Apostila de pt

LucasStolfoMaculan 16,209 views 96 slides Sep 21, 2016
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About This Presentation

Apostila Prótese Total


Slide Content

PRÓTESE TOTAL MUCOSUPORTADA
RESUMO DE AULAS TEÓRICAS E
COMENTÁRIOS




HENRIQUE CERVEIRA NETTO
Doutor em Prótese pela Faculdade Odontologia do
Campus de São José dos Campos - UNESP.
Prof. Titular de Prótese Dentária da Faculdade de
Odontologia da Universidade Metropolitana de Santos
– UNIMES.
Prof. Coordenador do Curso de Especialização em
Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia da
UNIMES.


1999







Prefácio da 1ª ed.
CADERNOS DE PRÓTESE TOTAL
Rev. XXV de Janeiro, C.A.XXV de Janeiro da F.O.U.S.P., v.30 (número especial),
p. 29-44, Julho 1971.
Rev. XXV de Janeiro, C.A.XXV de Janeiro da F.O.U.S.P., v.30 (número especial),
p. 29-64, Outubro 1971.

O presente trabalho têm por finalidade orientar o estudo teórico das Próteses Totais
Mucosuportadas.
Não se trata de um trabalho completo sobre o assunto, nem dispensa o estudo mais
profundo nos livros didáticos.
Queremos deixar bem claro que nossa intenção foi compilar um roteiro didático que
oriente, cronologicamente, os diversos pontos de interesse no estudo da matéria.

2
CAPÍTULO I

Exame da boca em Prótese Total
Anatomia do desdentado
A mucosa e o tecido ósseo
Tecidos móveis e imóveis
Meios de retenção das Próteses Totais Muco Suportadas
Pressão atmosférica, adesão, gravidade e tensão superficial

Introdução ao estudo:
"Devemos ter sempre em mente que o campo sobre o qual apoiamos nossos
aparelhos protéticos, não é estável ou fixo, porém sujeito a contínuas alterações, no
espaço e no tempo."

ALDROVANDI, C. (1960)

Conceito e finalidades

"A prótese de dentaduras é o ramo da Prótese Dental que se propõe a restaurar de
maneira total o paciente desprovido de dentes".

Dentro deste conceito devemos encontrar os seguintes pontos que perfariam as
finalidades da prótese:
1- restaurar a função mastigatória
2- restaurar as medidas e contornos da face segundo a estética
3- corrigir os defeitos da fonética devido à perda dos dentes
4- restaurar não produzindo lesões ao paciente
Notamos que esse conceito é fundamentalmente biológico pois é essencial que nossos
aparelhos, ao restaurar algumas funções, não prejudiquem outras.



O exame da boca reveste-se de grande importância ao levarmos em consideração que dele
poderemos partir como base de diagnóstico e o que é mais importante, para o prognóstico
do caso.
Podemos dividir o exame propriamente dito em:
Exame:
- VISUAL
- TÁCTIL
- RADIOGRÁFICO
- DOS MODELOS DE ESTUDO
EXAME DA BOCA PARA PRÓTESE TOTAL

3
Em realidade, as diversas fases do exame se completam: assim é que visualizamos certas
estruturas, palpamos os tecidos, radiografamos as partes ósseas e por fim, compomos,
nos modelos, a realização prática do caso.

Dentro desse critério estudaremos os elementos de inspeção:

1- Idade e estado físico do paciente
Como veremos adiante, tanto a idade como o estado físico do paciente são indicações de
grande valia para um correto diagnóstico, pois devemos levar em consideração as
possibilidades de reação do organismo frente ao estímulo causado pela prótese. Assim
sendo, idade avançada quando associada a um excelente estado físico é uma indicação
para o uso de próteses, ao passo que senilidade, por si só, já é uma contra-indicação.

2- Anamnese: passado médico odontológico -
Estados mórbidos.

A ANAMNESE consiste no levantamento médico/odontológico do paciente.
Consideramos de suma importância o conhecimento do perfil psíquico do paciente e a sua
MOTIVAÇÃO

MOTIVAÇÃO: a motivação do paciente será um índice da cooperação que
poderemos esperar de sua parte, bem como daquilo que ele espera de nosso trabalho.
Costuma-se classificar as diversas motivações como sendo por:
- familiares e amigos;
- estética;
- dor;
- saúde;
sendo a estética e a dor as principais motivações da grande maioria dos pacientes.

"A construção de dentaduras se inicia no momento em que o paciente se apresenta. O
protesista imediatamente, estima ou classifica por análise criteriosa, o tipo, caracter
e atitude mental do indivíduo".

PATERSON (1923)

3- Radiografias (exame radiográfico)

"Todo maxilar desdentado é clinicamente suspeito".
ALDOVANDI, C. 1960

Esta frase sintetiza a necessidade do exame radiográfico como meio auxiliar, não apenas
de diagnóstico, mas também, quanto à responsabilidade que o protesista assume, ao
iniciar o seu trabalho.

4

Através das radiografias verificaremos:
- focos de osteite;
- cistos residuais;
- raízes residuais;
-dentes inclusos;
- instrumentos fraturados, etc.
♦ - estado da reabsorção óssea,
♦ - trabeculado ósseo: sua disposição e sua orientação,
♦ - disposição dos foramens em relação à crista óssea residual.

Tipos de radiografia:
Periapical - visualização de pequena área suspeita (p.ex.: localização de raiz);
Oclusal - visualização da área basal, no plano horizontal;
Panorâmica - visualização de todo o terço inferior do crânio, incluindo articulações e
seios maxilares.

4- Modelos de estudo

Exame mais acurado da altura, espessura e regularidade dos rebordos: delimitação prévia
da área a ser recoberta pela futura prótese; detalhes que podem não ser bem visualizados
no exame local e necessitam novo exame; explicação ao paciente, das possibilidades do
nosso aparelho.

5- Rebordos alveolares: volume e forma

a) assimetria de forma: quando muito pronunciada, deve ser levada em conta na
montagem dos dentes pois pode comprometer a estabilidade do aparelho;
b) espículas ósseas não reabsorvidas: podem indicar avulsões recentes, necessitando
cirurgia reparadora;
c) áreas de grande reabsorção: verificamos pela anamnese se são devidas a causas locais
ou resultantes de tratamentos anteriores;
d) bridas cicatriciais: quando muito volumosas e extensas necessitam remoção cirúrgica;
e) avulsões muito espaçadas: rebordo irregular, exige o uso de critério na montagem dos
dentes, procurando melhor distribuição de esforços;
f ) grandes reabsorções, mucos flácida: quando acompanhada de hipertrofia indica
remoção cirúrgica e em alguns casos, o "aprofundamento de sulco" cirúrgico;
g) diferenças de densidade da estrutura óssea devidas à reabsorção: necessitam um
exame local com auxílio de RX e em certos casos, exames histopatológicos com
o fito de determinar as causas dessa reabsorção;
h) excessiva espessura na região anterior, ausência de espaço para montagem dos
dentes: remoção cirúrgica com osteoplastia;
i) diferenças de reabsorção no maxilar e na mandíbula: pela anamnese verifica-se o
histórico do uso de prótese mono-maxilar ou outro tipo de aparelho removível.

5
6- Relação inter-maxilar

É a relação mútua, entre maxilar e mandíbula, no sentido ântero-posterior, em relação aos
rebordos e na altura das tuberosidades.

Método de Turner para verificação do espaço inter-maxilar: os dedos indicadores
apoiados ao longo dos rebordos, o paciente fechando a boca, teremos a longitude
somada das coroas dentais. As possibilidades encontradas nesse exame são:
a) projeção da mandíbula em relação à maxila: dificuldade na montagem dos
dentes (dentes anteriores montados topo a topo);
b) contato das tuberosidades: geralmente devido a hipertrofias ósseas das
tuberosidades; indica-se regularização cirúrgica das tuberosidades;
c) espaço normal.

7- Sensibilidade bucal

Devida à presença de exteroceptores na fibromucosa, responsáveis pelo limiar de
sensibilidade local. Sensibilidade exagerada ao toque, náuseas; geralmente restrita à
porção mais posterior do palato e base da língua. Indica-se o uso de anestésico tópico
para moldagem.

8- Prognóstico
Baseia-se na coleta desses dados. Deve ser informado ao paciente para que, antes da
confecção das próteses, ele saiba das limitações inerentes ao aparelho.
"Como alguém pode esperar, preparar seu paciente psicologicamente e acompanha-lo
durante o período de sua volta à normalidade, sem o profundo conhecimento da
anatomia, fisiologia e patologia envolvidas?".

MONSON, G.S. (1922)

9- Ficha clínica

Importante para anotação dos dados e seguimento do caso, seja durante o tratamento, seja
para controles posteriores. Deve conter:
a) local para registro dos dados obtidos no exame;
b) esquema de PENDLETON com descrição das áreas;
c) local para DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO e CONTROLE posterior;
d) local para anotações de controle.

As causas mais freqüentes de falhas das P.Totais são:
1- Comprometimento psíquico;
2- Estudo prévio insuficiente e/ou mau preparo da boca;
3- Pouco cuidado na tomada das impressões;
4- Falha no estabelecimento da OC.;

6
5- Pressões desequilibradas quando da tomada dos registros;
6- Falha na delimitação das bordas;
7- Nível oclusal incorreto;
8- Estética pobre;
9- Falhas no ajuste oclusal e desgastes.

ROWE, A.T. (1935)

Faremos, agora uma recapitulação da Anatomia, para termos em mente aquelas
estruturas que influem na confecção e manutenção dos aparelhos protéticos.



- Lábios
- Bochechas
- Vestíbulo
- Abóbada palatina - PALATO DURO (limites):
- foramen nasopalatino (emergência do nervo nasopalatino)
- papila incisiva
- rugosidades palatinas
- rafe palatina
- torus maxilar
- buracos palatinos (emergência de nervos)
- PALATO MOLE:
- zona glandular (não deve ser recoberta)
- foveas palatinas
- Arcos alveolares
- Tuberosidades
- Freio labial: músculo Orbicular dos lábios
- Inserção do músculo Bucinador
- Fossa Pterigomaxilar
- Ligamento Pterigomaxilar

Na mandíbula encontraremos:
- freio labial: músculo Quadrado do mento o músculo Orbicular dos lábios
- freio lingual: músculo Genioglosso
- buracos mentonianos (emergência de nervos)
- inserção do músculo Bucinador
- linha oblíqua externa: inserção do músculo Bucinador e do músculo Masseter
- papila (trígono) retromolar - inserção de fibras profundas do músculo temporal
- músculo Constritor Superior da faringe
- linha oblíqua interna: inserção dos músculos - Milohioideo, Geniohioideo,
Pterigohideo
- língua

ANATOMIA DO DESDENTADO TOTAL:

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Composição da fibromucosa:
Apresenta-se como uma camada de epitélio escamoso estratificado repousando sobre
outra camada, a túnica própria. Este por sua vez divide-se histologicamente em camada
papilar e camada reticular.
Epitélio e Túnica constituem a MUCOSA que se apoia na SUB-MUCOSA. Esta é
constituída por um retículo de fibras elásticas frouxas e vasos.
O EPITÉLIO, por razões de sua função, apresenta-se recoberto por uma camada córnea
de células estratificadas nas regiões do palato duro e gengivas.

Verificamos, deste rápido apanhado, que a fibromucosa pode e é realmente, afetada pelo
continente líquido do tecido, bem como por alterações endócrinas do paciente.
As propriedades da fibromucosa que têm interesse protético são:

Tonicidade: sua textura ao toque, sua resistência aos deslocamentos. Pode sofrer
alterações com o estado físico do paciente e/ou devidas a hiperplasias localizadas (edema
- conteúdo histamínico).
Resiliência: propriedade de devolução de esforços. Capacidade da fibromucosa de voltar
ao seu estado primitivo após ter sofrido deformação devida a uma carga localizada. Está
intimamente liga à tonicidade.

As alterações que ocorrem, tanto em tecidos moles como em tecido ósseo de suporte,
afetam as posições das bases das próteses e portanto a OCLUSÃO.
Os tecidos moles respondem rapidamente aos estímulos externos como pressão, calor,
frio e aos estímulos internos como a quantidade de fluidos que contem nutrientes, sais e
pressão sangüínea.

The Etiology of Mucosal Inflammation Associated with Dentures.

LOVE, William D. et al.
J.Pros.Dent.,18(6):515-27, 1967
Avaliação de 522 pacientes portadores de próteses.
Conclusões:

1- A adaptação da prótese tem a maior importância na condição da mucosa de
revestimento; mais do que qualquer outro fator.

2- A remoção das próteses a noite reduz, drasticamente, a incidência de inflamação. Se
combinada com a estimulação dos tecidos com uma escova macia, a inflamação pode ser
totalmente eliminada.

A MUCOSA E O TECIDO ÓSSEO

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3- A idade é um fator importante na etiologia da inflamação. O grupo MAIS JOVEM é o
mais sujeito à inflamação devido ao alto potencial de resposta aos estímulos.
4- Inflamação severa e hiperplasia papilar, são relativamente menores na mandíbula do
que na maxila.

5- Há necessidade de maior ênfase na educação dos pacientes quando da instalação de
próteses.

6- A etiologia da inflamação é complexa e necessita de mais estudos; tanto para um
tratamento efetivo, quanto para a sua prevenção.

Os Tecidos moles variam de espessura, resiliência e na sua tolerância à pressão, estando
em contínua e constante adaptação e modificação de ocorro com os estímulos a que são
submetidos.

ORTMAN, 1977

O TECIDO ÓSSEO
Base profunda de sustentação das próteses, interessam-nos as alterações que esse tecido
pode sofrer, bem como as modificações nos rebordos alveolares quando dessas alterações.
Dentre as alterações que o tecido ósseo pode sofrer, interessa-nos, diretamente, a
reabsorção óssea alveolar.

Segundo Mc Call e Stilman o osso alveolar existe apenas como o elemento de fixação
para os dentes. Assim sendo, a perda dos dentes eqüivaleria ao desaparecimento desse
osso por falta de função.

Mac Millan, em seus estudos, demonstra que o osso alveolar comporta-se como qualquer
osso do organismo, sofrendo um rearranjo estrutural devido a perda dos dentes, com a
finalidade de adaptação às novas condições do sistema.

CONCEITO DE REABSORÇÃO
Seria a eliminação dos componentes inorgânicos do osso pela circulação sangüínea e
linfática.

LEI DE LERICHE POLICARDE -
"A compressão dos tecidos determina uma hiperatividade circulatória, em determinados
pontos do osso, com a conseqüente mobilização do cálcio, acompanhada de rarefação
óssea."

* In Aldrovandi, C. (1960)

Na MAXILA a reabsorção dá-se, predominantemente, as custas da tábua óssea
vestibular, persistindo uma forma delgada.

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A crista do rebordo residual como que caminha para cima e para o centro.
Há uma diminuição em LARGURA que acompanha a diminuição em altura.

Na MANDÍBULA, a reabsorção envolve tanto a vertente vestibular quanto a lingual,
havendo uma diminuição mais dramática na ALTURA, do rebordo residual.

1. Causas de reabsorção:

a) senilidade
b) perda de função
c) causas mecânicas
d) estados patológicos: gerais e locais

a) Senilidade

Consideramos três estágios na vida dos indivíduos, relacionados ao seu metabolismo:
Ascensão: do nascimento até ao redor de 25 anos: é a fase do organismo em
desenvolvimento. Portanto, seu anabolismo ultrapassa de muito seu catabolismo. Haveria
maior formação e retenção do que eliminação.
Estágio: dos 25 aos 45 anos: quando o organismo entraria em equilíbrio, conseguindo
suprir perfeitamente as suas necessidades de reposição, mas com menor capacidade de
neoformação.
Declínio: dos 45 anos em diante: quando sua capacidade de reposição começa a diminuir,
rompendo-se o equilíbrio anabolismo/catabolismo, de maneira cada vez maior.
Notamos que quando o equilíbrio é rompido torna-se cada vez mais difícil para o
organismo repor, com a mesma intensidade, as estruturas ósseas que vão sendo perdidas.
Em nosso caso o catabolismo envolveria uma perda de cálcio dos ossos com sua
conseqüente reabsorção.

b) Perda de função

Com a perda dos dentes e conseqüente perda de função do osso alveolar, há reabsorção
dos rebordos alveolares. Essa reabsorção é progressiva, o processo alveolar torna-se mais
arredondado e sua crista menos pronunciada.
Na maxila a reabsorção dá-se, principalmente, às custas da tábua óssea (vertente)
vestibular, persistindo uma forma delgada.
Na mandíbula essa reabsorção dá-se às custas tanto da vertente vestibular como da
lingual, havendo uma diminuição mais dramática na altura do rebordo.
O último estágio da reabsorção óssea da maxila seria uma imagem plana do rebordo
superior e em casos extremos, (geralmente ligados ao uso de prótese mal adaptada) a
projeção do septo nasal (cartilaginoso) na altura do rebordo alveolar anterior. Essa
situação confere ao paciente um perfil característico conhecido como "perfil de
polichinelo".
c) Causas mecânicas

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Coletamos as opiniões de alguns autores sobre o assunto: assim é que Clark cita a
pressão e a dor provocadas por dentaduras defeituosas como uma das causas principais
da reabsorção óssea.
Mc Millan crê que as modificações ao nível dos rebordos alveolares são devidas a
estímulos de ordem fisiológica ou a ausência desses estímulos.
Grohs (In Aldrovandi, C. [1960]): "O osso se reabsorve em pontos de excessiva pressão;
os tecidos moles atrofiam-se ou hipertrofiam-se, dependendo do estímulo a que são
submetidos".
"A compressão dos tecidos determina uma hiperatividade circulatória em determinados
pontos do osso, com a conseqüente mobilização do cálcio, acompanhada de uma
rarefação óssea".
O osso basal apresenta um complexo suprimento sangüíneo, originário de duas fontes:
- periósteo
- sistema interno arterial
"A pressão excessiva da base da dentadura sobre o osso do rebordo residual, pode gerar
insuficiência circulatória que acelera a reabsorção. Um dos fatores dessa pressão é o
tipo de oclusão criado pelo dentista".

ORTMAN (1977)

d) Estados patológicos

Page considera a reabsorção como sendo devida a influências orgânicas de ordem geral
ligadas a insuficiência do estímulo local.
Acredita, esse autor, que pode haver diminuição do processo pela correção de
insuficiências endócrinas e o uso de uma dieta balanceada. Já Key estabelece uma
diferença entre ATROFIA, que afetaria todo um osso ou ossos e REABSORÇÃO óssea,
que afetaria partes de um mesmo osso.
Segundo Key a atrofia é devida ao desuso, inflamação ou traumatismo enquanto a
reabsorção seria devida à pressão, distúrbios neurotróficos ou atividade celular.
Schour e Massler, em estudos sobre os efeitos das glândulas endócrinas no crescimento
do esqueleto facial, confirmam os estudos de Page.

"Na construção de próteses totais, o objetivo principal é a preservação dos rebordos
alveolares; os objetivos secundários serão a eficiência mastigatória e a estética".

TRAPOZZANO, V.R. (1959)


Podemos, para fins de estudo e análise dividir os tecidos de sustentação em tecidos:
MÓVEIS E IMÓVEIS.

TECIDOS MÓVEIS a fibromucosa e tecidos adjacentes;
TECIDOS IMÓVEIS o tecido ósseo de suporte.

11
Essa classificação tem cunho exclusivamente didático pois, como vimos, nem a
fibromucosa é um tecido eminentemente móvel nem o osso é absolutamente estável em
suas dimensões.

Feito este apanhado preliminar podemos passar ao estudo dos:

RETENÇÃO é a capacidade da prótese de resistir às forças extrusivas que tendem a
desloca-la de sua posição.

Neste item, estudaremos o que mantém as próteses mucosuportadas em posição, quais as
forças envolvidas nessa retenção e como poderemos tirar melhor partido deste ou daquele
meio de retenção.
Como fator de retenção poderemos citar: a atividade muscular exercida,
inconscientemente, pelo próprio paciente, mantendo a adaptação dos tecidos
circunjacentes às bordas da prótese. É evidente que não poderemos contar com esta
capacidade do paciente ao confeccionarmos próteses e sim devemos criar as condições
necessárias para que isso ocorra.

Vamos nos valer de meios FÍSICOS de retenção:

a) Gravidade: força que age de maneira positiva para a mandíbula e negativa para a
maxila. Houve época em que se utilizava a gravidade como um auxiliar para a retenção
de próteses mandibulares, aumentando o peso das dentaduras mandibulares.
Como já vimos ao estudarmos as causas de reabsorção óssea, esta sempre acompanha o
aumento de pressão; notadamente quando esta pressão faz-se de maneira irregular e
arbitrária. Mesmo não levando em consideração o desconforto causado ao paciente, o
simples conhecimento das leis de reabsorção já contra-indica o uso da gravidade como
fator auxiliar na retenção de dentaduras.

b) Adesão: podemos conceituar a adesão como a força de atração inter-molecular
existente entre as moléculas da superfície de um determinado corpo e as moléculas
superficiais de outro, quando em íntimo contato. Para melhor compreendermos a adesão
devemos estudar outra força inter-molecular que é a COESÃO.
Poderíamos conceituar a coesão como aquela força inter-molecular existente entre as
moléculas de um mesmo corpo, força essa que mantém a unidade da substância como um
corpo. As forças de coesão é que são responsáveis pela TENSÃO SUPERFICIAL nos
líquidos.

Podemos entender o mecanismo da adesão com um esquema:
Há coesão entre as moléculas da fibromucosa; coesão entre as moléculas da saliva. Se
tivermos um íntimo contato entre a saliva e a fibromucosa, rompendo a tensão superficial
da saliva, essa força se exercerá, em forma de adesão tendendo a manter unidas a película
de saliva e a fibromucosa, como um corpo único. Por outro lado temos coesão entre as
pérolas de resina da base da dentadura; coesão entre as moléculas da saliva; se
MEIOS DE RETENÇÃO DAS PRÓTESES TOTAIS MUCOSUPORTADA S

12
mantivermos um intimo contato entre as duas, rompendo a tensão superficial da película
de saliva; as forças de tensão superficial da saliva exercerão adesão sobre a resina da base
da dentadura. Seguindo esse raciocínio, se tivermos um intimo contato entre a base da
dentadura e a fibromucosa de maneira que reste apenas um filme de saliva interposto, as
forças de tensão de saliva agirão tanto sobre a base da dentadura como sobre a
fibromucosa mantendo-as em contato e impedindo sua separação.
Podemos visualizar esse fenômeno quando unimos duas placas de vidro com água
interposta; quanto menor for a película de líquido mais difícil será a separação das placas.

STANITZ estudou esse aspecto da retenção elaborando a fórmula:
F= 2A x C/E
F = força de retenção
A = área de contato
C = coeficiente de tensão superficial
E = espessura do líquido
Verifica-se que a força de retenção é diretamente proporcional a 2x a área recoberta e ao
coeficiente de tensão superficial da saliva; indiretamente proporcional à espessura da
película líquida interposta.

c) Pressão atmosférica:
É do conhecimento geral que se retirarmos o ar contido entre dois hemisférios em contato
será dificílima a sua separação. Isso se dá devido à pressão exercida pela atmosfera.
Podemos nos utilizar dessa força auxiliar e realmente o fazemos, quando da construção de
nossos aparelhos protéticos, procurando o ajuste perfeito entre a base e a fibromucosa,
que reduza a película líquida a um filme e o “selamento periférico” das bordas da prótese
com o fito de impedir a permanência ou a entrada de bolhas de ar entre a base da
dentadura e a fibromucosa. Dessa forma mantemos a integridade da película líquida que,
realmente, garante a retenção.
A pressão negativa no interior da prótese, que faria com que a pressão externa agisse de
maneira efetiva na retenção, foi utilizada nos primórdios das próteses totais, com o
auxílio das chamadas “câmaras de vácuo” ou “câmaras de sucção”. Esse recurso é
totalmente contra-indicado, uma vez que a pressão negativa sobre a fibromucosa de
revestimento, gera a hiperplasia dessa fibromucosa com alterações patológicas bem
conhecidas atualmente.

Princípios Biomecânicos das Próteses Totais:
1. adesão
2. pressão atmosférica
3. suporte
4. selamento periférico
5. biomecânica (fisiologia) dos músculos mastigatórios

1. Adesão: a adesão depende do contato intimo entre as superfícies da fibromucosa e da
base da dentadura. É o que denominamos "adesão por contato". A adesão é proporcional

13
às superfícies de contato, sendo que, quanto maior for a área de contato maior será a
adesão.

2. Pressão atmosférica: atualmente não se indicam recursos protéticos que utilizem a
pressão atmosférica como elemento de retenção.

3. Suporte: representado pelas estruturas sobre as quais se assenta o aparelho protético.
Essas estruturas receberão os esforços decorrentes da mastigação.

4. Selamento periférico: representado pela adaptação das bordas da dentadura aos
tecidos moles e de suporte. O selamento periférico é devido à adaptação das bordas da
dentadura aos tecidos circunvizinhos, na região do sulco gêngivo-labial, fundo de saco
gêngivo-bucal, limite palato duro/mole e fornix.

Resumindo:
"A base da dentadura deve recobrir tanta superfície de suporte e tecidos circunvizinhos
quanto possível, sem interferir com os movimentos dos músculos e bridas susceptíveis
de deslocar o aparelho protético de sua posição ou causar injúrias ao paciente"

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- limites gerais da área chapeável da maxila
- zonas de suporte, selamento periférico, alívio e borda posterior
- limites gerais da área chapeável da mandíbula
- zonas de suporte, selamento periférico, alívio e borda posterior
- músculos que influem na estabilidade da prótese total músculos paraprotéticos

Introdução:

Denominamos área chapeável ou área basal, aquelas áreas da mandíbula e da maxila
que serão recobertas pela base da dentadura.

Levando em consideração que cada paciente é um caso diferente, não podemos
estabelecer medidas rígidas, mas somos obrigados a nos guiar por uma série de princípios
biomecânicos e fisiológicos que nos orientarão no reconhecimento e delimitação dessa
área.
Dessa maneira, baseando-nos em conhecimentos já adquiridos anteriormente,
estabelecemos os:

Visto o que pretendemos quando falamos em área chapeável, podemos, agora, estabelecer
os limites gerais que nos orientarão no desenho e confecção da base de nossas próteses.



• Rebordo alveolar em toda a sua extensão (de tuberosidade a tuberosidade);
• Paredes vestibulares do rebordo alveolar até o sulco gêngivo-labial e geniano
• Abóbada palatina em toda a sua extensão até sua borda posterior, limite palato
duro/palato mole
• Contorno das inserções musculares e bridas vestibulares

Dentro desses limites e conforme a magnitude do esforço recebido pelo tecido de suporte
nessas regiões, podemos dividi-las em zonas. Devemos essa divisão a Pendleton:
1. zona principal de suporte
2. zona secundária de suporte
3. zona de selamento periférico
4. zona de selamento posterior (post-daming ou dicagem posterior)
5. zona de alívio

1. Zona principal de suporte: é a zona de maxila que irá receber o maior esforço durante
a mastigação. Ela compreende o rebordo alveolar em toda a sua extensão incluindo as
tuberosidades. Essa região, recebendo o maior esforço durante a mastigação é, também, a
que maiores alterações sofre com o correr do tempo. Notamos intensas reabsorções ósseas
C
APÍTULO II.
LIMITES GERAIS DA ÁREA BASAL DA MAXILA

15
nessa área, principalmente se não foram obedecidos os princípios biomecânicos que
regem a confecção das próteses totais mucosuportadas.

