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1.1.1 Alterações por enzimas
As alterações enzimáticas de alimentos ocorrem por enzimas procedentes do próprio produto ou
elaboradas por microorganismos. Os tipos de alterações causam aos alimentos modificações de seus
caracteres organolépticos (cor, sabor e textura do produto), podendo levar a decomposição total ou parcial
do alimento.
A maioria dos frutos e dos vegetais quando é amassada, cortada ou triturada, rapidamente se torna
escura. Esta descoloração é oriunda de reações catalisadas por uma enzima genericamente conhecida
como polifenol oxidase. A ação desta enzima em várias frutas e vegetais in natura acarreta perdas
econômicas consideráveis, além de diminuição da qualidade nutritiva e alterações do sabor.
O escurecimento de frutas e certos vegetais é iniciado pela oxidação enzimática de compostos fenólicos
pelas polifenóis oxidases. O produto inicial da oxidação é a quinona, que rapidamente se condensa,
formando pigmentos escuros insolúveis, denominados melanina, ou reage não enzimaticamente com
outros compostos fenólicos, aminoácidos e proteínas, formando também melanina.
A reação de escurecimento em frutas, vegetais e bebidas é um dos principais problemas na indústria de
alimentos. Estima-se que em torno de 50% das perdas de frutas tropicais no mundo é devida a enzima
polifenol oxidase. A ação desta enzima resulta na formação de pigmentos escuros, frequentemente
acompanhados de mudanças indesejáveis na aparência, resultando na diminuição da vida útil e do valor do
mercado.
A enzima polifenol oxidase é encontrada praticamente em todos os tecidos vegetais, em concentrações
especialmente altas em cogumelo, batata, pêssego, maçã, banana, café, etc. Sua atividade pode ser
variada em função da variedade, do estádio de maturação e das condições de cultivo, tão logo ocorra a
ruptura do tecido, inicia-se a reação de escurecimento.
Embora indesejável na maioria dos casos, em virtude da alteração da coloração, perda de nutrientes e
formação de sabor indesejável, o escurecimento oxidativo em chá, café, cacau e ameixa seca são
desejáveis. Em função da especificidade de vários substratos, a enzima polifenol oxidase é denominada de
tirosinase, polifenolase, fenolase, catecol oxidase, catecolase e cresolase. A enzima ocorre também, em
animais, e o substrato é a tirosina, responsável pela cor da pele (melanina).
1.1.2 Alterações macrobianas
Alterações macrobianas são provocadas por insetos e roedores. Os insetos são importantes,
principalmente na destruição de cereais, frutas e hortaliças. O problema maior da presença do inseto não é
o alimento que ele consome, mas, sim o fato de ele deixar uma porta de entrada para o ataque dos
microorganismos. Os roedores, principalmente os ratos, são, também, consumidores de alimentos e por
isso sérios competidores do homem. Eles alteram os alimentos não só pelo que consomem, mas
principalmente pela contaminação que provocam. Insetos e roedores são disseminadores de doenças.
1.1.3 Alterações por microorganismos
Existem microorganismos em quase todos os ambientes, estão presentes no ar, no solo, na poeira, na
água, nos objetos, etc.
Ainda que a conservação dos alimentos tenha sido praticada ao longo de toda a história do homem,
somente depois de Louis Pasteur (1857) tomamos conhecimento do porque dessa decomposição. A
maioria dos métodos utilizados na conservação dos alimentos baseia-se na destruição dos
microorganismos ou objetiva criar condições desfavoráveis para o seu crescimento, uma vez iniciado.
Quando os microorganismos chegam aos alimentos, e as condições são favoráveis, iniciam sua
multiplicação e crescimento passando por uma série de fases sucessivas, levando à alteração e
deterioração dos alimentos. Todos os alimentos apresentam uma microbiota natural extremamente
variável, concentrada principalmente na região superficial, embora os tecidos internos, possam
eventualmente apresentar formas microbianas viáveis. - Fatores Intrínsecos