As Provas e Expiações - como lidar - estudo

ADALBERTOCOELHOSILVA 98 views 165 slides Oct 29, 2022
Slide 1
Slide 1 of 165
Slide 1
1
Slide 2
2
Slide 3
3
Slide 4
4
Slide 5
5
Slide 6
6
Slide 7
7
Slide 8
8
Slide 9
9
Slide 10
10
Slide 11
11
Slide 12
12
Slide 13
13
Slide 14
14
Slide 15
15
Slide 16
16
Slide 17
17
Slide 18
18
Slide 19
19
Slide 20
20
Slide 21
21
Slide 22
22
Slide 23
23
Slide 24
24
Slide 25
25
Slide 26
26
Slide 27
27
Slide 28
28
Slide 29
29
Slide 30
30
Slide 31
31
Slide 32
32
Slide 33
33
Slide 34
34
Slide 35
35
Slide 36
36
Slide 37
37
Slide 38
38
Slide 39
39
Slide 40
40
Slide 41
41
Slide 42
42
Slide 43
43
Slide 44
44
Slide 45
45
Slide 46
46
Slide 47
47
Slide 48
48
Slide 49
49
Slide 50
50
Slide 51
51
Slide 52
52
Slide 53
53
Slide 54
54
Slide 55
55
Slide 56
56
Slide 57
57
Slide 58
58
Slide 59
59
Slide 60
60
Slide 61
61
Slide 62
62
Slide 63
63
Slide 64
64
Slide 65
65
Slide 66
66
Slide 67
67
Slide 68
68
Slide 69
69
Slide 70
70
Slide 71
71
Slide 72
72
Slide 73
73
Slide 74
74
Slide 75
75
Slide 76
76
Slide 77
77
Slide 78
78
Slide 79
79
Slide 80
80
Slide 81
81
Slide 82
82
Slide 83
83
Slide 84
84
Slide 85
85
Slide 86
86
Slide 87
87
Slide 88
88
Slide 89
89
Slide 90
90
Slide 91
91
Slide 92
92
Slide 93
93
Slide 94
94
Slide 95
95
Slide 96
96
Slide 97
97
Slide 98
98
Slide 99
99
Slide 100
100
Slide 101
101
Slide 102
102
Slide 103
103
Slide 104
104
Slide 105
105
Slide 106
106
Slide 107
107
Slide 108
108
Slide 109
109
Slide 110
110
Slide 111
111
Slide 112
112
Slide 113
113
Slide 114
114
Slide 115
115
Slide 116
116
Slide 117
117
Slide 118
118
Slide 119
119
Slide 120
120
Slide 121
121
Slide 122
122
Slide 123
123
Slide 124
124
Slide 125
125
Slide 126
126
Slide 127
127
Slide 128
128
Slide 129
129
Slide 130
130
Slide 131
131
Slide 132
132
Slide 133
133
Slide 134
134
Slide 135
135
Slide 136
136
Slide 137
137
Slide 138
138
Slide 139
139
Slide 140
140
Slide 141
141
Slide 142
142
Slide 143
143
Slide 144
144
Slide 145
145
Slide 146
146
Slide 147
147
Slide 148
148
Slide 149
149
Slide 150
150
Slide 151
151
Slide 152
152
Slide 153
153
Slide 154
154
Slide 155
155
Slide 156
156
Slide 157
157
Slide 158
158
Slide 159
159
Slide 160
160
Slide 161
161
Slide 162
162
Slide 163
163
Slide 164
164
Slide 165
165

About This Presentation

Joanna de Angelis nos diz:
“Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que se referiu somente àqueles cuja AFLIÇÃO NÃO PRODUZA SEQUELAS DEVASTADORAS que dilaceram a alma”.
Joanna de Angelis - Rumos Libertadores – Cap. 5 – Aflição e Consolação


Slide Content

Provas Expiações

i

SUMÁRIO

1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos ............................................................ 1
1.1 Provas ........................................................................................................................... 1
1.2 Expiação ....................................................................................................................... 3
1.3 Síntese .......................................................................................................................... 5
2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis ............................................ 10
2.1 Provas e Expiações – Significado ............................................................................. 10
2.2 Provas e Expiações – Causas .................................................................................... 12
2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo ................................................. 14
2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas .................................................................... 15
2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio ..................................................... 16
2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família ...................................................... 18
2.7 Provas e Expiações – O Suicídio .............................................................................. 19
2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você ................................................................ 20
2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento ........................................................... 22
2.10 Provas e Expiações – Dentro da Família ................................................................ 25
3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias .................................................................... 28
3.1 Allan Kardec ............................................................................................................. 28
3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova ................................................................................ 28
3.2 Joanna de Angelis ..................................................................................................... 32
3.2.1 Provas e Expiações ............................................................................................. 32
3.2.2 Necessidade da Reencarnação ............................................................................ 35
3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição ............................................................. 37
3.2.4 Dor Benfeitora .................................................................................................... 39
3.2.5 Aprendizagem pela Dor ...................................................................................... 41
3.2.6 Provações ............................................................................................................ 43
3.2.7 Sequelas do Sofrimento ...................................................................................... 45
3.2.8 Sofrimento Reparador ........................................................................................ 47
3.2.9 Serão Consolados ............................................................................................... 49
3.2.10 Funções do Sofrimento ....................................................................................... 51
3.2.11 Infortúnios e Bênçãos ......................................................................................... 55
3.2.12 Dores e Resignação ............................................................................................ 58
3.2.13 Provações ............................................................................................................ 60
3.2.14 Inconformismo e Revolta ................................................................................... 62

ii
3.2.15 Amor a Vida ....................................................................................................... 64
3.2.16 Desígnios de Deus .............................................................................................. 66
3.2.17 Aceita a Vida ...................................................................................................... 68
3.2.18 Ascenção Espiritual ............................................................................................ 70
3.2.19 Momentos de Aflição e Prova ............................................................................ 72
3.2.20 Carma e Consciência .......................................................................................... 74
3.2.21 Dores Morais ...................................................................................................... 76
3.2.22 Infortúnios .......................................................................................................... 78
3.2.23 Glórias e Insucessos ........................................................................................... 81
3.2.24 Cristo em Casa .................................................................................................... 83
3.2.25 Suicídio ............................................................................................................... 86
3.2.26 Aflição e Consolação .......................................................................................... 89
3.2.27 Ante a Dor .......................................................................................................... 91
3.2.28 Necessidade de Evolução ................................................................................... 93
3.2.29 Almas Problema ................................................................................................. 99
3.2.30 Sob Testes e Exames ........................................................................................ 101
3.2.31 Ama a Tua Dor ................................................................................................. 103
3.2.32 As Asas da Libertação ...................................................................................... 106
3.3 Emmanuel ................................................................................................................ 108
3.3.1 Provação e Expiação ......................................................................................... 111
3.3.2 Expiação ........................................................................................................... 112
3.3.3 Inferno Antes .................................................................................................... 113
3.3.4 Na Senda Evolutiva .......................................................................................... 114
3.3.5 Na Terra e no Além .......................................................................................... 116
3.3.6 No Problema da Dor ......................................................................................... 118
3.3.7 Dentro da Luta .................................................................................................. 120
3.3.8 Em Plena Prova ................................................................................................ 121
3.3.9 Perante a Dor .................................................................................................... 123
3.3.10 Cada Existência ................................................................................................ 124
3.3.11 Uniões de prova ................................................................................................ 125
3.3.12 Remuneração Espiritual .................................................................................... 127
3.4 André Luiz ............................................................................................................... 129
3.4.1 Bem-Aventurados ............................................................................................. 129
3.4.2 A Dor-Evolução, a Dor-Expiação, a Dor-Auxílio ............................................ 130
3.4.3 Junto a um Leito de Dor ................................................................................... 131
3.5 Hermínio de Miranda ............................................................................................. 132

iii
3.5.1 Terapia Homeopata da Dor............................................................................... 132
3.6 Marta Antunes de Moura ....................................................................................... 136
3.6.1 As Provas e Expiações como mecanismos Evolutivos ..................................... 136
3.7 Maria Dolores .......................................................................................................... 139
3.7.1 Jornadas no Tempo ........................................................................................... 139
3.8 Cornélio Pires .......................................................................................................... 123
3.8.1 Escolha das Provas ........................................................................................... 123
3.9 Antero de Quental ................................................................................................... 125
3.9.1 A Dor ................................................................................................................ 125
3.10 Jácome Góes ............................................................................................................ 126
3.10.1 Angustias e Decepções ..................................................................................... 126
4 Anexo – Joanna de Angelis – Biografia ....................................................................... 128
4.1 Joanna de Angelis e a Codificação Espírita .......................................................... 128
4.2 Joanna de Angelis e as suas Vidas Passadas ......................................................... 130
4.2.1 Joana de Cusa ................................................................................................... 130
4.2.2 Clara de Assis ................................................................................................... 132
4.2.3 Juana Inês de La Cruz ....................................................................................... 137
4.2.4 Joana Angélica de Jesus ................................................................................... 139
5 Referências ..................................................................................................................... 141

1

PROVAS e EXPIAÇÕES
1 Provas e Expiações – Conceitos e Fundamentos

Provas e expiações, eis a condição do homem na Terra. Expiação do
passado, provas para fortalecê-lo contra a tentação; para desenvolver o Espírito pela
atividade da luta; para habituá-lo a dominar a matéria e prepará- lo para os prazeres
puros que o esperam no mundo dos Espíritos.
O Espírito de Verdade – Revista Espírita – 1864 – Dezembro
1.1 Provas

Provas – vicissitudes da vida corporal pelas quais os Espíritos se purificam
segundo a maneira pela qual as suportam. Segundo a doutrina espírita, o Espírito
desprendido do corpo, reconhecendo sua imperfeição, escolhe ele próprio, por ato
de seu livre arbítrio, o gênero de provas que julga mais próprio ao seu adiantamento
e que sofrerá em sua nova existência. Se ele escolhe uma prova acima de suas
forças, sucumbe, e seu adiantamento retarda.
Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas –
Vocabulário

No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem
consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida?
Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o
seu livre arbítrio.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 258

É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências,
pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as
misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem não ter razão de
ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado – herança que serve à
nossa romagem para a perfectibilidade.
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 31

2

Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão
expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem
adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e
purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente.
Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – item
10.
Provas – Lições retardadas que nós mesmos acumulamos no caminho,
através de erros impensados ou conscientes em transatas reencarnações, e que
somos compelidos a rememorar e reaprender.
André Luiz – Estude e Viva – Cap. 40 – O Espiritismo em sua Vida

A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada
do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor
que comete um crime.
Emmanuel – O Consolador – Perg. 246

3

1.2 Expiação

Expiação – pena que sofrem os Espíritos como punição das faltas cometidas
durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de
Erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes
e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e
expiação do passado.
Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas –
Vocabulário

O que orienta o Espírito na escolha das provas?
Ele escolhe as que lhe podem servir de expiação , segundo a natureza de suas
faltas, e fazê-lo adiantar mais rapidamente.
Uns podem impor-se uma vida de misérias e privações, para tentar suportá- la
com coragem; outros, experimentar as tentações da fortuna e do poder, bem mais
perigosas pelo abuso e o mau emprego que lhes pode dar e pelas más paixões que
desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que terão de sustentar
no contato com o vício.
Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 264

Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos
sofrimentos físicos e morais que lhe são consequentes, seja na vida atual, seja na
vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 17

Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote
a existência de uma determinada falta.
Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua
depuração e ativar o seu progresso.
Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é
uma expiação.
Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade,
porquanto o que é perfeito não precisa ser provado.

