Abdominoplastia
Resumo: Dr. Brunno Rosique
Residência de Cirurgia Plástica e Queimados de São José do Rio Preto SP
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Language: pt
Added: Apr 18, 2022
Slides: 10 pages
Slide Content
Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto
Regente : Valdemar Mano Sanches
Dr. Brunno Rosique Lara
Anatomia Cirúrgica do Abdome
Superfície
A cavidade abdominal é delimitada por um arcabouço ósseo (gradeado costal ântero-superiormente; vértebras
lombares e seus processos costiformes posteriormente; bordo superior da cintura pélvica inferiormente) e um sistema de
músculos chatos (oblíquo externo, oblíquo interno e transverso abdominal) que se organizam ao redor de dois pilares
musculares verticais, os músculos reto-abdominais e seu eixo tendinoso central
.
Estes músculos sustentam as vísceras e intervêm na respiração, que é ao mesmo tempo antagonista e colaborador do
músculo diafragma. A perda da função respiratória e motora dependerá da região e da extensão da lesão muscular.
Umbigo – localizado abaixo do ponto médio da distância xifo-pube, na projeção do disco da terceira e quarta
vértebra, 2 a 4 cm acima da linha da crista ilíaca.
Linha Alba – formada pela união das aponeuroses dos músculos do abdômen. Na porção superior tem
aproximadamente 0,5 cm de largura, sendo mais estreita na região infra-umbilical.
A linha arqueada, a qual é encontrada abaixo do umbigo e do abdômen médio, demarca uma mudança na
espessura da bainha anterior e posterior do reto. Acima da linha arqueada, a fáscia do obliquo externo e metade da fáscia
do obliquo interno dão continuidade à bainha anterior do reto.
A outra metade da fáscia do obliquo interno combina-se com a fáscia transversal para formar a bainha posterior
do reto. Abaixo da linha arqueada, a fáscia do obliquo interno contribui com todas as suas fibras para a bainha anterior, e a
fáscia transversal sozinha forma a bainha posterior.
Suprimento Arterial:
A parede abdominal anterior tem suprimento sangüíneo superior, inferior e lateral. A artéria epigástrica
superior e a artéria musculofrênica, ambas ramos da artéria mamária interna, irrigam a metade superior da parede
abdominal. O suprimento sangüíneo inferior consiste das artérias epigástrica inferiores e artéria ilíaca circunflexa
profunda, ramos da artéria ilíaca externa. A pele e o tecido subcutâneo têm seu suprimento sangüíneo das perfurantes do
reto na região medial,bem como das arcadas intercostal e lombar lateralmente.
As zonas vasculares relacionadas à abdominoplastia podem ser separadas em medial superior (zona I), medial inferior
(zona II) e áreas laterais (zona III). A zona II e a maior parte da zona I (dependendo da extensão da dissecção) são
desvascularizadas em uma abdominoplastia.
Veias – a drenagem venosa do abdômen superior é feita pelas veias epigástrica superior e intercostais. O
abdômen inferior é drenado pela veia ilíaca circunflexa superficial e veia epigástrica inferior superficial, que drenam
para a veia cava inferior. As veias profundas acompanham as artérias.
Inervação da parede abdominal – é feita por ramos do sexto ao décimo segundo nervos intercostais, ílio-
hipogástrico e ílio-inguinal.
A inervação se origina dos últimos ramos intercostais (T12) superiormente e nos nervos ílio-hipogástrico, ílio-
inguinal (L1) e gênito-femoral (L2) inferiormente. A direção desses nervos é oblíqua e inferior, caminhando para o
músculo oblíquo interno e transverso, antes de penetrar no folheto posterior da bainha do reto. O nono e décimo pares
intercostais são os mais comumente lesados, porém, felizmente, para levar a uma paralisia de um segmento do músculo
reto existe a necessidade da lesão de três nervos intercostais, tornando bastante incomum essa complicação. Existe uma
conexão entre os nervos ílio-hipogástrico e ílio-inguinal nos flancos e no interior das bainhas dos músculos reto
abdominais, o que explica a tolerabilidade das incisões que lesam parcialmente estes nervos
1
.
As linhas de tensão cutânea (Linhas de Lager) resultam da organização espacial das fibras colágenas no extrato cuticular
da derme
1
. Ao nível abdominal, elas se dispõem horizontalmente no terço superior e ligeiramente inclinadas para baixo no
terço inferior. Existem três pregas transversas bem demarcadas, a prega supra-umbilical, a sub-umbilical e a supra-púbica.
