forma de máximas, passíveis de se
tornarem autônomas, nas quais são propostos juízos sobre a
sociedade, os homens, as mulheres. (p.68)
A função explicativa:
esta função consiste em dar ao
narratário as informações
consideradas necessárias para
compreende o que vai se passar.
(p.67)

AS VOZES NARRATIVAS:
A questão das vozes narrativas (quem fala e como fala) remete às
relações entre o narrador e a história que ele conta. (p.69)
Conforme Gérad Genette: A escolha do romancista não é entre
duas formas gramaticais, mas entre duas atitudes narrativas (cujas
formas gramaticais são apenas uma consequência mecânica). (p.69)

A partir destas duas distintas atitudes narrativas Gérad
Genet define:
Narrador heterodiegético – está ausente da história.
Narrador homodiegético – está presente como personagem
da história que conta.

Para distinguir ambos a organização geral da mensagem
tende para duas diferentes formas:
Discurso – a enunciação está presente sob as formas de pronomes, que remetem aos parceiros do ato de
comunicação e a indicadores espaço-temporais, que se referem ao momento da enunciação e ao lugar da
enunciação. Os tempos também se referem ao momento da enunciação: presente, futuro, passado perfeito.
(Tende mais ao "eu") (p.70)
Narrativa – a enunciação é menos marcada e, suas formas mais extremas, lembra um relatório objetivo. Os
pronomes remetem antes de tudo às personagens mencionadas no enunciado. Os tempos também se
organizam em relação com essas referências, não se relacionando diretamente à enunciação, o que explica, no
caso dos tempos do passado, ao lado do imperfeito e do mais-que-perfeito, a presença do passado simples.
(Tende mais ao "ele") (p.70-71)

AS PERSPECTIVAS NARRATIVAS:
A questão das vozes narrativas concerne ao
fato de contar. A das perspectivas concerne
ao fato de perceber. Com efeito, não existe
nas narrativas relação mecânica entre
contar e perceber: aquele percebe não é
necessariamente aquele que conta e vice-
versa. (p.72)
A perspectiva pode passar não apenas pela
visão, mas também pela audição, pelo
olfato, pelo paladar e pelo tato. (p.73)

TRÊS GRANDES TIPOS DE PERSPECTIVA
CONFORME POUILLON E TODORV:
A visão de trás – passa pelo narrador (“onisciente”) que sabe mais do que
as personagens.
A visão com – passa por uma personagem ou várias.
A visão de fora – na qual o leitor tem a impressão de uma narrativa
“objetiva”, de um universo filtrado por alguma consciência. (p.74)

A INSTÂNCIA NARRATIVA:
A instância narrativa articula as relações entre as formas fundamentais do
narrador e as três perspectivas possíveis para apresentar de maneiras
diferentes o universo ficcional e produzir efeitos sobre o leitor. (p.75)

Narrador heterodiegético e perspectiva passando pelo narrador –
Nesta combinação o narrador pode a priori dominar todo o saber e dizer
tudo [...] ele sabe mais do que todas as personagens, conhece os
comportamentos e também o que pensam e sentem os diferentes atores,
podendo sem problema estar em todos os lugares e dominar o tempo: o
passado, mas também o futuro. (p.76)

Narrador heterodiegético e perspectiva passando pela personagem –
Nesta instância narrativa “não se sabe o que se passa na cabeça dos outros
atores; não se pode, sem uma justificativa, mudar de lugar; não se conhece o
passado de todas as personagens e não se pode antecipar com segurança o
futuro. Assim, as intervenções do narrador tendem a se rarefazer (para não se
distanciar da personagem). (p. 78)
Aparenta estra na cabeça de uma personagem, favorecendo interesse,
identificação ou “choque” no leitor.
Poliscópica – quando ocorre a alternância de perspectivas de várias
personagens (p.78)

Narrador heterodiegético e perspectiva “neutra” -
Instância narrativa “bastante rara [...] procede como se o universo, as ações
e as personagens se apresentassem diante dos nossos olhos sem o filtro de
nenhuma consciência, de maneira neutralizada, como se o narrador,
testemunha “objetiva”, soubesse menos do que as personagens e, por isso,
pudesse fornecer apenas algumas informações ao leitor, sob a forma menos
distinta possível. (p.80)
·Ligada à corrente filosófica behavorista, que tinha por tese a
impossibilidade de análise do interior do cérebro humano, se
restringindo, portanto, aos comportamentos.