4

Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada
obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar,
pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja
sido a luta.
Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de
alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem
trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as
maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.
Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam
queixas e impelem o homem à revolta contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento que
não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi buscada
voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é
sinal de progresso
Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Causas
anteriores das aflições – item 9

5

1.3 Síntese

As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro,
como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a
saúde. É por isso que o Cristo disse: "Bem -aventurados os aflitos, pois eles serão
consolados."
Allan Kardec – O Espiritismo em sua Expressão mais Simples – Cap. 1 –
Item 40

Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes
pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos
os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas,
ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem
suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus.
Lacordaire – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Item 18

Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto
quanto a tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza
física.
Emmanuel– Fonte Viva – Cap. 162 – Dentro da Luta

Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento.
Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo
mundo sem as suas vivências, e a dor faz parte do processo iluminativo.
O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para
o sublime.
Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016 – Provas e Expiações
As provas e expiações, resgates e sofrimentos são formas de reajustamento
do Espírito, que soma a essas experiências dolorosas os esforços empregados na
aquisição de conhecimento e virtude.
Juvanir Borges de Souza – Tempos de Renovação – Cap.13 – Auto -
Educação

6

Divaldo, Porque sendo Espírita sofro tanto e há tanto tempo ?
Porque o Espiritismo não nos torna indenes à dor.
A função do Espiritismo é preparar-nos para a dor e não libertar-nos, sem
o necessário mérito, do sofrimento. A função do Espiritismo é a de dar-nos uma
visão ampla da vida, oferecer-nos recursos para superarmos as nossas limitações.
Eleve-se pela confiança, porque a dor, ao invés de punição, é benção, é crédito
perante a vida. O Espiritismo nos dá o lenitivo, o otimismo para enfrentarmos as
aflições; é uma terapêutica para vencer o sofrimento.
Divaldo Franco – Viagens e Entrevistas – Perg. 89 – Sofrimento

Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na
sentença que indicaste a ti próprio diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde
e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria, mas pede a Deus,
acima de tudo, o apoio da humildade e a força da paciência .
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75 – Em Plena Prova

Não peças o afastamento de tua dor.
Roga forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo, a fim de que lhe
não percas as vantagens do contato.
Não solicites o desaparecimento das pedras de teu caminho.
Insiste na recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.
Não supliques a extinção das dificuldades. Procura meios de superá- las,
assimilando-lhes as lições.
Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto
quanto a tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza
física.
Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 162 – Dentro da Luta

Agradece, assim, as dificuldades e as dores que te rodeiam. Recebe, pois, o
quadro das provações aflitivas em que te encontras, como sendo o maior ensejo de
crescimento e de elevação que a Bondade Infinita, por agora, te pode dar.
Emmanuel – Justiça Divina – Cap. 15 – Cada Existência

7

Bem-aventurados os que choram – , disse Jesus.
Nem todos, porém.
Há lágrimas que não traduzem humildade nem esperança.
Choros que fomentam vinganças ultrizes e engendram males de largo curso.
Jesus reportou-se, sem dúvida:
− Àqueles que choram sob o açodar das injustiças humanas, sem qualquer
rebeldia;
− Àqueles que sofrem as contingências afligentes, sem acalentar os
sentimentos de vingança;
− Aos que expungem os débitos pretéritos, sem desespero;
− Aos que sentem a alma pungida, e no entanto, transformam a agonia
lacrimejante em esperanças estelares;
− Aos que, padecendo, não infligem aflições a ninguém; .
− Àqueles que, perseguidos, jamais se deixam consumir pelo desejo do
desforço;
− Aos que, esfaimados e sedentos de amor e paz, laboram pela felicidade do
próximo ...
... Estes serão consolados.
O choro é reação do sentimento, da emoção, nem sempre credor de respeito
e solidariedade.
Por isso, bem-aventurados todos os que choram, tocados pelo espírito do
bem e da misericórdia, sofrendo para não fazer sofrer, burilando- se sem macerar
ninguém, porquanto, assim, serão realmente consolados.
Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 7 – Nem Todos
Consolados

Bastará apenas sofrer para que resgatemos os compromissos adquiridos
nas existências passadas ?
Se temos o coração aberto em feridas profundas, isso não basta; é preciso
transubstanciar as próprias dores em esperanças e ensinamentos.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 6 – Item 2 – Redenção

8

Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de
misericórdia divina junto às ocorrências da divina justiça, que o sofrimento é
invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova
para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
Emmanuel – Chico Xavier pede Licença – Cap. 19 – Desencarnações
Coletivas

Não nos iludamos. Mais dia, menos dia, todos sofrem. Há, contudo, quem
sofra com rebeldia, com revolta, com desânimo ou com desespero, perdendo o
valor da prova em que se vê.
Emmanuel – Segue-me – Cap. 19 – O Ponto Certo

As dores enrijam as fibras da alma e fortalecem as disposições do
sentimento.
Quanto mais rude a tormenta mais rápido cessam as forças do seu
desgoverno.
A carga de aflições que conduzes não significa abandono a que estejas
relegada, e sim recordação de que não és esquecida.
A fé não libera a alma dos resgates que lhe cumpre atender, como esperam
alguns crentes apressados.
Ela é a fonte de energia e o dínamo de força , o penso que balsamiza a
ferida e o conforto que ampara a coragem , não um mecanismo de evasão das
responsabilidades ou documento para chantagear o equilíbrio da justiça
Victor Hugo – Calvário da Libertação – 4º Parte – Cap. 7

Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem
causas atuais, enquanto outras se prendem ao passado espiritual, constituindo tais
fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos códigos divinos do
amor e do equilíbrio.
Joanna de Angelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35 – Serão Consolados

9

Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro.
Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta,
imploraste, antes do berço, a prova que te agracia.
Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissionaste o próprio destino
para que te entregasse à existên cia o problema inquietante e a frustração
temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente amargoso
e a doença difícil.
Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão.
Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já
desfrutas.
Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te
refazes.
Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na
sentença que indicaste a ti próprio diante das Leis Divinas, roga a bênção da
saúde e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria, mas pede a Deus,
acima de tudo, o apoio da hu mildade e a força da paciência.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75 – Em Plena Prova

Muitas vezes exclamas: — Justiça! Justiça!
E afirmas-te demasiadamente sofredor, perseguido pelas sombras ou
desamparado pela Bênção do Céu!
Nos dias de aflição e cinza, não te recolhas à blasfêmia e nem peças por
maiores manifestações da Justiça, em teu campo de ação, porque a Justiça mais
ampla poderia agravar-te as dores, mas sim roga o acréscimo da Divina
Misericórdia, em teu benefício, a fim de que disponhas de ombros fortes para que
não venhas a lançar longe de ti os favores da própria cruz.
Emmanuel – Assim Vencerás – Cap. 9 – Justiça e Misericórdia

10

2 Provas e Expiações – Entrevista com Joanna de Angelis
2.1 Provas e Expiações – Significado

[1] Qual o significado das Provações em nossas Vidas?

A provação para o espírito encarnado é fogo purificador.
Dores na alma, em forma de angustia e saudade, provando a resistência da fé.
Dores no corpo, em úlceras purulentas, provando o valor da fé .
Dores no sentimento, em forma de ansiedade e frustração, provando a fé.
Guarda-te, nas provações, no valioso refúgio da paciência, confiando no celeste
Pai.
Mesmo que chovam dificuldades, que a solidão assinale os teus dias e que ardam
labaredas na alma, impedindo que o claro sol pareça luminoso aos seus olhos, confia
no Senhor e segue.
Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53 – Provações (Joanna de
Angelis Responde – Perg. 54)

Não te consideres inatingível.
Acostuma-te à fragilidade do corpo e às necessidades decrescimento como
espírito que és.
Nenhuma dor te alcança sem critério superior de justiça.
Sofrimento algum no teu campo emocional, que se não acabe, deixando o
resultado do seu trânsito.
Utiliza-te das ocorrências que trazem dor, para crescer, e não te apresentes
inconformado.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20 – Inconformismo e Revolta (Joanna
de Angelis Responde – Perg. 54)

Desgraça real é o desconhecimento dos o bjetivos superiores
da existência sem a chama luminosa do amor como benção e a
imperiosa necessidade de seguir, arrastado pelas circunstâncias penosas.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.39 – Amor a Vida ( Joanna de Angelis
Responde – Perg. 54)

11

Em Momento algum deixa de confiar nos desígnios de Deus.
Não te encontras à deriva, apesar de supores que o rumo para a felicidade
perdeu- se em definitivo.
A ausência aparente de respostas diretas aos teus apelos e necessidades faz parte
de uma programática para o teu bem.
Sem que o percebas, chegam-te os socorros imprescindíveis para o equilíbrio e
êxito, sem os quais, certamente, não suportarias as provas a que te propuseste por
impositivo da própria evolução.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap.51 – Desígnios de Deus ( Joanna
de Angelis Responde – Perg. 54)

Aceita a vida e ganha- a com alegria para o teu próprio bem.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4 – Aceita a Vida (Joanna de
Angelis Responde – Perg. 54)
Nota:
As perguntas deste trabalho forma extraídas do Livro : Joanna de Angelis
Responde, complementadas por diversos outros livros da Mentora.
A integra de todas as mensagens dela e dos demais Mentores estão na
Seção 3 – Provas e Expiações – Visões Doutrin árias.

12

2.2 Provas e Expiações – Causas

[2] Onde se encontram as Causas dos Sofrimentos atuais?

Quando a criatura sofre sem conhecimento das causas que a levam à aflição,
raramente logra forças para superar-se e suportar com resignação as suas dores.
Eis porque, ante a conjuntura ou situação dolorosa que atinge os homens,
somente se pode entender, ante a divina justiça, que se a causa dos padecimentos
não se encontra na existência atual, está, sem dó vida, em precedentes
reencarnações.
Repetem-se as vidas corporais para o Espírito quantas vezes se fazem
necessárias para o seu burilamento, a sua plenitude.
Cada etapa repara os erros da fase anterior, ao. Mesmo tempo contribuindo
para a aquisição de valores e experiências que necessitam ser armazenados e que
contribuem, poderosamente, para a evolução, do homem.

Se não compreendes o porquê das tuas dores atuais, ausculta a consciência
e ela te inspirará a entender as causas anteriores, ajudando-te a suportá-las ei vencê-
las bem.
O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora,
abrindo percepções e facultando valores que não seriam conhecidos sem o seu com
tributo.
Não menosprezes, por essa razão, a fragilidade orgânica, a celeridade com
que transcorre cada ciclo das reencarnações.
Aproveita, quanto possas, as ensanchas que se te apresentem, reunindo
experiências positivas, recuperando lições perdidas, realizando trabalhos valiosos,
provas de acréscimo que todos recebem e nem sempre utilizam como devem,
incidindo, então, na compulsória de adquirirem pela dor, o que não realizaram pelo
amor.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42 – Ascenção Espiritual ( Joanna
de Angelis Responde – Perg.123)

13

[3]
Objetivamente, por que passamos por momentos de aflição e prova, em
nossas vidas? ,


Momentos de aflição e prova surgem pelo caminho, inesperados, concitando
à disciplina espiritual indispensável ao processo evolutivo do ser.
Enquanto domiciliado no corpo, espírito algum se encontra em segurança,
vitorioso, isento de experiências difíceis, de possíveis insucessos.
Os momentos de prova e aflição constituem recursos de aferição dos valores
morais de cada um, mediante os quais o homem deve adquirir mais, valiosas
expressões iluminativas como suportes para futuros, investimentos evolutivos.
Por isso, todos somos atingidos por tais métodos de purificação.
Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11 – Momentos de Aflição e Prova
(Joanna de Angelis Responde – Perg.91)

14

2.3 Provas e Expiações – O Carma e o Determinismo
[4] Algumas pessoas dizem que certas dores são cármicas, portanto, difícil é
livrarem-se delas. O carma é realmente inalterável ou não?

O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento da
criatura.
A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade
rigorosa que alucina, a limitação que perturba, a solidão que asfixia, o desar que
amargura podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os experimenta resolve
mudar as atitudes, aprimorando- se e desdobrando-se em prol do bem geral, no
que resulta em bem próprio.
Nos mapas das experiências humanas, graças às mudanças de comportamento
dos reencarnados, em decorrência do seu livre- arbítrio, são alterados com assídua
frequência, sucessos e socorros, dores e problemas programados, abreviando- se ou
concedendo- se moratória à vilegiatura daqueles que se situam num como noutro
campo desta ou daquela necessidade.
Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.
O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do
que Deus lhe faz, como apraz aos pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar.
Refaze, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos
saudáveis.
Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8 – Carma e Consciência
(Joanna de Angelis Responde – Perg. 99)

Caminhas para a Vida, no rumo da vida, sob as injunções das tuas vidas
passadas.
Sofres o que deves.
Padeces o que mereces.
A felicidade consiste não em sorrir, mas em não complicar a marcha
ascensional com a adição de novas penas para o futuro...
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 37 – Caridade e Alento

15

2.4 Provas e Expiações – Morais e Físicas
[5] Existem dores físicas e dores morais. Qual a medicação para uma e para
outra?