2. Zona secundária de suporte: estende-se por toda a vertente palatina do rebordo
alveolar até a rafe mediana. Para posterior, até o limite do palato duro e início do véu do
paladar.
Importantíssima área da maxila pois contribui de maneira indiscutível, tanto na
estabilidade da dentadura maxilar como em sua retenção.
Sendo o osso dessa região um osso compacto, a sua reabsorção é muito mais lenta
propiciando uma sobrevida maior a prótese maxilar.

3. Zona de selamento periférico: localizada vestibularmente aos rebordos alveolares,
apresenta-se como uma zona de transição ou zona marginal neutra, que denominamos
sulco gêngivo-labial ou geniano.

4. Zona de selamento posterior: constituída pela faixa de tecido que se estende desde o
fim da abóbada palatina propriamente dita e início do palato mole ou véu do paladar.
Podemos situá-la em uma linha que ligue as tuberosidades passando ao nível das foveas
palatinas. A esse limite denominamos borda posterior ou região do post-daming.
Determina-se, ao vivo, por palpação ou fonação, verificando onde se inicia a área vibrátil
correspondente ao palato mole.

5. Zona de alívio: sua existência real é discutida, havendo uma corrente de protesistas
que contesta a validade do alívio, indicando manobras terapêuticas com a finalidade de
eliminar estados que consideram como patológicos. De um modo geral consideramos
como zona de alívio os pontos onde não desejamos executar pressões. Seriam para a
maxila:
* Torus palatino: pois pode funcionar como um fulcro central deslocando a prótese de
sua posição e rompendo o selamento periférico. Indica-se a remoção cirúrgica dessa
estrutura óssea.
* Buracos palatinos: pontos de emergência de nervos e vasos que, devido a intensas
reabsorções ósseas podem se encontrar situados na altura da crista do rebordo alveolar e,
portanto, em zona de máxima pressão o que poderia causar desconforto e dor ao paciente.
Está perfeitamente indicado o alívio da região.



1. Rebordo alveolar em toda a sua extensão (incluindo as papilas retromolares).
2. Linha oblíqua externa e seu prolongamento na porção montante até uma altura de
aproximadamente 10 mm.
3. Dobra vestibular do músculo Bucinador.
4. Sulco gêngivo-labial e geniano.
5. Limite do assoalho da boca em toda a sua extensão.

Como na maxila, Pendleton divide a mandíbula em 5 zonas:
LIMITES GERAIS DA ÁREA BASAL DA MANDÍBULA

16
1. Zona principal de suporte: constituída pelos rebordos alveolares em toda a sua
extensão, bem como, as suas vertentes vestibular e lingual, englobando o trígono
retromolar.

2. Zona secundária de suporte: seriam as vertentes vestibular e lingual do rebordo
alveolar. Convém notarmos que na mandíbula as zonas secundárias de suporte
confundem-se com zona principal de suporte.
Uma das zonas que nos oferece grande possibilidade de apoio, que seria aquela situada na
região da linha oblíqua externa, onde há osso compacto. Poderia estar classificada tanto
como zona secundária de suporte, pela sua posição relativa, quanto como zona principal
de suporte, pela sua função de apoio.

3. Zona de selamento periférico: aqui também há certa coincidência pois, na mandíbula,
o selamento periférico dá-se tanto às custas de limite gêngivo-labial (na região de fundo
de saco gêngivo-labial) como às custas da face do rebordo alveolar vestibular e lingual.

4. Zona de selamento posterior: segundo alguns autores seria a zona constituída pela
área retromolar. Porém, não há limite nítido entre a zona de selamento posterior e a zona
de selamento periférico, nessa região. Para efeito didático consideraremos a zona de
selamento posterior, como sendo aquela região posterior à papila retromolar.

5. Zona de alívio: da mesma maneira, é discutida a sua conveniência (como para a
maxila) poderíamos citar como zonas de alívio:
* Rebordo alveolar terminando em crista fina e alta, com possibilidade de lesões da
fibromucosa
* Buracos mentonianos: Quando de grandes reabsorções ósseas com localização alta dos
foramens mentonianos e possibilidade de compressão dos filetes nervosos que daí
emergem.
* Porção posterior da linha oblíqua interna: quando esta se apresenta afilada e cortante.
Na maioria dos casos procura-se não atingir ou, pelo menos, não apoiar a base da
dentadura nessa região.
* Torus mandibular: limitar o bordo lingual da prótese à altura do torus quando discreto
ou remover cirurgicamente o osso.

Diz-se da retenção ATIVA, quando obtida por meio de artifícios de técnica, como as
moldagens p.ex. Diz-se da retenção PASSIVA, quando obtida pela eliminação dos fatores
que criam as forças extrusivas, como o recorte muscular e a oclusão p.ex..

Quando nos referimos ao selamento periférico dissemos que procuramos um ajuste o
mais próximo possível entre a base da dentadura e os tecidos circunvizinhos. Sabemos
que esses tecidos são móveis e que suas posições relativas variam em consonância com a
tensão exercida por determinados músculos. Vemos a necessidade de conhecer quais os
músculos que podem interferir com a base da dentadura e como se daria essa
interferência, para que possamos usá-los em nosso proveito e não contra nós.

17

Aprile agrupa, sob a denominação de músculos paraprotéticos, uma série de massas
musculares que inserindo-se no maxilar e na mandíbula mantém, direta ou indiretamente,
relações com a prótese. Os músculos paraprotéticos carecem de importância (em relação à
prótese) quando em estática porém, quando em função dinâmica, na mastigação, fonação,
deglutição, mímica, podem provocar o deslocamento das próteses, se suas bordas se
estenderem até a zona de ação desses músculos. Podemos reconhecê-los clinicamente, por
palpação, na zona de selamento periférico, notadamente se pedirmos ao paciente que
execute movimentos que envolvam contrações musculares, ou estirando os tecidos moles
da boca e examinando os pontos de inserção desses músculos.

De acordo com sua posição determina-se uma linha que contorna as inserções
musculares, ligamentos e freios, que foi denominada LINHA DE INSERÇÃO (Aprile;
Saizar; Lüders).

"É uma linha imaginária, irregular, que determina até onde pode estender-se a borda da
prótese, para conseguirmos um selamento periférico perfeito, sem causar irritações nem
perturbar a nutrição dos tecidos, sem alterar a fonação nem provocar traumatismos"
(Fournet).

A ação desses músculos manifesta-se pelas alterações que sofre o fundo de saco
vestibular, tanto superior como inferior, bem como o limite lingual do assoalho da boca
durante a dinâmica.

Para seu estudo poderemos dividir os músculos paraprotéticos em:
- Músculos de ação direta
- Músculos de ação indireta

Ação direta: quando interferem com a base da dentadura pela sua contração própria. Suas
inserções ou seu trajeto coincidem com os limites da prótese.

Ação indireta: quando pela sua contração mobilizam outras massas musculares ou
teciduais adjacentes que interferem com a base da dentadura.

1. Músculos paraprotéticos da maxila:

a) Orbicular dos lábios: insere-se na fossa mirtiforme e estende-se até as comissuras
labiais- pela sua contração pode interferir com a borda vestibular anterior da prótese.
b) Canino: este músculo tem sua inserção ao nível da fossa canina estendendo-se até a
comissura labial. É o responsável pelo movimento de elevação e depressão do sulco
vestibular anterior; responsável, também, pelo aparecimento dos chamados freios laterais
na altura de pré-molares.
MÚSCULOS QUE INTERFEREM NA ESTABILIDADE DAS DENTADU RAS:
MÚSCULOS PARAPROTÉTICOS

18
c) Bucinador: músculo paraprotético por excelência, tem suas inserções nos rebordos
alveolares ao nível dos molares de onde caminha para cima, para trás e, para baixo até a
mandíbula, onde repete a inserção óssea (apresenta-se na forma aproximada de um C).
Quando em contração, provoca um abaixamento do fundo de saco vestibular superior e
levantamento do sulco vestibular inferior.

2. Músculos paraprotéticos da mandíbula

a) Quadrado do mento e Triangular dos lábios: inserção na face externa da linha oblíqua
externa dirigindo-se para as comissuras labiais e linha mediana respectivamente. Quando
em contração exercem pressão sobre o bordo vestibular anterior da dentadura.
b) Bucinador: insere-se na mandíbula ao nível da linha oblíqua externa na altura de
molares. As suas fibras mais posteriores passam abaixo da papila piriforme estendo-se até
o ligamento pterigomandibular ou aponevrose bucinato-faringea, onde se localiza sua
inserção mais posterior. O conhecimento detalhado desse músculo é de capital
importância quando da delimitação da região distal ou de selamento posterior da
dentadura, pois nos movimentos de abertura da boca ou quando da dinâmica muscular, há
uma projeção dos tecidos para diante, podendo deslocar uma prótese sobre-estendida. Na
altura do trígono retromolar há um encontro das fibras do músculo Bucinador com o
tendão terminal do músculo Temporal em sua porção mais inferior. Forma-se um coxim
fibroso, a papila piriforme, que deve ser sempre incluída dentro da zona de suporte da
prótese inferior. Logo atrás da papila piriforme temos a presença do ligamento
Pterigomandibular. Quando do movimento de abertura da boca há a distensão desse
ligamento e conseqüentemente deslocamento da borda posterior da prótese, se esta estiver
sobre-estendida.
Verificamos que a papila piriforme é o limite mais posterior da borda da dentadura
mandibular.
c) Constritor Superior da faringe: tem suas ações principais quando da deglutição e na
projeção da língua.
d) Milohioideo: insere-se na linha oblíqua interna, ao nível dos molares. Sua ação, do
ponto de vista protético, prende-se ao levantamento do assoalho da boca quando da
movimentação da língua.
e) Genioglosso: sua inserção se dá, na região anterior da mandíbula, lingual, logo abaixo
do freio lingual, em pequenas excrescências ósseas denominadas apófises geni. É de
grande importância quando de grandes reabsorções ósseas mandibulares, pois sua
inserção passa a ocupar a vertente lingual do rebordo alveolar, interferindo com o
assoalho da boca.
f) Língua: embora seja um músculo negligenciado quando do estudo da Prótese Total,
sua ação é de capital importância tanto na retenção como na estabilidade da prótese
inferior. Sua estreita intimidade com o assoalho da boca, faz com que ambos os
elementos tornem-se solidários na manutenção do selamento periférico lingual, em todas
as fases da dinâmica mastigatória, bem como, em todos os atos que envolvam
movimento. Compreende-se que é de suma importância o exame e estudo da língua, sua
tonicidade, sua forma, seu volume, sua relação com os rebordos alveolares, sua liberdade
de movimentos. É do conhecimento desses fatores que depende o sucesso ou o insucesso

19
de uma dentadura mandibular que, sob todos os outros aspectos, pode ter um prognóstico
favorável.

Podemos terminar citando G.H. Wilson:
"Nenhum fator tem tanta importância na retenção das dentaduras artificiais, como os
tecidos moles".
"Entre os fatores mais importantes na retenção das dentaduras encontram-se os
músculos e suas inserções".

Assim como citamos os inconvenientes do aproveitamento deficiente desses elementos,
também sua correta utilização assegura a retenção e estabilidade às próteses totais
mucosuportadas.

Se a base da dentadura for a reprodução, em negativo, absolutamente fiel dos tecidos de
suporte sua justeza a esses tecidos será perfeita e a retenção será obtida em valores mais
que satisfatórios para a nossa finalidade. Para tanto se faz mister que possamos
COPIAR essas estruturas de maneira exata. Isso é conseguido por intermédio de uma
série de manobras a que denominamos MOLDAGENS.

20




- uma definição de moldagem
- conceito de moldagem anatômica
- moldagem anatômica da maxila
- posição do paciente e do operador
- escolha da moldeira e técnica de moldagem
- moldagem anatômica da mandíbula
- acidentes que podem ocorrer durante as moldagens



1. Histórico: embora o uso de aparelhos protéticos remonte ao tempo do inicio da
sociedade humana, na antigüidade não se fazia uso de moldagens. A base do aparelho era
esculpida, paulatinamente, através de medidas que se tomavam, com um compasso,
diretamente no paciente.
A primeira moldagem de que se tem notícia é atribuída a Pfaff, dentista de “Frederico o
Grande”, que empregou cera de abelhas como material de moldagem.
Como sabemos, a cera, embora copie as estruturas, é um material instável, que se
deforma espontaneamente e de difícil manuseio, pois altera-se ao simples toque. A
demanda por próteses provocou um crescente interesse na procura de um material que
apresentasse estabilidade dimensional associada à capacidade de moldar fielmente.
Em 1844 Duning utiliza gesso como material de moldagem obtendo resultados
animadores. Porém, a técnica de trabalho com gesso é bastante desconfortável, tanto para
o paciente como para o profissional. Embora o material apresente boa estabilidade
dimensional não permite correções. Fratura-se com facilidade em contato com a saliva e é
de difícil separação do modelo em positivo.
Por volta de 1857 Charles Stent, aperfeiçoa um material resinoso, termoplástico, que
seria o precursor da godiva.
Os irmãos Greene (1900) aperfeiçoam a godiva e aproveitando-se das características
desse material introduzem a técnica das moldagens sucessivas. Os fundamentos dessa
técnica são utilizados até os nossos dias.
Hupert Hall (1915-1920), em experiências com o novo material desenvolve a godiva
preta, dura, e apresenta uma técnica em que esse material é utilizado como moldeira
individual. Baseia-se na necessidade de maior adaptação da moldeira e material de
moldagem, aos tecidos a serem moldados.
Entre 1919 e 1928 Campbell e Pendleton aperfeiçoam os métodos existentes utilizando
os novos materiais: godiva em lâminas, placas, bastões, de maior ou menor plasticidade.
Renato Prado (1933) apresenta sua técnica. Emprega godiva em lâminas diretamente na
moldeira individual.

Com o crescente desenvolvimento das pesquisas e técnicas, procura-se correlacionar a
Anatomia, Fisiologia, Biologia e Mecânica. Assim é que, Harris Mc Millan e
CAPÍTULO III
Introdução ao Estudo das Moldagens.

21
colaboradores, estudando a anatomia da cavidade oral, demonstram a possibilidade de
aproveitamento de maior área de apoio no maxilar e na mandíbula.
Bowen K. Bowen lança mão de regiões como a linha oblíqua externa, a fossa retromolar
e papila piriforme como elementos de retenção e estabilidade para a dentadura
mandibular.

Esta é a síntese do caminho percorrido até agora. Ainda há muito a se aperfeiçoar. Há
novos materiais e, novas técnicas estão em desenvolvimento.
Esperamos que, no futuro, a “dentadura” seja um problema ultrapassado.
Cremos que a pesquisa e os avanços na Odontologia Preventiva, tornarão sua necessidade
restrita a casos esporádicos; mais ligados a causas de ordem traumática.
Porém e infelizmente, nos dias atuais, a dentadura ainda é um fator de ordem social e
universal.
Julgamos que é possível dar aos nossos pacientes, trabalhos plenamente satisfatórios,
desde que não nos deixemos influenciar por conceitos negativos, que julgam a prótese de
dentaduras como um paliativo ineficaz, que não vale nem requer o esforço e o cuidado
necessários para executá-la de maneira correta.
Não será desmerecendo o que se tem, que se conseguirá mais.

2. Elementos de moldagem

a) Moldeiras: "a moldeira é um recipiente de que nos utilizamos, para levar o material
de moldagem aos tecidos bucais e aos dentes e mantê-lo ali, contra eles, até que o
material endureça".

• Existem no mercado, em vários tamanhos e proporções, que são médias de medidas
padrões dos arcos alveolares. Em geral construídas em metal (alumínio ou ligas
leves),ou plástico, com uma numeração que identifica seu tamanho (geralmente
apresentadas em 3 tamanhos padrões). São as chamadas moldeiras de estoque As
moldeiras de estoque variam, no seu desenho, de acordo com o tipo de material de
moldagem a que se destinam. Assim sendo, as moldeiras para alginato, apresentam
bacia perfurada, ou com retenções internas (para reter o material de moldagem),
enquanto que as moldeiras para godiva, apresentam a bacia lisa (sem retenções ou
perfurações).

• Podem ser confeccionadas especificamente para um caso, geralmente em resina
acrílica ou outro material modelavel, são as chamadas moldeiras individuais. Há
autores que preconizam metal para construção de moldeiras individuais, porém, torna-
se excessivamente trabalhoso em relação ao resultado obtido.

a.1. moldeiras de estoque para a maxila: são moldeiras metálicas, constituídas por um
corpo e um cabo. O corpo é formado pela base ou bacia e pelas paredes laterais.
Encontradas no comércio em três tamanhos, o exame da boca nos dará a indicação da
moldeira a utilizar.

22
a.2. moldeiras de estoque para a mandíbula: como no caso das moldeiras maxilares,
também estas são metálicas, apresentando como diferença fundamental, a bacia dividida
em duas porções ou canaletas com espaço para a língua. Encontradas no comércio em três
tamanhos, sendo uma série específica para moldagem com godiva em placa, a série
desenvolvida por Aldrovandi (A 101, A 103 e A 105), que variam apenas no
comprimento da bacia, cuja largura e profundidade é constante.
Atualmente encontram-se no mercado as moldeiras desenvolvidas por Tamaki (série TT),
para godiva e as moldeiras da série HDR. Estas últimas são apresentadas em versão para
godiva e para alginato. Tanto a série TT quanto a série HDR, são moldeiras de estoque
para desdentados totais.

b) Materiais de moldagem:

Saizar classifica, sob o ponto de vista protético, os materiais de moldagem em:

FUNDAMENTAIS Termoplásticos - godiva
colóides
ceras
Químicos - alginato
gesso
________________________________________________________________________
COMPLEMENTARES Termoplásticos - ceras plásticas
pastas p/moldagem
guta-percha
Químicos- acrílicos
pastas zincoeugenólicas
moldina
________________________________________________________________________
PARA DUPLICAR pastas elásticas
areia de modelar

De uma maneira geral os materiais de moldagem devem possuir as seguintes
características:
Plasticidade: no momento da tomada da impressão - para que possam fluir contra os
tecidos, copiando-os sem deformá-los, em seus mínimos detalhes.
Não serem adesivos: para que possamos retirar o molde de posição, sem ferir o paciente,
nem lesar os tecidos.
Consistência: para que possa ser manipulado, carregado na moldeira e levado à boca, sem
que o material saia de sua posição na moldeira.

23
Quanto à FINALIDADE, divide os materiais em:
FUNDAMENTAL
COMPLEMENTAR
DUPLICAÇÃO

Quanto as propriedades FÍSICAS, são classificados em :
ELÁSTICOS
ANELÁSTICOS

Do ponto de vista CLÍNICO, em:
IMEDIATOS
MEDIATOS

Vamos fazer um rápido estudo dos materiais de moldagem mais empregados em prótese
total.

Gesso: atualmente seu uso é limitado devido ao advento de outros materiais como a
godiva, as pastas zincoeugenólicas e os elastômeros. Deve-se seu abandono às
características do próprio material. De tratamento difícil, requer familiaridade com suas
propriedades físicas, habilidade em sua espatulação e perfeito controle de seu tempo de
presa.
Além desses fatores, requer cuidado quando de sua remoção da boca do paciente, pois
sendo um material rijo, pode causar lesões se removido intempestivamente. Sua
separação posterior do modelo também é trabalhosa podendo haver fratura do modelo
obtido. Embora tenha sido largamente utilizado em prótese parcial e na Ortodontia, seu
emprego em prótese total é muito restrito.
Resumindo: embora seja um excelente material de moldagem, seu emprego em prótese
total não é justificado frente às dificuldades de trabalho e à fidelidade obtida.

Godiva: devido às suas propriedades termoplásticas, a godiva permite requerimento e
plastificações sucessivas, remoldagem e reparos sendo que, esses procedimentos podem
ser realizados seccionalmente. O escoamento do material, durante a moldagem, pode ser
sujeito a controle. Sua principal qualidade consiste em uma gama de características que
permitem, ao operador, levar em consideração as necessidades biomecânicas da
moldagem. Outra vantagem reside na possibilidade de testarmos o molde durante as
diversas fases de sua obtenção e sempre que alterações ou correções sejam necessárias
elas podem ser feitas facilmente.

TAMAKI (1977), classifica os materiais de moldagem:

Quanto à FINALIDADE
Quanto às PROPRIEDADES FÍSICAS
Do ponto de vista CLÍNICO

24
Pelo estudo das características da godiva, notamos que sua melhor característica
consiste em permitir moldagens sucessivas, pois permite requerimento totais, ou por
áreas, com remoldagem de regiões determinadas.

Devido a ser um material termoplástico, seu “endurecimento” é progressivo, o que nos
permite moldar as estruturas de suporte em sua dinâmica. Podemos, enquanto moldamos,
executar ou pedir ao paciente que execute, movimentos musculares com o fito de
impressionar, em nosso molde, aquelas estruturas paraprotéticas como músculos e bridas,
freios e inserções musculares, em movimento. Essa é a razão (e julgamos mais que
suficiente) que nos leva a ter a godiva como material de eleição para a moldagem de
desdentados totais.
Terminada a moldagem, o molde pode ser testado quanto à estabilidade e retenção. Assim
o operador pode estar razoavelmente certo, quanto ao resultado obtido.
Naturalmente, esses fatores se devem totalmente às propriedades inerentes ao material,
porém indicam seu valor.

Pastas zincoeugenólicas: há alguns anos atrás o cimento zinco-oxifosfato foi utilizado
para obtermos melhor adaptação e fixação (reembasamento) em dentaduras antigas.
Notou-se que, com esse procedimento, os tecidos da cavidade oral, inflamados pelo atrito
constante, apresentavam sensível melhora tanto na cor como em sua textura. Além do
fato de que, pela melhor adaptação (e conseqüente retenção) há maior estabilidade da
prótese e, portanto, eliminação de traumatismo constante sobre a fibromucosa. Notou-se
que o próprio cimento encerrava em sua composição algum elemento benéfico para os
tecidos. Sabemos que a associação de uma base neutra, como o óxido de zinco, a um
elemento como o eugenol, propicia condições ideais à regeneração dos tecidos da
cavidade oral. Devido a esse fato as pastas de óxido de zinco e eugenol tornam-se de uso
corrente em Odontologia, tanto em sua forma original de cimento como em compostos,
especialmente preparados, como é a pasta zincoeugenólica. Esses compostos (em sua
forma simples ou associados a resinas) encontram ampla aplicação em todas as
especialidades odontológicas.

Em prótese de dentaduras usamos as pastas zincoeugenólicas para moldagens com
moldeiras individuais (devido a sua fluidez e capacidade de copiar as estruturas), em
reembasamentos de dentaduras imediatas (pela sua propriedade curativa) ou como
curativo de demora (em casos de hiperplasias da fibromucosa).

O tempo de trabalho desse material é grandemente afetado pelas condições atmosféricas
(umidade e calor), pela proporção da mistura e pela maneira de espatular o material.
Proporção incorreta, calor, umidade em excesso aceleram o tempo de presa do material.
Como essas pastas desidratam a mucosa durante a sua presa, quando utilizadas em
reembasamentos, após a presa do material, devemos remover a dentadura da boca do
paciente e submergir em água antes de permitir a utilização da prótese.
A apresentação comercial das pastas zincoeugenólicas é feita em duas bisnagas, com
bocas de diâmetros diferentes, de maneira que a proporção correta é obtida por
comprimentos iguais de pasta sobre uma placa de vidro ou papel encerado. Geralmente a

25
cor das pastas também é diferente conforme trata-se do agente catalisador ou da base
(vermelho para o agente e branco para a base, embora possa variar de fabricante para
fabricante). A mistura é feita espatulando-se comprimentos iguais de pasta até se obter
uma cor uniforme. Devemos considerar, sempre, a temperatura ambiente quando usamos
esse material.
As principais vantagens das pastas zincoeugenólicas podem ser listadas:
• facilidade de se obter uma adaptação correta
• escoamento uniforme, mesmo sob baixa pressão
• adesividade à moldeira mesmo quando reduzida a um filme de material
facilidade de separação dos moldes vazados (por aquecimento em banho-maria).

Elastômeros - substâncias coloidais: com o desenvolvimento crescente da Odontologia
tornou-se necessário o uso dos materiais elásticos que permitissem moldagens de arcos
dentais, portanto retentivos, de uma só vez. Com a generalização de aparelhos protéticos
fixos, de vários elementos; na confecção de aparelhos removíveis, onde há a necessidade
de copiar fielmente os dentes remanescentes; aumentou a demanda de materiais que
associassem a fidelidade de impressão à fidelidade dimensional. Por outro lado, o gesso,
excelente material do ponto de vista das mínimas alterações dimensionais que sofre,
implica em dificuldades em seu manuseio.

Com as pesquisas surgiram os materiais ditos elásticos: os elastômeros
Esses materiais permitem, rápida e facilmente, a moldagem de regiões retentivas,
retornando à posição original após a retirada do molde da boca do paciente.
Dentre o grande número de materiais elásticos existentes atualmente podemos citar:

Os hidrocolóides reversíveis e irreversíveis (alginatos ou géis): os colóides reversíveis e
os alginatos, encontrados no mercado com diversos nomes comerciais, são mais
utilizados como materiais para moldagem de dentados, parciais ou totais, ou associados à
godiva quando da confecção de dentaduras imediatas.

Os hidrocolóides reversíveis vêm acondicionados em tubos hermeticamente fechados e
para sua utilização necessitam apenas aquecimento em água e subsequente esfriamento
até uma temperatura de tolerância para os tecidos. Recomendam-se moldeiras com
resfriamento a água quando do uso desses materiais.

Os alginatos ou hidrocolóides irreversíveis são apresentados como um pó que é
adicionado à água e espatulado até obtermos uma mistura cremosa, que é levada à boca
em uma moldeira e mantida em posição, até sua completa geleificação.
A grande vantagem desses materiais reside em sua elasticidade que nos permite a retirada
das impressões mesmo nos casos mais difíceis de arcadas retentivas ou guarnecidas de
dentes.

Siliconas e mercaptanas: o avanço das técnicas industriais permitiu o desenvolvimento
de outros materiais, semelhantes aos colóides quanto à sua elasticidade, porém, cuja

26
composição química característica lhes confere estabilidade dimensional, permitindo um
tempo de trabalho maior.
Embora de composição totalmente diferente, as características clínicas, tanto das siliconas
como das mercaptanas são muito semelhantes.
Diz-se das mercaptanas, materiais à base de borracha, que sofrem "vulcanização"
enquanto que as siliconas, materiais à base de compostos de silício cuja composição
molecular é pouco conhecida, sofreriam "polimerização". Pois, no caso das siliconas,
haveria uma verdadeira saturação inter-molecular, característica de polimerização, com
aumento de cadeias de macromoléculas.

Vamos deixar o estudo das estruturas moleculares ao cargo dos estudiosos da disciplina
de Materiais Dentários e, fixar nossa atenção no uso clínico do material de moldagem em
prótese de dentaduras.

Com o uso de moldeiras especiais, mais condizentes com a anatomia da região a ser
moldada, a obtenção de moldes corretos é mais simples do que com o uso das moldeiras
de estoque; conseqüentemente há maior fidelidade e as possíveis alterações dimensionais
serão bastantes diminuídas.






"Entende-se por moldagem, aquele passo da técnica de confecção de dentaduras que visa
copiar, reproduzir, as arcadas alveolares e estruturas afins, com o fito de obtermos um
modelo que será a cópia fiel dessas arcadas e sobre o qual construiremos a base de
nosso aparelho protético".

