As infinitas linguagens da infância
Beatriz Vichessi (
[email protected])
A criança é "feita" de múltiplos pensamentos e maneiras de brincar, falar e
escutar, mas a escola e a cultura "lhe separam a cabeça do corpo" e roubam
quase toda essa variedade. Esse é o tom de As Cem Linguagens da Criança
(320 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 57 reais), um livro sobre a prática
na Educação Infantil realizada em Reggio Emilia - província do norte da Itália -
e escrito a 100 mãos. Diretores, educadores, crianças e pais são
representados formalmente pelos editores e educadores Lella Gandini, Carolyn
Edwards e George Forman.
A primeira e a segunda parte da obra contextualizam a experiência,
destacando uma entrevista com Loris Malaguzzi (leia o trecho abaixo),
idealizador da pedagogia que valoriza o pensamento dos pequenos e as
linguagens utilizadas por eles.
A terceira parte transpõe a teoria para a prática, mostrando como a
preocupação com os espaços e as reflexões sobre o papel e as ações do
professor cooperam para a elaboração da capacidade simbólica das crianças.
A construção de um dinossauro em tamanho real é um exemplo de projeto que
revela um empreendimento pedagógico que exige muita perícia de professores
e pais, todos sempre a serviço das ideias da garotada.
A última parte traz projetos feitos com turmas com idade a partir dos 2 anos,
relatados por professores de uma escola nos Estados Unidos que adota os
mesmos princípios, comprovando a eficácia do modelo de Reggio Emilia.
À primeira vista, a obra revela produções que por si só já são de encher os
olhos d'água. Mas é a leitura atenta que revela aos educadores mais de 100
modos para cuidar do corpo, da inteligência e da sensibilidade dos pequenos.
Por que ler Conduz o leitor à filosofia reggiana.
Sobre os autores Lella foi a primeira a levar informações sobre Reggio Emilia
para os Estados Unidos. Depois, Carolyn e George seguiram o mesmo
caminho, estudando a abordagem por nove anos.
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I Seminário Educação, Imaginação e as Linguagens Artístico-Culturais, 5 a 7
de setembro de 2005
O Imaginário nas escolas de Reggio Emilia, Itália
Heide S. Miranda
primeira vez que li o nome de Reggio Emilia foi em 1983, quando ainda
estava na graduação em Pedagogia da UNICAMP, e vi referência a essa