Os sofrimentos, genericamente dilaceram o corpo, alguns, todavia,
esfacelam a alma, na roda dentada das aflições.
Aqueles que decorrem das enfermidades físicas e mentais produzem
desespero, levando, não raro, os que os têm sobre os ombros, a estados de
desesperação, se não se apoiam na resignação e na humildade. Todavia, os
sofrimentos morais parecem transcorrerem clima de mais ásperas provanças.
Há dores físicas que se tornam difíceis tormentos morais.
Sem embargo, os legítimos sofrimentos morais, aqueles que se transformam
em feridas abertas, em chaga viva ulcerando a alma, terminam em agonias fisicas.de
largo porte...
Para as dores físicas, a ciência já conseguiu um sem número de recursos que
colaboram para a recuperação da saúde e ao mesmo tempo, produzem diminuição
quando não transitória cessação dos padecimentos.
Diante, porém, das dores morais, as denominadas “ciências da alma"
podem, quando muito, propor esquemas paliativos que, decerto, não atuando no
cerne do problema aflitivo, não conseguem modificar a paisagem de angústia e
sombra que escarnece e estiola a vítima .
Que medicamentos se podem propor, senão a terapia da prece, da fé
abrasadora e da irrestrita confiança em Deus!
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21 – Dores Morais ( Joanna de
Angelis Responde – Perg.128)

16

2.5 Provas e Expiações – O Verdadeiro Infortúnio
[6] Existem pessoas que não suportam o sofrimento e qualquer espécie de dor
lhes constitui verdadeiros infortúnios. Que são realmente os infortúnios, as
dores, etc...?

Do ponto de vista humano, infortúnio ou desgraça significa tudo que
perturba a comodidade e contraria as ambições imediatas em que se compraz a
criatura humana.
Observado, no entanto, do ponto de vista espiritual , o infortúnio, que
poderia significar verdadeira desdita para os desarmados morais faculta, aos que
sabem entregar-se a Deus, conquistas que se trasladam para a vida imortal – a
verdadeira.
As dores de qualquer procedência, as injunções de toda natureza, as
enfermidades ditas incuráveis, a presença da pobreza material, a ausência dos
valores amoedados, a ingratidão das pessoas amadas representam apelos ao espírito
calceta e atrabiliário para cuidar quanto antes da sua renovação e consequente
ascensão moral.
Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por
nós próprios, a fim de repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se
deve superar os recursos valiosos para a libertação dos gravames inditosos e a paz
da consciência.
Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme
conceituam as convenções do utilitarismo e do imediatismo.
O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em
Deus, com o impositivo de prosseguir-se caminhando entre dores e desesperações
sem os arrimos abençoados da crença e da esperança.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11 – Infortúnios –
Joanna de Angelis Responde – Perg.106

17

[7]
Muitas pessoas reclamam, dizendo-se infelizes e desgraçadas com a vida
que levam. Que representam estas dores e o que podemos considerar
realmente uma desgraça?

Ninguém que esteja em estado de desgraça, enquanto transitando nas
roupagens carnais.
Soledade, pobreza, doença, limitação, esquecimento constituem provas
redentoras de que se utilizam os excelsos mentores encarregados da programática
reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que tombaram nos
fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes
abundavam no passado...
Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe. Insucesso
social, prejuízo econômico, fatalidade são terapêuticas enérgicas da vida para a
erradicação dos cânceres morais existentes em metástase cruel nos tecidos do
espírito imortal.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45 – Glórias e I nsucessos
(Joanna de Angelis Responde – Perg.178)

Não nos iludamos. Mais dia, menos dia, todos sofrem.
Há, contudo, quem sofra com rebeldia, com revolta, com desânimo ou
com desespero, perdendo o valor da prova em que se vê.
Emmanuel – Nós – Cap. 6 – Da União com Deus

Se temos o coração aberto em feridas profundas, isso não basta; é preciso
transubstanciar as próprias dores em esperanças e ensinamentos.
Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 8 - Redenção

18

2.6 Provas e Expiações – A Fatalidade na Família
[8] A Doutrina Espírita nos ensina que não existe fatalidade, porém,
determinadas famílias padecem inúmeras desgraças, dando-nos a
impressão de atrair tragédias. Qual a razão disso?

Vinculados por compromissos vigorosos para a própria evolução, os
Espíritos reencarnam-se no mesmo grupo cromossomático, endividados entre si,
para o necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória espiritual as
recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando-se arrastar,
invariavelmente, a complexos processos de obsessão recíproca, graças ao ódio
mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas contribuições da
rebeldia e da violência.
Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a indiferença
insiste e a aversão assoma...
A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de tragédias
sucessivas, quando não se faz aduana de traições e desídias...
Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da
consanguinidade, a hodierna técnica da comunicação malsã tem conspirado
poderosamente contra a paz do lar e a felicidade dos homens.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3 – Cristo em Casa
(Joanna de Angelis Responde – Perg. 69)

19

2.7 Provas e Expiações – O Suicídio
[9] O que leva uma pessoa – às vezes, aparentemente feliz – a fugir da vida
através do suicídio?

Temendo o sofrimento, o suicida impõe-se maior soma de aflições, no
pressuposto de que o ato de cobardia encetado seria sancionado pelo apagar
da consciência e pelo sono do nada...
... No fundo de todas as razões predisponentes para o autocídio, excetuando- se
as profundas neuroses e psicoses de perseguição, as maníaco-depressivas – que
procedem de antigas fugas espetaculares à vida e que o Espírito traz nos refolhos
do ser como predisposição à repetição da falência moral – encontra-se o orgulho
tentando, pela violência, solucionar questões que somente a ação contínua no bem
e a sistemática confiança em Deus podem regularizar com a indispensável
eficiência.
Joanna de Angelis – Após a T empestade – Cap. 18 – Suicídio ( Joanna de
Angelis Responde – Perg. 108)

20

2.8 Provas e Expiações – A Aflição em Você
[10] “Vinde a mim todos vós, que vós encontrais aflitos...” A quais aflitos o
Mestre se referia?

Os aflitos, a que se refere o Mestre, são aqueles que da tribulação retiram o
bom proveito; aqueles que encontram na dor um desafio para superarem-se a
si mesmo; os que abrasam na fé ardente e sobrepõem-se às conjunturas dolorosas;
todos os que convertem a s dificuldades e provações em experiências de
sabedoria; os que sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e
perseverança nos ideais esposados, porfiando fieis aos compromissos abraçados...
Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de
esperança – eis os que serão bem-aventurados, porque após as dividas resgatadas,
os labores, os testemunhos confirmados, “serão consolados” pela benção da
consciência tranquila, no país da redenção total.
Joanna de Angelis – Rumos Libertador es – Cap. 5 – Aflição e Consolação
(Joanna de Angelis Responde – Perg. 168)

A dor que te alcança é tua. Ninguém a sofrerá por ti.
Os amigos se apiedarão, buscarão auxiliar-te, porém, o espinho estará
cravado nas "carnes da tua alma".
Da mesma forma, a felicidade que te chega é tua.
Haverá riso e satisfação entre aqueles que te amam, todavia, a sensação de
júbilo não a podes repartir com ninguém.
Isto posto, no sofrimento, não imponhas amargura àqueles que te cercam,
assim como na alegria não podes fazer que eles se sintam ditosos.
Joanna de Ângelis – Vida Feliz – Cap. 97

Nossas dores podem ser analisadas como fonte de aprendizagem ou
cárcere de lamentação. Elas surgem para que possamos perceber o que precisamos
melhorar ou reformular interiormente.
Dificulda des e conflitos são materializações de atos e atitudes
íntimas que precisam ser reavaliados. Portanto, não tomemos postura de vítima
perante as dores; antes busquemos em nós mesmos as causas que as motivaram.

21

Quem vive se justificando diante do sofrimento não quer renovar-se,
e quem se acomoda transforma as dificuldades em conflito, fazendo da existência
um verdadeiro tormento .
Eis a regra de ouro diante da dor: “jamais se imobilizar no tempo e
nunca fechar as ‘cortinas da janela’ da alma, pois isso leva a uma vida de ilusões e
vazia de experiências”
Hammed - Um modo de entender- uma nova forma de viver - Cap.
Perante a dor

22

2.9 Provas e Expiações – A Dor e o Sofrimento
[11] Ninguém gosta da dor, embora soframos a sua investida. Como
entender a dor e o sofrimento?

A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem
ensinando como se pode avançar com segurança. Recebamo-la, pacientes, sejam
quais forem às circunstâncias em que a defrontemos, nesta hora de significativas
transformações para o nosso espírito em labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação – e toda
aflição atual possui as suas nascentes nos atos pretéritos do espírito rebelde–
propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso, fator
preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos
valiosos recursos, inexauríveis, aliás, do ser.
Após a lapidação fulgura a gema.
Burilada a aresta ajusta -se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte-se em utilidade.
Sublimado pelo sofrimento reparador, o Espírito liberta-se.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17 – Ante a Dor
(Joanna de Angelis Responde – Perg.118)

23

[12]
As criaturas, de um modo geral, temem a dor, qualquer que seja. A dor
é uma punição?

A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto Sua
finalidade não é punitiva, porém educativa, corretora. Qualquer esforço impõe o
contributo do sacrifício, da vontade disciplinada ou não, que se exterioriza em
forma de sofrimento, mal- estar, desagrado, porque o aprendiz, simplesmente, se
recusa a considerar de maneira diversa a contribuição que deve expender a benefício
próprio.
Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6 – Necessidade de Evolução
(Joanna de Angelis Responde – Perg.127)

Agradece sempre a Deus.
No júbilo ou na prova, na paz ou na luta, na saúde ou na doença, na
multidão ou na soledade, agradece ao Pai Criador a dádiva da vida .
Em qualquer circunstância, todos os dias, faze do reconhecimento o teu hino
de louvor e de ação no bem os motivos da tua existência, orando e rendendo graças
a Deus, sem cessar e sem cansaço.
Joanna de Angelis – Oferenda - Cap. 60 – Render Graças

Divaldo, Porque sendo Espírita sofro tanto e há tanto tempo ?
Porque o Espiritismo não nos torna indenes à dor.
A função do Espiritismo é preparar-nos para a dor e não libertar-nos, sem
o necessário mérito, do sofrimento. A função do Espiritismo é a de dar-nos uma
visão ampla da vida, oferecer-nos recursos para superarmos as nossas limitações.
Eleve-se pela confiança, porque a dor, ao invés de punição, é benção, é crédito
perante a vida. O Espiritismo nos dá o lenitivo, o otimismo para enfrentarmos as
aflições; é uma terapêutica para vencer o sofrimento.
Divaldo Franco – Jornal O Espirita – 22 de Setembro 2010

24

Divaldo diga três coisas às pessoas que estão sofrendo muito, em certos
casos curtindo amargas provas cármicas que as induzem à desesperança ?
a. Tudo na vida é transitório, só o Espírito é eterno.
Disse Jesus : “ O amor paga a multidão dos nossos pecados”.
Através do amor iremos minimizar nossos padecimentos pela prática das
diversas formas de caridade, pulverizando nossas dívidas acumuladas em vidas
passadas. Tenhamos paciência para com tudo o que; apesar de nossos esforços, não
pode ou não pode ser modificado, conscientizando- nos sempre mais de que nossa
vida não começou no berço e não findará no túmulo.
b. Peçamos a Deus Discernimento em nossas horas de sofrimento
para que não agravemos nossos males.
Aprendamos a ver na fé e no ato de conviver harmoniosamente com o
próximo, principalmente com os nossos familiares e consangüíneos, uma graça do
amparo de Deus. O ato de servir ao nosso semelhante é, para o que serve, um
privilégio ofertado pela Divina Providência. A estrada é estreita, larga deve ser a
nossa fé. Reacendamos luzes de esperança nos recantos sombreados da alma.
Vençamos o desespero com a prece e a vigilância, reparando mais nas coisas eternas
que nas imediatas, convictos sempre de que não há , não pode haver, injustiça nas
Oniscientes Leis Divinas. A própria dor é nossa amiga fiel e mestra constante.
c. Na hora do desânimo e da exaustão, busquemos recursos no
Banco da Consciência e do Acréscimo Divino.
Iluminemos o cérebro com o conhecimento que eleva, iluminando
igualmente a alma com o amor que redime.
Submetamo-nos à vontade de Deus, agradecendo o dia e a noite, a alegria e
a dor, a saúde e a doença, as belezas da vida e a misericórdia da morte.
Renovemo- nos a cada dia, irradiando alegria e tranqüilidade aos que nos
cercam.
Além do gesto do óbolo pratiquemos a caridade da palavra branda, da
compreensão que não julga, do silêncio que reconstroi, da renuncia que edifica, da
recapitulação que conscientiza, do exemplo que orienta, da gratidão que ama.
Portanto peçamos a Jesus : Fé, Esperança, Caridade. Principalmente a
Caridade , eis os três requisitos necessários ao resgate da nossa felicidade
verdadeira.
Divaldo Franco - Moldando o Terceiro Milênio - (por Fernando Worm)

25

2.10 Provas e Expiações – D entro da Família
[13] De onde procedem estas criaturas- problemas que são colocadas ao
nosso lado?