Narrador homodiegético e perspectiva passando pelo narrador –
Esta combinação é tipicamente a das autobiografias, das confissões, dos
relatos nos quais o narrador conta sua própria vida retrospectivamente.
(p.81)
·Ela traz o interesse psicológico de levar o leitor a defender o ponto de
vista de uma personagem e favorecer assim a identificação (ou a
rejeição radical se essa personagem é totalmente contrária aos
sentimentos e aos valores do leitor. (p.83)

Narrador homodiegético e perspectiva passando pela personagem –
O narrador conta o que acontece no momento em que acontece (e não de
maneira retrospectiva). Ele narra no presente, o que dá uma impressão de
simultaneidade entre o que ele percebe e o que diz. (p.83)
Isso restringe potencialmente tudo aquilo que instaura uma distância:
retornos reflexivos, intervenções do narrador. (p.84)

Atitudes Narrativas em Água de Barrela (2018) de
Eliana Alves Cruz
As personagens brancas e seus nomes:
Um bom “rega bofe” no Recôncavo imperial, uma festança daquelas para ser considerada de classe tinha que
ostentar entre os convidados alguns representantes das cinco estrelas douradas dos Moniz, das três estrelas
e três conchas dos Vieira Tosta, das listras douradas dos Aragão, do leão escarlate dos Silva e mais uma dúzia
de brasões e títulos da nobreza concedidos pelo imperador do Brasil. Títulos muitos deles comprados a peso
de ouro, mas quem se importava com isso? (p.33)
[...] fazia tudo para não deixar escapar nenhum mísero grão dos seus domínios para quem estivesse de fora
do seu apertado círculo. Os nomes se repetiam de pai para filho, para sobrinho, para netos e bisnetos, de
forma concêntrica e repetitiva; para que não pairasse nenhuma dúvida de que são todos da mesma
parentela. As farinhas todas num mesmo saco brasonado. (p.33)

Atitudes Narrativas em Água de Barrela (2018) de
Eliana Alves Cruz
As personagens brancas e seus nomes:
Tantos casamentos entre primos, primas, sobrinhos, sobrinhas e tios – sem falar nos nomes repetidos por
diferentes gerações – davam aos membros do grupo um mesmo aspecto que deixava no interlocutor a
sensação de estar falando com a mesma pessoa. (p. 65)
Todos com filhos que repetiam seus nomes, provocando sempre uma confusão na hora de contar as histórias
familiares. (p.67)

Atitudes Narrativas em Água de Barrela (2018) de
Eliana Alves Cruz
Aspas como recurso de elaboração da figura de linguagem ironia
Estar na casa-grande era um privilégio na visão da maioria, mas Helena não demonstrava gratidão por esta
“sorte”. Percebeu que todo e qualquer serviço, por mais ínfimo que fosse, era deles. Os brancos não se
mexiam para nada. Eram chamadas para absolutamente tudo – desde mover um copo de cima da mesa para
as mãos do senhor até pilar o milho ou a mandioca para fazer farinha. (p.31)
A cada encontro, Firmino reparava que Anolina estava mais alta e que seu corpo começava a mudar.
Preocupou-se com a sobrinha. Sabia o que acontecia às negrinhas que começavam a “botar corpo”. O filho do
barão estava crescendo, ele era pouca mais novo e ela era bem poderia ser seu primeiro “brinquedo humano”.
(p.87)

Atitudes Narrativas em Água de Barrela (2018) de
Eliana Alves Cruz
Aspas como recurso de elaboração da figura de linguagem ironia
Os homens entraram no quarto e mostraram a Francisco o “presente” [...] Ela fechou os olhos. Sentiu mão
apalpando-a em todas as partes íntimas. Os homens saíram para o cômodo anexo e deixaram Francisco a sós
para desfrutar o “regalo”. (p.90)

Os níveis:
As narrativas encaixadas –
Contemplam uma ou várias narrativas encaixadas.
Como por exemplo: uma personagem encontra um manuscrito e o lê ou conta
uma história (pontual) ou há diversas histórias entrelaçadas.
Partem da relação narração-
perspectiva.