Podemos dividir as técnicas de moldagem em dois grandes grupos:
PRELIMINAR ou ANATÔMICA
FUNCIONAL - simples
- mista

KORAN e col. (1977), classificam as moldagens em três categorias:
1- FUNCIONAIS
2- SEMI-FUNCIONAIS
3- MUCOSTÁTICAS

Podem ser classificadas, de acordo com o material de moldagem:
a- Moldagens COMPRESSIVAS
b- Moldagens SELETIVAS
c- Moldagens com MÍNIMA PRESSÃO
UMA DEFINIÇÃO DE MOLDAGEM

27
Em função da fibromucosa de revestimento:
a- LISA E ADERIDA
b- RESILIENTE
c- FLÁCIDA

Em relação às técnicas preconizadas pelos autores, podemos conceituar as moldagens em:

MOLDAGEM COMPRESSIVA:
Desenvolvida para oferecer a máxima eficiência durante a mastigação:
Depende da resiliência da fibromucosa.

MOLDAGENS A PRESSÃO SELETIVA:
Desenvolvidas por PLEASURE (1964), procura-se desenvolver pressão controlada ou
diferenciada, sobre a fibromucosa.

MOLDAGEM A MÍNIMA PRESSÃO:
PAGE introduz o conceito de moldagem "mucostática".
BOHANNAN (1954) e PORTER (1955), discordam dos conceitos de PAGE.
KORAN e col.(1977)- "moldagem mucostática" e "pressão mínima" não são
sinônimos.

O TIPO ou TÉCNICA de moldagem será ditado pelas características do caso e pela
fibromucosa de revestimento.



Raybin limita a dentadura por quatro superfícies:
1. superfície de moldagem
2. superfície periférica
3. superfície polida
4. superfície oclusal

A configuração da superfície de moldagem rege as relações que a prótese vai manter
com a superfície sobre a qual estará assentada. Essas circunstâncias determinam a
sustentação, parte da retenção e parte da estabilidade do aparelho protético.

CONCEITO
"Entende-se por moldagem anatômica aquela que reproduz fielmente os acidentes
anatômicos da boca em seu estado atual".

CONCEITO DE MOLDAGEM ANATÔMICA
Moldagem anatômica ou primeira moldagem ou moldagem preliminar.

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Pretende-se, com a moldagem anatômica a reprodução das formas, tal como as vê o
profissional, quando estas encontram-se em repouso e a boca aberta.

Devido às características dos materiais de moldagem utilizados, os tecidos que
constituem a superfície de apoio e aqueles que a limitam, podem sofrer deformações cuja
magnitude e localização escapam, em parte, ao controle do profissional. Depreende-se
que a moldagem preliminar (anatômica) não satisfaz, totalmente, às exigências de um
aparelho protético fisiológico. Portanto, ela deve situar-se em um plano primário, mas
importantíssimo, de obtenção e visualização dos limites da área chapeável e suas
características, fornecendo, dessa maneira, os elementos necessários para podermos
estabelecer a configuração própria e individual do aparelho que iremos construir.




GODIVA:

1. Material necessário: moldeira de estoque para a maxila
godiva em placa
espátula Le Cron
lâmpada de Hannau ou similar
plastificador de godiva

2. Posição do paciente e do operador: a cadeira ligeiramente inclinada para trás, o
paciente com a cabeça firmemente apoiada no encosto, em posição de repouso (plano de
Camper paralelo ao solo). A altura da cadeira deve ser tal que, a boca do paciente fique ao
nível do cotovelo do operador.
Posição do operador: 1a fase à direita e à frente
2 a fase à direita e atrás

3. Seleção da moldeira e técnica de moldagem
a) seleção da moldeira: o exame da boca do paciente nos dará uma indicação precisa da
moldeira a utilizar.
* De um modo geral, as bordas da moldeira, não devem ser demasiado altas; devem
acompanhar os sulcos gêngivo-labial e geniano. Posteriormente, ela deve recobrir as
tuberosidades do maxilar. Deve ser suficientemente ampla para conter o material de
moldagem, havendo um espaço livre de 2 a 3 mm. entre a moldeira e a fibromucosa,
espaço esse que será ocupado pelo material de moldagem.
* Pacientes que apresentam abóbada profunda, ogival, indicam uma moldeira de bacia
alta.
* Se as vertentes do maxilar forem verticais, deve-se encurvar as bordas da moldeira
ligeiramente para dentro. Se as paredes do rebordo forem reentrantes ou salientes, as
bordas da moldeira serão conservadas em ângulo reto com a base.
MOLDAGEM ANATÔMICA DA MAXILA

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* Nos casos em que não se consegue, dentre as diversas moldeiras, uma que preencha
esses requisitos, deve-se construir uma moldeira especial a partir de um modelo obtido,
através da moldagem com a moldeira mais próxima do ideal que possuirmos e remoldar.

b) técnica de moldagem: plastificação da godiva à temperatura indicada pelo fabricante;
homogeneização, com os dedos-
* Conforma-se uma bola de godiva que será colocada no centro da bacia da moldeira e
estendida até as bordas da moldeira, recobrindo-as. É importante que a godiva recubra as
bordas da moldeira, com pequena extensão externa. Com os dedos, alisa-se a godiva e
utilizando a lâmpada de Hannau, flamba-se sua superfície, após o que recoloca-se,
rapidamente, no plastificador, para obter a temperatura uniforme em sua superfície.
Nota: É importante não aquecer o metal da moldeira pois, haverá superaquecimento da
godiva em contato com a moldeira, com excessiva plastificação e aderência à bacia da
moldeira. Torna-se dificílima a sua remoção posterior.
* A moldeira carregada é introduzida na boca do paciente, em um único movimento
lateral; centralizada em relação ao rebordo, adaptada a este e iniciado o aprofundamento.
Neste momento o operador coloca-se à direita e atrás do paciente; com os dedos indicador
e médio de ambas as mãos apoiados na moldeira, ao nível de pré-molares, executa o
aprofundamento. Deve-se executar uma pressão suave e uniforme de maneira que o
aprofundamento dê-se pelo escoamento do material de moldagem e não pela pressão
exercida.
Não se deve empurrar a moldeira contra os rebordos e sim acompanhar o escoamento
do material de moldagem.
Mantendo a moldeira em posição com uma das mãos, com a outra executamos
movimentos de tração nos tecidos moles, dos lábios e bochechas, com a finalidade de
imprimir, na godiva ainda plástica, as inserções musculares, freios e bridas.
Movimentamos também, os lábios do paciente procurando impressionar a godiva com a
anatomia do fundo de saco gêngivo-labial. Executamos esses movimentos de um lado e
do outro, tomando o cuidado de não movimentar a moldeira.
* Com jatos de água fria, contra o metal da moldeira, resfriamos a godiva até que perca a
sua plasticidade e esteja rígida ao toque dos dedos.
* Passando para frente do paciente, tracionamos a moldeira pelo cabo para testarmos sua
retenção em estática. Se houver deslocamento há a necessidade de repetirmos a
moldagem.
* Removemos o molde da boca, rompendo o selamento periférico vestibular. Lava-se,
seca-se e examina-se.
* No exame preliminar procuraremos visualizar todas as estruturas anatômicas da região
moldada; pode-se fazer um exame comparativo olhando a boca e o molde, região por
região.
* Com o auxílio da espátula Le Cron, recortamos os excessos de material da porção
posterior e lateral. Levamos novamente à boca para testar a retenção e estabilidade do
molde.
* Os testes são executados tracionando-se a moldeira pelo cabo, segundo um plano
horizontal; segundo um plano vertical e para cima.

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* Se algum detalhe não ficou registrado, poderemos, com auxílio de lâmpada de Hannau,
plastificar a área em questão, levando novamente à boca para remoldar o detalhe que nos
interessa.
* Se o molde apresenta resistência ao deslocamento durante os testes e verificamos a
presença de todos os detalhes anatômicos, então será considerado satisfatório.



1. Material necessário: - Moldeira de estoque para a mandíbula
- Godiva em placa
- Espátula Le Cron
- Lâmpada de Hannau ou similar
- Plastificador de godiva

2. Posição do paciente e do operador
A cadeira ligeiramente inclinada para trás, o paciente com a cabeça firmemente apoiada
no encosto, em posição de repouso (plano de Camper paralelo ao solo). A altura da
cadeira deve ser tal que o mento do paciente fique ao nível do ombro do operador.
Posição do operador: à direita e à frente.

3. Seleção da moldeira e técnica de moldagem
a) Seleção da moldeira: seleciona-se a moldeira pela técnica já descrita; com a diferença
que, no caso da mandíbula interessa-nos, sobremaneira, o limite posterior da moldagem.
b) Técnica de moldagem: plastificação da godiva à temperatura indicada pelo fabricante;
homogeneização com os dedos.
* Dá-se a forma de um rolete à godiva plástica e adapta-se na goteira da moldeira; com os
dedos conforma-se a godiva de maneira que ela cubra toda a bacia da moldeira e suas
bordas. Flamba-se a godiva e leva-se ao plastificador para homogeneizar a temperatura.
Vale aqui, o que foi dito anteriormente, quando da moldagem da maxila.
* A moldeira carregada é introduzida na boca do paciente, em movimento lateral,
tomando-se o cuidado de não deslocar a godiva das goteiras da moldeira.
* Centralizamos a moldeira em relação ao rebordo e adaptamos suavemente. Com os
dedos indicador e médio apoiados na moldeira e os polegares apoiados no mento do
paciente, procederemos ao aprofundamento. Esse aprofundamento deve ser suave e
uniforme, acompanhando o escoamento do material e não empurrando o material contra
os tecidos.
* Pedimos ao paciente que feche, lenta e progressivamente a boca. Dessa maneira
conseguimos um relaxamento dos músculos paraprotéticos, notadamente o músculo
Bucinador, permitindo levar o material de moldagem até a linha oblíqua externa. Essa
manobra nos permite aumentar, sobremaneira, a área chapeável.
* Pedimos ao paciente que realize os mais amplos movimentos com a língua para copiar
as posições mais altas do assoalho da boca (e suas implicações musculares).
* Removemos o molde obtido, lavamos e examinamos. Com auxílio da espátula Le Cron,
removemos os excessos de material e levamos novamente à boca.
MOLDAGEM ANATÔMICA DA MANDÍBULA

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* Vamos agora remoldar as inserções vestibulares. Com a lâmpada de Hannau,
plastificamos um dos lados do molde, correspondente a sua borda vestibular e levamos a
moldeira em posição. Apoiando firmemente o molde com uma das mãos, com a outra
executaremos tração nos tecidos moles daquela região, com o fito de imprimir as
inserções musculares, freios e bridas. Pela repetição da manobra, área por área, obtemos
um molde bastante nítido da anatomia mandibular.
* Após essas manobras, lavamos o molde e secamos. Vamos verificar sua estabilidade e
retenção, executando os testes de tração horizontal e vertical.
* No caso do molde não resistir aos testes, a moldagem deve ser repetida tantas vezes
quantas necessárias forem.



1. Falta de material: quando a falha é pequena e restrita à zona secundária de suporte
podemos acrescentar godiva (após o que, flambamos e remoldamos). Quando houver
comprometimento do selamento periférico, zona principal de suporte ou da estabilidade
da moldagem, esta deve ser totalmente repetida.
2. Excesso de material: remove-se com espátula Le Cron e testa-se.
3. Plastificação insuficiente: o material estando muito rijo o escoamento é prejudicado;
há distensão dos tecidos e deformação do campo. É necessário repetir a moldagem.
4. Super-plastificação: o material perde suas características, torna-se adesivo, podendo
lesar o paciente. O tempo de trabalho é muito aumentado e há dificuldade no controle do
escoamento.
5. Insuficiência de detalhes: quando restrita a pequena área, pode-se reaquecer e
remoldar.
6. Dobras, rugas, impressões digitais: geralmente devidas a falta de material ou
incorreta plastificação, indicam a necessidade de nova moldagem.

MOLDAGEM ANATÔMICA ou 1ª MOLDAGEM

ALGINATO

NOTA - Como a seqüência de moldagem é muito semelhante ao que já foi abordado,
vamos analisar apenas os pontos que diferenciam uma técnica de outra.

1. Material necessário: moldeira de estoque para a maxila e/ou mandíbula;
alginato (medidor de pó e de água);
cuba de borracha e espátula;
seringa para alginato;
cera tipo “utilidade”;
espátula Le Cron;
lâmpada de Hannau ou similar;

ACIDENTES QUE PODEM OCORRER DURANTE A MOLDAGEM

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2. Posição do paciente e do operador: a cadeira ligeiramente inclinada para trás, o
paciente com a cabeça firmemente apoiada no encosto, em posição de repouso (plano de
Camper paralelo ao solo). A altura da cadeira deve ser tal que, a boca do paciente fique ao
nível do cotovelo do operador.
Posição do operador: 1a fase à direita e à frente
2 a fase à direita e atrás

3. Seleção da moldeira e técnica de moldagem
a) seleção da moldeira: o exame da boca do paciente nos dará uma indicação precisa da
moldeira a utilizar
* De um modo geral, as bordas da moldeira, não devem ser demasiado altas; devem
acompanhar os sulcos gêngivo-labial e geniano. Por posterior, ela deve recobrir as
tuberosidades do maxilar. Deve ser suficientemente ampla para conter o material de
moldagem, havendo um espaço livre de 2 a 3 mm. entre a moldeira e a fibromucosa,
espaço esse que será ocupado pelo material de moldagem.
* Nos casos em que não se consegue, dentre as diversas moldeiras, uma que preencha
esses requisitos, deve-se construir uma moldeira especial a partir de um modelo obtido,
através da moldagem com a moldeira mais próxima do ideal que possuirmos e remoldar.
* As moldeiras para alginato tem bordas finas, que não propiciam boa moldagem nessa
região. Com auxílio de cera tipo “utilidade” (encontra-se, no comércio, em forma de
rolete, como: “cera periférica” - tipo regular), adaptada às bordas da moldeira,
conformamos essa região. Aquecendo, suavemente, a cera, com a lâmpada de Hannau e
levando à boca do paciente, adaptamos as bordas da moldeira à dinâmica da região do
sulco.
* Pacientes que apresentam abóbada profunda, tipo ogival, requerem suporte para o
alginato, nessa região. Adaptam-se pequenas porções de cera, no centro da moldeira, até
obter toque na região mais alta do palato.
* Como o alginato é um material que apresenta alto escoamento, é importante vedar a
porção posterior da moldeira, utilizando um rolete de cera , para limitar a saída de
material por essa região (pode haver deformação e desajuste das porções mais altas do
molde).

b) técnica de moldagem: O alginato é um material hidrófilo, portanto sujeito a
contaminação pelos fluidos bucais. Recomenda-se que o paciente enxágüe a boca, com
uma solução adstringente, para remover o excesso de mucina da saliva.
* Espatulado o material, preenche-se a moldeira. O excesso será levado, com auxílio de
uma seringa para alginato, a preencher completamente, a região do sulco vestibular.
* A moldeira carregada é introduzida na boca do paciente, em um único movimento
lateral; centralizada em relação ao rebordo, adaptada a este e iniciado o aprofundamento.
Neste momento o operador coloca-se à direita e atrás do paciente (quando da moldagem
da maxila e à frente, quando da moldagem da mandíbula); com os dedos indicador e
médio de ambas as mãos apoiados na moldeira, ao nível de pré-molares, executa o
aprofundamento. Deve-se executar uma pressão suave e uniforme de maneira que o
aprofundamento dê-se pelo escoamento do material de moldagem e não pela pressão
exercida.

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Não se deve empurrar a moldeira contra os rebordos e sim acompanhar o escoamento
do material de moldagem.
* O alginato é um material de presa química. A moldeira deve ser mantida estática, em
posição, até a completa geleificação do material.
* Removemos o molde da boca, rompendo o selamento periférico vestibular. Lava-se,
seca-se e examina-se.
* No exame preliminar procuraremos visualizar todas as estruturas anatômicas da região
moldada; pode-se fazer um exame comparativo olhando a boca e o molde, região por
região.
* Com o auxílio da espátula Le Cron, recortamos os excessos de material da porção
posterior e lateral.


• Falta de material: falhas por falta de material (bolhas de ar), comprometem,
irremediavelmente o molde de alginato.
• Excesso de material: remove-se com espátula Le Cron.
• Insuficiência de detalhes: indica falta de adaptação, espatulação deficiente ou tempo
de trabalho muito longo, permitindo o início da geleificação antes do aprofundamento
do molde. Repete-se a moldagem.

⇒ Não teste o molde de alginato: corre-se o risco de deslocar o material da moldeira.

"Uma corrente não é mais forte do que seu elo mais fraco".
A moldagem anatômica é a base sobre a qual iremos construir todo o nosso trabalho
subsequente.
SCHLOSSER, R. (1942)
ACIDENTES QUE PODEM OCORRER DURANTE A MOLDAGEM

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CAPÍTULO IV

- Modelos para dentaduras completas
- Confecção dos modelos
- Desenho das moldeiras individuais
- Confecção e ajuste das moldeiras individuais



1. Conceito: o modelo para dentaduras vem a ser reprodução, em positivo, do molde
obtido através da moldagem.
2. Importância dos modelos: como há uma série de passos, na confecção das dentaduras,
que não podem ser executados na boca do paciente e como necessitamos relacionar o
nosso trabalho às estruturas bucais, individuais, somos obrigados a moldar essas
estruturas, reproduzi-las, para sobre a reprodução (modelo) e em laboratório, adaptarmos
nosso trabalho àquelas condições anatomo-fisiológicas do caso.
É elementar que o sucesso de nosso trabalho está intimamente relacionado com o cuidado
dispensado a esse passo da confecção de dentaduras.
Por ser, aparentemente, fácil e banal a confecção de modelos, há pouca ou nenhuma
atenção às técnicas de manipulação dos materiais, o que introduz erros que se somarão a
possíveis deficiências dos materiais utilizados, acarretando alterações que podem vir a
condenar um trabalho que, de outro modo, poderia ser bem sucedido.
Sobre esse tema gostaríamos de citar novamente: "Uma corrente não é mais forte que seu
elo mais fraco".
* De nada nos adianta a utilização de materiais de moldagem super-modernos ou de
grande fidelidade se errarmos na confecção do modelo.
* É fundamental darmos ao mais simples passo, a atenção que damos ao mais complexo.

Podemos distinguir em um modelo as seguintes partes:
a) porção útil: consta daquela parte que reproduz a anatomia oral;
b) corpo: é aquela porção que garante o reforço do modelo

3. Divisão dos modelos:
Podemos dividir os modelos em dois grandes grupos, segundo a sua finalidade e suas
características:
a) Modelos anatômicos: (modelos preliminares ou primeiros modelos) ou de estudo
b) Modelos funcionais: (segundo modelo ou modelo definitivo) ou modelos de trabalho

a) Modelos anatômicos: são os modelos obtidos através da moldagem anatômica ou
primeira moldagem. Nos oferecem a cópia primeira, em aspecto panorâmico, das regiões
que podem interessar à confecção da dentadura. Este modelo deverá conter áreas além do
limite necessário à confecção da prótese. Será sobre ele, baseados em sua arquitetura, que
delimitaremos a área chapeável tanto na maxila como na mandíbula.
MODELOS PARA DENTADURAS COMPLETAS

35
Devido a utilizarmos o primeiro modelo para planejar o que será a futura dentadura, os
autores costumam denominá-lo de modelo de estudo.

b) Modelos funcionais - são os modelos obtidos através da moldagem funcional ou
moldagem definitiva. Nos fornecerão a cópia fiel das estruturas de suporte e tecidos
paraprotéticos, que se relacionarão com a futura dentadura. Este modelo reproduzirá,
apenas as áreas que serão recobertas pela base da dentadura. É sobre este modelo que
iremos prensar e polimerizar a base da dentadura, daí ser também conhecido como
modelo de trabalho.

Recapitulando: o primeiro modelo fornecerá uma visão panorâmica da região que
poderemos utilizar. Sobre os modelos de estudo determinaremos os limites da área
necessária (área chapeavel). Por meio de uma moldeira individual, obtemos o molde e o
modelo, detalhado daquela área: é o modelo de trabalho. Sobre o modelo de trabalho será
terminada a dentadura.



Embora seja tarefa relativamente fácil de ser executada, requer cuidados especiais, pois
um bom modelo representa uma garantia de sucesso para nosso trabalho definitivo.
Um erro introduzido no modelo irá ser retratado na base da dentadura terminada
comprometendo, inexoravelmente, nosso trabalho.
Como os modelos anatômicos não serão sujeitos a grandes esforços e portanto, não
necessitam grande resistência, poderão ser confeccionados em gesso comum (gesso
Paris).
Por outro lado os modelos funcionais, que serão a base da dentadura, devem ser
confeccionados em gesso duro, hidrocal (gesso pedra), para obtermos o máximo de
resistência, com um mínimo de alterações dimensionais.

Material necessário
Molde
Gesso e balança para gesso
Medidor de água
Tigela de borracha - espátula para gesso - faca para gesso
Vibrador

* A água é adicionada ao gesso, em uma proporção aproximada de 2/1 (essa proporção
varia com as características do gesso e para os gessos de boa qualidade, é sempre indicada
pelo fabricante). Espatula-se vigorosamente durante cerca de 1 minuto. Leva-se a tigela
ao vibrador para eliminação de bolhas de ar incorporadas à mistura durante a espatulação.
* Atualmente existem espatuladores mecânicos à vácuo que, além de propiciar uma
espatulação homogênea da mistura, retiram qualquer bolha de ar, porventura existente.
* Após a espatulação leva-se o gesso ao centro do molde; com auxílio de uma espátula,
verte-se em pequenas porções, vibrando o molde (em vibrador). Pela vibração o gesso
flui, cobrindo toda a face interna do molde, enquanto o ar é expulso. Adiciona-se
CONFECÇÃO DOS MODELOS

36
paulatinamente, maior quantidade de gesso, tomando o cuidado de não incluir bolhas de
ar que diminuirão a resistência do modelo obtido.
Estando o molde totalmente preenchido, coloca-se o excesso de gesso da tigela sobre o
modelo a fim de aumentar a espessura do corpo do modelo.
Não emborque o modelo vazado - haverá desadaptação interna do gesso à moldagem.
* Com o auxílio da espátula metálica aproxima-se o gesso das bordas do molde, a fim de
proteger essas bordas e dar resistência ao conjunto. Quando do início da presa do gesso,
ainda plástico, retiram-se os excessos com a espátula
* Outro processo consiste em se revestir molde e moldeira com uma lâmina de cera,
conformando uma caixa, que irá receber o gesso. Não haverá necessidade de remoção
de excessos e o trabalho será mais limpo.
* É importante preservarmos as bordas do molde, pois elas nos fornecerão a zona de
selamento periférico. Deverá haver sempre um excesso na largura do modelo, para que
possamos visualizar, perfeitamente, a zona do selamento periférico.
* Aguarda-se a presa do gesso (aproximadamente 30 minutos) e separa-se molde/modelo.
Quando o molde foi obtido com godiva, a separação é feita por imersão do conjunto em
água quente. Não devemos usar água em ebulição, para evitar que a godiva fique super-
plastificada e adira ao modelo. Usamos água à temperatura de plastificação da godiva ou
pouco mais fria. Assim que a godiva plastificar, por tração suave, separamos o molde do
modelo de gesso.
Se o material de moldagem foi alginato, é conveniente aguardar a presa do gesso com o
conjunto molde/modelo vazado, dentro de uma cuba umidificadora. A separação deve ser
feita por tração, em um movimento único, sem necessidade de outros cuidados.
* O modelo é deixado em repouso até a completa evaporação da água, para que sua
superfície atinja a dureza e consistência necessárias à continuação dos trabalhos de
laboratório.



a) Moldeira individual:
"A moldeira individual é a reprodução precisa de toda a zona chapeável dos maxilares,
em três dimensões: comprimento, largura e altura".

Devido à variedade de tamanhos e formas dos rebordos desdentados, bem como as várias
anomalias encontradas, é imprescindível o uso de moldeiras especialmente construídas e
adaptadas para cada caso.
A moldeira individual, será construída sobre o modelo de estudo obtido a partir da
primeira moldagem.

b) Limites das moldeiras individuais: os limites das moldeiras individuais são regidos
pelas noções de área chapeável, tanto para a maxila, como para a mandíbula.
Deve-se tomar especial cuidado quando do desenho das moldeiras: respeitar as bridas e
inserções musculares a fim de que não hajam interferências que causariam a compressão
e conseqüente deformação dos tecidos.
DESENHO DAS MOLDEIRAS INDIVIDUAIS

37
É importante que as bordas da moldeira estendam-se até o limite do fundo de saco
gêngivo-labial e geniano, recobrindo dessa maneira, toda a área passível de fornecer
retenção e suporte para a prótese.

c) Importância: "O objetivo da moldagem consiste, essencialmente, em reproduzir com a
maior exatidão possível, a parte da boca que suportará a dentadura e para que essa
reprodução seja fiel, é necessário que o material de moldagem, desenvolva sobre a parte
a ser moldada, a mesma pressão que desenvolverá a dentadura". (GIETZ, 1960)
Depreende-se desta citação que, com a moldeira de estoque, não poderemos obter os
resultados desejados, uma vez que não teremos espessura uniforme do material de
moldagem. Este fato acarretaria pressões diferentes pelas diferentes possibilidades de
escoamento. Daí a necessidade da confecção de moldeiras individuais que, sendo uma
cópia bastante fiel de toda a área chapeável, nos garante espessura e portanto, pressão
uniforme do material de moldagem sobre os tecidos. Notadamente no que se refere a
moldagem das bordas (zona de selamento periférico).



Há vários métodos e materiais para a construção de moldeiras individuais, desde a
adaptação de moldeiras de estoque metálicas, que serão recortadas e brunidas sobre o
modelo, (método difícil e antieconômico, hoje abandonado) até as moldeiras em resina
acrílica, que são as mais utilizadas atualmente.
Confecção das moldeiras individuais:
1- PLACABASE
2- RESINA ACRÍLICA
3- MISTAS
4- OUTROS TIPOS

1- Moldeiras individuais confeccionadas em placabase: material termoplástico,
apresentado em placas de diversas espessuras, já recortadas, conforme se destinem à
maxila ou mandíbula.
• Sua utilização é simples, bastando aquecimento uniforme para sua plastificação,
quando podem ser adaptadas sobre a superfície do modelo. Pelo resfriamento
espontâneo, tornam-se rijas mantendo a forma em que foram moldadas. É importante
o aquecimento uniforme que permitirá melhor manuseio do material, melhor
capacidade de adaptação e diminuirá as posteriores alterações dimensionais
resultantes de esforços introduzidos no ato da acomodação.
• Após sua perfeita adaptação ao modelo, recortam-se os excessos porventura existentes
obedecendo aos limites da área chapeável feitos sobre o modelo.
• Recomenda-se o uso de um reforço metálico; em fio de metal, adaptado segundo a
maior largura e entre as tuberosidades, para conferir resistência e prevenir alterações
dimensionais.
• As bordas da moldeira terminada devem ser lisas e arredondadas; o contorno de
bridas e inserções musculares amplo, a fim de permitir liberdade de movimentos
CONFECÇÃO E AJUSTE DAS MOLDEIRAS INDIVIDUAIS

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dessas estruturas quando do ato da segunda moldagem. As bordas lisas e
arredondadas permitem melhor escoamento do material de moldagem nessas áreas e
conseqüentemente, maior possibilidade de moldagem da região do fundo de saco e
limite de inserções musculares.
• Pode-se fazer uso de resina acrílica, quimicamente ativada, para o reforço das
moldeiras. Toma-se o cuidado de aplicar uma camada fina de resina para que o
desprendimento de calor, resultante da polimerização da resina, não venha a deformar
a placabase, alterando sua adaptação.