A pessoa- problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é
desconhecida...
O filhinho–dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu
lado por primeira vez.
O ancião– renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo- te as
forças, não é encontro fortuito na tua marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é
resultado do acaso que te leva a desfrutar da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual.
Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a
resgatar injunção penosa. Mas tu também.
Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros
predisponentes, que induzem e levam ao abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do
mundo. Não, porém, da consciência, nem das Soberanas Leis.
Renascem em circunstancia e tempos diferentes, todavia, volvem a
encontrar-se, seja na consanguinidade, através da parentela corporal, ou mediante a
espiritual, na grande família humana, tornando -se o caminho das reparações e
compensações indispensáveis.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6 – Almas Problema ( Joanna de Angelis
Responde – Perg. 124)

Há problemas que solicitam toda uma existência de renúncia constante ,
para que o fio do destino se alimpe e desembarace.
À vista disso, não desertes da prova que te segrega, temporariamente, na
grande tribulação.
O lar pejado de sacrifícios, a família consangüínea a configurar -se por forja
ardente, a viuvez expressando exílio, a obrigação qual golilha atada ao pescoço, o
compromisso em forma de algema e a moléstia semelhando espinho na própria
carne constituem liquidações de longo prazo ou ajuste de contas a prestações, para
que a liberdade nos felicite.

26

Resgata, pois, sem revolta, o próprio caminho.
Enquanto há inquietação na consciência, há resto a pagar.
Agradece, assim, as dificuldades e as dores que te rodeiam.
Cada existência, no plano físico, pode ser um passo adiante, que te projete
na vanguarda de luz.
Misericórdia na Justiça Divina, consolações inefáveis, braços amigos,
diretrizes renovadoras e auxilio constante não te faltam, em tempo algum; contudo,
está em ti mesmo aceitar, adiar, reduzir, facilitar ou agravar o preço da tua
libertação.
Emmanuel – Justiça Divina – Cap. 15 – Cada Existência

Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência nos aflige, na expectativa de afastar-nos da
obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida permanece
Emmanuel – Livro da Esperança – Cap. 76 – Uniões de Prova

Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade, aqueles
que ainda não acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução, a fim de
trabalharem com o abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes
impedem a harmonia.
Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no Instituto Familiar,
caminham, lado a lado, sob os aguilhões da responsabilidade e da tradição,
sorvendo o remédio amargoso da convivência compulsória para sanarem
velhas feridas imanifestas.
E nesse vastíssimo roteiro de Espíritos em desajuste, não identificaremos
tão somente os cônjuges infortunados. Além deles, há fenômenos sentimentais
mais complexos.
Existem Pais que não toleram os filhos e Mães que se voltam,
impassivelmente, contra os próprios descendentes.
Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se
exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita, dilacerando-
se uns aos outros, com os raios mortíferos e invisíveis do ódio e do ciúme, da inveja
e do despeito, apaixonadamente cultivados no solo mental.
.......

27

Por isso mesmo, o ESPIRITISMO COM JESUS , convidando- nos ao
sacrifício e à bondade, ao conhecimento e ao perdão, aclarando a origem de
nossos antagonismos e reportando-nos aos dramas por nós todos já vividos no
pretérito, acenderá um facho de luz em cada coração, inclinando as almas
rebeldes ou enfermiças à justa compreensão do programa sublime de melhoria
individual, em favor da tranqüilidade coletiva e da ascensão de todos.
Humberto de Campos - Cartas e Crônicas – Cap. 32 - No Reino
Domestico

28

3 Provas e Expiações – Visões Doutrinárias
3.1 Allan Kardec
3.1.1 Sobre a Expiação e a Prova

A expiação implica necessariamente a idéia de um castigo mais ou menos
penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma
inferioridade real ou presumida, porquanto, aquele que chegou ao ponto culminante
a que aspira, não mais necessita de provas.
Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação
pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber
uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá de recomeçar um trabalho
penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência que apresentou no primeiro;
a segunda prova torna-se, assim, uma expiação.
Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma
comutação, se bem se conduzir, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação por sua
falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor,
a prova é nula e um novo castigo desencadeará uma nova prova.
Considerando- se, agora, o homem na Terra, vemos que ele aí suporta males
de toda a sorte, muitas vezes cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que
os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir que a causa esteja
em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado
de nossas virtudes; portanto, têm sua fonte nas nossas imperfeições.
Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, honras e todos os
prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para o que
cai na desgraça por sua má conduta ou imprevidência, é a expiação de suas faltas
atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou. Mas que dizer daquele que,
desde o nascimento, está em luta com as necessidades e as privações, que arrasta
uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso de
enfermidades congênitas, sem nada ter feito, ostensivamente, para merecer tal
sorte?
Quer seja uma prova, ou uma expiação, a posição não é menos penosa e não
seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente, porquanto, se o homem
não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Tem-se,
assim, de buscar alhures a solução da questão.

29

Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que
devem ter uma causa; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida
anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação
mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo,
castigo para o passado e prova para o futuro.
São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e provas
em relação ao proveito que delas se retira. Diz- nos a razão que Deus não pode ferir
um inocente. Se, pois, formos feridos, é que não somos inocentes: o mal que
sentimos é o castigo, a maneira por que o suportamos é a prova.
Mas acontece, muitas vezes, que a falta não se acha nesta vida. Então se
acusa a justiça de Deus, nega- se a sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência.
Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a divindade.
Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que
ele não pode agir senão com sabedoria, mesmo naquilo que não compreendemos e,
se sofremos uma pena, é porque o merecemos; é, pois, uma expiação.
O Espiritismo, pela grande lei da pluralidade das existências, levanta
completamente o véu sobre o que esta questão deixava no escuro. Ele nos ensina
que se a falta não foi cometida nesta vida, o foi numa outra e, deste modo, que a
justiça de Deus segue o seu curso, punindo- nos por onde havíamos pecado.
A seguir vem a grave questão do esquecimento que, segundo o nosso
correspondente, tira aos males da vida o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o
nome que quiserdes: jamais fareis que não sejam a consequência de uma falta.
Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das faltas
em si, não tem as consequênci as que lhe atribuis.
Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas faltas teria
inconvenientes extremamente graves, uma vez que nos perturbaria, nos humilharia
aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam perturbação nas relações
sociais e, por isto mesmo, entravaria o nosso livre-arbítrio.
Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; ele só
se dá na vida exterior de relação, no interesse da própria Humanidade; mas a vida
espiritual não sofre solução de continuidade. Quer na erraticidade, quer nos
momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança
lhe deixa uma intuição que se traduz pela voz da consciência, que o adverte do que
deve ou não deve fazer. Se não a escuta, é, pois, culpado.

30

Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu
passado, se não aos atos precisos, pelo menos aos caracteres gerais desses atos, que
ficaram mais ou menos desbotados na vida atual. Das tribulações que suporta, das
expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações,
ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas e apoiando- se no princípio de
que a mais justa punição é a consequência da falta, ele pode deduzir seu passado
moral; suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si.
A vida atual é para ele um novo ponto de partida; aí chega rico ou pobre de
boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta e
dizer: “Se sou punido, é porque pequei”, e a própria p unição lhe dirá o que fez.
Citemos uma comparação: Suponhamos um homem condenado a tantos
anos de trabalhos forçados, sofrendo um castigo especial mais ou menos rigoroso,
de acordo com a sua falta; suponhamos, ainda, que ao entrar na cadeia perca a
lembrança dos atos que para lá o conduziram. Poderá dizer: “Se estou na prisão, é
que sou culpado, porquanto aqui não se põe gente virtuosa.
Tratemos, pois, de ficar bom, para não voltarmos quando daqui sairmos.”
Quer ele saber o que fez?
Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali conduzem, porque
ninguém é posto a ferros por uma leviandade.
Da duração e da severidade da pena, concluirá o gênero dos que deve ter
cometido. Para ter uma idéia mais exata, terá apenas de estudar aqueles para os
quais irá sentir-se instintivamente arrastado.
Saberá, então, o que deve evitar daí em diante para conservar a liberdade, e
a isso será ainda estimulado pelas exortações dos homens de bem, encarregados de
o instruir e o dirigir no bom caminho. Se não o aproveitar, sofrerá as consequências.
Tal a situação do homem na Terra, onde, tanto quanto o grilheta, não pode
ter sido posto por suas perfeições, considerando- se que é infeliz e obrigado a
trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos de acordo com o seu adiantamento;
adverte-o incessantemente e chega mesmo a feri-lo, para o despertar de seu torpor,
e aquele que persiste no endurecimento não pode desculpar-se com sua ignorância.
Em resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente,
o caráter das provas, outras têm, de modo incontestável, o do castigo, e todo castigo
pode servir de prova.

31

É um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta.
Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se
maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Nada há, pois, de irracional em
admitir que um Espírito, na erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrena
que o leve a reparar seus erros passados.
Se tal existência lhe tivesse sido imposta, não teria sido menos justa, apesar
da ausência momentânea da lembrança, pelos motivos acima desenvolvidos. As
misérias da Terra são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por
suas consequências morais.
Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o
melhoramento. Em presença de um objetivo tão importante, seria pueril fazer de
um jogo de palavras uma questão de princípio. Isto provaria que se dá mais
importância às palavras que à coisa.
Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Setembro – Sobre a Expiação e
a Prova

32

3.2 Joanna de Angelis
3.2.1 Provas e Expiações

Bendize as provas afligentes que te pungem o coração e te inquietam a
mente.
Sob o açodar do sofrimento, o ser humano vê -se conduzido a reflexões que
o esclarecem a respeito do sentido da existência corporal.
A vida no corpo físico possui um significado profundo que deve ser
observado, que é o da evolução.
Natural que se anele pela saúde perfeita, por ocorrências jubilosas, pelos
encantamentos e distrações que produzem o prazer e mantêm a leviana
superficialidade das coisas sem valor que contribuem para o bem-estar
momentâneo.
É, normalmente, quando se está nas paisagens ricas de gozo que surgem os
abusos, aumentam as aspirações do prazer, a fim de se evitar o tédio e suas várias
manifestações.
O Espírito é criado sem as experiências que lhe devem constituir o
patrimônio imortal.
Toda e qualquer realização, quando repetida sem alteração, dá lugar à
indiferença, deixando de produzir novas sensações e emoções. A monotonia
substitui a alegria infrene inicial e as novidades, graças à sua continuidade, perdem
o brilho, o fascínio.
Surgem ambições mais audaciosas, o ócio estimula atitudes atrevidas,
radicais, e o acumpliciamento com o desrespeito ao comportamento dos outros
conduz ao ludíbrio, ao crime, na busca de gozos novos e mais fortes.
Nascem, então, as intrigas, as traições, as infâmias, os problemas de alta
gravidade que entorpecem os sentimentos, ludibriam a dignidade e induzem a
situações de conduta lamentável.
É inevitável que, vivendo no universo regido pela ordem e por leis de
equilíbrio, o infrator seja convidado ao resgate, à correção dos atos reprocháveis.
Eis a causa das atuais aflições.
Nada obstante, quando convocado à regularização e ainda prossegue na
marcha da desobediência e da soberba, é natural que seja recambiado à escola
terrestre sob injunção penosa, amargurado nas expiações incoercíveis.

