análise obra Nós matamos o cão Tinhoso.pdf

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About This Presentation

Análise o livro de contos "Nós matamos o cão Tinhoso", de Luís Bernardo Honwana.


Slide Content

Nós
matamos o
Cão
Tinhoso!
Luís Bernardo Honwana

Introdução
“Nós matamos o Cão Tinhoso!” é um livro do autor moçambicano
Luís Bernardo Honwana. Lançado em sua primeira edição em
1964, a obra traz 7 contos que contam histórias de personagens
em situações de opressões, dado a posição do país como colônia
de Portugal. A maior parte dos contos é narrada pela visão de
crianças e traz um olhar sensível e ingênuo sobre as situações de
opressão do cotidiano do povo moçambicano, cabendo ao leitor
criar significado para os assuntos tratados.
A edição brasileira lançada em 2017 traz, além dos 7 contos, o
conto “Rosita, até morrer”, nunca antes lançada em livro.

Moçambique
Localizada no litoral sudeste do continente
africano, Moçambique é uma nação que fica
voltada para o Oceano Índico e que, até o ano
de 1975, foi colônia portuguesa e tem o
português como idioma oficial. O território faz
fronteira com os países Tanzânia, Maláui,
Zâmbia, Zimbábue, Essuatíni e África do Sul.
Sua capital, Maputo, antes da independência
do país, chamava-se Lourenço Marques e era
conhecida como "joia da colônia".

Conferência de Berlim
Cerca de 400 anos de
Colonização
Influência inglesa
O Apartheid
Desigualdade social
Fatos importantes:
Em 1884/1885 acontece a Conferência de Berlim, marco importante da
divisão arbitrária e artificial dos territórios do continente africano entre
as potências da época, principalmente França, Inglaterra e Portugal.
Por conta do grande domínio inglês no território africano, mesmo
Moçambique sendo colônia portuguesa, o país foi fortemente
influênciado pelos britânicos.
Os portugueses chegaram à Moçambique em cerca de 1498 e o país
obteve sua independência apenas em 1975.
O regime de segregação racial imposto na África do Sul faz com que
sua elite (branca) vá até Moçambique em busca dos prostíbulos,
consequentemente, a exploração sexual vira modo de sustento para
parte da população moçambicana.
O país sempre teve sua mão de obra amplamente explorada,
principalmente no trabalho compulsório em minas e no campo. As
desigualdades trabalhistas ainda não foram superadas pelo país.

O autor
Nasceu em 12 de novembro de 1942, em Chamanculo,
subúrbio da cidade de Maputo (Lourenço Marques, no
período colonial), e cresceu em Moamba, cidade do
interior, onde seu pai trabalhava como intérprete.
Em 1964, mesmo ano do lançamento de Nós matamos
o Cão Tinhoso!, Honwana, militante da FRELIMO
(Frente de Libertação de Moçambique), foi preso por
atividades anticolonialismo, e permaneceu
encarcerado por quatro anos.
Em 1970 vai para Portugal estudar Direto. Após a
independência do país, em 1975, o autor assume
cargos políticos e importantes posições na luta pelo
direito de livre expressão.

https://www.planocritico.com/critica-nos-matamos-o-cao-tinhoso-de-luis-bernardo-honwana/
“Honwana irá imprimir em sua obra um tom de dominação,
opressão, relação de forças desiguais e tudo isso marcado por
uma imensa capacidade de evocação de imagens fortes e
sentimentais numa narrativa objetiva e exposta em pequenos
ciclos, muitas vezes denotando uma perturbação do narrador
ao retornar a determinados termos, situação que muitas vezes
também é a do leitor.”

Os Contos
Nós matamos o Cão Tinhoso!
Inventário de imóveis e jacentes
Dina
A velhota
Papá, cobra e eu
As mãos dos pretos
Nhinguitimo
Rosita, até morrer

Nós matamos o Cão Tinhoso!
“O Cão Tinhoso tinha uns olhos azuis que não tinham brilho nenhum, mas eram
enormes e estavam sempre cheios de lágrimas, que lhe escorriam pelo focinho.
Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir
qualquer coisa sem querer dizer.“
O Cão Tinhoso era um cachorro que andava nas proximidades da escola e que era
desprezado por todos pelo seu aspecto físico, com exceção de Isaura, que o alimenta
e cuida dele.
Em certo ponto, o Senhor Administrador, ao estar nervoso por perder uma partida de
cartas, pede ao Doutor da Veterinária que acaba com o Cão. O Veterinário por sua
vez, pede à malta* que dê uns tirinhos e mate o cachorro. Ginho, o menino-narrador do
conto, acaba por se compadecer pelo cachorro e pede ao Quim, ~líder do grupo~, que
não o mate e deixe que o menino cuide dele. O cão acaba morto numa cena em que
Isaura tenta o proteger, mas que os meninos da malta atiram inúmeras vezes.
*malta: turma

