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(JASPERS, 2005. p. 127). E por ser um evento destinado a todos, a morte coloca todos no
mesmo patamar, sem escolher gênero, condição social, ou outras distinções (RODRIGUES,
1993 apud COSTA, 2010).
Vista, primeiramente, como um fenômeno natural de ordem biológica para a
coordenadora do Laboratório de Estudos Sobre a Morte da USP, Maria Júlia Kovács (1992,
p. 11), “a morte clínica é definida como um estado no qual todos os sinais de vida
(consciência, reflexo, respiração, atividade cardíaca) estão suspensos, embora uma parte dos
processos metabólicos continue a funcionar.” Sendo categorizada como um processo natural:
“como o sexo, a morte faz parte da vida” (JASPERS, 2005, p. 128).
Segundo o ponto de vista teológico, “a morte é definida como o maior enigma da
condição humana (GS 18), mas que encontra uma formidável resposta no mistério da
salvação,” (STANCATI, 2003, p. 516). O grande exemplo disso é a morte do próprio Jesus
Cristo.
Para a criadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tanatologia no Rio de Janeiro
Wilma da Costa Torres (1934-2004):
a morte surge também como um acontecimento revestido de ambigüidade:
considerada, por um lado, como o mais natural de todos os fenômenos,
transclassista tanto quanto o nascimento, a sexualidade, a fome, a sede, o
riso; por outro lado, social e cultural, como qualquer episódio da práxis
humana, e, portanto, investida, trabalhada pela experiência da idade, classe,
religião, etc., vivida em suma, sob uma aparência que deve servir para
explicá-la e justificá-la. (1983, p. 9)
Vivem-se as angústias, os medos e as incertezas de um processo não definitivamente
explicável. O doutor em Teologia Lino Rampazzo (2004) salienta que o homem teme não
apenas a dor e a destruição do corpo, mas também o fim completo de sua existência e por
possuir uma “semente de eternidade”, está sempre em busca de armas para lutar contra ela. O
medo diante da aproximação da própria morte, a perda de um ente querido, a dor de ser
privado de sua presença física, o vazio que a morte causa e a incerteza do que há após a
morte, dão ao homem um sentimento de angústia, por vezes, devastador. O filósofo alemão
Arthur Schopenhauer (1788-1860) ressaltou que “o maior dos males, o que de pior em geral
pode nos ameaçar, é a morte, a maior angústia é a angústia da morte.” (2000 p.62-63)
O evento da morte traduz um medo, algo que atormenta o homem mais que qualquer
outra coisa, capaz de mover a atividade humana, sendo que o homem faz de tudo para tentar
negar que a morte seja o destino final da vida, na visão de Becker (2007).
Ao contrário da maioria das visões negativas expressas ao longo dos tempos até a