33

A verdade é que ninguém consegue ludibriar a divina legislação, ainda que
aparente uma força e um poder que não possui, já que a organização fisiológica,
acostumada a suportar situações vigorosas, é muito frágil em relação às infecções,
aos processos degenerativos, à debilidade, reduzindo- a ao estado de fragilidade
extrema.
Ademais, o fenômeno biológico da morte sempre está presente na
maquinaria física... E os transtornos emocionais de tão fácil ocorrência, os
distúrbios mentais, as limitações do soma, que o precedem?
Provas e expiações constituem os regularizadores da existência plena ou
aparentemente desventurada.
Agradece a Deus a tua momentânea aflição, seja qual for a sua expressão.
Autopenetra-te mentalmente em uma autoanálise honesta e pergunta- te qual
é a mensagem que te está sendo enviada. Indaga -lhe onde necessitas e como
reparar a sua causa, a fim de libertar-te.
Com sinceridade, busca compreendê-la e, ao detectar-lhe a nascente, sem
qualquer ressentimento, corrige o fator de desintegração e rejubila-te.
No entanto, se não conseguires encontrá-la de imediato, não te envolvas nos
tecidos sombrios da melancolia ou do desespero, permanecendo alegre, isto é,
consciente de que se trata de uma ocorrência transitória e benéfica.
Tem a certeza de que sairás da situação melhor do que no momento quando
se instalou, no instante em que não esperavas tal acontecimento.
Notarás um amadurecimento psicológico fascinante, que te permitirá
harmonia interior, compreensão do sentido de viver e estímulo para valorizar
apenas aquilo que seja de duração real: os valores do Espírito! É justo que se aspire
pela paz, no entanto, apoiando- se no amor que é o seu alicerce.
De maneira alguma se pode desfrutar de serenidade sem o concurso da
afetividade correta, do sentimento de amizade fraternal, sem a generosidade do
sorriso rico de ternura, sem a consciência do dever cumprido corretamente.
O amor fomenta a compreensão das situações mais embaraçosas, porque
dulcifica aquele que o cultiva.
Retira do psiquismo os miasmas do ressentimento e de outras paixões que
vitalizam vidas microscópicas na área das viroses e no sistema emocional.
Porque compreende, o amor é suave bálsamo para todas as feridas do corpo
e da alma.

34

Quando tudo estiver bem na tua jornada, agradece a Deus e cuida-te, porque
são concessões que recebes dele para multiplicá-las em chuvas de bondade e de
simpatia, beneficiando o solo dos corações para a ensementação da plenitude.
Não existe dor sem causa, nem alegria sem título de merecimento.
Em ambas as situações, mantém-te vigilante, porque ninguém passa pelo
mundo sem as suas vivências, e a dor faz parte do processo iluminativo.
O aperfeiçoamento moral do Espírito é da sombra para a luz, do bruto para
o sublime.
O estado de angelitude começa na primeira molécula que constituirá o ser,
prosseguindo, indefinidamente, no rumo da perfeição relativa que a todos está
destinada.
Jesus foi peremptório quando propôs: “Sede perfeitos como o Pai Celestial
é perfeito”. (Mateus, 5:48.)
Se estás sob o ardor de alguma provação alegra- te, por te encontrares no
rumo libertador. Se te encontras aureolado pela fortuna da alegria, da juventude,
das facilidades, mantém-te atento e aplica com sabedoria esses bens da vida para
que mais tarde possas apresentar os resultados.
Resguarda, pois, a tua consciência de remorsos e arrependimentos, enquanto
brilha a luz da tranquilidade e da inocência nos teus sentimentos.
Mantém-te criança...
Joanna de Angelis – Revista Reformador – Maio/2016 – Provas e
Expiações

35

3.2.2 Necessidade da Reencarnação

"As lutas têm sido cruéis. Dificuldades me assinalam os passos em todo
lugar. Sofro em demasia." – Clamam, com irreflexão, aqueles que jornadeiam,
desatentos, a trilha evolutiva.
"Acompanho a marcha do progresso e constato que o êxito a coroar tantas
cabeças não me alcança. Creio que em breve desistirei da luta". Rebelam-se os
companheiros do labor diário, em pleno campo redentor.
"Fracassos me seguem nos melhores empreendimentos, conduzindo-me a
desespero infrene. A dor é comensal dos meus dias. Que fazer?" – Refletem, de
mente desalinhada, os que se distanciam da fé racional e se consomem em
interrogações aflitivas.
No entanto, todos esses que seguem, sob aparente amargura, aprendem na
enxerga da aflição a valorizar os tesouros divinos que malbarataram por leviandade
ou loucura. Recomeçam pelos sítios em que desertaram da vida, fixando
experiências que a rebeldia, mal contida, ainda hoje transforma em novos cardos a
se lhe cravarem nos tecidos sutis da alma.
Tem paciência diante da aflição punitiva ou libertadora.
Não recolhas à análise deprimente dos fatos ou das oportunidades.
Enquanto contabilizas desditas, olvidas a claridade estelar espargindo
luminosidade, seja durante o dia, seja na escuridade da noite.
Tudo são lições.
O desgosto de agora transformar- se-á em proveitosa experiência de amanhã.
Caminho percorrido – local identificado.
Afervora-te ao exame do trabalho sem a desarmonia ansiosa dos resultados
que temes. O que hoje parece insucesso logo mais se converterá em dadivoso bem.
A reencarnação significa precioso ensejo de sublimar e superar, registrando
como bênçãos nos refolhos da alma as experiências de libertação do imediatismo e
da extravagância.
É expressivo o retorno à carne para refazimento das experiências deixadas
à margem; tantas se fazem necessárias quantas as oportunidades de evoluir, até
chegar à perfeição.

36

Nunca se nos deparam os mesmos recursos no roteiro da vida, nas mesmas
condições. Não pisarás duas vezes as águas do mesmo rio. Embora retornes ao local
da véspera, as águas que fluem não são as mesmas.
A oportunidade, conquanto se nos apresente assinalada pelo nosso
desagrado, representa preciosa dádiva. Transforma, portanto, a dor em cântico de
júbilo.
Cada etapa vencida é vitória conquistada a marcar os teus triunfos sobre as
próprias lutas, incessantemente até conquistares a paz em plenitude.
Não fossem os dissabores, e os estímulos para as tarefas desapareceriam. A
reencarnação ficaria destituída de valor se não BURILASSE os espíritos quando do
retorno iluminativo.
O pavio que não arde, conserva-se; todavia, não espalha luz. a lâmina que
não se consome, no uso, não vai além de ornamento a pesar na economia das
utilidades.
Nasce e renasce o espírito em diversos círculos para conquistar e
reconquistar afetos, alargando os horizontes da fraternidade entre todas as criaturas,
de modo a que o Reino de Deus não se transforme em oásis fechado de felicidade
grupal, distante da Humanidade inteira.
Com propriedade, portanto, anotou o Codificador do Espiritismo que "a
reencarnação, aliás, precisa ter um fim útil".
Ascendamos através das lutas diárias nesse "estado transitório" da
encarnação, calcando óbices e superando dificuldades, de tal modo que esta
oportunidade significativa para os que se encontram revestidos da organização
carnal constitua a ponte que leva ao planalto da vida melhor, sem sombra, sem dor,
sem desespero, fazendo- os vencedores das paixões e da morte, verdadeiramente
espíritos felizes.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 14 – Necessidade da
Reencarnação

37

3.2.3 Considerando o Sofrimento e a Aflição

“Se, ao contrário, concentramos o pensamento, não no corpo, mas na alma,
fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo,
antes fonte de misérias e dores.”
Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1ª parte – Cap. 2 — Item 4.
Ei-los misturados em todo lugar.
Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere,
e aflição de quem, não tendo amado, deseja escravizar-se desnecessariamente.
Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quando gostaria de fazê-lo, e
aflição, porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir.
Sofrimento pela dor que se agasalha no coração, santificando o espírito, e
aflição em face da dor, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo- se
muito mais.
Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica
do caráter, e aflição, porque, desejando e possuindo tanto não pode fruir quanto
pensava gozar.
Sofrimento derivado da revolta de não ser feliz nos moldes que planejou, e
aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva
e pranto se guardam sob o manto brilhante dessa felicidade.
Sofrimento por muito ter e constatar nada ter, e aflição por nada ter e
descobrir quanto poderia ter.
Sofrimento na cruz dos desajustes emocionais, e aflição causada pelos
desajustes na cruz do dever reparador.
Sofrimento em quem luta pela reabilitação, e aflição em quem, errando, não
tem força para reabilitar- se.
Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar.
É, no entanto, o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um meio
libertador para quem, mantendo o encontro com a verdade elege, na recuperação
dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra consigo
mesmo, depois das múltiplas Lutas do caminho por onde jornadeia, quando
desatento e infeliz.
Com Jesus aprendeste que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-
se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender.

38

Empenha-te, valoroso, no esforço da eliminação do mal que ainda reside em
ti, pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência. Recorda que antes da
manhã clara e luminosa da Ressurreição do Mestre houve a sombra da traição e a
infâmia da Cruz, como ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da
imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho como prenúncio
da radiosa festa de luz e liberdade definitiva, que alcançarás por fim.
Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 37 – Considerando o
Sofrimento e a Aflição

39

3.2.4 Dor Benfeitora

Floresce, espontânea, em toda parte, independendo dos fatores que lhe
propiciam o desabrochar.
Inesperadamente aparece nos solos áridos, nos quais os sentimentos não
medram.
Nas terras encharcadas da emotividade abundante, também surge sem
qualquer programação...
Sua presença é percebida, logo de início, convidando à atenção que nela se
fixa, a partir desse momento.
Em todas as épocas, ei-la presente, estabelecendo diretrizes e caracterizando
pessoas, grupos e nações.
Detestada, não teme as reações, tornando o seu apelo mais forte.
Aceita, diminui a agudeza dos seus efeitos, suavizando- os.
Estudada por teóricos e práticos, todos se lhe referem de maneira variada,
sem chegarem a uma conclusão unânime.
A verdade, porém, é que se faz conhecida sempre, e ninguém pode impedir-
lhe a presença.
Depois que encerra um ciclo, prepara, para um novo cometimento, a sua
oportuna aparição.
Nenhum recurso a impede, porque, por enquanto, ela é a única maneira de
conduzir o homem na conquista dos Altos Cimos da Vida, desde que o amor não
logre fazê-lo.
Esta flor abençoada, que surge nos terrenos de todas as vidas, é a dor.
Este homem padece de injunções sócio-econômicas e tem a alma em
desalinho.
Aquele experimenta a abundância de valores amoedados e sofre a solidão
afetiva que o dinheiro não pode comprar.
Esse arde nas brasas do desejo, insatisfeito, e, lasso, entrega- se ao frenesi da
promiscuidade.
Este outro esgrime o ódio e sofre-lhe a rebeldia dilacerante nos tecidos
íntimos do ser.
Aqueloutro caminha chancelado pelas etiquetas das patologias cruéis.
Uns definham nas garras afiadas de enfermidades irreversíveis.