“O cão tinhoso serve de figura para o regime colonial apodrecido,
nojento; mas também traz a imagem do negro africano visto da
mesma forma, e que por incomodar demais (lembremos do período
em que o conto foi escrito), precisa ser morto. Aqui, a ação descrita no
título serve como um choque de amadurecimento para os meninos e
para a Isaura, que tanto zelou pelo bicho. Um rito de passagem
armado, contra uma vida e a mando de terceiros. Certamente o
produto de um tempo de guerra e que esclarece a forma como aquele
período moldava mentalidades, expunha verdades sociais e criava a
figura de um cão tinhoso histórico, que em breve entraria para os
livros como vítimas da guerra, sendo seus algozes perdoados porque
só estavam ali, de armas em punho, a mando de uma autoridade
maior. No fim das contas, as ordens para o massacre se perdem,
viram ecos. Os mortos, viram história. E seus descendentes, seguem
convidados a trocar resolução de problemas por desenhos…”
https://www.planocritico.com/critica-nos-matamos-o-cao-tinhoso-de-luis-bernardo-honwana/

Os olhos do Cão
Antropoformização
Estrutura social
Moleques do Costa
Assimetrias raciais
Pontos importantes a se refletir:
Os olhos azuis do Cão podem fazer referência aos brancos
colonizadores, também o desprezo de todos e a união para se acabar
com ele servem de apoio para essa teoria.
Marcada pelos nomes de algumas personagens como a Senhora
Professora, Senhor Administrador, Doutor Veterinário e outros, pode-se
entender o esquema dessa sociedade e as formas de opressão dada
algumas funções.
O Cão é descrito com características humanas e até tem atos um
pouco humanos. (Em contraste com Ginho, que ligado ao Cão pela
corda, acaba confundindo seus sentimentos com os do animal.
Se trata de negros não assimilados que não falam o português
corrente, como demonstrado em suas falas.
Demonstrada pelas personagens de outras etnias e pelo seu modo de
lidar com o menino Ginho, com Isaura e com os molesques do Costa.

Inventário de imóveis e jacentes
Nesse segundo conto, Ginho descreve a casa em que mora com os pais e seis
irmãos. Além de descrever cada cômodo, com seus objetos e móveis, Ginho
também conta um pouco da dinâmica e da história de sua família.

Dina
Dina conta a história de Madala*, um homem idoso que trabalha colhendo milho em
uma machamba*. Na hora do almoço (Dina), os trabalhadores se juntam para almoçar,
conversar e descansar do trabalho árduo que efetuam. Enquanto estão aproveitando o
dina, Maria, filha de Madala, vem visitar o pai e os dois conversam sobre a situação da
família. Madala pensa sobre a reputação da sua filha e se envergonha e se entristece,
pois ela se deita com muitos homens e, assim, nenhum iria querer casar-se com ela. O
capataz, sem perceber de quem Maria é filha, a puxa para dentro do matagal em
frente a todos e os dois ficam juntos. Indignados, os outros trabalhadores dizem ao
velho que se ele quisesse, eles se rebelariam contra o capataz em solidariedade. Porém
o velho, cansado, triste e resignado não tem forças para se indignar com os
companheiros mais jovens. Após ficarem juntos, Maria explica de quem é filha e então
o capataz dá uma garrafa de álcool como pedido de desculpas ao velho, que bebe
tudo. Um dos trabalhadores jovens se nega a voltar ao trabalho, e o capataz quebra
uma garrafa em sua cabeça, depois disso, os trabalhadores todos voltam a trabalhar e
esperar pelo próximo dina.
*Madala: velho, ancião
*machamba: campo, terra de cultivo

A velhota
Um rapaz retorna para sua casa depois de apanhar na rua. Ao chegar, encontra a
velhota, sua mãe, dando de comer aos irmãos mais novos. A mãe insiste que coma
e ele insiste que não tem fome, e mesmo que quisesse, só havia arroz queimado
para ele e sua mãe comerem. Percebendo a estranhesa e irritação do filho, a
velhota pergunta a ele se lhe bateram. Os irmãos aproximam-se querendou ouvir
o relato, mas o rapaz, querendo proteger a inocência das crianças, não quer
contar lhes sobre como o mundo é injusto, destruindo e arracando tudo de
pessoas como eles. Deitado no colo da mãe, o rapaz encontra consolo, amor e
alguma esperança de que no futuro tudo seria diferente.

Papá, cobra e eu
Ginho conta a história de um dia em que o pai encontra uma cobra na copoeira. A mãe
quer que o pai mate o animal, já que este estava comendo as galinhas da família, e
pela possibilidade das crianças serem atacadas. O pai diz que resolveria o problema
no dia seguinte e vai para o trabalho. Ginho resolve entrar na capoeira para observar a
cobra, e, talvez, matá-la sozinho. Seu irmão Nandito o segue e fica muito assustando
quando vê a cobra, não conseguindo sair do lugar. O cachorro da família Totó e Lobo,
cachorro do vizinho branco, também seguem os meninos, ao adentrar o local os cães se
assustam com a cobra e começam a latir, eventualmente, Lobo é picado e acaba
morrendo. Ginho e Madunana, empregado da família, matam a cobra, porém, mais
tarde, com a chegada do pai em casa, o Senhor Castro vem cobrar a morte de seu
cão, ameaçando a família se uma quantia em dinheiro não fosse paga. Ginho fica
triste ao ver seu pai sendo humilhado e não reage. O Pai explica ao filho que as vezes
é preciso baixar a cabeça mas que lutar também é necessário.

