MOMENTO HISTÓRICO » NO MUNDO: Iluminismo; Revolução Francesa (1789); Progressivo descrédito das monarquias absolutas; Decadência da aristocracia feudal; Crescimento do poder da burguesia. » NO BRASIL: Inconfidência Mineira (1789) em Vila Rica, atual Ouro Preto.
PENSAMENTOS DA ÉPOCA Iluminismo: O uso da razão como meio para satisfazer as necessidades do homem. Os movimentos pela independência do Brasil, como a Inconfidência Mineira, por exemplo, inspiraram-nas nas ideias iluministas. ‘’Liberdade, igualdade e fraternidade.’’ Laicismo: Estado e igreja devem ser independentes, e as funções do Estado, como a política, a economia, a educação, exercidas por leigos. Liberalismo: ideologia política que defende os sistemas representativos, os direitos civis e a igualdade de oportunidades para os cidadãos. Empirismo: corrente filosófica que atribui à experiência sensível a origem de todo conhecimento humano.
O MITO DO BOM SELVAGEM Escrito por Rousseau, representava o homem que ainda não havia sido contaminado pela ambição e os vícios que marcavam as relações sociais. Daí a ideia de que a felicidade plena estaria no vida de contato com a natureza.
MITO DO BOM SELVAGEM NO CINEMA
ARCADISMO NO BRASIL CONTEXTO HISTÓRICO Minas Gerais como centro econômico e político; A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor; Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco (Aleijadinho); A corrida pelo ouro se intensifica; Influências das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros; Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira); O ciclo da mineração; A expulsão dos jesuítas do Brasil - (1759);
MARCO INICIAL DO ARCADISMO NO BRASIL Publicação das Obras Poéticas , de Cláudio Manuel da Costa (1768); Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica (atual Ouro Preto, MG). CARACTERÍSTICAS DO ARCADISMO NO BRASIL História colonial muito valorizada; Início do nacionalismo; Início da luta pela independência - Tomás Antônio Gonzaga("primeira cabeça da inconfidência" segundo Joaquim Silvério, delator da Inconfidência Mineira); A colônia é colocada como centro das atenções .
As obras do Arcadismo assumiram no Brasil características próprias. As paisagens da Antiguidade foram substituídas pela realidade brasileira.
retorno ao equilíbrio clássico. o ideal de simplicidade, de naturalidade. o mito do bom selvagem de Rousseau. a linguagem clara e moderada. fingimento poético. Características
temas: fugir da cidade, idealização do bucólico, viver o momento (o carpe diem). poesia encomiástica (bajulação). bucolismo/pastoralismo
Características da linguagem árcade fugere urbem (fuga da cidade) Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado. (Cláudio Manoel da Costa)
carpe diem (aproveite o dia) Ah! não, minha Marília, aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças, e ao semblante a graça! (Tomás Antônio Gonzaga)
aurea mediocritas (uma vida simples garante tranqüilidade e deve ser preferida a qualquer outra) Se não tivermos lãs e peles finas, Podem mui bem cobrir as carnes nossas as peles dos cordeiros mal curtidas, E os panos feitos com as lãs mais grossas. Mas ao menos será o teu vestido Por mãos de amor, por minhas mãos cosido. (Tomás Antônio Gonzaga)
INSINUAÇÕES ÁRCACADES NA MPB Casa No Campo Elis Regina Eu quero uma casa no campo Onde eu possa compor muitos rocks rurais E tenha somente a certeza Dos amigos do peito e nada mais Eu quero uma casa no campo Onde eu possa ficar no tamanho da paz E tenha somente a certeza Dos limites do corpo e nada mais Eu quero carneiros e cabras pastando solenes No meu jardim
Jeito de Mato Paula Fernandes De onde é que vem esses olhos tão tristes? Vem da campina onde o sol se deita Do regalo de terra que o teu dorso ajeita E dorme serena, no sereno sonha De onde é que salta essa voz tão risonha? Da chuva que teima, mas o céu rejeita Do mato, do medo, da perda tristonha Mas, que o sol resgata, arde e deleita Há uma estrada de pedra que passa na fazenda É teu destino, é tua senda, onde nascem tuas canções As tempestades do tempo que marcam tua história Fogo que queima na memória e acende os corações
Além do horizonte Roberto Carlos e Erasmo Carlos Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranquilo pra gente se amar Além do horizonte deve ter Algum lugar bonito pra viver em paz Onde eu possa encontrar a natureza Alegria e felicidade com certeza Lá nesse lugar o amanhecer é lindo Com flores festejando mais um dia que vem vindo Onde a gente pode se deitar no campo Se amar na relva escutando o canto dos pássaros Aproveitar a tarde sem pensar na vida Andar despreocupado sem saber a hora de voltar Bronzear o corpo todo sem censura Gozar a liberdade de uma vida sem frescura
locus amoenus (lugar ameno, natural, agradável) Watteau. Encontro em um parque.