2a- Moldeiras individuais confeccionadas em resina acrílica prensada: as moldeiras
individuais em resina acrílica são fáceis de serem confeccionadas, tem rigidez
satisfatória, sofrem menores alterações dimensionais e quando necessitam de ajustes são
de fácil desgaste.
• Em comparação com a placabase, as moldeiras em resina tem a desvantagem de
necessitar mais tempo para sua confecção; porém, os resultados obtidos compensam
muito, essa desvantagem.
• São confeccionadas adaptando uma lâmina dupla de cera rosa no 7 sobre o modelo de
estudo e recortando no limite da área chapeável. Na região anterior, junto à crista do
rebordo, construi-se um pequeno cabo para facilitar o manuseio da moldeira (há
autores que aconselham a construção de três pontos de apoio, para facilitar o
equilíbrio da pressão de moldagem). Em seguida será incluído em mufla, o conjunto
modelo/moldeira em cera. Após a presa do gesso, abre-se a mufla (procedendo-se a
um aquecimento prévio em "banho-maria" para plastificar a cera) e remove-se a cera
plastificada. Após a remoção de toda a cera, o modelo será isolado utilizando-se um
isolante à base de alginato, tanto na face interna como externa (molde e contra-
molde).
• A resina acrílica é homogeneizada em recipiente apropriado e quando na fase plástica,
condensada na mufla. Prensa-se, e leva-se ao polimerizador (vide fases de
laboratório). Recomenda-se o uso de resina incolor como veremos adiante.
• Após a polimerização: abertura e desinclusão da moldeira; recortam-se os excessos
com pedras montadas para resina e leva-se para polimento.
• O processo será idêntico em suas fases principais, se utilizarmos resina acrílica
ativada quimicamente (RAAQ). Evidentemente após a inclusão e prensagem da
resina, não haverá necessidade de polimerização térmica. Simplesmente aguarda-se
a polimerização química para a demuflagem da moldeira. O resultado final quanto à
estabilidade dimensional é idêntico ao que se obtém com polimerização térmica; de
tal sorte que a RAAQ substitui perfeitamente e com vantagens a resina termicamente
ativada.
NOTA: Visto que as moldeiras prensadas apresentam um alto grau de adaptação, as
áreas retentivas do modelo deverão ser aliviadas para permitir a remoção da moldeira
após a prensagem e para evitar zonas compressivas durante a segunda moldagem. Esse
alívio deve ser executado antes da fase de enceramento, por acréscimo de material, com
gesso do mesmo tipo do modelo, eliminando todas as áreas retentivas ou em que
desejemos alívio.

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2b- Moldeiras individuais confeccionadas em resina acrílica ativada quimicamente e
adaptada: São um termo de compromisso entre as moldeiras em placabase e as moldeiras
em resina prensada.
• Manipula-se a RAAQ que será adaptada, com os dedos, sobre o modelo previamente
isolado. A vantagem principal está relacionada ao pouco tempo despendido no
processo e no fato de não corrermos o risco de danificar o modelo. Entretanto as
alterações dimensionais são inevitáveis, uma vez que é muito difícil obter espessura
uniforme e manter pressão durante a fase de polimerização da resina. Cremos que é a
técnica que exige maior habilidade por parte do profissional.
NOTA: Se houver necessidade de alívios, estes podem ser feitos com cera, diretamente
sobre o modelo, uma vez que não haverá inclusão.

3a- Moldeiras mistas em placabase e resina acrílica: Procura-se a facilidade de
confecção das moldeiras em placabase e a adaptação e resistência da resina acrílica.
• Após a adaptação da lâmina de placabase sobre o modelo (idêntica à adaptação para
moldeira) recorta-se a borda da moldeira em cerca de 2mm. aquém da delimitação
demarcada no modelo (a moldeira será menor do que a área demarcada).
• Prepara-se uma porção de RAAQ que será vertida no interior da moldeira em
placabase, ainda na fase fluida.
• Adapta-se a moldeira sobre o modelo (previamente isolado) pressionando com os
dedos de maneira a promover a moldagem do modelo e o escoamento parcial da
resina pelas bordas da moldeira.
• Mantendo em posição, aguarda-se a fase plástica da resina quando, com auxílio de
uma espátula LeCron recortam-se os excessos, tomando o cuidado de adaptar,
perfeitamente, as bordas em resina ao modelo.
• Após a polimerização acrescenta-se o cabo; remove-se do modelo e procedem-se aos
ajustes por desgaste com pedra montada para resina.
NOTA: Este tipo de moldeira é muito simples e rápida, podendo ser confeccionada em
consultório, sem exigir qualquer tipo de equipamento laboratorial. Apresenta resistência
suficiente e ótima adaptação ao modelo; a resina permite a utilização de materiais
térmicos para moldagem. As bordas em resina são fáceis de recortar e adaptar. Sua
maior desvantagem é não permitir visualização por transparência.

3b- Moldeiras mistas em placabase e resina acrílica, aliviadas: São uma variação
técnica das moldeiras mistas. São indicadas naqueles casos em que se pretende alívio
TOTAL no interior da moldeira, para utilização de elastômeros, em casos de mucosa
flácida, ou técnicas sem compressão.
• Inicia-se a confecção da mesma forma descrita anteriormente: adaptação e
acomodação de uma lâmina de placabase dupla (dialbase), sobre o modelo.
• Recorte da placabase, 2 a 3mm. aquém da delimitação da área basal.
• Adaptação de uma lâmina dupla de cera rosa n° 7 sobre a placabase adaptada ao
modelo, tomando o cuidado de estender a cera sobre toda a área basal demarcada no
modelo (o enceramento ultrapassa a placabase em todos os sentidos e reproduz o
enceramento convencional de uma moldeira).
• Inclusão do conjunto em mufla.

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• Após a presa do gesso, abre-se a mufla removendo a cera, porém mantendo a
placabase adaptada ao modelo.
• Manipulação de uma porção de RAAQ que será entulhada SOBRE a placabase.
Levado o conjunta à prensagem, aguarda-se a polimerização.
• Quando da abertura da mufla, obteremos uma moldeira em resina, prensada, tendo na
sua face interna a placabase. Por aquecimento em água, plastifica-se a placabase que
então será removida.
• O acabamento das bordas é feito de forma convencional.
NOTA: Este tipo de moldeira apresentará um espaço ou alívio interno, uniforme, da
espessura da placabase que foi utilizada. Não apresenta alívio nas bordas o que elimina
a necessidade de moldagem periférica. Presta-se, principalmente, às moldagens com
elastômeros por manter espessura do material, condizente com suas características de
moldagem.

4- Outros tipos: Dentro dessa categoria englobamos as moldeiras à vácuo.
Há, no mercado odontológico, vários equipamentos que utilizam placas de polietileno (ou
similar) que aquecidas e plastificadas, são adaptadas, à vácuo, sobre um modelo. Esses
aparelhos são bastante úteis na confecção de bases de prova, placas miorelaxantes ou
protetoras e, inclusive, moldeiras. O incoveniente desse tipo de moldeira reside na
adaptação apenas razoável ao modelo, bordas pouco adaptadas à região do sulco, baixa
resistência e baixa estabilidade dimensional; principalmente devido ao material
termoplástico. Além do custo do próprio equipamento.

Vistos os principais métodos de construção de moldeiras individuais, passaremos a
estudar o ajuste das moldeiras individuais:

Como foi explicado anteriormente, a moldeira individual tem a finalidade de levar o
material de moldagem em contato íntimo com a fibromucosa, em toda a sua extensão. Por
esse fato, a moldeira individual recobre, apenas, aquelas áreas que foram eleitas como a
base da dentadura. Ela já deve ser planejada e desenhada levando em consideração todos
os fatores necessários para a retenção e estabilidade da prótese total. As suas bordas já
foram confeccionadas tomando o cuidado de contornar as inserções musculares, freios e
bridas. O comprimento deve ser compatível com a tolerância normal do paciente. Porém,
sua delimitação foi feita em laboratório e é possível que, em determinadas situações de
dinâmica, haja interferências tanto musculares como de tecidos moldes. Devemos levá-la
à boca do paciente para, em dinâmica muscular, executar ajustes onde forem necessários.
Daí, a grande vantagem das moldeiras individuais em resina acrílica incolor, que nos
permitem visualizar os tecidos, por transparência e verificar possíveis áreas de
compressão ou distensão, mesmo quando essas áreas encontram-se recobertas pela
própria moldeira.

• Retenção e estabilidade: embora não possamos esperar uma retenção absoluta da
moldeira individual, este fator, por si só, já é uma indicação do grau de adaptação da
moldeira aos tecidos. Quanto à estabilidade, será uma indicação de que não existem
zonas de compressão, notadamente ao nível dos rebordos alveolares. (Quando a

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moldeira for construída em resina acrílica incolor, podemos verificar zonas de
compressão por visualização direta através da resina).
• Delimitação posterior: verificamos se o comprimento da moldeira é suficiente ou se
há sobre-extensão em tecido mole que não deve ser recoberto.
• Delimitação das bordas e contorno: é a região onde há maior necessidade de ajuste
das moldeiras individuais:
* Mantendo a moldeira em posição, pedimos ao paciente que execute movimentos.
Vamos verificar se não há interferência das bordas com os freios (labial e lingual); tecidos
paraprotéticos e músculos. Procuramos, obter um estado de equilíbrio em que não haja
interferência dos tecidos paraprotéticos com a moldeira, em nenhum estado de dinâmica
muscular
* Os ajustes são feitos com o auxílio de pedra montada para resina, desgastando as áreas
ou pontos de interferência. No caso das moldeiras em placabase usamos discos de lixa ou
brocas para vulcanite, tomando o cuidado de obter uma borda arredondada e lisa.
* É necessário lembrar que os ajustes devem ser feitos por remoção de material; sendo a
adição de material difícil e geralmente, de conseqüências imprevisíveis quanto ao
resultado final. Por essa razão recomenda-se o máximo cuidado na delimitação e
confecção das moldeiras individuais.
* Após os ajustes e estando a moldeira em condições, devemos verificar as bordas, re-
polindo se necessário. Então estaremos em condições de passar ao próximo degrau da
confecção das próteses totais, que é a moldagem funcional ou segunda moldagem ou
moldagem definitiva.

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- Conceito de moldagem funcional
- Requisitos fundamentais das dentaduras
- Requisitos físicos das dentaduras artificiais
- Moldagem funcional da maxila
- Moldagem funcional da mandíbula



De posse das moldeiras individuais perfeitamente ajustadas e adaptadas, podemos
proceder à moldagem funcional (ou segunda moldagem ou moldagem definitiva) do
maxilar e da mandíbula.
Devemos, porém, levar em conta uma série de fatores que nos orientarão quando da
obtenção dos moldes.

Quando estudamos a primeira moldagem ou moldagem anatômica, verificamos que o
modelo obtido representa uma visão panorâmica de toda a área da maxila e da mandíbula,
que pode ser aproveitada como base para a construção da prótese. Notamos também, que
foram levados em consideração os movimentos musculares e sua ação sobre os tecidos
paraprotéticos, ao construirmos a moldeira individual.
Por outro lado, quando do ajuste da moldeira individual, procuramos contornar as zonas
de grande movimentação e buscar outras áreas para apoio e retenção.
Temos portanto, uma moldeira individual que contorna e limita regiões móveis e sem
mobilidade.

Às moldagens capazes de conseguir a reprodução de todas essas regiões de maneira a
que possamos, depois, obter seu registro em um modelo, damos o nome de moldagem
funcional e ao modelo obtido, damos o nome de modelo funcional ou modelo definitivo.


Uma moldagem, para poder ser designada como moldagem funcional, deve possuir os
seguintes requisitos:

1- Deve estender-se por toda a superfície aproveitável do maxilar e da mandíbula.
2- Deve apresentar recorte muscular de modo a evitar interferências durante os
movimentos naturais.
3- Deve possuir adaptação periférica que dará como resultado o selamento periférico,
imprescindível à retenção dos aparelhos protéticos.
4- Deve apresentar adaptação perfeita aos tecidos moles e de suporte.
5- Não deve comprimir zonas glandulares ou de emergência de vasos e nervos, para não
influir com problemas de nutrição do tecido ou sensibilidade.

CAPÍTULO V
CONCEITO DE MOLDAGEM FUNCIONAL
REQUISITOS FUNDAMENTAIS DAS DENTADURAS
REQUISITOS DAS MOLDAGENS

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As manobras de moldagens buscam a dois fins:
a) contato intimo entre a superfície interna da dentadura e os tecidos de suporte; fazendo
com que seja reduzida, a um mínimo, a película de saliva interposta (vide “fórmula de
Stanitz”).
b) Obtenção de selamento periférico perfeito, na borda marginal, durante todos os
movimentos da musculatura paraprotética, de maneira que esses tecidos se justaponham
à borda do aparelho, impedindo o rompimento do menisco líquido.

Gostaríamos de citar ALDROVANDI, C. (1960): "A dentadura colocada na boca e em
função, deverá conservar e manter a sua posição correta, suportar bem os diferentes
esforços funcionais a que será submetida, manter a aparência estética e
proporcionar conforto ao seu portador. Ficaria como que "suspensa" e em
equilíbrio entre o maxilar que a suporta, o maxilar aposto, a língua, as bochechas e
os lábios".

Podemos dividir as forças que agem sobre uma prótese total em dois grandes grupos:
1- Forças INTRUSIVAS, geradas pela oclusão equilibrada e que tendem a assentar,
manter, o aparelho protético em posição.
2- Forças EXTRUSIVAS, geradas pelos movimentos mastigatórios e tecidos
paraprotéticos e que tendem a deslocar o aparelho de sua posição.

Os elementos de que nos utilizamos para contrapor a essas forças são três:
RETENÇÃO; SUPORTE e ESTABILIDADE
Basicamente esses elementos são resultantes de tudo o que vimos estudando desde o
começo de nossa digressão.

Retenção: seria a capacidade da prótese de resistir às forças extrusivas, que tendem a
deslocá-la de sua posição.
* A retenção pode ser considerada ativa ou passiva. Vejamos melhor este ponto:
Podemos considerar a retenção como ativa quando ela é conseguida por meio de artifício
de técnica. Seria o aproveitamento da adesão pelo contato intimo da base da prótese à
fibromucosa.
A retenção é considerada passiva quando conseguida pela eliminação dos fatores que
criam as forças de extrusão: recortes musculares, balanceio (ajuste) da oclusão.
* Fatores que determinam a retenção:
Adesão: atração molecular (fibromucosa / saliva / base da prótese) depende do contato
íntimo entre as superfícies; é o que se denomina ADESÃO POR CONTATO. Opõe-se
ao deslocamento vertical da prótese e relaciona-se com a superfície recoberta. É
considerada como fator ativo na retenção.
Uso de artifícios como “câmaras de vácuo”; “válvulas”; “linhas americanas”, etc., é
totalmente contra-indicado pelos problemas de caráter histopatológico envolvidos.

Suporte: depende da capacidade da fibromucosa e do osso alveolar de resistir à pressão
mastigatória. Basicamente, o suporte seria dado pelo tecido ósseo, porém deve se levar
em consideração também a fibromucosa, pois esta sofre alterações concomitantemente ou

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isoladamente ao tecido ósseo, alterando o apoio e conseqüentemente o suporte dos
aparelhos protéticos totais.

Estabilidade: seria a capacidade da dentadura de conservar a sua posição correta durante
o trabalho mastigatório. Está relacionada com a retenção e o suporte: assim podemos
dizer que uma prótese apresenta retenção e suporte mas não tem estabilidade e pode
apresentar estabilidade, embora não apresente retenção satisfatória.
* De um modo geral, notamos que a estabilidade influi na retenção de tal maneira, que
uma prótese sem estabilidade perderá, inexoravelmente, a retenção que porventura
apresente.
* Podemos distinguir dois tipos de estabilidade:
a) Estabilidade horizontal: caracterizada pela capacidade de resistir aos deslocamentos
segundo um plano horizontal. Independe de outros fatores que não o ajuste oclusal (em
dinâmica: curva ântero-posterior e trespasse incisal) e à adaptação aos tecidos.
b) Estabilidade vertical: capacidade de resistir ao deslocamento no sentido vertical. É
obtida pela adesão e fecho periférico (pressão atmosférica.).




"Uma vez que a base do aparelho terminado será a exata reprodução do modelo
funcional, obtido através da moldagem funcional, é necessário que especifiquemos quais
as relações da base do aparelho protético com os tecidos de suporte".

Os elementos que se constituem nos requisitos físicos das dentaduras são:
⇒ Extensão,
⇒ Fecho Periférico,
⇒ Recorte Muscular,
⇒ Compressão,
⇒ Alívio

Como podemos notar, estamos voltando a conceitos já emitidos e estudados
anteriormente, porém, agora vamos encarar tópicos de maneira mais específica e
relacionados, diretamente, com o aparelho protético.

1- Extensão: é determinada pela área que podemos recobrir com a base do aparelho
protético terminado. Os princípios que orientam essa delimitação são:
a) a adesão, e a capacidade de suporte, são proporcionais à superfície coberta.
b) o fecho periférico é mais eficiente quando localizado no sulco gêngivo-labial, que em
qualquer outro ponto.
REQUISITOS FÍSICOS DAS DENTADURAS ARTIFICIAIS

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SAIZAR enuncia a seguinte regra geral: "Uma dentadura completa deve recobrir
tanta superfície do maxilar e tecidos vizinhos quanto seja possível, detendo-se,
justamente, nas áreas onde os movimentos normais e não exagerados dos músculos e
freios fiquem impedidos, ou induzam ao seu deslocamento, ou quando o seu volume
excessivo cause perturbação".

2- Fecho periférico: durante os movimentos normais, impede o rompimento do menisco
líquido, que garante a integridade da película líquida interposta.

3- Recorte muscular: visa a estabelecer a relação entre as bordas da prótese e os tecidos
móveis. Segundo WRIGHT, C.R. e col. (1939), existe uma "zona de tolerância" que
estaria compreendida entre a região de máxima inserção de fibromucosa, portanto imóvel
e a região onde esta apresenta sua máxima mobilidade, iniciando o contorno do fundo de
saco e vestíbulo.

4- Compressão: possibilidade da fibromucosa aceitar esforços sem se ferir nem
traumatizar o tecido ósseo. Depende da direção e distribuição dos esforços.

5- Alívio: artifício utilizado para diminuir, ou mesmo eliminar, os esforços sobre
determinados pontos ou áreas da fibromucosa.

Antes de passarmos ao estudo da moldagem funcional propriamente dita, sugerimos uma
revisão da anatomia protética da maxila e da mandíbula, bem como dos músculos
paraprotéticos. Será de grande valia, durante o ato da moldagem funcional, ter em mente
o que estamos moldando e por que.


Em linhas gerais a tomada de impressões finais é similar, em muitos aspectos, à obtenção
dos moldes anatômicos ou de estudo.
Qualquer que seja a técnica ou o material utilizado, é imprescindível verificarmos se as
moldeiras individuais adaptam-se perfeitamente, à forma dos rebordos alveolares e à
abóbada palatina, se não há nenhuma interferência com inserções musculares, movimento
labial, lingual ou de tecidos moles.
Toda e qualquer correção da moldeira individual deverá ser executada antes de qualquer
manobra de moldagem.
É importante que a moldagem das bordas seja sempre executada em função, em
movimento dinâmico, nunca em estática.
A adaptação nessas áreas depende da exata reprodução das posições ocupadas pelos
tecidos em sua dinâmica.
Dentre os materiais utilizados nessa fase dos trabalhos, destacamos as pastas a base de
óxido de zinco e eugenol.
MOLDAGEM FUNCIONAL:
SEGUNDA MOLDAGEM ou MOLDAGEM DEFINITIVA.

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Atualmente, com a crescente tendência de moldar com pouca pressão (sem compressão)
dá-se preferência ao uso de pastas zincoeugenólicas que, pela sua fluidez e alto
escoamento, permitem grande fidelidade de impressão, sem os inconvenientes de
possíveis distensões de tecido, causadas pela pressão durante a moldagem.
Convém lembramos que existem outros materiais que se prestam para a moldagem
funcional, como as siliconas e mercaptanas, cujas características, como o escoamento,
podem ser alteradas (tipo: "leve", "normal" e "pesado") de acordo com a necessidade do
caso. Esses elastômeros permitem, também, uma película fina de material e em alguns
casos, pequenos consertos com remoldagem. O único inconveniente desses materiais, ao
nosso ver, reside no fato de não permitirem a moldagem da zona de selamento periférico
em moldagens sucessivas e, necessitarem de moldeiras especialmente projetadas. Porém,
queremos deixar claro, que o domínio desses materiais por parte do profissional, bem
como de sua técnica de utilização, podem fornecer resultados muito animadores.

MOLDAGEM FUNCIONAL COM PASTA ZINCOEUGENÓLICA

1 - Posição do paciente e do operador: As posições, tanto do paciente quanto do
operador, na moldagem da maxila e na moldagem da mandíbula, são as mesmas que para
a moldagem preliminar ou moldagem anatômica.

2 - Material e instrumental necessários: Como o material necessário é o mesmo tanto
para a moldagem da maxila como para a moldagem da mandíbula, variando apenas a
moldeira empregada, nos limitaremos a citar um vez o material e instrumental
necessários.
• Pasta zincoeugenólica (em bisnagas);
• Moldeira individual para maxila e/ou mandíbula;
• Placa de vidro ou bloco de papel para espatulação;
• Espátula de aço inox nº 36;
• Espátula Le Cron;
• Cera de baixa fusão;
• Pincel fino;
• Lamparina;
• Lâmpada de Hannau ou similar.

3 - Moldagem funcional da maxila:
* Colocam-se comprimentos iguais das pastas (base e aceleradora) sobre a placa de vidro
e homogeneiza-se, com o auxílio da espátula, tomando o cuidado de misturar as duas
porções de pasta em um único movimento. Espatular durante aproximadamente 1 minuto,
até obter cor uniforme da mistura. Com o auxílio da espátula, leva-se a pasta à moldeira,
espalhando, de maneira uniforme, em toda a superfície interna da moldeira. Procurar
obter uma camada de espessura uniforme recobrindo, inclusive, as bordas da moldeira.
* A moldeira carregada é levada à boca do paciente onde, após a introdução e
centralização, procede-se ao aprofundamento da moldeira.

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* Passando para a posição de moldagem para a maxila (à direita e atrás da cadeira),
apoiam-se os dedos indicador e médio na moldeira executando suave pressão; apenas o
suficiente para que o material escoe, naturalmente, sem esforço.
* É importante que não se faça pressão excessiva sobre a moldeira pois corremos o risco
de aprofundamento exagerado, tocando a fibromucosa com a moldeira, o que iria causar
compressão localizada, com todos os inconvenientes que conhecemos.
* Devido às características do material de moldagem, não devemos executar qualquer
movimento com a moldeira, até que a pasta haja endurecido. Corre-se o risco de causar
alterações ou distorções no molde.
* Mantida a moldeira em posição, firme, até a presa do material de moldagem; remove-se
da boca em um único movimento, tomando o cuidado de, com os dedos, romper o
selamento periférico por distensão dos tecidos.
* Lava-se o molde em água corrente e examina-se com o fito de verificar se todas as áreas
foram perfeitamente moldadas e não houve falta de material (bolha de ar) em algum
ponto do molde. Quando isso ocorrer, com o auxílio da espátula Le Cron, removemos a
porção suspeita e adicionamos nova porção de pasta no local, procedendo a nova
moldagem.
* Recortam-se os excessos de material, que tenham ultrapassado as bordas da moldeira e
leva-se, novamente, à boca para verificar a adaptação e retenção do molde.
* Verificam-se a retenção horizontal e vertical. Tendo preenchido as nossas aspirações
passaremos à moldagem dos tecidos moles, fundo de s aco e selamento
periférico/posterior.
É fundamental que a moldagem das bordas seja executada em função, em movimento
dinâmico, nunca em estática.
A adaptação nessas áreas depende, fundamentalmente, da nossa capacidade em reproduzir
as posições ocupadas pelos tecidos em função; é a região conhecida como "selamento
periférico".
* Com o auxílio de cera de baixa fusão, plastificada em chama, e com o pincel vamos
adicionando cera (pincelando) às bordas do molde. Plastifica-se uma área com auxílio da
lâmpada de Hannau e leva-se à boca. Com o molde em posição, executam-se os
movimentos de lábios e bochechas, tendentes a movimentar os tecidos paraprotéticos
dessa região, com a finalidade de conformar a cera de acordo com as posições relativas
desses tecidos, em dinâmica.
* Repete-se a manobra, região por região, até que tenhamos moldado todo o tecido móvel
que constitui o fundo de saco gêngivo-labial. Por esse processo, conseguiremos um
selamento periférico que se mantém mesmo durante a movimentação do tecido
circunvizinho à prótese.
* Faremos agora, os testes de retenção vertical. Se o selamento periférico se rompe em
determinado ponto podemos acrescentar cera e proceder a nova moldagem daquela área.
É importante que a moldagem das bordas seja executada sempre em função, em
movimento, nunca em estática. A adaptação nessas áreas depende, fundamentalmente, da
exata reprodução das posições ocupadas pelo tecido, em sua dinâmica.
* Verifica-se o selamento posterior tracionando a moldeira, pelo cabo, para frente e para
fora. Se necessário, acrescenta-se cera no limite posterior do molde, levando, com a cera
ainda plástica, em posição, para remoldagem dessa área.

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Convém verificar se não se está invadindo a região do palato mole, o que, não contribui
em nada para aumentar o selamento posterior.
Sempre que for adicionada cera às bordas do molde, esta deverá ser aquecida,
plastificada e levada à boca para nova moldagem.

4 - Moldagem funcional da mandíbula:
Os passos e a técnica são fundamentalmente os mesmos para a moldagem funcional da
mandíbula.
Limitaremos nossa exposição às diferenças existentes:
• posição do paciente - como no caso da moldagem anatômica da mandíbula.
• moldeira individual - para a mandíbula
• espatulação do material de moldagem - mesma técnica, menos material.
• preenchimento da moldeira - idem.
• introdução, centralização e aprofundamento - varia apenas na posição do operador
que agora trabalhara à direita e à frente do paciente. Dedos indicador e médio de
ambas as mãos apoiados na moldeira e polegares apoiados no mento do paciente.
* Manter a moldeira firmemente em posição.
* No caso da moldagem funcional da mandíbula é interessante moldarmos o assoalho da
boca em sua posição mais alta. Para tanto pedimos ao paciente que movimente a língua
colocando-a sucessivamente, para fora em toda a sua extensão; para fora e para a direita;
para fora e para a esquerda e finalmente, a ponta da língua tocando o palato em sua
porção mais posterior. Durante todas essa manobras devemos manter a moldeira firme em
sua posição.
* Após a presa do material de moldagem, removemos o molde da boca, lavamos e
examinamos. Recortam-se os excessos e procede-se aos testes de retenção: horizontal e
vertical.
* Se o molde satisfaz as exigências de retenção e estabilidade procede-se à moldagem das
bordas para a obtenção do selamento periférico.
* No caso da moldagem mandibular é de especial importância o selamento periférico
lingual, dada a grande mobilidade dessa região. Procede-se da mesma maneira que para a
moldagem funcional da maxila, acrescentando cera e pedindo ao paciente que execute
movimentos com a língua, lábios e bochechas, sempre, área por área e em moldagens
sucessivas.
Aprovado nos testes, o molde estará pronto para a confecção do modelo funcional, ou
modelo de trabalho ou modelo definitivo.

