Apostila de Sociologia
Marcelo Sabbatini
As habilidades próprias dos diferentes ofícios continuaram a ser adquiridas por meio da
aprendizagem que seguia a fórmula já conhecida: observar e imitar antes da produção
autônoma. Ainda devemos ao homem da Idade Média, o desenvolvimento ou
aperfeiçoamento da tecelagem, das construções, das navegações, da atrelagem de
animais, o que, por exemplo, mudou os métodos de combate. Ainda podemos citar
outros exemplos como a invenção da ferradura, do arreio, da biela, da manivela, do
leme, o remo, dos arcos e vitrais nas construções, ainda do relógio mecânico, dos
moinhos de vento e do canhão.
É oportuno destacar que foi durante o Renascimento, que os horizontes do homem se
ampliaram, devido a três descobertas que contribuíram para a Revolução Científica: a
bússola, possibilitando a navegação em oceanos; a pólvora, permitindo a fabricação de
armas; a impressão de livros, difundindo os conhecimentos. Ainda neste período,
formularam-se os novos conceitos de ciência e de progresso científico; já abandonando
a concepção de ciência como desinteressada contemplação da verdade. É a história da
construção de um novo saber progressivo, de caráter público e cooperativo, pertencente
a todos os homens e das resistências que este enfrentou até se afirmar na
sociedade como um novo paradigma nos séculos XVI e XVII.
Entretanto, foi a partir da Revolução Científica, e depois, da Revolução Industrial, que o
progresso científico resultou de fundamental importância para a civilização moderna. A
ciência moderna tornou possível a transformação da técnica e o surgimento da
tecnologia de base científica, ou seja, os conhecimentos científicos foram utilizados
para atuar de maneira prática transformando o mundo.
Com a Revolução Industrial, surgiram a máquina a vapor, e o aparecimento das
primeiras indústrias nos centros urbanos. Em uma segunda fase da Revolução Industrial,
surgiram as aplicações da eletricidade, com a implantação das primeiras usinas
hidrelétricas e termelétricas. O uso dos derivados do petróleo, que deram origem ao
motor a combustão, e conseqüentemente o aparecimento dos primeiros automóveis. O
surgimento das indústrias químicas, das novas técnicas de prospecção mineral, dos alto-
fornos, das fundições, usinas siderúrgicas e dos primeiros materiais plásticos. No
mesmo impulso foram desenvolvidos novos meios de transporte, como os
transatlânticos, carros caminhões, motocicletas, trens expressos e aviões, além de novos
meios de comunicação como o telégrafo, com e sem fio, o rádio, os gramofones, a
fotografia e o cinema.
Na primeira metade do século XX, vieram as guerras mundiais, com recursos
tecnológicos que proporcionaram um efeito de destruição em massa jamais visto, nunca
tantos morreram tão rápido e atrozmente, devido em grande parte ao uso da tecnologia.
Devemos ressaltar como todo esse caminho de criação da técnica, da ciência e da
tecnologia, percorrido pela humanidade, demorou milênios de nossa história, porque o
contraste com o ritmo observado a partir do século XIX é totalmente inédito na
trajetória humana. Desse modo, nos últimos 40 anos presenciou-se um rápido processo
de transformações, principalmente devido à Revolução da Microeletrônica. A escala de
mudanças, desencadeadas a partir desse momento, são de tal magnitude, que fazem os
momentos anteriores da história humana parecerem projeções em câmara lenta. A
aceleração das inovações tecnológicas se dá agora numa escala multiplicativa, uma
autêntica reação em cadeia, de modo que em curtos intervalos de tempo, o conjunto do
©2005-2013 Marcelo Sabbatini (
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