presença de personagens mitológicas (personagens da mitologia grega que representam algum valor)
Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo , Porás a ovelha branca, e o cajado; E ambos ao som da flauta magoado Podemos competir de extremo a extremo . . bucolismo e pastoralismo (a vida campestre; o eu lírico caracterizado como pastor, e a mulher amada, como pastora.
QUADRO DE CARACTERÍSTICAS QUANTO À FORMA QUANTO AO CONTEÚDO Vocabulário simples Pastoralismo Frases em ordem direta Bucolismo Ausência quase total de figuras de linguagem Fugere urbem (fugir da cidade) Manutenção do verso decassílabo, do soneto e de outras formas clássicas Aurea mediocritas (vida simples) Elementos da cultura greco-latina (deuses pagãos) Convencionalismo amoroso (pseudônimos) Idealização amorosa Racionalismo Idéias iluministas Carpe diem (viver o presente)
Nascido em 1729 - Mariana (MG), cursou a Faculdade de Direito em Coimbra. (pseudônimo – Glauceste Satúrnio) Retornou a Vila Rica, ocupou cargos administrativos foi um dos principais nomes da Inconfidência Mineira e suicidou-se na prisão em 1789. Cláudio Manuel da Costa
Como primeiro árcade, escreveu poemas ainda próximos ao Barroco. Quanto aos temas, contemplou o amor, provocando o sofrimento e o desencontro. O eu-lírico é um pastor que tenta sensibilizar a pastora a quem ama (NISE). OBRAS: Obras poéticas (1769) Vila Rica (1837)
Não vês, Nise , este vento desabrido, Que arranca os duros troncos? Não vês esta, Que vem cobrindo o céu, sombra funesta, Entre o horror de um relâmpago incendido ? Não vês a cada instante o ar partido Dessas linhas de fogo? Tudo cresta, Tudo consome, tudo arrasa, e infesta, O raio a cada instante despedido. Ah ! não temas o estrago, que ameaça A tormenta fatal; que o Céu destina Vejas mais feia, mais cruel desgraça: Rasga o meu peito, já que és tão ferina; Verás a tempestade, que em mim passa; Conhecerás então, o que é ruína.
Quem deixa o trato pastoril, amado Pela ingrata, civil correspondência, Ou desconhece o rosto da violência, Ou do retiro a paz não tem provado. Que bem é ver nos campos transladado No gênio do pastor, o da inocência! E que mal é no trato, e na aparência Ver sempre o cortesão dissimulado! Ali respira amor sinceridade; Aqui sempre a traição seu rosto encobre; Um só trata a mentira, outro a verdade. Ali não há fortuna, que soçobre; Aqui quanto se observa, é variedade: Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Sou pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a relva florescente A doce companhia dos meus gados; Ali me ouvem os troncos namorados, Em que se transformou a antiga gente; Qualquer deles o seu estrago sente; Como eu sinto também os meus cuidados. Vós, ó troncos, (lhes digo) que algum dia Firmes vos contemplastes, e seguros Nos braços de uma bela companhia; Consolai-vos comigo, ó troncos duros; Que eu alegre algum tempo assim me via; E hoje os tratos de Amor choro perjuros.
Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci: oh! quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor , que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra meu coração guerra tão rara Que não me foi bastante a fortaleza. Por mais que eu mesmo conhecesse o dano A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano; Vós que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temei: que Amor tirano Onde há mais resistência mais se apura.
A impossibilidade de implantar o cenário da Arcádia nas Minas sem passado, onde o presente apenas começa a ser extraído da terra, abre à poesia de Cláudio Manuel uma dimensão iluminista, manifesta, sobretudo, no poema épico “Vila Rica”, inspirado nas européias clássicas, que narra a história da cidade desde sua fundação exaltando a atuação dos bandeirantes na descoberta das minas . Cláudio Manoel da Costa transparece no poema uma constante preocupação com as normas da tradição clássica. Composto por 10 cantos, em versos decassílabos, apresenta as seguintes partes: Preposição, Inovação, dedicatória, narração e epílogo.
Nascido em Portugal, Tomás passou parte da infância e da juventude no Brasil, depois se mudou para Portugal, onde se formou em Direito. (pseudônimo – Dirceu) Exerceu o cargo de ouvidor em Vila Rica e se apaixonou pela jovem Maria Dorotéia (Marília). Aderiu à Inconfidência Mineira, foi condenado ao degredo na África, onde se casou com Teresa. Tomás Antônio Gonzaga 1744 - 1810
Obras : Cartas Chilenas (satírica) Marília de Dirceu (lírica) O poema Marília de Dirceu foi composto nos padrões árcades, em linguagem simples. Nos seus temas, existem a caracterização do poeta como pastor, a declaração de amor por Marília.
Características das Liras de Marília de Dirceu Obra: lírica que mais se comunica com o leitor. Há dois elementos não-convencionais da poesia árcade: O lirismo como expressão pessoal (subjetivismo na segunda parte das Liras).
A imitação direta da natureza de Minas (e não da natureza reproduzida pelos poetas clássicos). Preferências temáticas: ideal de vida simples, pastoralismo, bucolismo e carpe diem. Tudo isso se mistura à expressão de um ideal burguês.
Primeira Parte das Liras Época do noivado (convencional e neoclássica). Projetos de vida futura, os quadros descritivos amenos, expressão otimista e o narcisismo do poeta.
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, que vivia de guardar alheio gado de tosco trato, de expressões grosseiro, dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; dá-me vinho, legume, fruta, azeite; das brancas ovelhinhas tiro o leite e mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela!”
Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado: Os pastores, que habitam este monte, Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste; Nem canto letra, que não seja minha, Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
Mas tendo tantos dotes da ventura, Só apreço lhes dou, gentil Pastora, Depois que teu afeto me segura, Que queres do que tenho ser senhora. É bom, minha Marília, é bom ser dono De um rebanho, que cubra monte, e prado; Porém, gentil Pastora, o teu agrado Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
Depois de nos ferir a mão da morte, Ou seja neste monte, ou noutra serra, Nossos corpos terão, terão a sorte De consumir os dois a mesma terra. Na campa, rodeada de ciprestes, Lerão estas palavras os Pastores: "Quem quiser ser feliz nos seus amores, Siga os exemplos, que nos deram estes." Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
Segunda Parte das Liras Escrita no cárcere (aproxima-se dos escritos românticos). Momentos de revolta, desconsolo, amargura e solidão; mas o estilo é equilibrado preso ao clássico.