Estas linhas têm importância cosmética e de cicatrização.
Histórico
Demars e Marx(1890) - Relato do primeiro caso de dermolipectomia abdominal;
Kelly (1899)Johns Hopkins Hospital, realizou uma dermolipectomia transversa extendendo-se até os flancos
Gaudet e Morestin (1905) - relatam dermolipectomia transversa superior, preservando o umbigo, no reparo de
grandes hérnias.
Weinhold (1909) - utilizava incisão mediana com preservação do umbigo
Desjardins (1911) - ressecção de retalho com 22,4 kg por meio de incisão vertical elíptica;
Amedée Morestin (1911) - publicou 5 casos de dermolipectomia por incisão elíptica transversa;
Jolly (1911) - recomendava incisão elíptica transversa baixa;
Na evolução da dermolipectomia abdominal três métodos principais forma utilizados:
1 - ressecção vertical mediana;
2 - ressecção transversa
3 – combinada
Babcock (1916) – ressecção vertical;
Schepelmann (1918) – incisão vertical alargada
abaixo do umbigo;
Thorek (1924) – excisão em semilua abaixo do
umbigo, sem descolamentos;
Küster (1926) – ressecção vertical quadrangular,
com pequenas incisões nos 4 ângulos;
Flesch-Thebesius e Wheisheimer (1931) –
ressecção transversa infra-umbilical com retalho
triangular para preservação do umbigo
Somalo (1940) – ressecção circular do tronco em
forma de cinturão.
Pick e Barsky (1949) – modificação da técnica de
Thorek com retirada de tecido em cunha, no centro
e nas extremidades da incisão.
Galtier (1955) – incisão em forma de estrela, com
preservação do umbigo
Venon (1957) – primeira descrição de transposição
do umbigo através de uma incisão baixa no retalho
abdominal, com descolamento da porção inferior
do abdômen;
Gonzalez - Ulloa 1960 – semelhante a Pick e
Barsky.
Spadafora 1962 – incisão curvilínea que desce lateralmente abaixo da prega inguinal,
realizava descolamento do abdômen superior e transposição do umbigo.
Callia (1967) – descreve sua técnica com incisão curvilínea,
semelhante a de Spadafora, porém mais baixa, dando muita
atenção à parede músculo-aponeurótica.
Castanares e Goethel (1967) – modificam a técnica de
Galtier, realizando uma estrela com ápices desiguais e
removendo mais tecido no sentido horizontal;
Pitanguy (1967) – propõe ressecção horizontal baixa direcionada para baixo lateralmente,
utilizando amplo descolamento da região superior.
Franco e Rebello (1972) – incisão submamária
Schwartz (1974) – descreve a utilização de ganchos para elevação do retalho, presos a um tubo suspenso nas perneiras da
mesa cirúrgica e sutura na base do retalho para evitar sangramento excessivo.
Regnault (1975) – técnica em “W”
Avelar (1978) – descreve sua técnica de umbilicoplastia
Psillakis (1978) – plicatura do músculo obliquo externo
Cardoso de Castro (1987) – descreve plicatura em abdômen superior sem desinserção do
umbigo
Classificação ( Bozola)
Grupo I
Aqui estão incluídas as pacientes que não têm excesso de pele, a musculatura é normal, sem diáteses ou
herniações, e as alterações estéticas são devidas a excesso de tecido gorduroso, sendo a maior incidência em jovens
nulíparas.
Grupo II
Abdômen com pequeno excesso de pele, com panículo adiposo excessivo ou mal distribuído e a musculatura
normal.
Grupo III
Similar ao grupo II, mas com flacidez músclo-aponeurótica pequena, principalmente infra-umbilical. Comumente
associado a lipodistrofia infra-umbilical e abdômen superior normal.
Grupo IV
Incluem-se neste grupo pacientes com pequeno ou moderado excesso de pele, panículo adiposo normal ou
alterado, presença de diáteses dos músculos retos e oblíquos.
Grupo V
Abdômen com grande excesso de pele, panículo adiposo normal ou alterado e diáteses musculares. Geralmente
multíparas.
Grupo VI
Pacientes com grande excesso de pele, panículo adiposo alterado, diáteses musculares e grandes hérnias da parede
abdominal.