As mãos dos pretos
Ginho conta sobre suas investigações acerca do fato das palmas das mãos
dos pretos serem mais claras que o restante de seus corpos. Entre concepções
religiosas, histórias preconceituosas, piadas e causos, é a mãe do menino que
lhe dá a explicação mais verdadeira sobre a questão.

“A minha mãe é a única que deve ter razão sobre essa questão das mãos dos pretos serem mais claras do
que o resto do corpo. No outro dia em que falámos nisso, eu e ela, estava-lhe eu ainda a contar o que já
sabia dessa questão e ela já estava farta de rir. O que achei esquisito foi que ela não me dissesse logo o
que pensava disso tudo, quando eu quis saber, e só tivesse respondido depois de se fartar de ver que eu
não me cansava de insistir sobre a coisa, e esmo até chorar, agarrada à barriga como quem não pode mais
de tanto rir. O que ela disse foi mais sou menos isto:
- Deus fez os pretos porque tinha de os haver. Tinha de os haver, meu filho, Ele pensou que realmente tinha
de os haver…. Depois arrependeu-se de os ter feito porque os outros homens se riam deles e levavam-nos
para casa deles para os pôr a servir de escravos ou pouco mais. Mas como Ele já não os pudesse fazer
ficar todos brancos, porque os que já se tinham habituados a vê-los pretos reclamariam, fez com que as
palmas das mãos deles ficassem exactamente como as palmas das mãos dos outros homens. E sabes
porque é que foi? Claro que não sabes e não admira porque muitos e muitos não sabem. Pois olha: foi para
mostrar que o que os homens fazem é apenas obra dos homens…Que o que os homens fazem é efeito por
mãos iguais, mãos de pessoas que se tivessem juízo sabem que antes de serem qualquer outra coisa são
homens. Deve ter sido a pensar assim que Ele fez com que as mãos dos pretos fossem iguais às mãos dos
homens que dão graças a Deus por não serem pretos.
Depois de dizer isso tudo, a minha mãe beijou-me as mãos.
Quando fui para o quintal, para jogar à bola, ia a pensar que nunca tinha visto uma pessoa a chorar tanto
sem que ninguém lhe tivesse batido.”
HONWANA, Luís Bernando. Nós matamos o cão Tinhoso. São Paulo: Editora Kapulana, 2017.

Nhinguitimo
Conhecemos a história de Virgula Oito, trabalhador da machambra do
Rodrigues, também possui terras de família que são muito férteis. Ele
pretende lucrar muito com essas após a vinda do nhinguitimo, um vento
forte que destruirá as grandes plantações dos patrões ricos. Incomodado
com a possibilidade de um trabalhador negro prosperar, Rodrigues escuta
sobre as terras de Virgula Oito, e fala aos administradores da província,
que acabam retirando-as do trabalhador. Com a chegada do vento forte,
Virgula Oito perde o controle e mata vários companheiros de trabalho da
machambra e também o capataz.

Rosita, até morrer
(Conto epistolar)* Rosita pede a um amigo que escreva uma carta a Manuel
ditada por ela. Usando um português típico das camadas mais pobre de
Moçambique, Rosita diz sentir saudades de Manuel, que a deixou para ficar
com outra moça mas que acabou sendo abandonado. Na carta rosita pede que
ele retorne e diz que o perdoa por ter a tratado mal.
*Epistolar se refere ao gênero textual carta, a uma escrita dirigida

Narração
Oralidade
Tempo das estórias
Intersecções de temas
Principais assuntos
Observe:
Os contos são narrados em primeira pessoa, com exceção do conto
“Dina”, que é o único em terceira (narrador onisciente). Quatro, dos
oito contos, são narrados por crianças, mostrando sua ingenuidade
sobre alguns assuntos.
Todas as narrativas se passam no período em que Moçambique ainda
era colônia de Portugal.
Inúmeras falas orais aparecem pelo livro, chamando atenção para a
originalidade e marcas autorais de Luís Bernardo H.
Observar a loucura de Isaura (loucura em Quincas Borba), a truculência
dos portugueses (em A velhota e também em Romanceiro da
Inconfidência), a figura do cachorro (Nós matamos o Cão T., Quincas
Borba, Tubarão em Angústia, os cachorros de Campo Geral).
A opressão dos trabalhadores, a desigualdade social, os preconceitos
raciais, a violência contra as mulheres, a pobreza e a exploração das
populações aparecem como temas a serem observados em toda a
obra.

Referências:
Biografia de Honwana: https://www.kapulana.com.br/luis-bernardo-honwana/
HONWANA, Luís Bernando. Nós matamos o cão Tinhoso. São Paulo: Editora Kapulana,
2017.
Resumo dos contos. Locução de Gustavo Bacci: https://www.youtube.com/watch?
v=h5h5isW4s-U&t=7s
Informações sobre Moçambique:
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/mocambique.htm
Comentários sobre Nós matamos o Cão Tinhoso!: https://www.planocritico.com/critica-
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