Se me viras com teus olhos Nesta masmorra metido, De mil ideias funestas, E cuidados combatido, Qual seria, ó minha Bela, Qual seria o teu pesar? À força da dor cedera, E nem estaria vivo, Se o menino Deus vendado, Extremoso, e compassivo, Com o nome de Marília Não me viesse animar. Deixo a cama ao romper d'alva; O meio-dia tem dado, E o cabelo ainda flutua Pelas costas desgrenhado. Não tenho valor, não tenho, Nem par de mim cuidar.
poema satírico Gonzaga = Critilo Ataca o governador de Minas D. Luís da Cunha Menezes. Cláudio Manoel da Costa = Doroteu Governador Cunha Menezes = Minésio, o Fanfarrão Cartas Chilenas Cartas Chilenas
A matéria é toda referente à tirania e ao abuso de poder do Governador Fanfarrão Minésio , versando a sua falta de decoro, venalidade, prepotência e, sobretudo, desrespeito à lei. Afirmam alguns que o poema circulava largamente em Vila Rica em cópias manuscritas . Critilo (Tomás Antônio Gonzaga) aplica-se de tal modo na sátira, que a beleza mal o preocupa. Os versos decassílabos brancos concentram-se no ataque. Sente-se um poeta capaz de escrever no tom familiar que caracteriza o realismo dos neoclássicos
Silva Alvarenga (Vila Rica, 1749 – Rio, 1814) - (pseudônimo Alcindo Palmireno ) . Obra – Glaura , exemplo perfeito do estilo rococó em nossa literatura. Com seus rondós e madrigais, envolvidos por intensa musicalidade. OUTROS REPRESENTANTES Alvarenga Peixoto (Rio, 1744 – Angola, 1792). Eureste Fenício Poesia encomiástica e, por vezes, assumiu uma posição crítica diante da política colonialista portuguesa. Atribui-se ao poeta o lema da bandeira da Inconfidência “Liberdade, ainda que tardia”.
Bárbara Heliodora Ousada para sua época, Bárbara foi a primeira Mulher poeta do Brasil, umas das ideologias organizadoras da inconfidência Mineira, teve uma filha antes do casamento e, mesmo depois de casada, fez questão de continuar com seu nome de solteira. Após a morte do marido, Bárbara ainda administrou os negócios da família, e cuidou da educação dos seus 4 filhos. O texto de Rodrigues chama de "Mulher do Novo Mundo".
Bárbara bela, do Norte estrela, que o meu destino sabes guiar, de ti ausente, triste, somente as horas passo a suspirar. Isto é castigo que Amor me dá . Por entre as penhas de incultas brenhas cansa-me a vista de te buscar; porém não vejo mais que o desejo, sem esperança de te encontrar . Isto é castigo que Amor me dá
. Eu bem queria a noite e o dia sempre contigo poder passar; mas orgulhosa sorte invejosa desta fortuna me quer privar. Isto é castigo que Amor me dá. Tu, entre os braços, ternos abraços da filha amada podes gozar. Priva-me a estrela de ti e dela, busca dois modos de me matar. Isto é castigo que Amor me dá.
BASÍLIO DA GAMA José Basílio da Gama (Minas Gerais, 1741 – Lisboa 1795) Termindo Sipílio. Ficou órfão e foi para o Rio de Janeiro. Entrou em 1757 para a Companhia de Jesus. Dois anos depois a ordem é expulsa do Brasil e o poeta foi para Portugal e depois para Roma, onde foi admitido na Arcádia Romana. De volta a Lisboa, foi condenado devido às suas ligações com os jesuítas; salvou-o um poema que dedicou à filha do Marquês de Pombal, que o indultou e protegeu.
Obra: O Uraguai – epopeia em cinco cantos, com versos brancos e estrofe livre.
PERSONAGENS: Herói do poema: General Gomes Freire de Andrade; Herói indígena: Cacambo, chefe indígena; Vilão da história: Pe. Lourenço Balda; Outras personagens: Cepê, Lindóia (esposa de Cacambo), Caitutu, Tanajura (velha feiticeira).
Narra o conflito entre os índios de Sete Povos das Missões e o exército luso-espanhol.
Não segue o modelo camoniano, é um caminho para paisagismo romântico, usa o sobrenatural e o indígena é tomado como herói, prenunciando o índio do Romantismo.
A morte de Lindóia Nos olhos Caitutu não sofre o pranto, E rompe em profundíssimos suspiros, Lendo na testa da fronteira gruta De sua mão já trêmula gravado O alheio crime e a voluntária morte. 98932619
E por todas as partes repetido O suspirado nome Cacambo. Inda conserva o pálido semblante Um não sei quê de magoado e triste, Que os corações mais duros enternece. Tanta era bela no seu rosto a morte!
