A.A. AFFONSO F
O
& R.D. NAVARRO
Rev Bras Ortop
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Vol. 37, Nº 10 – Outubro, 2002
feita com o pé em abandono. Apesar disso, as medidas
mostraram o mesmo padrão crescente no sexo feminino,
com valores de 158º dos 10 até os 13 anos, 161º dos 14 até
os 17 anos e 162º dos 18 até os 20 anos. E, no sexo mascu-
lino, 153º no primeiro grupo, 151º no segundo e 156º no
terceiro, mostrando o mesmo padrão de diminuição entre
14 e 17 anos, com posterior compensação.
As medidas do ângulo poplíteo, com o pé em dorsifle-
xão, foram sempre menores do que aquelas feitas com o pé
em abandono, pois estão sujeitas à ação dos encurtamen-
tos dos gastrocnêmios. Sendo assim, não há sentido em
compararmos ambas entre si. Entretanto, essas diferenças
chamam atenção para o fato de variações na técnica de
medição do ângulo poplíteo poderem alterar seu resultado.
A medida do ângulo poplíteo com o pé em dorsiflexão,
talvez, seja uma boa maneira para avaliarmos, indiretamen-
te, o comprimento dos gastrocnêmios. E essa talvez seja a
melhor maneira de avaliarmos o comprimento dos isquio-
tibiais na paralisia cerebral, pois, para a marcha é necessá-
rio um pé plantígrado, porém isso necessita mais estudos.
CONCLUSÕES
1) Ocorre diminuição nos valores do ângulo poplíteo,
na faixa etária de 14 até 17 anos, para o sexo masculino.
Porém, esses valores sofrem correção espontânea com a
progressão da idade.
2) Os valores do ângulo poplíteo aumentam progressi-
vamente com a idade durante a adolescência, para o sexo
feminino.
3) Obtivemos, em nossa amostra, valores para o ângulo
poplíteo que variaram de um mínimo de 120º a um máxi-
mo de 180º.
4) A grande variação das medidas do ângulo poplíteo
não nos permite estabelecer um valor de normalidade.
5) Em nossa amostra encontramos comprimento maior
dos músculos isquiotibiais no sexo feminino.
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