Um molde, para ser considerado moldagem funcional, deve apresentar alguns requisitos,
quais sejam:
• Deve estender-se por TODA A SUPERFÍCIE aproveitável do maxilar ou da
mandíbula.
• Não deve comprimir zonas glandulares ou de emergência de vasos e nervos.
• O molde obtido, deve apresentar RECORTE MUSCULAR de modo a evitar
interferências durante os movimentos naturais da musculatura.
• Deve apresentar ADAPTAÇÃO PERIFÉRICA, que resultará no "selamento periférico"
imprescindível para a retenção do aparelho.

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MOLDAGEM FUNCIONAL COM ELASTÔMEROS:

1 - Posição do paciente e do operador: As posições, tanto do paciente quanto do
operador, na moldagem da maxila e na moldagem da mandíbula, são as mesmas que para
a moldagem preliminar ou moldagem anatômica.

2 - Material e instrumental necessários: Como o material necessário é o mesmo tanto
para a moldagem da maxila como para a moldagem da mandíbula, variando apenas a
moldeira empregada, nos limitaremos a citar um vez o material e instrumental
necessários.
• Silicona ou Mercaptana (tipo leve) + adesivo;
• Moldeira individual para maxila e/ou mandíbula;
• Placa de vidro ou bloco de papel para espatulação;
• Espátula de aço inox nº 36;
• Espátula Le Cron;
• Godiva em bastão (verde);
• Lamparina;
• Lâmpada de Hannau ou similar.

Tanto as SILICONAS como as MERCAPTANAS são apresent adas em várias
composições de fluidez e escoamento, de forma a nos permitir selecionar aquela que
mais se adapte a cada caso.
É característico desses materiais, uma espessura mínima para escoamento e
polimerização, envolvendo a necessidade de moldeiras especiais.
Assim é que sempre utilizaremos moldeiras em resina acrílica, preferencialmente,
prensada.

3 - Moldagem funcional da maxila e/ou mandíbula:
⇒ Vamos nos restringir a abordar os passos que se diferenciam de uma técnica para
outra.
Quando nos utilizamos de siliconas ou mercaptanas, como material de moldagem
funcional, a moldagem das bordas (selamento periférico), será executada antes da
moldagem do corpo ou base.
* Com o auxílio da lamparina, plastificamos a godiva em bastão, que será aplicada sobre
a borda da moldeira. É recomendável aplicar a godiva por partes (lado direito, p.ex.) para
melhor controle das manobras de moldagem.
* Com a lâmpada de Hannau, replastifica-se a godiva aplicada à moldeira, tomando
cuidado com o superaquecimento (cuidado para não queimar o paciente!).
* A moldeira será levada à boca, quando se executam todos os movimentos dos tecidos
paraprotéticos naquela área. Com auxílio da espátula Le Cron, recortam-se os excessos de
godiva que tenham escoado para a zona secundária de suporte. Repete-se a manobra de
moldagem, a fim de obter uma borda uniforme.

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* Examina-se com atenção: a moldagem da borda deve se apresentar lisa e arredondada,
com o forma do sulco.
* Repete-se a manobra, para as outras regiões a serem moldadas, até contornar a
totalidade da moldeira.
⇒ Julgando satisfatória a moldagem das bordas, passaremos à moldagem do corpo.
* Aplica-se o adesivo (próprio do material que está sendo utilizado), tanto na face interna,
quanto nas bordas da moldeira.
* O material de moldagem é manipulado e carregado na moldeira.
⇒ A seqüência de passos é repetitiva em relação às outras técnicas já abordadas.
* Pequenas falhas, que não comprometam a estabilidade do molde, podem ser corrigidas,
acrescentando nova camada de material de moldagem sobre toda a superfície de
moldagem.
* A remoldagem será feita sem pressão, para evitar a deformação do material base (não
esquecer que estamos trabalhando com materiais elásticos).
⇒ Não é possível remoldar a região de selamento periférico. Falhas nessa área,
comprometem a totalidade do molde.
* Aprovado nos testes, o molde estará pronto para a confecção do modelo funcional, ou
modelo de trabalho ou modelo definitivo.

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- Bases de prova
- Confecção das bases de prova
- Registros prévios necessários à confecção da prótese
- Dimensão vertical
- Planos de orientação
- Relação Central
- Métodos de registro da relação central.

INTRODUÇÃO

De posse dos moldes, tanto maxilar como mandibular, nossa preocupação será obter, no
menor espaço de tempo possível, os modelos em gesso. Uma vez que será sobre esses
modelos que iremos construir a prótese, devemos utilizar gessos especiais, de alta dureza
e mínima, ou nenhuma, alteração dimensional.
Os gessos para tal finalidade são denominados de gessos "pedra" (os fabricantes
americanos costumam usar o sufixo "stone", pedra em português, como indicativo da
finalidade do gesso).

Obtido a partir de um molde "funcional", deverá conter toas as características e
acidentes anatômicos que serão reproduzidas pela dentadura.
Da fidelidade do modelo funcional, depende o sucesso ou insucesso de nosso trabalho.

A técnica de obtenção dos modelos é mesma descrita para a obtenção do "modelo de
estudo" (vide Capítulo IV), apenas relembrando que o gesso a ser utilizado será o gesso
pedra. O modelo obtido será designado, por força de sua função: MODELO DE
TRABALHO ou segundo modelo ou modelo definitivo, dando-se preferência à primeira
denominação.

O modelo vazado deve ser deixado em repouso até a completa cristalização do gesso e
evaporação da água. Dessa forma sua superfície atingirá a máxima dureza e
consistência necessárias a continuação dos trabalhos de laboratório.

⇒ No caso de pasta ZOE, a separação molde/modelo é feita por imersão em água quente,
durante cerca de 5 minutos; a pasta zincoeugenólica amolecerá e a remoção torna-se
simples. O aquecimento excessivo ou prolongado pode acarretar a adesão da pasta ao
gesso o que dificulta, enormemente a sua remoção.
⇒ Quando o material utilizado foi silicona ou mercaptana, a separação é feita por tração
simples.

CAPÍTULO VI

52



Conceito:
A base de prova (chapa de prova) é a base provisória de uma dentadura, preparada
sobre o modelo de trabalho, com material adequado e que permite a realização de todas
as operações prévias para a confecção de uma prótese total, sem se deformar ou romper.

Materiais utilizados:
Os materiais utilizados na construção da base de prova são:
• PLACABASE. - grossa
- fina
• RESINA Acrílica. - quimicamente ativada
- termicamente ativada
• MATERIAIS TERMOPLÁSTICOS

Vantagens e desvantagens:
Quanto à placabase, sua principal vantagem reside na facilidade de trabalho e rapidez.
Sua desvantagem refere-se à instabilidade dimensional, notadamente sob influência do
calor; sua fragilidade e dificuldade em se obter um ajustamento realmente perfeito ao
modelo. Esta observação é válida também para os materiais termoplásticos em geral.
Quanto à resina acrílica, suas vantagens são: a maior estabilidade dimensional,
resistência maior aos choque e variações de temperatura e ao alto grau de ajuste que
pode ser obtido. As desvantagens da resina dizem respeito a mais maior dificuldade de
trabalho.



Material necessário:
modelo de trabalho
♦ placabase
♦ espátula Le Cron.
♦ alicate e tesoura
♦ fio de arame
♦ limas ou broca para vulcanite
⇒ lâmpada de Hannau ou similar
• isolante para resina
• pincel de tamanho médio
• resina acrílica
• pote para resina
• espátula para cera
• 2 lâminas cera rosa nº 7
• mufla
• gesso
BASES DE PROVA
CONFECÇÃO DAS BASE DE PROVA .

53
• espátula p/gesso
tigela de borracha
Técnica de confecção:

Placabase-
* A técnica de confecção é idêntica daquela para moldeiras individuais. Convêm
relembrar também aqui, que não se adapta cabo em chapa de prova

Resina acrílica prensada-
* Adaptação de uma lâmina de cera rosa no7, sobre toda a área chapeável do modelo (já
perfeitamente delimitada quando da moldagem funcional), seguindo a mesma técnica
empregada na confecção de moldeiras individuais em resina acrílica. Evidentemente aqui
não construímos um cabo!
* Como vamos continuar utilizando o modelo até o fim de nosso trabalho, é interessante
que este seja duplicado. Dessa forma não corremos o risco de danificá-lo ou perdê-lo
quando da prensagem da chapa de prova
* Para maior facilidade de trabalho e maior rapidez, poderemos nos utilizar de resina
acrílica quimicamente ativada, que é prensada (em mufla) durante cerca de 15 minutos.
Assim economizamos o tempo necessário à polimerização térmica.

Resina acrílica adaptada-
* Seguem-se os mesmos passos da confecção da moldeira individual. É muito utilizada
pela facilidade de construção e por não correr risco de danificar o modelo. Quando são
necessários alívios, estes podem ser feitos com cera e protegem o modelo.
.
Materiais termoplásticos-
* Sob esse título englobamos as “placas de polietileno” que vieram substituir a placa base
convencional. Trata-se de placas plásticas, termoplásticas, de espessura fina ou média,
transparentes ou leitosas, que são adaptadas à vácuo, sobre o modelo. Seu uso tem se
tornado corriqueiro, pela facilidade e rapidez de confecção.
* Necessitam equipamento específico (sistema de aquecimento e vácuo).

A BASE DE PROVA, INDEPENDENTEMENTE DO MATERIAL E TÉ CNICA DE
CONFECÇÃO, TEM COMO SUA PRINCIPAL FINALIDADE: PERMITIR O
REGISTRO DAS RELAÇÕES MAXILO-MANDIBULARES, NA BOCA DO
PACIENTE E TRANSFERIR ESSES REGISTROS PARA UM INSTR UMENTO
DE LABORATÓRIO.

As relações maxilo-mandibulares de interesse protético , compõe os:


Sob este título iremos estudar:
Dimensão vertical.
REGISTROS PRÉVIOS À CONFECÇÃO DE PRÓTESE TOTAIS
MUCOSUPORTADAS

54
Planos de orientação.
Relação Central.
Todo nosso trabalho localiza-se em uma região da face do paciente denominada:
REGIÃO PROTÉTICA que compreende o terço inferior da face do paciente.
A plenitude da harmonia facial prende-se à reconstituição do terço inferior da face por
meio da prótese.

A determinação da Dimensão Vertical prende-se à localização da posição natural da
mandíbula em relação à maxila e segundo um plano vertical da face.

A Relação Central trata da localização da mandíbula em relação à maxila, nos planos
ântero-posterior e latero-lateral.

Planos de orientação são o conjunto formado pelas bases de prova e roletes de cera, que
irão receber os registros prévios à confecção da prótese

Por esses conceitos verificamos a necessidade de se localizar a mandíbula em relação à
maxila, segundo os três eixos ou planos do espaço.



Denominamos Dimensão Vertical ao espaço inter-maxilar, em um indivíduo, para
determinada posição da mandíbula, segundo o plano vertical.
Conclui-se que há tantas dimensões verticais quanto as posições que mandíbula ocupa,
em relação à maxila, segundo um plano vertical.
Partindo do princípio que estamos construindo uma prótese total, portanto na ausência de
dentes naturais, iremos determinar, dentro da variação ampla existente no espaço inter-
maxilar, quanto desse espaço será ocupado pelos dentes artificiais e base da prótese. Para
visualizar o problema, imaginemos que o paciente apresenta uma variação de espaço
inter-maxilar, desde o contato dos rebordos alveolares até a abertura máxima, de 5cm.
Antes da perda dos dentes a variação desse espaço não era de 5cm., mas sim dessa
medida menos a longitude somada das coroas dentais. Por outro lado, devemos levar em
consideração, que durante o tempo que mediou entre a avulsão dos dentes e a confecção
da nova prótese, houve reabsorção óssea alveolar, em maior ou menor intensidade. O que
ocorre, em realidade, não é o fato do paciente abrir mais a boca; ele fecha mais. Em
outras palavras, a mandíbula ultrapassa aquela posição onde haveria os contatos dentais
(dos dentes naturais) e continua em sua trajetória até o contato dos rebordos alveolares ou
dos dentes artificiais da prótese.
Havendo tantas dimensões verticais quanto as posições que a mandíbula possa assumir
no plano vertical, podemos relacionar uma determinada DIMENSÃO VERTICAL a um
determinado ESPAÇO INTER-MAXILAR, ou ESPAÇO INTEROCLUSAL.
Compreendemos que será necessário determinar em que ponto (ou em que Dimensão
Vertical) deverá haver o contato dos dentes artificiais; onde vamos limitar o fechamento.
Como não temos um padrão que englobe todos os indivíduos, mesmo por que as
DIMENSÃO VERTICAL

55
variações são amplas, lançamos mão de medidas de posições de equilíbrio muscular onde
não haja variações em um mesmo indivíduo embora, variem de indivíduo para indivíduo.
Assim sendo, baseados na Fisiologia, sabemos que existe um estado (uma posição) em
que os músculos elevadores e abaixadores da mandíbula se encontram em equilíbrio.
Quando nessa situação diz-se que os músculos estão em "tonus".

Quando os músculos elevadores e abaixadores da mandíbula, encontram-se relaxados e
em equilíbrio, diz-se que estão em relação de TONUS MUSCULAR.
Essa é uma situação fisiológica, que confere uma localização definida para a mandíbula,
para uma determinada posição da cabeça.

O tonus muscular manteria a mandíbula em equilíbrio, em uma determinada posição em
relação a maxila, posição essa de mínimo esforço muscular, em que a contração dos
músculos elevadores compensa a contração dos músculos abaixadores e o peso da
mandíbula.. A essa posição denominamos POSIÇÃO DE REPOUSO DA
MANDÍBULA. À medida dessa posição em relação à maxila chamamos de
DIMENSÃO VERTICAL DE REPOUSO . À situação neuromuscular dos músculos
mastigadores denominamos CONDIÇÃO POSTURAL DA MANDÍBULA .

Notem que não damos três nomes à mesma coisa.
Dimensão vertical de repouso (de agora em diante DVR) diz respeito a uma medida em
relação à maxila e segundo um plano vertical.
Posição de repouso da mandíbula diz respeito à sua posição espacial derivada do tonus
muscular.
Condição ou posição postural da mandíbula, diz respeito à sua situação com respeito a
atividade neuromuscular, articulações e esqueleto da face.

Como vimos anteriormente, procuramos localizar, quando e onde os dentes artificiais
devem se tocar, durante o arco de fechamento mandibular. Essa posição foi perdida
quando da avulsão dos dentes naturais. A subsequente reabsorção óssea alveolar alterou
de tal forma os rebordos que qualquer medida torna-se totalmente arbitrária.
Para NISWONGER(1934) & GILLIS(1941), a verdadeira dimensão vertical da face
existe quando os dentes estão separados e a mandíbula encontra-se em POSIÇÃO DE
REPOUSO.

SICHER(1954/65); BRODIE(1941) & THOMPSON (1946), concordam:
"apenas severa patologia, trismus muscular extremo ou diminuição geral do tonus
muscular, podem ocasionar alterações na posição de repouso normal".

MOYERS, (1946/50/56); PRUZANSKY, (1952); CARLSOO, (1952);
PERRY JR. & HARRIS, (1954); PERRY JR., (1955);
SCHUPUNTOFF & SCHPUNTOFF, (1956): demonstram que a posição de repouso ou
equilíbrio mandibular é determinada somente pelos reflexos musculares e altamente
resistente às alterações que ocorrem ao nível dos dentes.

56
RICKETTS, (1956): relata a função do sistema proprioceptivo (ATM, membrana
periodontal e periósteo) como elementos coadjuvantes, no estabelecimento e manutenção
da posição de repouso mandibular.
Para HEARTWELL JR.(1977):
"A posição de repouso é estável e não pode ser alterada permanentemente por
tratamentos protéticos".

A Fisiologia nos fornece uma informação importantíssima: o conceito de ESPAÇO
FUNCIONAL LIVRE (ou Espaço Interoclusal). Vamos estudar sua importância e
veremos como essa noção pode resolver nosso impasse.
Vamos analisar o indivíduo dentado: Notamos que quando a mandíbula está na posição
de DVR os dentes antagonistas não se tocam. Quando se inicia a atividade muscular, a
mandíbula se movimenta para cima, percorre esse espaço e há o contato dos dentes
antagonistas. Após a dinâmica, há um retorno à posição de repouso e, novamente
presenciamos um espaço entre os dentes. Ao espaço presente entre os dentes
antagonistas, quando a mandíbula está em repouso denominamos: ESPAÇO
FUNCIONAL LIVRE.
O espaço funcional livre mede, na altura dos incisivos, 1 a 5 mm. Segundo LANDA a
média desse espaço é da ordem de 3,3 mm.
Estamos de posse de dois conceitos que vamos utilizar: os conceitos de DVR e de Espaço
Funcional Livre (EFL).
O nosso problema é determinar em que posição da DVO os dentes se tocarão, enfim
quando os dentes entram em OCLUSÃO. Por outras palavras, queremos determinar uma
medida da altura das coroas dos dentes artificiais mais a espessura das bases das
dentaduras.
Queremos saber qual é a DIMENSÃO VERTICAL DE OCLUSÃO do paciente.

Denomina-se DIMENSÃO VERTICAL de OCLUSÃO à relação maxilomandibular,
segundo o plano vertical, quando há o contato entre os dentes antagonistas.
Como sabemos que a DVR prende-se exclusivamente ao tonus muscular e portanto
independe da presença de dentes, se medirmos a relação inter-maxilar nessa situação e
levando em conta que entre a posição de DVR e a posição de DVO existe um espaço
denominado Espaço Funcional Livre (que mede cerca de 3 mm); diminuindo da medida
obtida da DVR, a medida do EFL, obteremos a medida da DVO.
Equacionando: DVR - EFL = DVO + EFL = DVR
Evidentemente podem ocorrer variações no tonus muscular de um paciente com o correr
do tempo. Essas variações de tonicidade muscular podem vir a afetar tanto o EFL quanto
(e como conseqüência) a DVR. O valor que utilizamos, relativo ao EFL também é uma
média (portanto arbitrária). A determinação desse espaço tem sido objeto de inúmeras
pesquisas, envolvendo eletromiografia dos músculos elevadores e abaixadores da
mandíbula; no entanto carecem de praticidade para sua utilização na clínica. Porém com
as informações que poderemos obter e baseados nessas noções poderemos determinar,
"in-loco" e por meio de uma série de testes a melhor posição para cada caso, naquele
momento.

57
"Apenas a musculatura com seu padrão de crescimento, em conjunto com o padrão de
crescimento esquelético, pode ser responsabilizada pela manutenção da posição
mandibular".
Conclui-se, das investigações de BRODIE & SARNAT, (1942): que os músculos
inseridos na mandíbula e não os dentes, determinam a posição mandibular.

a. Determinação da Dimensão Vertical.
THOMPSON (1946) realizou uma série de medidas faciais em pacientes, levando em
consideração o desenvolvimento da face desde o nascimento até a idade adulta. De seus
trabalhos conclui-se que:

⇒ A DVR é imutável e independe da presença de dentes.
⇒ A DVO instala-se aos 3 meses de vida.

Posteriormente DUNCAM e WILLIAMS, com auxílio de RX, procuram demonstrar que
com a perda dos dentes há uma variação na DVR. Segundo esses autores a DVR de um
indivíduo desdentado é menor que quando dentado.
Atualmente levamos em consideração os fatores fundamentais da articulação
temporomandibular, suas relações intrínsecas e o conjunto ATM/mandíbula/dentes.

Consideramos que a DVR é imutável em determinada faixa da vida do paciente embora
possa sofrer alteração durante toda a vida do paciente.

Prefere-se o conceito de Condição Postural da Mandíbula ao de DVR embora, para nossa
finalidade e com os recursos de que podemos dispor, a utilização da DVR nos seja útil e
propicie meios práticos (embora um tanto empíricos) de trabalho.

THOMPSON (1946):
"Tem sido aceito, por muitos anos, que o relacionamento da mandíbula com a maxila é
inteiramente dependente do entrosamento dos dentes em oclusão (sic). O efeito desses
ensinamentos resulta na aceitação universal de que os dentes contribuem para o
comprimento da face."


b. Métodos de determinação da DVR

O registro da DV compreende:
1. aspecto estético;
2. conforto fonético - fonemas bilabiais, labiodentais e palatolabiais;
3. capacidade funcional da PT.;
4. conservação do osso de sustentação;
5. integridade das ATM

KLEIN, P. (1962)

58
Podemos dividir as várias técnicas de determinação da DV em dois grupos principais:

1o grupo: determinação do DVO diretamente.
2o grupo: determinação da DVR e a partir desta, a DVO.

Dentro do 1o grupo podemos citar os métodos:
• Método de BOOS ou da potência muscular.
• Método de MONSON ou da deglutição.
• Método da máscara facial (ainda com dentes).

Dentro do 2
o
grupo citaremos:
• Método do compasso de WILLIS ou da harmonia facial.
• Método fotográfico de WRIGHT (medidas fotográficos).
• Método de paralelismo dos rebordos de SEARS.
• Método da aparência facial ou de FOX.
• Método do repouso muscular de GERSON MARTINS.
• Método proporcional de BRODIE THOMPSON.
• Método fonético de SILVERMAN.

Infelizmente não podemos recomendar um método de determinação da DV. como método
único. Todos os métodos têm suas falhas e baseiam-se, ou em uma observação
estritamente pessoal por parte do profissional (portanto podendo variar de profissional
para profissional), ou em medidas obtidas, usando referências altamente variáveis sobre a
pele do paciente e assim, sujeitas a variações.
Entretanto, como há necessidade da determinação da DVO para o paciente desprovido de
dentes, cremos ser de bom alvitre a utilização de mais de um método, de maneira a
obtermos uma média, que seja a mais próxima possível da realidade individual.

Após este rápido apanhado a respeito da Dimensão Vertical, notamos a necessidade de
um recurso de técnica, para que possamos transportar essas medidas, do paciente para o
laboratório, a fim de dar prosseguimento ao trabalho protético.



De posse dos modelos e das bases de prova, corretamente adaptadas, lançamos mãos de
um recurso técnico, para transferir as relações maxilo-mandibulares do paciente, para um
articulador. Para tal utilizamos arcos em cera, montados sobre as bases de prova, que irão
figurar os futuros arcos dentais da prótese. A esses arcos em cera damos o nome de
planos de orientação uma vez que será através deles que podemos visualizar o
comportamento estético e funcional da prótese e neles serão registradas a DVO e a RC do
paciente.

Planos de Orientação: A denominação de "Planos de Orientação" deve-se a HANNAU.
PLANOS DE ORIENTAÇÃO

59
São constituídos pelo conjunto da chapa de prova e um arco de cera. Destinam-se a
registrar os dados referentes às relações maxilo-mandibulares, necessários a confecção
das próteses totais mucosuportadas:
1. Dimensão vertical de oclusão;
2. Forma do arco dental;
3. Limite vestibular do arco dental - linhas de referência;
4. Curva de compensação ântero-posterior e vestíbulo-lingual;
5. Relação Central.

Confecção do rolete de cera (material necessário):
• 3 lâminas de cera rosa no 7.
• Espátula Le Cron
• Espátula para cera no 31
• Lâmpada de Hannau ou similar
• Vaselina sólida

(técnica de confecção: vide laboratório)
* Plastificação de 1 lâmina de cera sobre a chama / dobrar a lâmina em "sanfona" /
obtenção de um rolete de cera plástica / dobrar o rolete ao meio para aumentar a
espessura e diminuir o comprimento / adaptação do rolete sobre a região do rebordo, na
chapa de prova, dando a forma aproximada de um arco dental / fixação do rolete à
chapa de prova por meio de cera fundida / ajuste do rolete, na sua porção oclusal,
anterior e posterior, esboçando uma curva ântero-posterior (curva de SPEE).

Ajuste do plano de cera:
Confeccionado o plano de cera e levado a boca do paciente verificaremos:

1 - Plano horizontal
• Orientamo-nos pelo plano de CAMPER, a altura do arco, na região anterior, deve
exceder o tubérculo do lábio em 2 mm.
• Por posterior, dá-se uma inclinação arbitrária orientando a curva ântero-posterior em
direção ao conduto auditivo do paciente. Obteremos uma curva totalmente arbitraria
cuja única função será facilitar os desgastes posteriores.

2 - Parede vestibular e palatina
• Recortada e alisada com espátula procura-se a melhor estética possível; levantamento
de rugas ou sulcos (notadamente o sulco nasolabial), levantamento do lábio e
reconstituição do perfil estético do paciente.

3 - Plano de cera mandibular
• O ajuste do plano de cera mandibular será feito em concordância com o plano maxilar.
Procura-se um contato constante em toda a extensão, entre ambos planos de cera.

60



Histórico:
BONWILL descreveu a disposição dos dentes naturais em uma curva a que deu o nome
de "curva vertical". Notou, por outro lado, um grande incremento na
estabilidade das dentaduras quando era seguida essa disposição na montagem
dos dentes artificiais.
SPEE relaciona a curva ântero-posterior do arco dental com a inclinação da cavidade
glenoidea. A curva ântero-posterior do arco dental leva o nome de "Curva de
Spee".
GYSI descreve a presença de outra curva, no sentido vestíbulo lingual.
MONSON, estudando arcos dentais, verifica a existência de uma curva orientada no
sentido vestíbulo bucal, cuja projeção daria a imagem de uma calota de esfera
com sua concavidade voltada para cima.
AVERY, PLEASURE, estudaram a curva vestíbulo lingual e concluíram da não
existência dessa curva, uma vez que determinaram uma outra curva, com
inclinação para vestibular, que recebeu o nome de curva "anti-Monson" ou
curva de Avery.
GRATY, estudando a curva de compensação notou que, tanto MONSON como AVERY
estavam certos, pois encontrou ambas as curvas em pacientes, bem como
inclinações muito próximas a zero.
MONSON faz notar a interrelação entre as curva vestíbulo-lingual e ântero-posterior,
com as trajetórias mandibulares.
Denomina-se de "curva positiva” a curva de Monson: "curva negativa a curva de Avery”
e "curva neutra ou curva zero” a plana.

Dos estudos desse autores verificou-se que, durante o movimento de projeção da
mandíbula, há um deslocamento dos côndilos dentro da cavidade glenóide, pela sua
vertente anterior, para frente e para baixo (movimento de BONWILL). Se não existir a
curva ântero-posterior haverá a perda de contato dos dentes na região posterior.

Quem primeiro observou esse fenômeno foi CHRISTENSEN, donde ser conhecido como
"fenômeno de Christensen".

A curva individual de compensação (seja qual for seu ângulo) está em intimamente
relacionada com as inclinações das paredes internas da cavidade glenóide, forma dos
côndilos e amplitude do "movimento de BENNETT".

Há, basicamente, dois métodos para a obtenção da curva individual de compensação:
1 - Método mecânico
2 - Método fisiológico

1 - Método mecânico: Como o próprio nome diz, baseia-se na utilização de um
instrumento, no caso um articulador, com inclinações das guias condilares pré-fixadas em
CURVA INDIVIDUAL DE COMPENSAÇÃO

61
33
o
(inclinação da trajetória sagital), e 15° para o ângulo de Bennett, para a montagem
dos planos de cera e dos dentes. Esse método foi desenvolvido por GYSI e preconizado
WALKER e HANNAU.

2 - Método fisiológico, Introduzido por PATERSON (1923): Essa técnica utiliza os
planos de cera, colocados em posição na boca do paciente e recobertos em suas
superfícies de contato com uma mistura abrasiva. Solicita-se, ao paciente, que execute
todos os movimentos de lateralidade e propulsão, com os roletes em íntimo contato.
Haverá um desgaste das superfícies dos roletes em contato, desgaste que nos fornecerá
uma curva ântero-posterior e outra curva vestíbulo-bucal. O movimento
(conseqüentemente o desgaste) continua até atingir a DVO. própria do paciente. Por este
método obteremos as curvas individuais do paciente, que segundo o autor, são a
realização material das diversas posições mandibulares no espaço.