Os níveis:
Metalepse –
Designa um outro tipo de mudança de nível, quando se produz uma aproximação
furtiva entre a narração e a ficção. (p.86)
O narrador exterior à ficção pode, em dado momento, intervir na ficção como se
estivesse no mesmo nível dos personagens.
De maneira simétrica ao primeiro caso mencionado, são as próprias personagens
que podem vencer a fronteira entre a ficção e a narração, a fim de dirigir a
palavra ao autor e ao leitor e se comportarem como se ambos estivessem no
mesmo nível deles.
Útil para divertir o leitor, para criar o fantástico e romper as fronteiras entre o real
e o imaginário ou para quebrar os códigos do verossímil [...] (p.86-87)

Os níveis:
Metalepse –
Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos: foram os dois
morar juntos: e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e
do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase
três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o
qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E
este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa,
porque o menino de quem falamos é o herói desta história. (Almeida, 1996).

O TEMPO DA NARRAÇÃO:
Temporaliedade: Múltiplas relações entre as duas
seguintes séries temporais:
Tempo real ou fictício da história;
Tempo tomado para conta-la (o tempo da
narração).
Quatro noções auxiliam na análise dessas relações: o
momento da narração, a velocidade, a frequência e a
ordem.

Narração simultânea
O narrador conta a história no
momento em que ela acontece.
Ligada à narração homodiegética (em
“eu”), com a perspectiva passando
pela personagem
Narração ulterior
O narrador conta o que se
passou anteriormente.
O momento da
narração:
narrador conta aquilo que vai se
passar ulteriormente, em [...] sob a
forma de sonhos ou de profecias,
têm, pois, um valor de presságio,
antecipando a sequência dos
acontecimentos. (p.88-89)
Narração anterior

A velocidade da narração –
Designa a relação entre a duração da história (calculada em anos, meses,
dias, horas) e a duração da narração (calculada em páginas ou linhas).
(p.89)
Duas principais tendências a respeito da velocidade da narração:
Tendência à aceleração e tendência à desaceleração.

TENDÊNCIA À
ACELERAÇÃO:
Elipse – grau máximo da aceleração,
consiste em “saltar” sobre a duração
temporal e as ações da ficção na narração.
Sumário – pode condensar e resumir em
algumas linhas um tempo ficcional às vezes
muito longo. Ao contrário da elipse é
marcado textualmente de maneira mínima.
Criada por diversos procedimentos – a
expansão de momentos ou ações
secundárias; a repetição de informações; a
descrição, que desenvolve aquilo que pode
ser percebido em apenas um instante ou as
intervenções do narrador que não
correspondem a ação alguma na ficção.
(p.89-90)
TENDÊNCIA À
DESACELERAÇÃO:

A FREQUÊNCIA
Designa a igualdade ou a ausência de igualdade entre o número de vezes em que um acontecimento se
produz na ficção e o número de vezes em que é contado na narração. (p.91)
Há três grandes possibilidades de frequência:
Modo singulativo ou de igualdade – consiste em contar uma vez aquilo que se passou uma vez na ficção.
Modo repetitivo ou de superioridade narrativa – o texto conta n vezes aquilo que se produziu apenas
uma vez na ficção. Ligado a uma visão poliscópica, destinada a iluminar diferenças psicológicas ou a
incerteza da apreensão do “real”.
Modo iterativo ou de inferioridade narrativa – consta-se apenas uma vez aquilo que aconteceu n vezes
na ficção. (p.91-92)

Designa a relação entre a sucessão dos acontecimentos na ficção e a
ordem na qual a história é contada na narração. (p.93)
Ordem cronológica – mais simples e rara (alguns contou ou algumas
narrativas para crianças);
Anacronias narrativas – modificam a ordem da aparição dos
acontecimentos a fim de produzir determinados efeitos (psicologia,
memória, angústia ou curiosidade no leitor etc):
A ORDEM –

Anacronia por retrospecção ou analepse,
anáforas ou flashbacks
conta ou evoca um acontecimento depois do momento em
que “normalmente” se situa na ficção. Tem valor explicativo:
esclarece o passado de uma personagem [...] (vigança). (p.
93-95)
Anacronia por antecipação ou prolepse,
catáfora
conta ou evoca um acontecimento antes do
momento em que ele “normalmente” se situa
na ficção. (sonhos premonitórios).

OBRIGADA!
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