Frei José de Santa Rita Durão - (Minas Gerais, 1722 – Lisboa, 1784) Também prenunciava os elementos românticos. Obra: Caramuru , poema épico, que segue o modelo Camoniano Poema que narra o naufrágio, o salvamento e as aventuras de Diogo Álvares Correia, o Caramuru.
Caramuru Fragmento Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Pálida a cor, o aspecto moribundo, Com mão já sem vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo: Mas na onda do mar, que irado freme, Tornando a aparecer desde o profundo: “Ah! Diogo cruel!” disse com mágoa, E sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
Fragmento Choraram da Bahia as ninfas belas, Que nadando a Moema acompanhavam; E vendo que sem dor navegam delas, À branca praia com furor tornavam: Nem pode o claro herói sem pena vê-las, Com tantas provas, que de amor lhe davam; Nem mais lhe lembra o nome de Moema, Sem que ou amante a chore, ou grato gema.
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Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1) Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4) Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7) Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10) Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, Aqui descanse a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto (verso 13) Se converta em afetos de alegria. Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor. a) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino” (v.1) b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v.5) c) “Os meus fiéis, meus doces companheiros,” (v.6) d) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v.7) e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,” (v.11)
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.
Ornemos nossas testas com as flores E façamos de feno um brando leito; Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos amores. Todas as alternativas a seguir apresentam características do Arcadismo, presentes na estrofe anterior, EXCETO: a) Tema do CARPE DIEM - uma proposta para se aproveitar a vida, desfrutando o ócio com dignidade. b) Ideal de ÁUREA MEDIOCITAS, que leva o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe média. c) Ideal de uma existência tranquila, sem extremos, espelhada na pureza e amenidade da natureza. d) Fugacidade do tempo, fatalidade do destino, necessidade de envelhecer com sabedoria. e) Concepção da natureza como permanente reflexo dos sentimentos e paixões do "eu" lírico. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre, E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre. (TAG, MD, Lira XIV)
Considere as afirmativas sobre Barroco e o Arcadismo: 1. Simplificação da língua literária – ordem direta – imitação dos antigos gregos e romanos. 2. Valorização dos sentidos – imaginação exaltada – emprego dos vocábulos raros. 3. Vida campestre idealizada como verdadeiro estado de poesia-clareza-harmonia. 4. Emprego freqüente de trocadilhos e de perífrases – malabarismos verbais – oratória. 5. Sugestões de luz, cor e som – antítese entre a vida e a morte – espírito cristão antiterreno. Assinale a opção que só contém afirmativas sobre o Arcadismo: a) 1, 4 e 5 b) 2, 3 e 5 c) 2, 4 e 5 d) 1 e 3 e) 1, 2 e 5
Qual dessas afirmações não caracterizava a poesia arcádica realizada no Brasil no século XVIII? a) Procurava-se descrever uma atmosfera denominada locus amoenus. b) A poesia seguia o lema de “cortar o inútil” do texto. c) As amadas eram ninfas, lembrando a mitologia grega e romana. d) Os poetas da época não se expressaram no gênero épico. e) Diversos poemas foram dedicados a reis e rainhas, e tinham um objetivo político.
Texto I “É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida.” O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, é possível afirmar que os árcades optaram por uma expressão: a) impessoal e, portanto, diferenciada do sentimentalismo barroco, em que o mundo exterior era projeção do caos interior do poeta. b) despojada das ousadias sintáticas da estética anterior, com predomínio da ordem direta e de vocábulos de uso corrente. c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca, fazendo que o poeta assuma posição eminentemente impessoal. d) em que predominam, diferentemente do Barroco, a antítese, a hipérbole, a conotação poderosa. e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de linguagem supera a tendência denotativa do Barroco. Texto II “Depois que nos ferir a mão da morte, ou seja neste monte, ou noutra serra, nossos corpos terão, terão a sorte de consumir os dous a mesma terra.”