Obtenção da curva individual de compensação:

Adaptados os planos de cera iniciam-se os desgastes até o ponto de DVO. Mede-se a
DVO pelo método de Willis e verificar-se a correção dessa medida pelo método fonético
e pelo método da deglutição.

Obtida a DVO solicita-se ao paciente que pronuncie palavras sibilantes ao mesmo tempo
que se observa a presença do EFL. e a correta emissão do som.
Após este teste pede-se que o paciente execute uma série de deglutições para verificarmos
a oclusão dinâmica (durante a deglutição) e a posição de repouso (imediatamente após);
procuraremos verificar também a presença do EFL e sua medida.
Há uma série de outros métodos de determinação da DVO e sugerimos uma excursão aos
livros didáticos.
Entre os métodos de determinação da DV. gostaríamos de citar o método de SILVERMAN
que se baseia na obtenção de uma média de medidas da posição mandibular após uma
série de deglutições. Tomamos dois pontos de referência: um na face do paciente e outro
na mandíbula e pedimos uma série contínua de deglutições. Medindo a distância entre os
dois pontos, após cada deglutição, notaremos uma maior incidência de medida. A essa
medida cuja incidência foi maior, atribuímos a DVR pois coincidiria com a condição
postural da mandíbula.

Como dissemos anteriormente, julgamos conveniente a utilização de mais de um método
de determinação da DVO, ou melhor dizendo, cremos ser conveniente o uso de um
verdadeiro "conjugado" de métodos.

Achamos interessante uma pequena discussão destes métodos:

É nossa filosofia de trabalho, tentar harmonizar a posição dos dentes das próteses totais;
a inclinação de suas superfícies oclusais e vertentes, com as inclinações próprias da
ATM de cada paciente, bem com sua condição neuromuscular.

62
Cremos ser possível obter um relacionamento bastante aceitável dessas estruturas, nos
utilizando do método de PATERSON, embora, por esse método, só obtenhamos a
inclinação ântero-posterior e vestíbulo-bucal da plataforma oclusal como um todo.
Não podemos nos furtar à idéia de que a plataforma oclusal é, por sua vez composta de
cúspides e sulcos que se realizam em vertentes.
Pelo método de PATERSON não poderemos calcular quais as inclinações corretas das
vertentes que compõe as superfícies oclusais.
Por outro lado, o método mecânico de GYSI, como foi exposto, também nos parece
insuficiente, pois baseia-se em uma média de medidas.
A solução, a nosso ver seria dada pela possibilidade de trabalho de cada profissional. Se
podemos nos utilizar de um articulador ajustável (vide ARTICULADORES) poderemos
nos basear no instrumento para executar os ajustes oclusais "In vitro".




ROBINSON afirma que o conceito de relação central, em prótese total, é vago não
havendo coincidência entre os vários autores.
WALKER nos fornece dois conceitos distintos de relação central:
a. Fisiológico onde leva-se em consideração a dinâmica neuromuscular.
b. Mecânico que diria respeito à posição ocupada pelos côndilos no interior das cavidades
glenóides.

A "Academia de Prótese Dental Americana” define a relação central com a posição mais
retrusiva e não forçada ocupada pelo côndilos na cavidade glenoidea e a partir da qual
a mandíbula pode descrever os movimentos de abertura e lateralidade livremente.

A Relação Cêntrica tem sido definida como:
"A relação mais posterior da mandíbula a partir da qual os movimentos laterais podem
ser executados". Isto parece ser um jogo de palavras desnecessário porque uma relação
retrusiva da mandíbula à partir da qual os movimentos laterais NÃO possam ser
executados, nunca foi vista por este autor em quarenta anos de observação".

DOWN, B.H. (1964)

Como vimos anteriormente, ao estudarmos a Dimensão Vertical, é nosso intuito
posicionar a mandíbula em relação à maxila. A localização da mandíbula, segundo o
plano vertical, é feita utilizando os conceitos já expressos de Dimensão Vertical. A
localização e conseqüente posicionamento no plano horizontal será conseguido por meio
dos métodos e conceitos relativos à Relação Central.
Sendo a mandíbula um osso rígido, com dois pontos de apoio, os côndilos que se
articulam com o crânio através das cavidades glenóides e componentes articulares, uma
vez conhecidas e determinadas as posições iniciais e terminais, dos côndilos dentro das
cavidades glenóides (ATM) teremos localizada a posição inicial da mandíbula, segundo o
RELAÇÃO CENTRAL - CONCEITO

63
plano horizontal. Da interação dessas posições relativas (DVR e RC) obteremos o
posicionamento da mandíbula, em relação à maxila, no espaço.

RELAÇÃO CENTRAL: diz respeito ao estudo da posição mandibular inicial e é
relativa à posição ocupada pelos côndilos nas cavidades glenóides. Posição de Relação
Central, ou simplesmente: Relação Central da mandíbula, seria aquela posição ocupada
pela mandíbula, em relação à maxila, quando os côndilos estiverem na posição retrusiva
e não forçada, no interior das cavidades glenóides. Compreende-se que será a partir
dessa posição que terão início os movimentos mandibulares e será a essa posição que a
mandíbula retornará, ao término dos movimentos. A posição de Relação Central será,
portanto, o ponto inicial e terminal dos movimentos excêntricos da mandíbula.

Compreende-se que a situação de RC corresponde à posição de máximo equilíbrio
articular. Não há tensões nem trações entre os componentes da ATM, havendo,
concomitantemente, equilíbrio entre os músculos da mastigação. Seria uma posição de
máximo equilíbrio do sistema, tanto neuromuscular, quanto articular.

Utilizar o termo CÊNTRICA para a posição mandibular de "Relação Central" e para
a posição de contato dental de "Oclusão Central", cria confusão uma vez que essas
posições NÃO SÃO COINCIDENTES na grande maioria dos casos (80% a 90%).



Em prótese total, utilizamos o método desenvolvido por GYSI, também conhecido como
método do Arco Gótico de Gysi. Esse método baseia-se no seguinte princípio:
Sabemos que toda a vez que a mandíbula executa um movimento de lateralidade, esse
movimento tem início na posição de RC e retornará a essa posição. Se fixarmos uma pua
inscritora no rolete maxilar (parte fixa do sistema) e uma placa de registro, ao rolete
mandibular (parte móvel do sistema) e solicitarmos ao paciente, movimentos de
lateralidade e propulsão, obteremos um traçado (da pua inscritora sobre a plataforma
móvel) que representa as trajetórias mandibulares, de seu ponto inicial ao seu ponto
terminal.
Esse registro, por se apresentar em forma de ponta, recebeu o nome de: arco gótico.
As vertentes do “arco gótico” são o resultado da inscrição dos movimentos laterais. A
bissetriz do traçado, será o resultado da inscrição do movimento protrusivo (projeção) da
mandíbula. O comprimento do cada traço, corresponde à extensão daquele movimento. O
ângulo do registro corresponde ao raio do arco do movimento (distância ao côndilo de
apoio). E o ponto em que os traços se cruzam, no vértice do arco gótico, corresponde à
posição inicial e terminal dos movimentos, portanto: RELAÇÃO CENTRAL.

Convém lembrar que as posições internas nas ATM variam dependendo do grau de
abertura da boca. Isso significa que podemos obter registros distintos quando de
variações na DVO: notadamente quando o grau de abertura excede o EFL.
MÉTODOS DE REGISTRO DA POSIÇÃO DE RELAÇÃO CENTRAL

64
O método de Gysi é válido quando executado dentro do espaço compreendido entre a
DVO e a DVR.

A determinação da RC prende-se à localização da mandíbula, em relação à maxila,
nos sentidos antero/posterior e latero/lateral, EM EIXO DE ABERTURA E
FECHAMENTO e numa determinada DIMENSÃO VERTICAL .

Uma variação do método foi desenvolvida por PHILLIPS que preferiu localizar o
conjunto, pua inscritora e plataforma, intra-oral, para maior equilíbrio do dispositivo,
durante os movimentos mandibulares.

Vamos recapitular todo o processo, para melhor entendimento:
⇒ De posse das bases de prova, construímos os roletes em cera e levamos à boca do
paciente.
⇒ Verificadas a forma e posição, estes serão ajustados em sua porção vestibular (estética
da face e recuperação do perfil estético).
⇒ Reconstrui-se a altura facial determinando a DVR e a DVO.
⇒ Acrescentada a mistura abrasiva, solicita-se ao paciente, que execute os movimentos
de lateralidade e propulsão com os planos em contato (desgaste de Paterson).
⇒ Obtidas as curvas individuais de compensação, verifica-se, constantemente a DVO
para evitar um desgaste excessivo. Essa verificação deve ser feita utilizando os vários
métodos estudados.
⇒ O passo seguinte será a determinação da RC: para tanto utilizamos o método do arco
gótico de Gysi. O conjunto pua/plataforma instalado (intra-oral ou extra-oral) é levado
em posição para o registro dos movimentos excêntricos. A posição de vértice do arco
gótico, corresponde à RC.

Por meio de grampos metálicos, fixamos os planos de orientação solidamente entre si.
Dessa maneira teremos as bases de prova relacionadas tanto em DVO como em RC.

Pela face vestibular do rolete em cera superior, com auxílio de uma espátula Le Cron,
delimitam-se as LINHAS DE REFERÊNCIA:

Linha alta do sorriso- linha horizontal correspondendo ao ponto mais alto, atingido pelo
lábio superior, quando o paciente sorri. Essa linha corresponde à altura do incisivo
central superior.
Linha mediana- linha vertical que corresponde à linha mediana da face do paciente. Essa
linha define as faces mesiais dos incisivos centrais superiores.
Linha do canino- linha vertical, correspondendo à comissura labial do lábio em repouso.
Essa linha determina a posição das faces distais dos caninos superiores.

As linhas de referência ou linhas de orientação auxiliam na escolha e disposição dos
dentes artificiais anteriores, superiores.

65
Obtidos os registros prévios, o conjunto será removida da boca e passaremos às fases
laboratoriais da confecção das próteses. Para tanto utilizamos um importante instrumento
auxiliar: o articulador.

66




- Montagem em articuladores
- Dentes artificiais
- Seleção dos dentes artificiais
- Montagem e articulação dos dentes artificiais
- Articulação balanceada

INTRODUÇÃO:
De posse das bases de prova com a curvas individuais de compensação, vamos posicionar
os modelos de trabalho, nas bases de prova.

Como o conjunto: base superior e base inferior, estão unidos entre si por meio de
grampos, temos a certeza de que, ao encaixarmos os modelos superior e inferior nas
chapas de prova e depois fixarmos o conjunto em um aparelho mecânico fixo, os
modelos estarão relacionados na mesma posição em que estavam as chapas de prova.

O instrumento mecânico de que nos utilizamos, chama-se ARTICULADOR:
Consta, basicamente, de um corpo cuja função é manter o espaçamento entre duas hastes
ou ramos horizontais, às quais serão fixados os modelos. As hastes ou ramos horizontais,
representam a maxila e a mandíbula do paciente que são articuladas entre si, por meio de
um dispositivo, que representa a articulação temporomandibular (denominado de guia
condilar).

Tipos e conceito:
Há vários tipos de articuladores, cada qual baseado em um conceito ou Escola de
Oclusão.
Basicamente podemos dividir os articuladores em três tipos:

1- Articulador de charneira (ou bisagra simples): são instrumentos que reproduzem
exclusivamente o movimento de abertura e fechamento. São os instrumentos mais
simples, no entanto obrigam o profissional a uma série infindável de ajustes, quando da
prova das próteses no paciente. A aparente simplicidade inicial se traduz em
complexidade posterior.

2- Articulador arbitrário (ou de valor médio): são instrumentos em que a articulação dos
ramos com o corpo é feita por meio de um dispositivo que representa a articulação
temporomandibular (denominado de guia condilar). Esses instrumentos permitem, além
do movimento de abertura e fechamento, movimentos de lateralidade e propulsão; sendo
que os movimentos excêntricos se efetuam segundo inclinações pré-fixadas pelo
fabricante. Geralmente, esses instrumentos tem suas guias condilares pré-fixadas em 33º,
(para a trajetória sagital do côndilo) e ângulo de Bennett, fixado em 15º.

CAPÍTULO VI

67
3- Articuladores ajustáveis (semi ou totalmente ajustáveis): são instrumentos em que
podemos regular (ou ajustar) as relações maxilo-mandibulares, individuais, do paciente.
Esses instrumentos permitem, em grau maior ou menor, a regulagem da: inclinação do
plano oclusal; distância intercondilar; inclinação da guia condilar (trajetória sagital do
côndilo); ângulo e movimento de Bennett; ângulo de Fischer; trajetória do ponto incisal
(através do pino guia incisal) e alterações na DVO.
* Os articuladores ajustáveis se complementam por um dispositivo denominado arco
facial cuja finalidade é determinar e transferir o eixo intercondilar, a distância
intercondilar e o ângulo do plano oclusal, do paciente para o articulador. O arco facial
relaciona a maxila do paciente à “maxila” do articulador, transferindo o modelo maxilar,
que será a referência de montagem do modelo mandibular.

A localização de um eixo transversal de rotação foi discutida, pela primeira vez, por
CAMPION(*) que raciocinava:
"O eixo do articulador deve coincidir com o eixo de rotação do paciente".

(*) CAMPION, G.E.
Dental Cosmos 47:39 (1905)

Evidentemente, quanto mais informações nós introduzimos no articulador, mais fácil se
torna a fase laboratorial e mais simples a instalação da prótese.



Há várias técnicas de montagem dos modelos em articulador.
Cada instrumento apresenta características específicas que dependem do número de
registros disponíveis e acessórios incorporados, tanto ao articulador propriamente dito,
quanto ao arco facial. Entretanto, a maioria dos articuladores em uso atualmente, segue a
teoria de eixo terminal de rotação, o que faz com que as técnicas de montagem sejam
muito semelhantes entre si.

O instrumento mais difundido entre nós, corresponde ao articulador WIP-MIX. É um
articulador semi-ajustável, tipo arcom, com distância intercondilar regulavel em
três posições (pequena, média e grande); apresenta guias condilares ajustáveis
(entre 0º e 60º quanto à trajetória sagital do côndilo e entre 0º e 25º quanto ao
ângulo de Bennett), pino guia incisal graduado milimetricamente e plataforma
incisal fixa (há uma plataforma incisal regulavel, acessória).
Completa o conjunto, o arco facial que, para este articulador foi projetado com
características próprias:
* A localização dos côndilos é obtida por meio de “olivas” que se adaptam ao pavilhão
auditivo externo.
* A localização do “terceiro ponto ou ponto de referência craniométrico é relacionada ao
nasium e não ao plano infra-orbitário.
Os articuladores nacionais que seguem esse projeto são : Gnatus 8600, Dentflex e
Bioarte.
MONTAGEM EM ARTICULADOR

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Outro instrumento é o articulador projetado por TAMAKI; o chamado articulador TT. É
um articulador totalmente ajustável, com características que o tornam extremamente útil
no planejamento, montagem e ajuste oclusal de prótese totais.

Vamos fazer uma descrição sucinta da seqüência de montagem, esclarecendo que
esta seqüência pode sofrer modificações e adaptações, dependendo do instrumento
utilizado e das necessidades de cada caso.

1- Montagem do modelo da maxila:
• De posse da base de prova superior com rolete de cera já montado, adaptamos a
forquilha do arco facial ao rolete, utilizando cera fundida. Dessa forma, a forquilha
fica solidária ao rolete e à base de prova.
• Levamos o conjunto à boca do paciente. Com auxílio da base de prova inferior, com o
rolete já adaptado, solicita-se ao paciente que mantenha o conjunto em posição com a
força de sua mordida. Muitos profissionais preferem que o paciente mantenha o
conjunto base de prova mais arco facial em posição, apoiando a forquilha, com os
dedos na altura dos prémolares. Dessa forma não necessitamos a base mandibular.
• Adapta-se o arco facial à haste da forquilha, levando as “olivas” ao pavilhão auditivo
do paciente. Solicita-se, ao paciente que apoie o arco facial com as mãos, enquanto
adaptamos o dispositivo de localização do násium.
NOTA - Em outros tipos de articuladores, como o articulador TT ou instrumentos não
arcom, o arco facial será posicionado sobre a cabeça dos côndilos, que serão
localizados por palpação, a cerca de 12 mm. adiante do meato auditivo.
Como referência para o plano horizontal, utilizamos o ponto infra - orbitário.
• Verifica-se a estabilidade do conjunto. Fixa-se todo o conjunto firmemente.
• Solicitando ao paciente que abra a boca, removemos o conjunto constituído pelo arco
facial e base de prova.
• Adapta-se o modelo da maxila à chapa de prova correspondente.
• Leva-se o conjunto ao articulador, adaptando as olivas do arco facial aos pinos
próprios do articulador. O ramo superior do articulador, repousa sobre a parte superior
do arco facial (para a montagem do modelo superior, remove-se o pino guia incisal do
articulador).
• No caso de instrumentos cuja distância intercondilar é regulavel, verifica-se, no
próprio arco facial essa distância e ajusta-se o articulador.
• Acrescenta-se gesso entre a placa de montagem e o modelo, tomando o cuidado de
utilizar pequena quantidade de gesso.
• Aguarda-se a presa do gesso antes de passar para a fase seguinte.

2- Montagem do modelo da mandíbula:
• Fixado o modelo da maxila, removem-se o arco facial e a base de prova, do
articulador.
• Voltando ao paciente, tomamos os registros prévios: curva individual de
compensação; DVO; RC e linhas de referência.
• Fixadas as bases de prova entre si, na posição de RC, removemos o conjunto da boca
e levamos ao articulador.

69
• Adaptada a base de prova superior ao modelo da maxila (já montado), adaptamos o
modelo da mandíbula à base de prova mandibular.
• Com o pino guia incisal fixado em zero (posição de montagem), fecha-se o ramo
inferior do articulador. Acrescenta-se gesso entre o modelo mandibular e a placa de
montagem. Aguarda-se a presa do gesso.
• Após a presa final do gesso, os elementos de fixação podem ser removidos e, se
necessário for, os modelos podem ser reforçados com nova porção de gesso.

3- Regulagem do articulador:
• A regulagem do instrumento é executada acompanhando as curvas individuais de
compensação, registradas nos planos de cera (desgaste de Paterson).
• A posição de montagem corresponde à posição de RC (obtida pelo método de Gysi).
• A regulagem das posições excêntricas será executada acompanhando o registro do
“arco gótico” presente na plataforma inscritora.

Montados os modelos, o passo seguinte diz respeito à seleção e montagem dos dentes
artificiais.



Histórico:

Já há 2.500 anos a.C., os fenícios e os egípcios utilizavam dentes humanos e de
animais que, recortados, eram fixados, por meio de fios de ouro, aos dentes
remanescentes.
Durante séculos os artesãos das cortes construíram “peças protéticas” utilizando
marfim esculpido, procurando a forma e contorno de dentes naturais.
Somente em 1597, GUILHERMEAU, tenta a confecção de dentes artificiais
utilizando resinas naturais; no entanto não obtêm resultados satisfatórios.
Em 1774 um farmacêutico francês, DUCHATEAU, portador de dentadura artificial,
tenta a confecção de dentes em porcelana, porém sua tentativa fracassa pela falta de
conhecimentos anatômicos, na escultura e disposição dos elementos. Posteriormente
Duchateau associa-se a um “dentista”, DEBOIS CHEMANT e dessa associação surgem
as primeiras dentaduras artificiais em porcelana.
Perseguido pela revolução francesa, Chemant refugia-se em Londres onde associa-
se a ASH, criando uma indústria que subsiste até os nossos dias.
Até então, os dentes artificiais eram apresentados em blocos sólidos de porcelana,
sem nenhuma possibilidade de individualização. Somente em 1830, GUISEPPANGELO
FONZI, dentista italiano, inventa os dentes isolados em porcelana, causando uma
verdadeira revolução nas técnicas de construção de próteses.
SAMUEL S. WHITE leva esses conhecimentos para os Estados Unidos da
América, fundando, em 1844, a S.S.White e difundindo o uso de dentes artificiais em
porcelana.
DENTES ARTIFICIAIS

70
Durante a 2ª guerra mundial, as pesquisas no campo dos plásticos deram origem à
resina acrílica que passou a disputar, com a porcelana, o predomínio como material de
confecção de dentes artificiais.
Atualmente, graças ao desenvolvimento industrial, há um predomínio dos dentes
em resina acrílica, frente aos dentes em porcelana.

Classificação:

Podemos classificar os dentes artificiais segundo:
1- Material de confecção:
dentes em porcelana.
dentes em resina acrílica.
2- Desenho da face oclusal:
dentes anatômicos.
dentes funcionais.

1- Material de confecção:
Os dentes em porcelana tem ,basicamente, em sua composição: quartzo, caulim e
feldspato, além dos óxidos metálicos corantes. Esses componentes são fundidos, em
camadas, formando o corpo do dente e posteriormente a porção incisal. A superfície
externa recebe uma camada transparente, o “glaze”, cuja finalidade é dar proteção e
brilho ao dente.
Os dentes em resina acrílica, são compostos por: polimetacrilato de metila, cristais de
quartzo e óxidos metálicos corantes. Da mesma forma que os dentes em porcelana, os
dentes em resina acrílica são prensados em camadas, de forma que a coloração seja
intrínseca.

Vantagens e desvantagens dos dentes em porcelana e em resina acrílica:

PORCELANA -
RESINA ACRÍLICA -

Verifica-se que nem sempre as vantagens de um dos tipos de dentes, contrabalançam as
desvantagens do outro tipo. De um modo geral, dá-se preferência aos dentes em resina
vantagens desvantagens
* resistência à abrasão * ruído ao mastigar
* eficiência mastigatória * dificuldade na montag em
* estabilidade de cor * dificuldade de ajustes o clusais
* friáveis
* não adesivos à base da prótese
vantagens desvantagens
* facilidade de montagem * mudança de cor
* facilmente ajustáveis * perda do brilho
* sofrem abrasão fisiológica * desgaste rápido
* mesmo material da base da prótese

71
acrílica, sempre que houver dificuldade de montagem, necessidade de ajustes oclusais
extensos, casos de próteses imediatas, ou quando desejamos diminuir o componente de
força sobre o rebordo residual. Os dentes em porcelana seriam indicados naqueles casos
em que a estabilidade de cor é fundamental (principalmente os 6 anteriores superiores).
Sempre que forem indicados dentes em porcelana, é necessária uma verificação
extremamente cuidadosa do equilíbrio oclusal.

Se o exame dos rebordos indica avulsões recentes, ou em casos de prótese total imediata,
ou quando o espaço interoclusal é limitado, a indicação é de DENTES EM RESINA
ACRÍLICA.

2- Desenho da face oclusal:
A classificação baseia-se em pesquisas, realizadas com a finalidade de verificar, se a
melhor eficiência de mastigação das dentaduras, seria obtida às custas de uma superfície
triturante, que copiasse os dentes naturais, ou seria preferível a modificação da plataforma
oclusal, para adapta-la às novas condições orais do paciente.

GYSI conclui que, a máxima eficiência seria obtida, com dentes cuja inclinação de
vertentes, fosse da ordem de 45º. Porém esquemas oclusais desse tipo, geram
componentes horizontais das forças mastigatória, que tendem a deslocar as próteses e
acelerar a reabsorção óssea alveolar.
Desenvolveram-se dentes com inclinações de 33º, que se harmonizariam com o valor
médio da inclinação da vertente anterior da cavidade glenoidea, diminuindo a
componente horizontal de força. Surgiram os dentes “Anatom-form Trubite”, cujo
sucesso determinou a configuração dos dentes anatômicos.

HALL (1930), concluiu que a abrasão fisiológica dos dentes confere maior estabilidade às
dentaduras, pois haveria a harmonização contínua entre a forma e inclinação da face
oclusal dos dentes, com os movimentos mandibulares. Esse desgaste seria tanto maior
quanto maiores forem as componentes horizontais do esforço da mastigação e tendente a
anula-las.
Os trabalhos de Hall dão origem à Escola Funcional, que preconiza a utilização de dentes
artificiais com superfície oclusal plana. São os chamados dentes funcionais.

Baseado nos trabalhos de Hall, SEARS (1928), admite a montagem de dentes 0º no arco
superior e a eliminação das cúspides vestibulares dos dentes inferiores. Preconiza a
montagem dos dentes inferiores internamente à crista dos rebordo residual, como uma
maneira de centralizar os esforços da dentadura mandibular.

Dentes FUNCIONAIS são mais indicados para pacientes com alterações na ATM ou que
apresentem grande discrepância entre RC e OC

NAGLE, R.J. (1965)

72
Os dentes ANATÔMICOS, por apresentarem altura cuspídea, irão articular com seus
antagonistas em 3 dimensões; os dentes FUNCIONAIS, apresentando superfície oclusal
plana, articulam em 2 dimensões.

SCHULTZ, (1951); PAYNE ,(1952); BASCON, (1962); KAPUR, (1965);
BREWER, (1967); entre outros, fizeram experiências com dentes anatômicos e
funcionais, em relação à eficiência mastigatória e conforto.

PAYNE utilizava de dentaduras idênticas, mudando apenas os dentes posteriores:
(anatômicos de 33 graus ou funcionais )
* houve preferência pelos dentes anatômicos.

SCHULTZ utilizou dentes em porcelana e dentes em resina acrílica:
* maior eficiência com dentes em porcelana.
Numa segunda etapa, SCHULTZ comparou dentaduras com superfície oclusal metálica
(em ouro):
* quanto ao impacto- semelhante à resina.
* quanto à eficiência - semelhante à porcelana.

BREWER (1967), analisou 23 pacientes:
* 2 preferiram dentes anatômicos;
* 11 optaram por dentes de 0°
* 10 não tinham preferência

Para LEVIN (1977) dentista e paciente tendem a rejeitar os dentes funcionais,
principalmente pela sua estética.
A eficiência mastigatória deve ser julgada sempre em relação à preservação dos
rebordos alveolares.

Os estudos relativos à forma da superfície oclusal dos dentes posteriores continuam.
Procura-se o equilíbrio entre a anatomia oclusal e as trajetórias mandibulares, sua
amplitude e inclinação. A reabsorção óssea, que interfere na retenção das próteses é um
dos fatores determinantes na escolha do tipo de dente artificial a ser indicado.
Trabalhos tem sido desenvolvidos, utilizando superfície oclusal metálica, desenhada
para cada caso, no sentido de obter a máxima eficiência mastigatória, com um mínimo
de componentes horizontais de força. Evidentemente, o resultado será tão mais
satisfatório, quanto maiores os cuidados tomados no registro e transferência das
relações maxilo-mandibulares, do paciente para o articulador.

73



Os dentes artificiais são oferecidos em placas de seis dentes, para os dentes anteriores
(superiores e/ou inferiores) e placas de oito dentes para a bateria posterior.
Habitualmente a seleção se baseia nos seis dentes anteriores superiores, que são os
determinantes estéticos.
Identificados por meio de um código de letras e números (largura, altura, forma e cor); em
uma tabela, fornecida pelo fabricante, encontramos os correspondentes, inferiores e
posteriores, cujo tamanho e forma são condizentes com os dentes anteriores selecionados.

Há várias teorias e técnicas que auxiliam a seleção do tamanho, forma e cor dos dentes
artificiais.
Já em 1880, surge a teoria dos temperamentos que relaciona a forma dos dentes ao tipo
físico do paciente. Assim, os pacientes eram divididos em categorias: Bilioso; Sangüíneo;
Linfático e Nervoso, sendo que, para cada tipo escolheríamos uma forma de dentes. Essa
teoria não tem suporte científico e pode-se dizer que está em desuso. Freqüentemente a
expectativa do paciente (sua imagem mental), difere daquilo que seria seu
“temperamento”.