40

Outros derrapam em alucinações inimagináveis...
Todos, porém, sofrendo a constrição das dores de variada expressão,
amargurando, lapidando, despertando para novos valores da vida, que permanecem
desprezados.
A dor é benfeitora anônima, que a todos visita.
Cessados os seus efeitos perturbadores, quantas conquistas morais e
espirituais!
*
Os prepotentes, que a desconsideram, não chegam ao termo da jornada sem
experimentar-lhe a companhia.
Os ingratos, que se supõem felizes, não lhe fogem à presença.
Os orgulhosos, que a desprezam, considerando-se inatingíveis, encontram-
na adiante...
Ela verga toda cerviz e submete, sem exceção, todas as criaturas.
O seu cerco é invencível e ela sai-se sempre vencedora.
É instrumento da Lei, que o próprio homem vitaliza e necessita.
Tu, que conheces Jesus, recebe sem rebeldia essa benfeitora.
Não se trata de masoquismo, mas, sim, da inevitabilidade de sofrer,
transformando esse estado em formosa aquisição de bênçãos.
Há os testemunhos à fé e os resgates que procedem do passado.
Seja qual for o motivo, transforma-o em oportunidade iluminativa, porque
estás na Terra para crescer e evoluir, adquirindo experiências de profundidade.
A dor, que a muitos amesquinha, envilece e atordoa, deve constituir -te
estímulo para a grande vitória sobre ti mesmo.
Não te preocupes com mais nada, e, sob o seu jugo, confiante, avança com
a dor até conseguires o teu momento de plena libertação.
Joanna de Angelis – Momentos de Felicidade – Cap. 20 – Dor
Benfeitora

41

3.2.5 Aprendizagem pela Dor

Referes-te à dor como se ela se te constituísse punição imerecida,
injustificável interferência nas atividades da tua existência.
Armas-te de revolta e investes contra o sofrimento, tombando em crises de
desequilíbrios e alucinações em decorrência de enfoques defeituosos e do atavismo
utilitarista que te assinala a vida.
A dor, no entanto, resulta de uma necessidade imperiosa da evolução.
Sem ela dificilmente conseguirias bendizer a felicidade, da mesma forma
que, sem o concurso da sombra, não te darias conta da elevada mensagem da luz.
Não conhecendo a enfermidade, sentir-te-ias sem condição de valorizar a saúde.
A dor pode ser considerada como um fórceps, de que se utiliza a vida para
arrancar belezas nas almas calcetas, que jazem prisioneiras das couraças do
primitivismo ancestral.
Quando, no entanto, o ser é dúlcido e acessível, a dor nele funciona como
um arco delicado que tange, no violino dos sentimentos, leves acordes de uma
balada sublime de amor.
Com o seu concurso, nascem os heróis e se forjam os santos: faz- se
companheira dos caracteres nobres e é a irmã da reflexão, cujo concurso invoca ao
instalar-se no imo da criatura humana.
*
Até aqui, a dor tem sido considerada apenas sob o ponto de vista negativo,
transformando-se numa espada de Dâmocles sempre ameaçadora, prestes a tombar,
fatalmente, sobre os que lhe sofrerão, inermes, a conjuntura destrutiva...
Examinem-se as vidas dos artistas do pensamento e das artes, consultem-se
as existências superiores dos mártires e dos apóstolos de todos os tempos e de todos
os fastos históricos, e logo se encontrará o buril da dor trabalhando- os e
embelezando-os, a fim de que a sensibilidade deles, apurada, pudesse erguer-se às
regiões onde predominam a beleza e a inspiração, de lá as transferindo para os
olhos, os ouvidos e as mentes do mundo sensorial, transformando- se em estímulos
à ascensão e à liberdade.
Interroguem-se as mães e os lidadores das ciências como lograram atingir
as cumeadas do ministério e se descobrirá a dor na condição de alavanca impelindo-
os para frente.

42

O diamante, arrancado do seio generoso da terra, somente resplandecerá
após a lapidação.
*
Não te consideres em desdita, porque a dor-provação te alcança, concitando -
te à regularização dos débitos pretéritos que trazes contigo.
Não te perturbes em face da dor-enobrecimento que te conclama a
meditação, de modo a amadureceres os valores espirituais e adquirires sabedoria.
Não te desesperes ante a dor-surpresa, injustamente denominada tragédia ou
infortúnio, dela retirando os recursos da edificação íntima. Compreenderá desse
modo, que a vida física é experiência rápida, e que a aparente vitalidade orgânica,
a segurança e as conquistas que se disputam, na Terra, são sempre bens muito
transitórios, desaparecendo de um momento para outro. Assim, preparar-te-ás para
considerar a existência como um rápido capítulo do livro da vida imperecível...
Jesus, que não possuía débitos, ensinou- nos a técnica de superação da dor,
entregando- se em caráter de total tranquilidade às determinações divinas, mediante
o sofrimento por amor, já que a dor faz parte do programa de ascensão, na Terra,
irmã e benfeitora que deverás receber como dádiva superior para a felicidade que
lograrás agora ou mais tarde.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 10 – Aprendizagem
pela Dor

43

3.2.6 Provações
Referes-te a nuvens nos céus das tuas aspirações. Acusas angústias e
inquietudes, macerando os melhores programas que traças, tendo os olhos
fitos no futuro.
Experimentas a sensação de pesado fardo em forma de opróbrio e dor
sobre as tuas fracas forças.
E porque sonhas com a felicidade que todos gostariam de fruir, sentes a
melancolia que se avoluma e desperdiças as horas nobres da renovação espiritual
entre rebeldias injustificáveis e desesperos incompreensíveis. Sim, há dor no teu
coração e não poucas frustrações se assenhoreiam das tuas horas, nublando
o claro sol das tuas esperanças, de tal modo que a aflição constringente se agasalha
nos teus painéis mentais.
Medita. seriamente, porém.
Recolhe-te ao oásis da prece e refaze as paisagens sombrias, banhando -as
com a clara luz da confiança.
Olha em derredor.
Dirás que o sofrimento é comensal de todas as, horas, em todos os corações
em todo lugar.
Explicarás que somente poucos desfilam, no carro dourado da alegria,
adornados de felicidade, enquanto a miséria desta ou daquela natureza espia a
pompa e o triunfo...
Não te demores a fitar a vida apenas a lição retificadora.
A felicidade que muitos aparentam possuir, em verdade não é legitima. ·
Aqueles que passam, sob o frêmito das glórias, não poucas vezes trazem o
coração como fornalha escaldante ardendo no peito.
Muitos deles tudo dariam por uma hora de solidão, em silêncio.
Ignoras o preço que pagam os apaniguados das láureas efêmeras da
transitoriedade carnal.
*
Não te inquietes tanto ante a treva aparente no teu domicílio afetivo ou
com a soledade momentânea que te cinge o espírito.
“Logo mais” é realidade que alcançarás nesta ou em outra vibração da vida.

“Amanhã” é medida de tempo que chegará ao âmago das tuas horas.

44

Confia no bem e persevera.
O que agora te parece punição injusta, logo depois se te afigurará dádiva
libertadora.
*
O céu carregado de brumas apaga só aparentemente o cintilar das. estrelas.
Respondendo à indagação No 258 de “O Livro dos Espíritos”, proposta por
Allan Kardec, os Excelsos Mensageiros responderam, conscientes: “Ele próprio (o
homem) escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu
livre-arbítrio”.
Isto é: as dificuldades e agonias, o espírito as solicita antes de mergulhar em
nova existência corporal, para aprimorar o caráter e redimir- se das culpas.
Assim sendo, considera os Espíritos superiores de todos os tempos; consulta
a história dos construtores do Mundo Melhor; examina a vida daqueles que
elaboraram. os programas da técnica do conforto, da saúde das multidões; pensa
nos santos e nos sábios e vê- los-ás desfilarem sob sarcasmos e azedumes,
invariavelmente entre névoas e dores, estigmatizados por uns e azorragados por
outros, integérrimos, no entanto, pelo caminho dos elevados ideais que esposaram.
Possivelmente aspiras à própria felicidade e por essa razão te rebelas.
Aumenta a dosagem de paciência.
O amor fluirá abundante do nosso Pai na direção da tua vida, se te
converteres em instrumento do bem, transformando as feridas do teu sentimento
em condecorações luminescentes que te identificarão com a vida um pouco mais
adiante.
Fita, pois, a madrugada do dia nascente e segue a rota dos que avançam,
encorajados, abrindo os caminhos, para que os teus pés te conduzam ao porto ditoso
da paz última e da felicidade real, vencidas as provações que escolhestes antes.
Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 21 – Provações

45

3.2.7 Sequelas do Sofrimento

O sofrimento desempenha na Terra uma ação relevante, qual seja a de
contribuir para o desenvolvimento intelecto-moral dos seres.
Nas esferas primárias expressa-se no campo dos instintos, desenhando as
primeiras sensações e emoções nervosas.
No ser humano, não tendo caráter punitivo, é processo de desgaste dos
atavismos que o retém na retaguarda do progresso.
Graças à sua ação, alteram-se as aparências e desvelam-se os mecanismos
internos, que se exteriorizam do Espírito em conquistas necessárias.
Não obstante, o sofrimento nem sempre consegue levar, de imediato, à meta
aquele que lhe experimenta o concurso.
Nos indivíduos rebeldes, ainda mais vinculados à sensação, a sua presença
causa revolta, em empurrando -os para a animosidade, o ressentimento, o ódio,
o desejo de autodestruição.
Naqueloutros de compleição emocional tímida resulta em processo de
resignação estagnaria, sem produzir a renovação, que induz à luta por superá -lo.
Não obstante, existem muitos que o recebem de maneira dinâmica,
estimulante, por compreenderem que é uma sequela de atos infelizes que ficaram
no passado, ou de processos naturais do mecanismo evolutivo.
Entre os primeiros, as sequelas da rebeldia sistemática são: maior
agudeza das aflições, continuidade dos transtornos, ausência de pausas
refazentes. Isto porque, bloqueados neles os centros do discernimento, intoxicam-
se com as próprias energias nefastas, ampliando a área e o tempo do processo-dor.
Nos segundos, a acomodação, de alguma forma, a revolta surda que conduz
à submissão, de maneira alguma trabalham para a renovação, gerando sequelas de
parasitismo e quase inutilidade evolutiva.
Somente quando luz o entendimento das suas causas é que sequelas são:
conquistas de harmonia íntima, inteira moral, humildade legítima diante das
Leis da Vida.

46

Portadores de enfermidades degenerativas que resvalam pelas rampas do
desespero, da consciência de culpa, do recalcitrar ante o aguilhão, partem do corpo
com as sequelas correspondentes impressas nos tecidos sutis da alma, no campo
perispiritual, continuando a experimentar mais acentuadas aflições, até que, por
exaustão, se resolvem à mudança mental e à diluição dos registros gravados.
Nos processos referentes aos transtornos psicológicos, sequelas idênticas
surgem, atraindo mais ao convívio emocional os Espíritos inimigos que os
atormentaram, agora prosseguindo em batalha mais inclemente.
Desse modo, em todos quantos desencarnam na aceitação parasitária
das ocorrências aflitivas, as sequelas permanecem assinalando esses pacientes
por largo tempo, já que não lutaram por sobrepor-se aos testemunhos da
purificação.
Aqueles, entretanto, que se trabalharam emocional e espiritualmente,
têm após o decesso tumular, como sequelas, as ausências das impressões
perturbadoras, das dores que ficaram na roupagem em diluição.
Ninguém transita pelos patamares do crescimento íntimo sem o concurso do
sofrimento, que proporciona, quando bem recebido, o direcionamento das
aspirações para Deus e para o Bem, para a harmonia íntima, para a atitude de
respeito e amor pela Vida.
O sofrimento surge, em muitos casos, como coroa de glória, que numerosos
Espíritos nobres solicitam e recebem, tornando-se protótipos de perfeita sintonia
com Deus e por amor à Humanidade.
Quando o sofrimento é aceito como força dinâmica, faculta o êxtase dos
santos, dos artistas, dos pensadores, dos cientistas, porque afrouxa os laços
materiais que retém o Espírito, permitindo-lhe pairar nas regiões de onde procede,
haurindo ali mais força e energia para ensinar auto -superação e felicidade.
Quando Jesus proclamou que são bem-aventurados os aflitos, é evidente que
se referiu somente àqueles cuja aflição não produza sequelas devastadoras que
dilaceram a alma.
Aflitos e sofridos, sim, mas nem todos, em face das sequelas que
produzam...
Joanna de Angelis – R evista Reformador – 2000 – Agosto – Sequelas do
Sofrimento (Centro Espírita Caminho da Redenção– 4/Janeiro/1999.)

