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LITERATURA
Questão 02
TEXTO 01:
LIRA 14 (parte I)
Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura;
Vem depois dos prazeres a desgraça
........................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu)
TEXTO 02:
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa –
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
(Ricardo Reis, Odes)
Sobre os textos, assinale a alternativa incorreta:
01)O texto 01 retoma a tópica horaciana expressa na frase
latina carpe diem. Diante da inexorabilidade da
decadência e da morte, a lira de Gonzaga traz implícito o
convite ao enlace amoroso, encarecendo sua premência,
dada a fugacidade do tempo e a inconstância da sorte.
02)No texto 01, a noção de fugacidade do tempo provoca
inquietação e ansiedade, enquanto que, no texto 02,
Ricardo Reis aproxima-se da atitude estóica, propondo
a calma aceitação do presente.
03)O texto 02 mostra as relações entre as estações do ano e
a passagem do tempo através de associações
arquetípicas: a primavera é a infância, o verão, a
juventude; o outono, a maturidade e o inverno, a velhice.
04)O texto 01 pode ser resumido na seguinte frase: “urge
aproveitar o tempo, que impiedosamente desvitaliza seu
corpo e desfigura o semblante de Marília”. Já no texto
02, a ideia central pode ser descrita pelo fato de o sujeito
poético, superando a mácula da dor e do desespero,
exercitar a razão e a disciplina na valorização do momento
presente.
05)O texto 02 evidencia, além da postura claramente
alienante, na medida em que ele prega um posicionamento
de alheamento em relação ao inverno e à primavera,
esperando um improvável outono para, então, usufruir
o “o amarelo atual de que as folhas vivem / E as torna
diferentes”.
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Questão 01
TEXTO:
Assinale a alternativa correta após a leitura do texto:
01)O poeta infringe os princípios clássicos de contenção
e equilíbrio ao manifestar a emoção que o habita.
02)O poeta busca na Natureza brasileira as cores para
pintar a beleza da amada.
03)Como o caráter lírico árcade determinava, a beleza da
amada não supera a dos modelos clássicos de
perfeição física.
04)Como o poeta é um representante da burguesia,
percebe-se no poema um certo elogio da vida
burguesa.
05)Percebem-se no texto referências mitológicas próprias
do modelo medieval exigido pela estética árcade.
A minha amada
é mais formosa
que branco lírio,
dobrada rosa,
que o cinamomo,
quando matiza
coa folha a flor.
Vênus não chega
ao meu amor.
Vasta campina
de trigo cheia,
quando na sesta
co vento ondeia,
ao seu cabelo,
quando flutua,
não é igual.
Tem a cor negra,
Mas quanto val!
Os astros, que andam
na esfera pura,
quando cintilam
têm preço vil.
Neles se agarram
amores mil.
Se não lhe desse,
compadecido,
tanto socorro,
o deus Cupido;
se não vivera
uma esperança
no peito seu,
já morto estava
o bom Dirceu.
na noite escura,
não são, humanos,
tão lindos como
seus olhos são,
que ao sol excedem
na luz que dão.
Às brancas faces
ah! não se atreve,
jasmim de Itália,
nem inda a neve,
quando a desata
o sol brilhante
com seu calor.
São neve, e causam
no peito ardor
Na breve boca
vejo enlaçadas
as finas per’las
com as granadas;
a par dos beiços,
rubins da Índia
Vê quando pode
teu belo rosto,
e de gozá-lo
o vivo gosto!
que, submergido
em um torento
quase infernal,
porq’inda espero,
resisto ao mal.
(Thomaz Antônio Gonzaga)
(Tomás Antônio Gonzaga)