Forma dos dentes:
Dentre as teorias que procuram ditar a forma do incisivo central superior, por meio de
medidas faciais, a teoria de BERRY (1906), procurava a semelhança entre a forma
do incisivo central superior com a forma do rosto.
LEON WILLIAMS (1914), classifica as formas do rosto em: Triangular; Quadrado e
Ovóide, sendo que o incisivo central superior deve ser selecionado dentre uma
dessas três formas. Embora não haja comprovação científica dessa coincidência, a
divisão preconizada por Leon Williams, permanece como critério de apresentação
de dentes artificiais.
NELSON (1925), procura a coincidência entre a forma do arco dental e o incisivo central
superior. Apresenta sua teoria como: Triângulo Estético de Nelson, que teve grande
aceitação na época.
Como não há uma lei científica que determine a forma dos dentes anteriores, baseamos
nossa escolha na teoria de Leon Williams, em nosso senso crítico, bem como na opinião
do paciente.

Altura dos dentes:
Diz respeito ao comprimento do incisivo central superior. Essa medida é o padrão para a
escolha da bateria anterior superior.
Dentre as várias teorias apresentadas, com o fito de determinar o comprimento dos dentes
artificiais, temos os trabalhos de BERRY e SAVAGE (1906), que concluem que a
altura do incisivo central superior seria de 1/16 do comprimento facial.
HOUSE (1939), estima em 1/20 do comprimento facial.
WOOD CLAPP (1914) seleciona a altura do incisivo superior, pela altura atingida pelo
lábio, durante o sorriso: “linha alta” ou “linha alta do sorriso”.
SELEÇÃO DOS DENTES ARTIFICIAIS

74

O método preconizado por WOOD CLAPP, tornou-se de aceitação geral pois, além de
muito simples e prático, permite escolher um comprimento de dente que esconda a base
da prótese.

Há casos em que o sorriso é excessivamente amplo, indicando dentes anteriores
exageradamente longos. Nessas situações, de comum acordo com o paciente, procuramos
selecionar dentes cujo comprimento seja aceitável, mesmo correndo o risco de expor
parte da resina da base da dentadura. Pode-se lançar mão de recursos de caracterização
da base da prótese como: pigmentações; recortes simulando retração gengival e outros,
na tentativa de tornar menos artificial a prótese.
Ter sempre em mente que o excesso de caracterização pode ter efeito oposto ao desejado,
se chamar a atenção para algo que queremos esconder.

Largura dos dentes:
Diz respeito à largura mésio-distal, ao nível da face incisal, do incisivo central superior.
SEARS (1941), através de medidas craniométricas, conclui que a largura do incisivo
central superior deve ser de 1/18 da distância bi-zigomática.
TENCH & WOOD CLAPP, nos fornecem um método eficiente e prático de escolha:
“a largura somada dos seis dentes anteriores superiores, corresponde à largura da boca
em repouso”.
Essa medida nos leva à linha dos caninos, quando a distância de comissura labial a
comissura labial, com a boca em repouso, corresponde à largura somada dos seis dentes
anteriores superiores, de distal de canino de um lado a distal de canino do lado oposto;
registrada no plano de orientação superior.

* Resumindo:
Baseamos a escolha dos dentes nas linhas de referência-
• A distância da borda do rolete de cera até a linha alta do sorriso, corresponde à altura
(ou comprimento) do incisivo central superior.
• A distância da linha do canino à linha do canino do lado oposto, corresponde à largura
somada dos seis dentes anteriores superiores.

Cor dos dentes:
As diversas cores dos dentes artificiais são indicada por meio de números (ou número +
letra), em uma escala de cores e que variam de fabricante para fabricante.
Quando da escolha da cor, deve-se utilizar a escala de cores do mesmo fabricante dos
dentes que iremos selecionar; pois a tonalidade dos dentes artificiais varia conforme a sua
composição. Dessa maneira, a cor 67 da escala Dentron não é igual à cor 2C da escala
Vivodent, p.ex.; embora sejam muito semelhantes.
A escolha da cor deve ser feita em ambiente iluminado com luz natural, preferivelmente
na parte da manhã ou início da tarde. Cuidados especiais devem ser tomados para evitar
que cores dominantes, do ambiente ou da vestimenta do paciente, possam interferir com
nosso critério.

75
Nunca utilizar o foco de luz do equipo, para iluminar a boca do paciente, quando da
escolha da cor dos dentes artificiais. Além do componente de infravermelho, o foco de
luz concentrado em uma pequena área, realça os dentes em detrimento da face, quebrando
a harmonia do conjunto.
Outros cuidados importantes são: umedecer o dente da escala de cores, para obter o
mesmo brilho do dente na boca e não olhar durante muito tempo seguido, para não perder
a noção das pequenas nuanças de tonalidade dos dentes.

Julgamos muito conveniente fornecer um espelho ao paciente (suficientemente grande
para que possa ver toda a face), para que ele participe da escolha, dando sugestões. Não é
desabonador para o profissional, se nossa escolha não agradar ao paciente. São
relativamente freqüentes os casos em que, nosso conceito de estética, não coincide com a
imagem que o paciente idealiza para si próprio. Esse procedimento dá, ao paciente, a
responsabilidade de participar e colaborar na confecção da prótese que, afinal de contas,
ele é quem vai utilizar!



Feita a seleção dos dentes artificiais e de posse dos modelos montados em articulador,
passaremos a montagem dos dentes.
* Como cuidado preliminar, deve-se fixar as bases de prova aos modelos, com cera
fundida, a fim de evitar seu deslocamento durante as manobras de montagem.
* Separam-se os seis dentes anteriores superiores e com auxílio de uma espátula Le
Cron, remove-se parte da cera vestibular do rolete superior, entre as linhas: mediana, alta
do sorriso e linha do canino.
* A montagem pode ser feita de 11 para 13 e em seguida de 21 para 23 ou na seqüência:
11-21; 12-22; 13-23.
* Plastificando o restante da cera, ajustamos sucessivamente os dentes anteriores, como
segue:

11 e 21:
⇒ face mesial, tangenciando a linha mediana;
⇒ borda cervical, tangenciando a linha alta do sorriso;
⇒ borda incisal, tocando o rolete de cera inferior junto à sua borda vestibular;
⇒ longo eixo do dente, ligeiramente inclinado para distal;
⇒ face vestibular, acompanhando o plano vestibular do arco de cera.

12 e 22:
⇒ face mesial, tangenciando a face distal do 11/21;
⇒ borda cervical, tangenciando a linha alta do sorriso;
⇒ face incisal, ligeiramente acima do rolete de cera inferior (cerca de 0.5 mm.);
⇒ longo eixo do dente, ligeiramente inclinado para distal;
⇒ face vestibular, acompanhando o plano vestibular do arco de cera.

13 e 23:
MONTAGEM E ARTICULAÇÃO DOS DENTES ARTIFICIAIS

76
⇒ face mesial do canino, tangenciando a face distal do 12/22;
⇒ borda cervical, ligeiramente acima da linha alta do sorriso (cerca de 0,5 mm.);
⇒ ponta do canino, tocando o rolete de cera inferior, em sua borda vestibular;
⇒ longo eixo, acompanha o longo eixo do 11/21;
⇒ face vestibular do canino, pouco saliente em relação ao plano vestibular do arco de
cera.

Temos duas situações:
1- a opção foi de montagem de toda a bateria anterior superior. Podemos parar a
montagem e proceder a uma prova estética no paciente. É uma atitude aconselhável,
sempre que a estética foi a motivação primordial para a confecção ou substituição da
prótese. Julgamos esse procedimento conveniente, pois é muito mais fácil alterar as
posições dos dentes anteriores (ou até os dentes), antes da montagem dos dentes
posteriores.
2- a opção foi de montagem por hemiarco. Nessa situação, não cabem provas estéticas e
a montagem continua (pelo hemiarco de início) até o primeiro molar superior.

Como a montagem dos dentes posteriores é mais fácil de ser executada por hemiarco
e se repete no hemiarco oposto, descreveremos a seqüência por um dos hemiarcos:

14:
⇒ face mesial, tocando a maior convexidade do canino, por sua face distal;
⇒ cúspide vestibular, tocando o arco de cera inferior, em sua face oclusal;
⇒ cúspide palatina, afastada do plano de cera inferior;
⇒ face vestibular, tangenciando, em sua porção mais convexa, o plano de cera vestibular.

15:
⇒ face mesial, tocando a face distal do 14 em sua maior convexidade;
⇒ cúspides vestibular e palatina, tocando o plano oclusal do arco de cera inferior;
⇒ face vestibular, tangenciando, em sua porção mais convexa, o plano de cera vestibular.

16:
⇒ face mesial, tocando a face distal do 15 em sua maior convexidade;
⇒ cúspides vestibulares e palatinas, tocando o plano oclusal do arco de cera inferior;
⇒ face vestibular, acompanha o contorno do arco de cera posterior.

Nosso critério é montar o arco superior antes do inferior e sempre, até o 1º molar
superior. A montagem do 2º molar superior será feita após a montagem dos 1º e 2º
molares inferiores. Mais adiante veremos a razão desse procedimento.

Tendo terminado a montagem do arco superior (hemiarcos direito e esquerdo),
iniciaremos a montagem do arco inferior.
Pelas mesmas razões abordadas anteriormente, descreveremos a montagem de um
hemiarco. A seqüência se repete no outro hemiarco.

77
36/46:
Sendo o 1º molar, o dente “chave” da oclusão, tomamos o critério de iniciar a
montagem dos arcos inferiores, por esse dente. A sua colocação no arco de cera deve
ser feita de tal forma que:
⇒ cúspide mésio-vestibular, encontra as cristas marginais: distais do 2º prémolar superior
e mesial do 1º molar superior.
⇒ cúspide disto-vestibular, encontra a fossa central e sulcos formados pelas vertentes das
cúspides mesiais e distais do 1º molar superior.
cúspides linguais, estão alinhadas pelas vertentes lisas das cúspides palatinas dos dentes
superiores.
Compreende-se que a oclusão do 1º molar inferior ocorre pelo toque de suas cúspides
vestibulares (cúspides de parada cêntrica), nas vertentes triturantes (oclusais) das
cúspides vestibular e palatina do 2º prémolar e 1º molar superior e pelo toque das
vertentes triturantes (oclusais), de suas cúspides linguais, contra as vertentes lisas das
cúspides palatinas, de seus antagonistas. Essa configuração confere grande
estabilidade oclusal às próteses.
35/45:
Basicamente, a montagem dos dentes posteriores, segue o mesmo esquema descrito para a
montagem do 1º molar inferior.
Procura-se, em Prótese Total, um esquema de oclusão do tipo 2:1, em que cada dente
posterior oclue contra dois antagonistas.
⇒ cúspide vestibular, ocluindo no triângulo formado pelas vertentes: mésio-palatina da
cúspide vestibular do 2º prémolar superior e disto-palatina, da cúspide vestibular do 1º
prémolar superior e vertente mésio-vestibular da cúspide palatina do 2º prémolar
superior.
⇒ cúspide lingual, mantendo contato, pelas suas vertentes triturantes, contra o
antagonista.

37/47:
Após a montagem do 2º prémolar, montam-se os 2ºs molares. Dessa forma, pode-se obter
um “bloco de oclusão” de seis dentes posteriores.
⇒ cúspides vestibulares, ocluindo com a fossa distal (crista marginal) do 1º molar
superior e face oclusal do 2º molar superior.
⇒ cúspides linguais, mantendo contato, pelas suas vertentes triturantes, contra o
antagonista.

17/27:
⇒ montagem do 2º molar superior, segue a orientação oclusal do 2º molar inferior.
Os 2ºs molares são o dente ideal para o equilíbrio das trajetórias protrusiva e latero-
protrusiva das próteses totais. Não havendo a necessidade do contato em cêntrica, esses
elementos podem ser montados de forma a garantir a oclusão em posições excêntricas.
NOTA: deve ter chamado a atenção o fato de que não montamos os 1° prémolares
inferiores. Devido a sua não participação na oclusão, deixamos a montagem
desses elementos para o final (após a montagem da bateria anterior) para, às
custas desse espaço, poder ajustar a posição dos dentes anteriores.

78
Esse critério baseia-se em um fato simples: como podemos variar a inclinação dos dentes
anteriores superiores, a fim de obter a melhor estética possível, há casos em que a posição
do 1º prémolar inferior, fica prejudicada. É de capital importância, para a estabilidade da
prótese, que as relações oclusais dos dentes anteriores, seja absolutamente correta.
Portanto, deixando para o fim a montagem desse elemento, cuja intercuspidação se dá
exclusivamente às custas de sua cúspide vestibular, teremos uma tolerância de espaço
para a montagem dos outros dentes.

Montados todos os dentes superiores e os posteriores inferiores, temos garantidas a
DVO e a OC.

Até este momento estivemos trabalhando em movimentos de abertura e fechamento.
Antes de continuar a montagem é conveniente verificar os movimentos excêntricos:
propulsão e lateralidade.

1. Lateralidade direita e esquerda: partindo da posição de máxima intercuspidação (OC),
deslocamos o articulador para um dos lados -
⇒ Pretende-se contatos entre as cúspides vestibulares inferiores com as vertentes das
cúspides vestibulares superiores, do lado de trabalho e contato das cúspides
vestibulares inferiores com as vertentes das cúspides palatinas superiores, do lado de
balanceio.
⇒ Caso haja interferência ou falta de contato de um ou mais dentes, modificar a
inclinação vestíbulo/bucal do(s) dente(s).
⇒ Durante o movimento de lateralidade, o afastamento dos dentes anteriores depende,
exclusivamente, da inclinação das vertentes cuspídeas dos dentes posteriores. Em
dentaduras, pretende-se oclusão totalmente balanceada (sem guia canina) para evitar
deslocamento durante movimentos excêntricos.
⇒ Repetem-se os movimentos (trabalho e balanceio), a cada modificação.

2. Propulsão e retropulsão: partindo da posição de máxima intercuspidação (OC),
desloca-se o articulador até a posição protrusiva (cerca de 3mm. adiante da OC) -
⇒ Pretende-se contatos simultâneos e bilaterais entre os dentes posteriores,
acompanhados de contatos entre a bateria anterior superior e o rolete de cera inferior.
⇒ Caso haja interferência ou falta de contato de um ou mais dentes, modificar a
inclinação mésio/distal do(s) dente(s).
⇒ Quando da montagem dos 2ºs molares, estes elementos podem ser inclinados para
garantir o contato em protrusivo, permitindo o aumento do trespasse vertical anterior.
Essa manobra será efetuada após a montagem da bateria anterior inferior.
⇒ O movimento retrusivo termina na posição de OC = RC (posição inicial de montagem
no articulador), onde se verifica a máxima intercuspidação coincidente com o arco de
abertura e fechamento.

Montagem dos dentes anteriores inferiores:
Inicia-se a montagem pelos incisivos centrais inferiores, montando os dentes dois a dois.

79
31/41:
⇒ faces mesiais, coincidindo com a linha mediana ditada pelos incisivos centrais
superiores.
⇒ borda cervical, partindo da crista do rebordo residual inferior.
⇒ longo eixo, inclinado no sentido buco/vestibular, formando um ângulo de 90º em
relação ao eixo de rotação do articulador.
⇒ borda incisal, com trespasse vertical de cerca de 0,5 mm. em relação à face palatina do
incisivo central superior. O trespasse vertical depende do ângulo das trajetórias
protrusiva e latero-protrusiva.
♦ A cada dente da bateria anterior inferior montado, verificam-se os movimentos de
lateralidade e propulsão. O deslocamento do dente (da cera) indica interferência e a
posição do dente deve ser modificada.
♦ Em protrusivo, procura-se o contato da borda incisal do dente inferior, com a borda
incisal do dente superior.
♦ Em lateralidade, procura-se o deslizamento das faces incisais, acompanhando o ângulo
ditado pelos dentes posteriores.
Uma das principais causas da reabsorção óssea do rebordo anterior e perda da
retenção das próteses, é o trespasse excessivo dos dentes anteriores.
No indivíduo dentado, o movimento protrusivo é equilibrado pela guia incisal que
compensa o espaço de Christensen. No portador de próteses totais, não há percepção
periodontal: cria-se um braço de alavanca que tende a deslocar as próteses em sua porção
posterior, gerando uma sobrecarga ao nível da crista do rebordo alveolar anterior.

32/42:
⇒ os incisivos laterais seguem as mesmas normas dos incisivos centrais.

33/43:
⇒ superfície oclusal (constituída por duas vertentes): vertente mesial, em sua borda
vestibular, ocluindo com o ângulo disto-incisal do incisivo lateral superior; vertente
distal, em sua borda vestibular, ocluindo com a face palatina (mesial) do canino
superior.
⇒ longo eixo, inclinado para mesial: podemos aumentar ou diminuir essa inclinação, de
forma a liberar os contatos excêntricos, sem a necessidade de desgastes nos dentes.
⇒ borda cervical: acompanha os dentes anteriores inferiores.
Pelas mesmas razões que o trespasse anterior pode causar interferência; em Prótese
Total não montamos a guia canina. Durante os movimentos de lateralidade, ajustamos
a posição dos caninos de forma a obter toque suave nas excursões excêntricas, com
ampla liberdade de movimento.

34/44:
⇒ último dente a ser montado, utilizaremos o espaço remanescente, desgastando o dente,
se necessário, ou permitindo um pequeno diastema se o espaço for maior.

80
⇒ cúspide vestibular, vertente disto-vestibular, ocluindo com a vertente mesial do 1º
prémolar superior; vertente mésio-vestibular, ocluindo com a face disto-palatina do
canino superior.
⇒ longo eixo, inclinado conforme a necessidade da oclusão e do espaço presente.

"Se, durante a anamnese, constatamos que o paciente apresentava problemas de
MORDIDA CRUZADA, deveremos montar os dentes anteriores em posição de borda a
borda (topo a topo), sem tentar nenhum tipo de trespasse vertical anterior."

"Na montagem de dentes em casos de mordida cruzada, monte os molares
superiores DIREITOS no arco inferior ESQUERDO; os m olares superiores
ESQUERDOS, no arco inferior DIREITO e vice-versa".

Mr.G.FINLAY "Anatomical Articulation"
Aus.J.Den., Sept., 1914





Queremos lembrar que, quanto mais cuidadosa for a montagem dos dentes, em
laboratório, menos tempo será perdido em ajustes na boca do paciente. É muito
mais simples e fácil, a visualização de contatos e/ou interferências, no articulador do
que na boca.

1. Iniciamos o ajuste pelo movimento de abertura e fechamento:
• No articulador, com uma tira de papel carbono interposta entre os dentes posteriores,
executam-se movimentos de abertura e fechamento, suavemente. As marcas de
carbono devem se apresentar uniformemente distribuídas.
• A presença de marcas em apenas um, ou alguns dentes, indica que esse(s) elemento(s)
toca seu antagonista antes dos outros dentes. A esse tipo de contato, chama-se contato
prematuro.
• Os contatos prematuros interferem no equilíbrio oclusal e afetam a estabilidade da
prótese.
• Com auxílio da espátula Le Cron, movimenta-se o dente a fim de eliminar a
prematuridade.
• Repete-se a manobra, tantas vezes quanto necessário for, até obter marcas
uniformemente distribuídas.
• Quando o contato se apresentar puntiforme, no fundo de uma fossa e não for possível
elimina-lo pela movimentação do dente, pode-se desgastar a fossa de contenção.
⇒ Não desgaste a cúspide.
• Entre os dentes anteriores, não deve haver contato (no movimento de abertura e
fechamento) ou, no máximo e em casos especiais, um contato muito suave e de menor
intensidade que entre os dentes posteriores.
ARTICULAÇÃO BALANCEADA

81

2. Lateralidade direita e esquerda:
• Partindo da posição de OC, executa-se o movimento de lateralidade para um dos lados.
A amplitude desse movimento restringe-se à posição de borda dos dentes posteriores
(cúspides vestibulares inferiores alinhadas com as cúspides vestibulares superiores, do
lado de trabalho).
• Durante esse movimento, as cúspides vestibulares inferiores devem excursionar pelos
sulcos de escape dos dentes superiores, sem interferência: tanto do lado de trabalho,
quanto do lado de balanceio.
• Repete-se o movimento para o lado oposto.
• Sempre que houver excesso de contato de um ou mais dentes, amplia-se, por desgaste,
o sulco de escape correspondente à interferência.
⇒ Não desgaste as cúspides - elas estão garantindo a posição de DVO e OC.
• Sempre que efetuar qualquer desgaste do lado de trabalho, verifique a relação dos
dentes do lado de balanceio.
• Todo o desgaste, do lado de trabalho, tem sua limitação quando do toque dos dentes do
lado de balanceio.

3. Propulsão e retropulsão:
• Partindo da posição de OC, executa-se o movimento de propulsão, até a posição de
“borda a borda” dos incisivos (borda incisal dos inferiores contra borda incisal dos
superiores).
• Durante o movimento: deve haver deslizamento entre a borda incisal dos incisivos
inferiores, contra a face palatina dos incisivos superiores.
Esse contato deve ser concomitante com o contato dos dentes posteriores e não exclusivo
entre os dentes anteriores.
• Se houver afastamento entre os dentes posteriores (ou deslocamento do[s] dente[s]
superior da cera) isso indica interferência.
• A interferência é removida:
a- diminuindo o trespasse vertical, diminuindo a altura do(s) dente(s) inferior.
Lançamos mão desse recurso quando, na posição de borda a borda, o contato se
dá exclusivamente entre o(s) dente(s) anterior.
b- aumentando o trespasse horizontal, aumentando a distância horizontal entre os
dentes superiores e inferiores (bateria anterior). Lançamos mão desse recurso
quando os dentes posteriores garantem o afastamento entre os arcos, na posição
de borda a borda.
c- aumentando a inclinação buco-vestibular, dos dentes anteriores superiores,
quando houver comprometimento estético e se essa angulação for compatível
com as trajetórias de lateralidade.

Obtido o equilíbrio (balanceio) oclusal, termina-se a escultura da prótese; quando se
criam as bossas, sulcos, papilas interdentais que conferem à face vestibular da aparelho
protético, o aspecto anatômico perdido.

82
Embora possa parecer um requinte técnico, julgamos que a prévia escultura e absoluta
limpeza dos dentes, mesmo nessa fase de provas, são fundamentais para nosso
julgamento e apreciação por parte do paciente.

EXPERIMENTAL STUDY ON THE FORM OF OCCLUSION FOR COM PLETE
DENTURES.

Kaoru KOIDE
Nippon Dental University Publications, vol.18 - 1984

O tipo de oclusão em dentaduras completas, não apenas comanda a estabilidade física
da base da dentadura, mas também é um fator importante na preservação dos rebordos
residuais.
Particularmente em oclusão NÃO balanceada, foi encontrada uma zona de esforço
considerável, na área mediana da dentadura inferior.
Em seu trabalho, KOIDE, conclui que: a modificação da oclusão para: OCLUSÃO
LINGUALIZADA (oclusão balanceada sem contato das cúspides vestibulares em
trabalho) é a melhor forma de oclusão, entre os quatro tipos analisados.

83

CAPÍTULO VIII

- Provas estéticas e funcionais.
- Inclusão, polimerização e acabamento.
- Entrega da prótese e cuidados posteriores.

Introdução:
Terminada a montagem dos dentes, em laboratório, o próximo passo será a verificação,
ao vivo, na boca do paciente.

Não é raro que, após uma montagem cuidadosa, ao levarmos as próteses em prova na
boca, notar que houve algum erro no posicionamento dos modelos no articulador e
conseqüentemente a montagem dos dentes está incorreta. Se achamos desagradável uma
constatação desse tipo agora, seria muito pior se já tivéssemos as próteses polimerizadas
e acabadas!.




Levadas as próteses à boca do paciente, iremos verificar:
1. Articulação dental em oclusão;
2. Ajuste oclusal em lateralidade e propulsão;
3. Estética dos dentes;
4. Estética da face;
5. Estabilidade da prótese em função.

1. Articulação dental em oclusão -
Praticamente repetimos as manobras executadas em articulador. Assim é que, com auxílio
de tiras de papel carbono, verificamos os contatos dentais, em abertura e fechamento.
Nossa intenção será verificar a justeza da montagem e não remontar as próteses. Se
houverem pequenas alterações, estas poderão se corrigidas “In loco” mas, é muito mais
difícil e sujeito a erros, tentar a correção da oclusão na boca do que no articulador.

Há a tendência, por parte do paciente, de procurar a posição de máxima
intercuspidação, apertando os dentes. Essa tendência mascara as possíveis
interferências resultantes de erro na montagem das próteses. A mobilidade própria
da fibromucosa de revestimento, permite a movimentação das bases, criando uma
imagem falsa da oclusão.

A verificação dos contatos deve ser feita com movimentos suaves, procurando os contatos
ao primeiro toque e não sob pressão. Solicitam-se uma série de deglutições, com o
carbono interposto entre os arcos dentais, para verificar a oclusão habitual do paciente.
PROVAS ESTÉTICAS E FUNCIONAIS

84
Se houver dúvida quanto à montagem, tomam-se registros em cera, na posição de
deglutição e procede-se à remontagem das próteses em articulador.

2- Ajuste oclusal em lateralidade e propulsão -

Solicita-se, ao paciente, que movimente a mandíbula para a frente (propulsão) até a
posição de “topo a topo”. Durante essa excursão, procuramos verificar possíveis
interferências, entre as vertentes mesiais e distais, das cúspides dos dentes posteriores
e/ou a borda incisal dos dentes anteriores inferiores e a face palatina dos dentes anteriores
superiores.
Na presença de pequenas interferências, desgastam-se as áreas de contato.

Se houver dúvida quanto à montagem, tomam-se registros em cera, das posições
protrusiva e latero-protrusiva, para nova regulagem e remontagem das próteses em
articulador.

Uma área comum de interferência é a região de caninos: no indivíduo dentado há toque e
desoclusão pela guia canina, do lado de trabalho. Em dentaduras, esse contato funciona
como um fulcro de apoio que desloca as próteses nos movimentos excêntricos.
Movimenta-se ou desgasta-se os caninos de tal forma que haja o toque, sem desoclusão,
desses dentes.

3- Estética da prótese -

Do ponto de vista estético, procuramos o equilíbrio entre a escultura do enceramento com
as expressões faciais do paciente.
Principalmente durante o sorriso forçado, procuramos verificar se a escultura cervical dos
dentes anteriores superiores, acompanha a “linha alta do sorriso”; enquanto a borda
incisal acompanha a “linha do sorriso” representada pela posição do lábio inferior.

Outro ponto a se verificar diz respeito ao chamado “corredor bucal”: essa área é
representada pelo espaço existente entre as faces vestibulares dos dentes posteriores (de
prémolar para trás) e as comissuras labiais, durante o sorriso forçado. A abertura do arco
dental, elimina (ou diminui) esse espaço, realçando os dentes posteriores, em detrimento
dos dentes anteriores - a prótese “parece” mais larga. Já a criação do “corredor bucal” faz
com que os dentes anteriores sejam realçados em relação aos dentes posteriores - os
dentes anteriores “parecem” mais salientes.

"Um dos requisitos fundamentais é que os seis dentes anteriores sejam suficientemente
largos para que os caninos assumam a sua posição normal no arco".

ROWE, A.T. (1935)
Evidentemente, essas modificações, quando necessárias, devem ser realizadas no
articulador pois envolvem alteração no relacionamento oclusal dos dentes
posteriores.