47

3.2.8 Sofrimento Reparador

Delinquiste, sim, no passado, organizando, desde então, a programática
redentora pela senda de aflição por onde hoje segues entre agonias e interrogações
para as quais parece não encontrares resposta.
Se te explicam que provéns de experiências malogradas, asseveras não
concordar com a elucidação, em face de considerares injusto um resgate referente
a um compromisso de que não te recordas...
No entanto, hoje, embora conhecedor das leis de equilíbrio que regem a
vida, atiras-te em desvario pelos ínvios sítios, assumindo não menos graves
responsabilidades que atiras na direção d o futuro...
Sofrimento é processo purificador contra o qual será inútil a reação pela
revolta ou através do desespero.
Tal atitude mais agrava o problema, qual ocorreria a alguém que, pensando
ou desejando diminuir a intensidade na dor de uma ferida aberta em chaga viva, lhe
colocasse ácido ou espicace com estilete as carnes em torpe decomposição e alta
sensibilidade.
Alegas que, através do amor, pela metodologia doce da ternura, te seria fácil
e melhor compreender a Divindade, crescer nos rumos do Infinito.
Contempla a Natureza e deslumbrar-te-ás com ela ... Sem embargo, aí está
a ecologia gritando contra os danos da poluição defluente da ganância dos sistemas
imediatistas, sem conseguir sensibilizar os governos ou os povos, ou as
comunidades...
Tudo é amor, inclusive quando hoje se revele em termos desagradáveis com
vistas, porém, é dita mais tarde.
Parece repugnar-te ao entendimento armado contra as medidas
conciliatórias, pacificadoras, o conceito das leis de "causa e de efeito", porque,
explicas que elas se diluem em incertezas sem campo de demonstrações
irrefutáveis...
Medita um pouco e convirás com a legitimidade do argumento espiritista.
Informas que todos sofrem, e, desse modo, teriam sempre errado antes...
Quando, de que forma, por que meio, isto teria ocorrido? — Gostarias de
saber.
Dor é processo de desgaste natural, ínsito na estrutura da vida.

48

A Fitopatologia nos demonstra que os vegetais enfermam contaminando-se
uns aos outros e morrem, obedecendo a um processo de transformações paulatinas,
desde que a Terra é um sublime laboratório de experiências relevantes...
Demonstrações científicas nos comprovam a existência de "percepções" nos
vegetais, vasta gama de sensibilidade.
Nos animais, quando essa sensibilidade já é mais apurada, graças ao sistema
nervoso, o processo prossegue, obviamente sem que exista um fator causal dívida-
resgate...
No homem, porém, a opção pessoal de cada um lhe enseja felicidade ou
desdita. Essa situação se modifica mediante a posição mental e a ação moral que se
assuma em relação à vida em si e não compulsoriamente de indivíduo para
indivíduo...
Todas as dores, sim, que afetam o homem, têm suas causas matrizes na
atitude anterior do ser, próxima ou remotamente.
Assim, não te rebeles, não deblateres, não desesperes...
Espera mais, confia um pouco mais e produze no bem como ideal superior.
Perda de pessoas queridas, arrebatadas por tragédias ou infortúnios outros,
ou circunstâncias inesperadas; enfermidades irreversíveis dolorosas e lancinantes
que trazem o sinete-agonia; deficiências e graves limitações congênitas no corpo
ou na mente; soledade e azorragues morais; padecimentos íntimos sem consolo;
necessidades econômicas sem solução; "azares da sorte" em carga de permanente
acicate; problemas e incertezas constituem motivo redentor se souberes e quiseres
confiar e superá- los.
São cárceres sem paredes nem grades, com que a Divina Justiça, que é
equilíbrio, propicia o crescimento do ser calceta inveterado no rumo da liberdade e
do júbilo.
Prossegue, portanto, em qualquer situação em que estagies, de ânimo
robusto, resgatando hoje, porque ontem, sem dúvida, delinquiste.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 19 – Sofrimento
Reparador

49

3.2.9 Serão Consolados

Nem todos aflitos, porém... Muitos que sofrem engendraram as aflições de
que se tornaram vítimas inermes:
− Carregam o sofrimento aspirando e exalando o gás da ira mal
dissimulada com que mais se intoxicam e mais envenenam em derredor;
− Pessoas algumas esmagam -se nas paredes estreitas da usura , de
que se não libertam;
− Estertoram nas garras do ciúme que as enceguecem;
− Desagregam-se sob os camartelos da insatisfação face aos prazeres
dissolventes;
− Transitam em sofreguidão contínua ao estridor da revolta que as
agoniam;
− Turbam-se nas densas nuvens da desesperança;
− Tombam, desfalecidas, nas urdiduras do desânimo .
Toda aflição se fixa em raízes que devem ser extirpadas. Algumas possuem
causas atuais, enquanto outras se prendem ao passado espiritual, constituindo tais
fatores a justiça impertérrita que alcança os infratores dos códigos divinos do
amor e do equilíbrio.
Aflições de vário porte conduzem ao crime de muitas denominações.
Somente a aflição resignada e confiante, de pronto receberá consolo. A
chuva que reverdece a terra crestada, em tempestade, aniquila colheitas, despedaça
jardins, carcome o solo...
O repouso sensato refaz as forças; prolongado, anestesia os estímulos,
entorpecendo a vontade e a ação.
Aflitos que, não obstante, em lágrimas, atendem alheio pranto; apesar de
perseguidos, não se fazem perseguidores; embora sob injustiça, confiam na
probidade; sem embargo, enfermos, estimam a saúde do próximo; todavia,
incompreendidos, desculpam e sustentam a coragem do bem; no entanto,
esfaimados, alevantam o ânimo onde se encontram; mesmo em quase alucinação,
tal a monta de problemas e dificuldades, recorrem à oração refazente e à meditação
renovadora – serão consolados!
Nem todos os aflitos, porém, lograrão consolação.

50

Há os que impõem tais ou quais medidas a fim de saciar-se; que esperam
este ou aquele resultado com que pensam comprazer-se; que situam esse ou outro
fator como único pelo qual se apaziguariam; uma ou duas únicas opções para
fruírem felicidade, e, entretanto, são recursos da ilicitude, quando não dos caprichos
que estão sendo disciplinados pela própria aflição...
Trasladarão oportunidades, adiarão benesses, sofrerão...Não podem
ser consolados, porquanto, não aspiram a conforto e sim desforço, triunfo,
vanglória.
Nicodemos possuía dúvidas honestas – foi esclarecido.
Marta inquietava-se no afã do zelo exagerado – recebeu diretriz.
Zaqueu dispunha de moedas azinhavradas – trocou-as pelos tesouros
imperecíveis.
Madalena fossilizava na perversão obsidente – conseguiu curar-se.
Antes, aflitos, abriram-se ao consolo vertido das mãos de Jesus Cristo.
Indispensável valorizar a aflição, sopesando- a com discernimento, de
modo a conduzi-la às fontes inexauríveis do Evangelho em clima de serenidade,
respeito e amor. Ali, todas as dores se acalmam, todas as lágrimas se enxugam,
todos os aflitos são consolados.
Joanna de Ângelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35 – Serão Consolados

51

3.2.10 Funções do Sofrimento

Com propriedade afirmou Buda, numa das suas quatro nobres
verdades, que tudo no mundo é sofrimento, em face da transitoriedade da
organização material ante a incomparável imortalidade do espírito.
Para compreender-se o sofrimento e as funções que opera no ser, é
necessário remontar-se-lhe às causas, conforme acentua o nobre codificador do
Espiritismo, Allan Kardec, esclarecendo que, não sendo atuais, certamente são
anteriores, apoiando- se na reencarnação.
É compreensível, portanto, sua informação, tendo-se em vista que o efeito
procede sempre de uma causa;
se esta não é próxima encontra-se remota, mas
sempre
existente.
Assim, o sofrimento deflui das atitudes praticadas pelo ser no seu
processo de desenvolvimento ético-moral no rumo do infinito.
Às ações infelizes, desorientadas
ou malsucedidas, sucedem as
consequências compatíveis com o grau de responsabilidade e de conhecimento
espiritual do seu autor, sendo, portanto, simples ou graves, de modo que lhe enseje
a indispensável reparação.
Existe, naturalmente, o sofrimento que decorre do
desgaste da organização celular que, para viver, consome energia, no que
resultam processos afligentes e dolorosos, tanto do ponto de vista físico, como
emocional
e mental.
A atitude, porém, de cada qual diante da ocorrência, é que responde pela
ampliação do sofrimento ou a
sua atenuação.
Conforme o estado interior e a visão em torno dos objetivos da vida que
caracterizam o ser humano, o sofri­
mento apresenta-se com função específica e
definidora.
No que se refere ao processo natural de consumpção pelas transformações
moleculares que ocorrem, o
espírito deve encarar a ocorrência com
tranquilidade,
sem maiores preocupações, por tratar-se de fenômeno biológico
normal.

52

No entanto, quando o mesmo apresenta-se caracterizado por processos
degenerativos, por agressões violentas aos diferentes órgãos, infecções e
processos tumorosos de natureza maligna, são
consequências dos atentados
impostos a si mesmo ou a outrem na atual ou em existências passadas,
quando
houve desrespeito pelo patrimônio concedido pela vida para o
desenvolvimento espiritual.
Modelador do caráter e da personalidade sob imposição rigorosa das
leis ela vida,
o sofrimento instalasse como necessidade para o
despertamento do espírito
para a sua realidade , que não pode ficar detida
na ilusão material, na intérmina busca do prazer e do gozo,
sem
responsabilidade nem compromisso elevado com a
existência.
Ao invés de um castigo infligido pela Divindade, trata-se de um
recurso terapêutico valioso de corrigenda
dos hábitos doentios e
recomposição dos sentimentos, tendo em vista a sublimação das tendências
atávicas do pretérito e as atrações superiores em relação ao
futuro.
Cada espírito escreve a trajetória que deverá percorrer mediante os
pensamentos, as palavras e as ações
que se permite durante cada experiência
carnal. Transferindo de uma para outra as conquistas e os prejuízos,
capacita-se para
desenvol ver o seu deus interno através
dos esforços de auto-iluminação e de
santificação.
Estranhamente, alguns discípulos do Evangelho
restaurado pelo
Espiritismo permanecem na teimosa
postura de terem solucionados os seus
problemas pelos
Guias espirituais, para eles transferindo as cargas da leviandade
e da invigilância que se permitem.
Insistem em acreditar-se frágeis para o sofrimento, teimando em não
compreender a sua função libertadora e surpreendendo-se por experimentá-lo.
Quando são alcançados pelos seus benéficos recursos, reclamam e dizem-se
frustrados, porque esperavam um regime especial que lhes fosse oferecido, como
se
a Divindade protegesse aqueles que creem no Seu
amor em detrimento
daqueloutros que, também Seus
filhos, não se permitem a crença libertadora ...

53

Interrogam por que razão as suas ambições não são atendidas, os seus
sonhos injustificáveis não se realizam, as suas enfermidades prosseguem, os
dissabores os alcançam, demonstrando total desconhecimento
da doutrina das
reencarnações e dos postulados que
deveriam abraçar durante a filiação ao
Espiritismo.
Recorrem aos médiuns como se esses possuíssem os elixires de longa
vida e as soluções miraculosas para
ser-lhes dispensados, enquanto que as
demais pessoas devam carregar as suas cruzes, mesmo sem o apoio de uma fé
religiosa racional e iluminativa.

Entregam-se ao pessimismo, invariavelmente, en
volvendo- se em
ondas contínuas de pensamentos tóxicos, depressivos e perturbadores
,
abrindo campos mentais para a instalação de parasitoses espirituais obsessivas,
de que se queixarão mais tarde, como crianças
desarvoradas...
Lamentam não encontrar o apoio fraternal, o que significa cireneus que
lhes tomem os problemas e os
conduzam, enquanto eles permaneçam nas
atitudes infantis da preguiça e ignorância em torno dos processos
de
evolução da vida.
Uma das funções do sofrimento é demonstrar que todos são iguais, e,
por isso mesmo, experimentam idênticos tipos de padecimentos, na pobreza ou
no excesso,
na penúria ou na abastança, na juventude ou na velhice, na infância
ou na idade adulta, portadores de beleza ou feiura, famosos ou ignorados...
Os que dispõem de recursos financeiros podem atenuar as dores através
dos recursos médicos sofisticados, mas nem por isso deixam de
experimentar as mesmas amarguras que sofrem aqueles que vivem nos
barracos da miséria
ou no abandono das ruas... A única diferença é externa,
mas, interiormente, os processos redentores são iguais .
As pessoas mais poderosas do mundo, que se dizem responsáveis pelos
destinos de multidões, de povos, que
os levam à paz ou à guerra, não estão isentas
do sofri
mento que as constringe e submete ao seu impositivo, porque diante de
Deus não há diferenças significativas,
senão aquelas de natureza moral e
espiritual
, em verdadeiras hierarquias conquistadas anteriormente.

