Diferenciar para incluir ou para excluir?
Por uma pedagogia da diferença
013019
Data: Out/2013
muito, desconstruir o sentido de diferença entre e desconsiderar a identidade idealizada e fixa do
indivíduo modelar em nossos cenários sociais é ainda uma gigantesca tarefa.
A diferença entre está subjacente a todos os entraves às mudanças propostas pela inclusão. Velada
ou explicitamente, ao fazermos comparações, fixamos padrões desejáveis, definimos classes e
subclasses com base em atributos que não dão conta das pessoas por completo, excluindo-as por
fugirem à média e/ou à norma estabelecida.
O poder que subjaz a essas enunciações estabelece, pela via da comparação, os processos de
diferenciação para excluir, que limitam o direito de participação social e o gozo do direito de
decidir e de opinar de determinadas pessoas e populações. Essa tendência se opõe à inclusão e
ainda é a mais frequente.
A diferenciação para incluir como saída para se enfrentar as ciladas da inclusão está se impondo
aos poucos e cada vez mais se destacando e promovendo a inclusão total. Tal processo de
diferenciação implica a quebra de barreiras físicas, atitudinais, comunicacionais, que impedem
algumas pessoas em certas situações e circunstâncias de conviverem, cooperarem, estarem com
todos, participando, compartilhando com os demais da vida social, escolar, familiar, laboral, como
sujeitos de direito e de deveres comuns a todos.
Ao diferenciarmos para incluir, estamos reconhecendo o sentido multiplicativo e incomensurável
da diferença, que vaza e não permite contenções, porque está se diferenciando sempre, interna e
externamente, em cada sujeito. Essa forma de diferenciação, na concepção de Burbules e de outros
autores voltados para o estudo da diferença, é fluída e bem-vinda, porque não celebra, aceita,
nivela, mas questiona a diferença!
Em uma palavra, enfrentar as ciladas da inclusão é reagir contra os valores da sociedade dominante
e rejeitar o pluralismo, entendido como uma incorporação da diferença pela mera aceitação do
outro, sem conflitos, sem confronto. A inclusão desestabiliza a diferença tolerada e coloca em
cheque a sua produção social, como um valor negativo, discriminador e marginalizante.
Os que se envolvem na defesa dos preceitos inclusivos precisam estar atentos ao sentido da
diferença como padrão produzido pelos que procuram se diferenciar cada vez mais para manter a
estabilidade de sua identificação ou diferença. Aí mora o perigo.
Há muitas formas de se contribuir para que se confirme o sentido desestabilizante da diferença, no
qual a inclusão se fundamenta, para que continuemos a progredir na direção de uma sociedade
verdadeiramente democrática.