85

4- Estética da face:

Este item está relacionado com o anterior; porém agora verificaremos as modificações
ocorridas na face em repouso, tais como: levantamento de rugas e sulcos; reconstituição
do perfil estético.
"A ação dos músculos labiais é tal que a forma e expressão faciais serão totalmente
dependentes desse suporte e os lábios se auto-moldam ao desenho que os dentes
anteriores predeterminaram".

ROWE, A.T. (1935)

Notamos, logo à primeira vista, que o indivíduo desdentado apresenta os lábios mais
finos e os sulcos faciais mais pronunciados. Essa aparente flacidez se deve à modificação
da tonicidade da musculatura da face. Com a perda dos dentes e conseqüente reabsorção
óssea, notadamente da vertente vestibular do rebordo alveolar superior, há perda de
suporte para a musculatura facial, com conseqüente invaginação dos lábios e bochechas.
Esse aspecto persiste e pode se tornar permanente (com o aparecimento de rugas e sulcos
profundos), se as alterações da base óssea não forem compensadas pela prótese.
Quando da confecção de nova prótese, podemos promover o levantamento dos lábios,
notadamente do sulco naso-labial; reconstruir o filtrum labial, dando suporte para o
aparecimento do tubérculo labial; enfim reconstruir o perfil estético do paciente.

"Se as linhas de força que passam pelos rebordos e pelo longo eixo dos dentes fossem
visíveis, veríamos um CONE com seu ápice ao nível da linha dos olhos; quanto mais
próximos ao rebordo forem posicionados os dentes superiores, mais o arco será reduzido
em largura".

ROWE, A.T. (1935)
Pelo expediente de acrescentar cera à face vestibular da prótese superior, criando as
bossas dos incisivos e caninos; estaremos devolvendo o suporte perdido pela reabsorção
óssea. Evidentemente não existe uma “medida” a ser seguida: devemos nos valer de
nossos conhecimentos da Anatomia da cavidade oral e do nosso senso estético.

É de fundamental importância a opinião do paciente, nessa fase de nosso trabalho: a
reconstrução estética deve ser dirigida em função das aspirações do paciente e não,
necessariamente, as nossas.

O aumento excessivo da espessura da face vestibular da prótese superior, pode
interferir com a movimentação dos lábios e deslocar a prótese.

5- Estabilidade da prótese em função:

86
Como última das provas, solicitamos, ao paciente, que execute a totalidade dos
movimentos mandibulares e faciais. Verificamos a ausência de interferências oclusais;
relação das bordas e face vestibular, com os tecidos moles e músculos.
Neste momento temos as melhores condições possíveis, para realizar o teste fonético:
uma vez que a prótese se apresenta em sua forma definitiva, quer quanto à. montagem e
disposição dos dentes, quer quanto ao desenho de sua face vestibular e palatina. Solicita-
se, ao paciente, a emissão de fonemas: labiais, linguo-dentais e linguo-palatais,
verificando a facilidade e clareza da dicção.
Falar com o paciente, pedindo que ele expresse sua opinião à respeito do trabalho,
fazendo perguntas e solicitando respostas, é a maneira mais prática e rápida de se
realizar esse teste.

A verificação dos bordas e sua relação com os tecidos paraprotéticos, em dinâmica, é
fundamental nesta fase. Sempre que houver interferência, modifica-se a borda da prótese
até eliminar a interferência.

O conceito popular de que “dentadura nova machuca” não encontra fundamento
científico nenhum.




Removidas da boca do paciente, as próteses enceradas devem ser incluídas no menor
espaço de tempo possível. Grande parte das alterações ditas de polimerização, resultam
de alterações na cera, que podem ocorrer enquanto se aguarda a inclusão em mufla.

• A base de prova será fixada ao seu respectivo modelo, com auxílio de cera rosa e o
conjunto, imerso em água fria, para hidratar. Tomamos o cuidado de hidratar o
modelo, para que este faça corpo com o gesso da contra-mufla, a fim de evitar seu
deslocamento, durante as fases de prensagem.
• Após hidratação do modelo, o conjunto será fixado na mufla, com gesso “comum”.
Aguarda-se a presa do gesso quando controi-se um reforço, em gesso “pedra”, em
torno dos dentes artificiais.
SHARRY (1968) afirma que o gesso comum não propicia suporte suficiente para os
dentes durante a pressão de inclusão.
PERLOWSKI (1953) e GRANT (1962), concluem que o movimento dos dentes, durante
a inclusão, será minimizado por uma matriz em gesso pedra ao redor dos dentes.
• A superfície do gesso será isolada; a contra-mufla preenchida com gesso “comum” e
levado a prensa manual, onde se aguarda a presa final do gesso.
INCLUSÃO E POLIMERIZAÇÃO
"A manutenção das dentaduras em cera, após seu acabamento, permitindo a ocorrência
de alterações dimensionais na cera, pode ser uma das causas da perda de articulação".

VIEIRA, D.F. (1958)

87
• Após a presa final do gesso, imerge-se a mufla em água quente, para amolecer a cera.
• A abertura deve ser cuidadosa, pois corremos o risco de fraturar o modelo, num
movimento intempestivo.
• Removem-se a base de prova e os excessos de cera. Com água em ebulição, lavam-se
as partes internas da mufla, removendo todo o resíduo de cera. Seca-se com jatos de ar
e aguarda-se o resfriamento natural.
• Isola-se: todo o gesso do modelo e contra-modelo, com isolante para resina, tomando
cuidado para não estender o isolante sobre as faces cervicais dos dentes artificiais.
A resina acrílica será manipulada, segundo as normas do fabricante, aguardando a
fase plástica para o entulhamento da mufla.
• Preenchida totalmente, leva-se a mufla à prensagem. O melhor resultado será obtido
utilizando uma prensa hidráulica, quando podemos regular, tanto a pressão quanto o
escoamento da resina. Pressão inicial da ordem de 500 kg. propicia o escoamento
contínuo e uniforme da resina; ao final do escoamento, elevamos a pressão,
paulatinamente, até 1.000 kg., quando temos a certeza do completo fechamento da
mufla.
• A mufla será levada a uma prensa individual; preferencialmente, prensa de molas,
para a fase de polimerização.

A polimerização da resina acrílica tem sido o “calcanhar de Aquiles” das próteses
totais.

Freqüentemente, na pressa de obter o trabalho pronto, ou pelo “desconhecimento” da
química das resinas acrílicas, a polimerização é feita de maneira arbitrária, descuidada e
apressada. Não nos causa espécie que os resultados sejam insatisfatórios.
Cumpre ao profissional a exigência de que a fase de polimerização seja corretamente
realizada.
O aumento vertical, em dentaduras processadas pela técnica de prensagem, pode ser o
resultado de outros fatores que não a técnica.

ZAKHARI, K.N. (1976)

A reação de polimerização da resina acrílica, é uma reação exotérmica. Assim sendo,
quando se eleva a temperatura da água do banho e se inicia a polimerização propriamente
dita, a temperatura da massa de resina aumenta (proporcionalmente ao seu volume) em
valores maiores, do que a temperatura externa. Levando em consideração que, a
temperatura de ebulição do monômero está na faixa de 100,3ºc.; quando a temperatura do
banho ultrapassa 75ºc., a temperatura interna da resina ultrapassa 100ºc.; o que pode
levar o monômero residual a entrar em ebulição, causando porosidade na massa de
resina.
A presença de porosidade interna, mesmo que em níveis mínimos, afeta a resistência da
base; aumenta o risco de fratura; aumenta o grau de sorção de fluídos bucais e interfere
com a qualidade do polimento da resina.

88
Temos obtido excelentes resultados utilizando um polimerizador (basicamente uma cuba
metálica, ampla [com capacidade para duas ou mais prensas] dotada de uma resistência
elétrica [700 watts] e termostato) que mantém a temperatura em 70ºc. O volume de água
é suficiente para que o aquecimento seja lento e uniforme.
O ciclo de polimerização ideal é de cerca de 12 horas a 70ºc.

TAMAKI (1974), cita um ciclo rápido de polimerização, que pode ser utilizado sempre
que necessário:

Há necessidade de controle permanente da temperatura, para evitar superaquecimento. O
uso de um polimerizador tem a vantagem de manter a temperatura uniforme, durante
longo período de tempo (pode ser ligado durante a noite), liberando o técnico ou o
profissional, para outros afazeres.

⇒ Atualmente foram desenvolvidas técnicas e resinas para polimerização em fornos de
micro-ondas.
⇒ A seqüência de inclusão segue os mesmos passos, variando no que diz respeito à
mufla que é construída de material plástico e específica para esse tipo de
polimerização.
⇒ O ganho em tempo de polimerização é significante e os resultados obtidos são
animadores.

Após o ciclo de polimerização, seja qual for, o resfriamento da mufla deve ser natural
até a temperatura ambiente.

• A abertura e desinclusão deve ser cuidadosa para evitar fraturas ou distorções da
prótese acabada.


• Removida a prótese da mufla, passaremos às fases de acabamento:
POLIMERIZAÇÃO "ciclo rápido":
1- Temperatura ambiente - AQUECIMENTO lento até 65°c.: reação exotérmica -
(temperatura interna atingindo 100°c.);
2- MANUTENÇÃO a 65°c. por 60' - combinação monômero/polímero;
3- AQUECIMENTO até 100°c. em 30';
4- MANUTENÇÃO a 100°c. por 60'- polimerização das porções mais finas;
5- RESFRIAMENTO LENTO (natural) até temperatura ambiente.
WOEFEL & PAFFENBARGER (1959), verificaram que o valor da deformação linear de
processamento, ocorrida na região de molares, é menor do que 0,3mm. Essa deformação
ocorre durante a retirada das próteses dos modelos.

89
• Com pontas montada para resina, recortam-se os excessos, tomando o cuidado de não
interferir com as bordas da prótese.
1. Com tiras de lixa fina, montadas em mandril, dá-se acabamento na superfície externa,
removendo as ranhuras causadas pela ponta montada.
2. No torno de polimento, utilizando escova e “pedra pomes”, iniciamos o polimento;
continuado com escovas mais macias e “branco de Espanha”, até o brilho final, com
rodas de feltro. Lembramos que não se deve exercer pressão, durante o polimento,
para evitar aquecer e queimar a resina.
• Um alto grau de polimento é desejável pois, além de eliminar a porosidade
superficial da prótese, aumenta o conforto do paciente.
• Não utilizar polidores para metal: esses produtos contém solventes, derivados de
petróleo, em sua composição, que podem atacar a superfície da resina acrílica.
• A prótese terminada deve ser instalada no menor espaço de tempo possível. É uma
característica das resinas acrílicas, o fenômeno da sorção. Por outro lado, se a prótese
for mantida em ambiente seco, poderá haver perda de água e possíveis alterações
dimensionais.



Quando da entrega da prótese, devemos tomar alguns cuidados, para nos certificar da
justeza do aparelho bem como de seu equilíbrio. Assim sendo, o primeiro, passo após a
instalação, será verificar o ajuste das bordas e sua relação com os tecidos circunjacentes.

1. Abertura da boca: verificamos as relações da borda da prótese com o sulco vestibular,
anterior e posterior.
2. Deglutição: relações da borda lingual da prótese inferior, com os tecidos do assoalho
da boca.
3. Movimentos da língua: para fora e para os lados - relação da borda lingual da
prótese inferior, com o assoalho da boca, em sua porção posterior (m. Milohioideo).
Para cima, tocando o palato - relação da base da prótese inferior, com os músculos
Geniohioideo e Genioglosso.
4. Tração dos lábios e bochechas: relação da borda vestibular da prótese, com a região
do sulco vestibular. Por posterior: músculos Bucinador e Masseter; freios e bridas.
5. Pressupomos que o ajuste de bordas (RECORTE MUSCULAR), já tenha sido
executado quando do ajuste da moldeira individual e posteriormente, reavaliado
quando da prova da base experimental. Nessas condições, as possíveis
interferências devem ser de pequena magnitude e resultantes do recorte de
acabamento. Desgastes amplos; remoção de partes da borda da prótese,
INEVITAVELMENTE INTERFEREM COM A RETENÇÃO, por envolverem a
região de selamento periférico. Situações desse tipo exigem a reavaliação do
trabalho e manobras corretivas como o reembasamento da prótese.:
6. Tração anterior: segurando pelos dentes anteriores, faz-se tração segundo um eixo
perpendicular à base da prótese. O deslocamento indica falta de ajuste na região
anterior (sulco e vertente vestibulares).
ENTREGA DA PRÓTESE E CUIDADOS POSTERIORES

90
7. Tração buco - vestibular: apoiando o dedo indicador na face palatina dos incisivos,
traciona-se para fora. O deslocamento indica falta de ajuste posterior (ou rebordo
anterior excessivamente reabsorvido).
8. Pressão lateral: com o dedo indicador, executa-se pressão sobre as superfícies
oclusais dos dentes posteriores, de um dos lados de cada vez. O deslocamento indica
falta de ajuste do lado oposto à pressão ou fulcro na região mediana (palatina) da
prótese.



Basicamente vamos repetir os mesmos passos que executamos quando das provas da
montagem, com uma diferença fundamental: a prótese agora está acrilizada e não mais
temos a possibilidade de alterar as posições dos dentes.
Dimensão Vertical de Oclusão
Relação Central - Oclusão Central
Ajustes Oclusais em posições: cêntrica e excêntricas

WESLEY, R.C. et ali (1973), concluem:
1. Discrepâncias oclusais em PT são produzidas como resultado do processamento das
próteses e devem ser corrigidas antes de sua entrega ao paciente.
2. O processamento cuidadoso pode diminuir as alterações dimensionais, no esquema
oclusal, entre os dentes antagonistas da bateria posterior.

Os principais fatores responsáveis pelo desajuste oclusal em PT são:
1. Mudanças no relacionamento dos dentes ao modelo, durante as fases de
processamento.
2. Deformação da base da prótese quando da liberação de esforços durante a
demuflagem.

Dimensão Vertical de Oclusão:
Reproduziremos os testes para determinação da dimensão vertical, para nos certificar de
que não houve alteração, quando da prensagem e polimerização da prótese.
Excepcionalmente nos defrontamos com alterações para menos, na dimensão vertical de
oclusão. Quando ocorrem, essas alterações envolvem um aumento de altura que pode
interferir com o espaço funcional livre. Geralmente devida a prensagem insuficiente; ou
deslocamento dos dentes posteriores durante a prensagem; é característica a espessura
exagerada da base da prótese. Este tipo de acidente compromete, de maneira
irremediável, o trabalho. A única solução reside na substituição total da base da prótese.

Relação Central - Oclusão Central:
Embora, por facilidade didática, se estude separadamente a dimensão vertical de oclusão
e a oclusão central, é fundamental que se compreenda que se tratam de relações maxilo-
ENTREGA DA PRÓTESE E CUIDADOS POSTERIORES
ANÁLISE DAS RELAÇÕES MAXILO-MANDIBULARES

91
mandibulares tridimensionais, que ocorrem simultaneamente e conjuntamente. Isso
eqüivale a dizer que: toda e qualquer alteração em uma, afeta a outra.
Os testes mais utilizados para a verificação da oclusão central, envolvem os movimentos
de abertura e fechamento sucessivos e movimentos de deglutição (repetem-se os mesmos
testes já utilizados quando da prova dos dentes).

Ajustes oclusais em posições, cêntrica e excêntrica:
Com auxílio de tiras de papel carbono, brocas finas e pedras montadas, podemos refinar
a oclusão da prótese.

1- Abertura/fechamento: procura-se a mesma relação determinada quando da
montagem dos dentes. Contato entre cúspide e vertente (em arco de fechamento);
promove o deslocamento da prótese. São eliminados ampliando a fossa de contenção,
às custas de pequenos desgastes nas vertentes, sem desgastar a cúspide.
2- Lateralidade direita e esquerda: procura-se a mesma relação determinada quando da
montagem dos dentes. Verificamos a presença de traçado uniforme, indicativo de que
todas as cúspides de suporte dos dentes posteriores, excursionam pelas vertentes dos
dentes antagonistas. Se houver interferência, ampliam-se os sulcos de escape,
propiciando maior liberdade ao deslocamento. Não desgaste as cúspides de suporte
dos dentes posteriores. Os caninos podem sofrer desgaste se for constatado
travamento: desgaste de acordo com a estética.
3- Propulsão e retropulsão: procura-se a mesma relação determinada quando da
montagem dos dentes. Desgaste, preferencialmente, a face palatina dos incisivos
superiores. Excepcionalmente desgasta-se a borda incisal dos dentes inferiores.

Essas manobras deverão ser efetuadas tantas vezes quanto necessário, até que
tenhamos certeza do equilíbrio de nosso trabalho.
Os desgastes são puntiformes. Desgastes extensos são contra-indicados pois
envolvem perda de substância do dente e interferirão na DVO.

ENTREGA DA PRÓTESE
CUIDADOS POSTERIORES

Terminados os testes de retenção e estabilidade, consideramos o trabalho em condições
de ser entregue.
O paciente deve ser instruído no sentido de remover e higienizar a prótese, sempre que
ingerir alimento.

Em casos de intensa reabsorção óssea, mucosa flácida, hábitos de apertamento dental,
recomenda-se a remoção da prótese, durante a noite. Nos casos em que o paciente se
recusa a permanecer sem a prótese (por razões estéticas ou psicológicas), recomenda-se
que remova a prótese, várias vezes ao dia, mesmo que por curtos períodos, e massageie
as gengivas com uma escova macia.

92
A remoção das próteses a noite reduz, drasticamente, a incidência de inflamação. Se
combinada com a estimulação dos tecidos com uma escova macia, a inflamação pode ser
totalmente eliminada.

LOVE (1967)

• É importante conscientizar o paciente de que há uma fina camada líquida, entre a
base da prótese e a fibromucosa de revestimento, que não sofre auto-limpeza pela
ação da língua, e onde podem se instalar bactérias. Assim sendo, a limpeza freqüente,
tanto da face interna da prótese, quanto da fibromucosa, removendo a película de
mucina que aí se instala, é um dos principais fatores para a longevidade e qualidade
do tratamento.
• Não se aconselha soluções químicas, como água oxigenada ou compostos amoniacais,
para a higiene da prótese. Na maioria dos casos, essas soluções contém agentes
químicos que atacam a resina acrílica.
• Escovas duras e pó dentifrício, podem, a curto prazo, remover o polimento superficial
da resina da base ou dos dentes, devido ao alto grau de abrasão.
• Recomenda-se escova macia e sabão neutro ou creme dental de baixo poder abrasivo.
• É mais importante a freqüência do que a intensidade da limpeza.

O PACIENTE DEVERÁ SER INFORMADO DE QUE A UTILIZAÇÃO DE
PRÓTESE(S) TOTAL(AIS) NÃO O EXIME DE CONTROLES PERI ÓDICOS DE
NOSSA PARTE.

Convém lembrar que a reabsorção óssea continua e que será agravada se a base da
prótese não estiver perfeitamente ajustada aos rebordos alveolares residuais.

Controles anuais garantem a qualidade do trabalho: verificação da oclusão, DVO,
adaptação e retenção, estabilidade e prognóstico do tempo de utilização, antes que
essas alterações atinjam um estado de difícil solução.

"Possivelmente chegará o tempo em que todos entendamos que:
1. O estado de edentado não tem cura.
2. O tratamento protético voltado para a saúde geral e psíquica é a nossa meta.
3. O atendimento protético deve ser consistente, recorrente e em algumas
circunstâncias contínuo durante toda a vida do paciente. O atendimento só termina
quando o paciente morre".

LARKIN, J.D. (1971)

93




Reembasamento - tipos e materiais
Consertos e remontagem



"O reembasamento é o reajuste da base da dentadura, por acréscimo de nova
quantidade de material."
TAMAKI, T. (1974)

Conceito:
Manobra de finalidade protética, visando aumentar a retenção das próteses à custa de
melhor adaptação à superfície de suporte e tecidos subjacentes, bem como na região de
selamento periférico.

As manobras de reembasamento são indicadas para:
Dentaduras IMEDIATAS
Dentaduras MEDIATAS p/ aumento da retenção ou reajustes periódicos da base
Dentaduras ANTIGAS, em fase de substituição, p/ melhora das condições da
fibromucosa.



Podemos dividir as manobras de reembasamento em dois grandes grupos:
1. segundo a sua EXTENSÃO
2. segundo a sua FINALIDADE

1. Dependendo da sua extensão o reembasamento pode ser:
• Reembasamento- TOTAL
• Reembasamento- PARCIAL

2. Segundo a sua finalidade podemos dividir as manobras de reembasamento em:
• Reembasamento c/ FINALIDADE PROTÉTICA
• Reembasamento c/ FINALIDADE TERAPÊUTICA

1. Como o próprio nome indica, o reembasamento total é aquela manobra protética em
que se substitui toda a base da dentadura, por novo material. Por outro lado, o
reembasamento parcial seria aquele tipo em que a substituição (ou acréscimo) de
material, fica restrito a uma área da dentadura.
2. Reembasamento com finalidade protética, engloba aquelas manobras em que nossa
intenção será de melhorar as condições de uma prótese já existente, para aumentar a sua
CAPÍTULO IX
REEMBASAMENTO TIPOS E MATERIAIS
TIPOS DE REEMBASAMENTO

94
sobrevida ou fornecer, ao paciente, a prótese antiga em condições de utilização como
“prótese de reserva” quando da confecção de novo aparelho.
Já o reembasamento com finalidade terapêutica, envolve manobras de acréscimo ou
substituição parcial, visando a melhora das condições de higidez da fibromucosa de
revestimento e/ou a oclusão. Nessa situação, a prótese está sendo utilizada como um fator
de tratamento e será, inevitavelmente, substituída.



Os materiais empregados para reembasamento são:
1- RAAQ
2- RAAT.
3- Pastas para moldagem (pasta ZOE)
4- Materiais resilientes: condicionadores teciduais
soft liners

1. Resina acrílica ativada quimicamente: É utilizada quando de reembasamento total,
ou em reembasamento parcial, imediato e por acréscimo de material.

• Desgasta-se a superfície interna da base da prótese, até obter espaço suficiente para o
novo material (cerca de 1,5 a 2 mm.), deixando a superfície áspera.
• Manipula-se a RAAQ, seguindo as proporções indicadas pelo fabricante e aplica-se,
ainda fluida, no interior da base da prótese. Obtém-se melhor resultado se a superfície
interna da prótese for previamente tratada com líquido da resina.
• Levada em posição, solicita-se, ao paciente, que feche a boca, verificando a oclusão da
prótese.
• Como houve desgaste interno e novo acréscimo de material, é muito importante
verificar se não houve movimentação da prótese, que possa interferir com a oclusão.
• Aguarda-se o início da polimerização da resina (identificada pelo ardor e aumento da
temperatura), quando remove-se, com cuidado e lava-se, rapidamente e
abundantemente, com água fria, tanto a prótese, quanto a boca do paciente.
• A água fria retarda a polimerização da resina, aumentando o tempo de trabalho e
permitindo melhor controle por parte do profissional.
• Essa manobra deve ser repetida várias vezes para evitar, ou pelo menos diminuir, o
desconforto do paciente, ao mesmo tempo que nos permite visualizar e controlar o
processo.
• Polimerizado o material, com auxilio de pontas montadas desbastam-se os excessos e
procede-se ao polimento das bordas.
• Verificam-se: a oclusão e as relações das bordas com os tecidos paraprotéticos.

NOTA- existem, atualmente no mercado, resinas quimicamente ativadas específicas
para reembasamento imediato. São resinas modificadas, cuja liberação de calor
(reação exotérmica) é bem menor do que nas resinas convencionais. Prestam-se
muito bem para aqueles casos em que temos a necessidade de proceder a
MATERIAIS E TÉCNICAS

95
reembasamentos sucessivos, num espaço de tempo relativamente curto (próteses
imediatas).

No caso de reembasamento parcial: as manobras são semelhantes, porém restritas à(s)
área(s) de interesse.

2. Resina acrílica ativada termicamente: É um tipo de manobra indicado quando
necessitamos a substituição total da base sem alteração da estética, ou oclusão, da
prótese.
Tem sua indicação para aqueles casos em que a prótese está satisfatória sob todos os
aspectos, menos quanto à sua retenção. Utilizaremos a prótese como se fosse uma
moldeira individual, para proceder a nova moldagem funcional.

• Desgaste interno para conter o material de moldagem.
• Seleciona-se um material de moldagem funcional
• Manipulado o material, preenche-se a prótese como se fosse uma moldeira individual.
• Levada em posição, na boca do paciente, após a centralização e início do
aprofundamento, solicita-se que o paciente oclua em OC.
• Mantendo a posição de oclusão (moldagem à boca fechada), movimentam-se os
lábios e bochechas para a moldagem das bordas.
• Após a presa (polimerização ou vulcanização) do material de moldagem, remove-se,
lava-se e examina-se.
• Dependendo do material selecionado, pode-se remoldar a zona de selamento
periférico. (
vide - moldagem funcional, Capítulo V)
• Vazamos o modelo em gesso (com gesso “pedra”), tomando especial cuidado para não
recobrir a face externa da prótese. Não separe molde/modelo.
• Após a presa final do gesso, inclui-se em contra-mufla (com gesso “comum”): a
prótese voltada para cima.
• Isola-se exclusivamente a superfície de gesso da contra-mufla. Fechada a mufla,
preenche-se com gesso comum.
• A abertura da mufla depende do material utilizado na moldagem. (
vide - obtenção dos
modelos, Capítulo VI)

• Aberta a mufla e removido o material de moldagem da superfície interna da prótese;
com auxílio de broca para resina remove-se, totalmente, a resina da base da dentadura,
menos naquela região correspondente aos dentes artificiais.
• Manipulada nova porção de resina, procede-se à inclusão prensagem e polimerização,
pela técnica convencional. (
vide - Inclusão e polimerização, Capítulo VIII)
• A desinclusão e acabamento da prótese são feitos da forma convencional.

3. Pasta para moldagem (pasta ZOE): É um recurso de emergência, pois a pasta
zincoeugenólica não resiste às condições da cavidade oral. No entanto, na ausência de
outro material melhor indicado, pode-se lançar mão desse material, como
reembasamento terapêutico, por curtos períodos de tempo (24 a 48 horas).

96
4. Materiais resilientes:
TIPOS E COMPOSIÇÃO:
Grupo I: Metacrilatos - polimetacrilatos
Etilmetacrilatos
Siliconas
Grupo II: Mat. base de borracha
Velum vinil
Polímeros acrílico/vinílicos
Polímeros acrílico/siliconas
INDICAÇÕES:
• - áreas sensíveis ou reabsorvidas dos rebordos alveolares;
• - bruxismo: como protetor dos tecidos de suporte;
• - áreas de alívio em Pt.;
• - restauração de defeitos congênitos ou adquiridos, na cavidade oral;
- xerostomia.
REQUISITOS DO MATERIAL:
l. Dureza "shore" 20 a 25 unidades durante todo o tempo de sua utilização;
2. total aderência à base da prótese;
3. completa devolução de esforços;
4. bactericida ou bacteriostático;
5. facilmente higienizavel;
6. cor estável, insípido e inodoro;
7. atóxico;
8. dimensionalmente estável;
9. não absorver fluidos bucais;
10. não alterar a base da prótese;
11. superfície hidrófila;
12. viscosidade moderada e controlável

Os materiais resilientes, conhecidos como condicionadores teciduais, prestam-se muito
bem para reembasamento terapêutico, quando a necessidade de regredir estados
congestivos da fibromucosa, antecede ou caminha paralelamente à confecção de próteses.
São, também, largamente empregados quando da instalação de próteses totais
imediatas, para o controle da reabsorção óssea alveolar, estabilidade da prótese e
conforto do paciente.
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