As palavras em destaque (calmo, triste, magro, vazios, amargo, paradas, frias, mortas, simples,
certa e fácil) são nomeadas por adjetivos e servem para expressar características, qualidades
(ou defeitos) e estados dos seres.
Cecília Meireles tem como temas mais constantes em suas obras: a precariedade da existência
humana e da vida, a fugacidade dos bens materiais e do tempo, a falta de sentido da vida, a
solidão a que o indivíduo está condenado, a vida como sonho, a distância, a perda, a falta.
Seu tom melancólico é sereno, jamais toca o desespero. Sua poesia parece ansiar por atingir
um mundo atemporal e imaterial, em que a relatividade não existe e tudo é absoluto; daí o
desprezo pela matéria como algo que impede a perfeição e a ascese espiritual, ou seja, a
plenitude da alma.
E, são alguns desses temas que encontramos no poema “Retrato”, o qual o eu-poemático faz
um retrato de si mesmo, mostrando o antes e o depois do passar do tempo. Assim, ele mostra a
fugacidade do tempo e da vida, e como menciona é uma mudança “tão simples, tão certa,
tão fácil...”, na verdade, tão rápida, que quando abrimos os olhos percebemos que não somos
mais crianças, adolescente, jovens, adultos, idosos, não existimos mais. Tudo isso é retratado em
tom melancólico, mas, como já mencionamos, um melancólico que não atinge o desespero.
A linguagem poética de Cecília tem fortes elementos simbolistas, o que torna a renovadora
dessa tradição no Brasil, com traços estilísticos que têm sido chamados de pós-simbolistas.
Cecília Meireles, por ter seguido um caminho muito pessoal, não pode ser enquadrada em um
movimento ou uma estética determinados. Seus versos geralmente curtos, de conteúdo lírico
tradicional e bastante pessoais, têm raízes simbolistas e caracterizam-se pela musicalidade,
descritivismo e imagens sensoriais.
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