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onisciência Divina e livre-arbítrio humano, dia e noite, sol e lua, alma e corpo, mundo
vindouro e este mundo, etc.
Nossa experiência e percepção de Deus contêm algumas destas dicotomias ou paradoxos
básicos que estão embutidos no sistema da criação e só existem do nosso ponto de
vista, do ponto de vista do próprio sistema. Eles não definem Deus, mas apenas as
lentes duplas através das quais O percebemos.
Nas palavras do Maharal de Praga : “O significado [do Talmud ] é que o universo foi
criado de acordo com o princípio de opostos. A unidade do Bendito Nome, porém, é
absolutamente singular”.
O Salmista expressava esta mesma idéia quando cantou (Salmos 11 3:4-6): “Deus está
além da compreensão de todas as nações; Sua glória está acima dos céus mais
espirituais. Quem é como o Eterno, nosso Deus, que habita nas alturas? Ele olha para
baixo para ver o céu e a terra igualmente!”
A tradição cabalística é inequívoca.
O Próprio Deus está além de toda descrição. Ele é chamado de En Sof (O Infinito)
porque não há categoria finita com a qual possamos descrever a Ele ou a Sua Essência.
Apenas a Sua Luz, a Luz do En Sof, flui, contraída, através de todo o sistema de olamot
(universos, mundos). O termo olam deriva da raiz elem ou heelem, “ocultação” e
“encobrimento”. Basicamente, o olam (universo) é o “esconderijo secreto” de Deus.
Deus é Melech haolam, “o Rei do universo” ou “o Rei que Se oculta em Seu mundo”.
Os vários universos que Ele criou não são mais que filtros que retêm a intensa radiação
de Sua Luz Infinita. Estes filtros recebem diferentes denominações - Nomes Divinos,
sefirot, mundos, universos, dimensões ou, em seu conjunto, a dimensão espiritual.
Porém, perguntamos mais uma vez, por que precisamos de um sistema de canais, de
uma dimensão espiritual, entre nós e o Infinito?
Por que não podemos relacionar-nos diretamente com Deus?
Porque a energia seria quente demais - como um reator atômico. Não se pode ligar uma
lâmpada incandescente ao reator, a menos que se queira desintegrá -la.
É necessária uma usina geradora que reduza a potência da energia para que ela possa
ser usada sem causar danos.
O En Sof é O Infinito, com o e I maiúsculos. Por definição, Ele não permite a existência
de nada mais. Para que algo mais pudesse existir, para que o mundo , tudo que há nele e
todos nós existíssemos, o En Sof teve de criar um sistema redutor. Este sistema é como
um agente imitador ou uma escada, ou ainda, na linguagem dos cabalistas, um sistema
de “vestimentas” que oculta e diminui a luz de Deus.
A mais elevada destas “vestimentas” é o Nome IHVH (pronuncia -se Yud-Hê-Vav-Hê ou
Havaia, porque é proibido articular o Tetragrama como ele é escrito).
É sabido que temos relacionamentos diferentes com diversos tipos de pessoa.
Temos pai e mãe, cônjuge, amigos e professores. As vezes, até chamamos uma só
pessoa por vários nomes, de acordo com as circunstâncias. Isto ocorre porque podemos
manter formas distintas de relação com o mesmo individuo.
Dependendo do ambiente em que nos encontramos, se ele for mais ou meno s formal, ou
até íntimo, podemos chamar uma pessoa por diversas designações, chegando mesmo a
usar diferentes inflexões da voz.
Em algumas ocasiões, o que dizemos não é tão importante quanto como o dizemos.
De maneira geral, conforme nos aproximamos de a lguém, passamos a falar-lhe de modo
diferente, e os nomes e entonações tornam-se mais íntimos.
Por exemplo, digamos que você venha a conhecer uma pessoa que se chama Martin
Cohen. Numa situação formal, você o chamará de Sr Cohen. Quando você já o conhecer
melhor, ele se tornará Martin, e depois Marty; em seguida, você chegará a um nível em
que não há nomes. Isto é, embora o nome seja algo muito profundo, podemos dizer que
a pessoa é o seu nome?