54

Mas essa conquista, não se tenham dúvidas, ocorreu através da dor que
as projetou aos patamares mais elevados em que transitam.

O conhecimento do Espiritismo e das suas propostas de amor faculta
o equilíbrio necessário para os
enfrentamentos da evolução, como se
apresentem no
transcurso da existência.
Oferecendo coragem e bom ânimo, demonstra que
tudo obedece à
planificação divina e que não cai uma
folha da árvore que não seja pela vontade
de Deus,
conforme asseverou Jesus.
Utilizar-se do recurso valioso do sofrimento para lapidar as arestas
morais
, modificando a conduta para melhor e trabalhando os metais dos
sentimentos para servir e conquistar o infinito das emoções,
constitui o desafio
que todos devem conquistar.

A fim de exemplificar que não existem exceções nas
planificações divinas,
Jesus, que não tinha quaisquer dívidas perante a Consciência Cósmica, veio amar e
experimentar a ingratidão humana, submetendo-se ao holocausto com paciência,
misericórdia e amor inexcedíveis.
A Sua é a lição de que se ao ramo verde foi feito
aquilo, que não se fará
ao ramo seco?
Enriquecendo- te de compreensão e de lógica em relação ao sofrimento,
permite que ele te conduza pelo
estreito caminho da renovação espiritual,
submetendo-te aos seus impositivos de que resultarão a tua paz e a tua plenitude.
Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 30 – Funções do Sofrimento

55

3.2.11 Infortúnios e Bênçãos

As denominadas desgraças terrestres, aquelas que se
convencionaram
como divinas punições, tais os acidentes com vítimas fatais ou que ficaram
imobilizadas, os
terremotos e tornados, os prejuízos econômicos e as perdas
materiais, as enfermidades extenuadoras, os dissabores morais, assim se
apresentam face à ignorância humana em relação aos Soberanos Códigos.
Tais ocorrências têm sempre a providencial finalidade de demonstrar a
transitoriedade da matéria e a
impermanência da existência física na Terra,
convidando
os seres inteligentes à reflexão em torno da sua imortalidade e
ao que lhes cumpre realizar enquanto se encontram no corpo.
Revestidos pela organização celular, perdem parcialmente a lucidez em
torno da realidade do mundo causal de onde procedem, fixando- se nos interesses
existenciais da reencarnação, assim desperdiçando ou complicando, pelos atos
morais, a excepcional oportunidade para a própria evolução.
Espíritos em processo de aprimoramento, retornamos sempre ao proscênio
terrestre para aprender; reeducar-nos, quando erramos; recuperar-nos, quando nos
comprometemos. Como consequência, volvemos sob a injunção das provas e
expiações, que se nos tornam os educadores ideais.
Essas provas surgem-nos, suaves e constantes, levando- nos à meditação
e ao aprendizado dos deveres elevados. Constituem-nos estímulos para o
crescimento moral e espiritual, aplainando- nos as arestas e dulcificando- nos
os
sentimentos, quando embrutecidos.
São verdadeiras bênçãos, e não castigo, porque nos
despertam para a
valorização da vida e para o enriquecimento interior, com paz.
Tornam-se-nos, porém, desgraças, se nos rebelamos
quando as
experimentamos, complicando-nos a existência por efeito da agressividade e da
presunção em que nos demoramos.
As provações, normalmente, são vivenciadas em
silêncio, na condição
de infortúnios ocultos, quais espículos
morais que ferem, mas depuram; azorragam,
porém educam; afligem e santificam.

56

As expiações são mais dolorosas, quase sempre irreversíveis, durante a
existência física.
Enquanto as provas são voluntárias, pedidas e aceitas, que podem ser
superadas com certa facilidade, as
expiações são impostas, constituindo- nos
necessidades incondicionais para as reparações que tardam.
As primeiras regularizam pequenos débitos, e as
outras recuperam das
faltas graves, dos delitos cruéis.
Quando alguém explora o seu próximo, levando-a à miséria e ao
sofrimento, isto, sim, é-lhe uma desgraça.
Quando se trai um amigo , induzindo-o ao desequilíbrio e à loucura,
eis um ato de desgraça cons
cientemente praticada.
Quando se estimula o crime ou dele se vive, sem
qualquer consideração
pela vida das demais criaturas, pela ordem ou pelo dever, defrontamos com a
desgraça real.
Quando o indivíduo se permite a inveja, o ciúme, o ressentimento ,
e cultiva o revide, o desejo do mal, ei-lo à borda do abismo que o derrubará
na desgraça
verdadeira.
Quando se vive parasitariamente, na inutilidade ou
no desperdício,
olvidando os compromissos para com a
existência em forma de edificação
moral, pratica-se uma
desgraça que se lamentará.
Quando, por insensatez ou perversidade , prejudicasse outrem, ferindo-
lhe a confiança, sobrecarregando-o de dores, infelicitando-o de qualquer
maneira, aí está à
desgraça sem disfarce.
Desgraça verdadeira é o mal que se pratica em relação ao próximo.
Num sentido mais lato, a agressão à natureza como
resultado da ambição
desmedida do ser humano; o
desrespeito à vida, na flora e na fauna, destruindo-
a – tais
comportamentos são desgraças quase irremediáveis, que resultarão
em expiações rudes para os seus transgressores.
Produzir sofrimento nos outros é cumular-se de desgraças.

57

Aqueles que são as vítimas, sabendo aproveitar o ensejo, beneficiar-se-ão
pelos sofrimentos advindos, resgatando os débitos perante a Consciência
Cósmica e
adquirindo a sabedoria que deles decorre.
Toda dor que alcança o ser humano deve ser bem aceita, por
constituir-lhe meio de depuração.
As dívidas, embora contraídas em relação às pessoas, não são resgatadas
diretamente com elas, de forma
compulsória. Muitas vezes se defrontam
os comprometidos para a regularização, porém a agressão cometida,
o débito
contraído é sempre contra a Ordem Divina
, contra as Leis que regem o
Cosmo, podendo-se liberar
daquelas desgraças praticadas, mediante a ação
do bem
, em qualquer direção, a quem quer que seja.
A soma das ações dignificadoras diminui o peso dos
males praticados.
O amor cobre a multidão de pecados,
conforme acentuou Jesus.
Diante das grandes tragédias, dos acontecimentos calamitosos, os
sentimentos humanos se comovem e a
solidariedade se estende generosa, unindo as
criaturas. A
caridade estua e dá-se em socorro às vítimas em desespero. O
exercício dessa virtude leva, aqueles que a vivem,
a descobrirem os infortúnios
ocultos, as dores morais
ignoradas, distendendo-lhes os braços de apoio, os
recursos salvadores, a presença confortadora.

Se te podes solidarizar com aqueles que sofrem as ocorrências
coletivas, devastadoras; se consegues enxergar
os espículos morais
dilaceradores cravados nas almas; se
podes perceber os sinais dos
testemunhos e das provações
silenciosos nos seres, e lhes ofereces a dádiva
do amor em luz de caridade,
encontraste a fórmula ideal para te libertares
das desgraças reais
, aquelas que anestesiam os sentimentos e alucinam
a razão.

Entrega-te, desse modo, sem reservas, à sua vivência, e os teus
infortúnios se
converterão em estrelas fulgurantes, clareando a tua noite de
provações terrestres.
Joanna de Angelis – Sob a Proteção de Deus – Cap. 9 – Infortúnios e
Benção

58

3.2.12 Dores e Resignação
Diante do alienado mental, que transita em aflição, não exclames: Resgata
o passado infeliz, no qual se comprometeu lamentavelmente!
Em face do agressor impenitente, que padece de exulcerações morais não
apontes as marcas da sua desdita, como se estivesse isento de desequilíbrios.
Acompanhando a jornada dos infelizes que comerciam com a ingenuidade
de moçoilas e rapazes inexperientes, não te permitas à irritabilidade nem clames por
justiça...
Fitando a implantação das complexas máquinas da sexualidade tresvairada,
não te permitas, na tua fé espírita, uma atitude de revolta ou uma imperiosa
necessidade do combate, vitimado pela agressividade...
O mal é sempre pior para quem o pratica.
Ninguém, na Terra, que se encontre em regime de exceção.
A dor é sempre a grande e anônima benfeitora que em nome da vida
aprimora caracteres, modifica aspirações e logra o milagre de conduzir o espírito
para as sublimes cumeadas da sua destinação gloriosa.
Conheces Jesus, e com Ele aprendeste que é imperioso trabalhar e trabalhar
sempre, a fim de lograres o fanal redentor.
Face aos múltiplos fatores que engendram sofrimento entre as criaturas, seja
tu aquele que ama que desculpa que esclarece e serve.
Quando, todavia, a dor te alcance, no seu ministério sagrado de construir o
homem novo dentro de ti mesmo, recorre à paciência, à oração e à vigilância.
Motivos de resignação e calma possuis para enfrentar a problemática dos
sofrimentos.
Estás fadado à luz inacessível, no entanto, procedes de experiências graves,
que ainda te atam aos grilhões fortes dos erros transatos.
Sabendo que a vida é uma experiência que te cumpre superar e sublimar,
avança intimorato, certo da tua vitória final.
Não desanimes em razão dos sofrimentos.
Se a borboleta receasse rastejar no solo, na condição de lagarta, jamais
lograria plainar, leve, no ar.
Quando te pareça em trevas à noite, não te olvides das estrelas fulgurantes
além das nuvens carregadas.
Hoje resgatas, amanhã estarás em liberdade...

59

Em qualquer posição, porém, em que te encontres, louva e bendize sempre
a vida.
O companheiro equivocado viverá, seguirá adiante.
A vida, de todos nós se encarrega.
Experimentando o aguilhão da aflição como necessidade imperiosa de
crescer e adquirir experiências, aproveita-te da ensancha e não te detenhas, sejam
quais forem as circunstâncias.
Resigna-te e cultiva o otimismo.
Logo mais soará hora nova para ti, como para o teu próximo.
Quem O visse de braços abertos nas duas traves toscas da Cruz suporia que
se tratava de um vencido, ante o domínio arbitrário e nefasto dos transitórios
governantes da ilusão.
Resignado e confiante, no entanto, era o Rei Solar, ensinando-nos coragem
e amor, com que, nos amando inteiramente, alcançaremos a paz e a felicidade que
a todos nós estão destinadas.
Penetra-te, portanto, de resignação e confiança, e não temas nunca.
Logo mais raiará a tua madrugada de bênçãos.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 8 – Dores e Resignação /
Revista Reformador – 1978 - Janeiro

60

3.2.13 Provações

Antes que o vaso delicado fosse utilizado como adorno precioso, hábeis
mãos modelaram a argila humilde, levando-a ao fogo.
A luneta valiosa que aproxima a galáxia, mergulhada no abismo celeste,
sofreu altas temperaturas, demorando-se, longos meses, em resfriamento vagaroso.
Para que a lâmina de ferro pudesse resistir à invasão perigosa da umidade
que a destrói, suportou a inoxidação em fornos de alto teor calorífero.
A fim de que a joia delicada se tornasse adereço, o ouro foi submetido a
cuidadoso processo de purificação ao fogo.
Para que a força elétrica se transformasse em claridade na lâmpada,
delicados filamentos se incandesceram.

* * *

O fogo está presente em múltiplas operações da atividade humana e da vida,
em geral.
Fogo no zimbório infinito: novos sóis, novos mundos em ebulição; fogo na
Terra: lavas mortíferas, metais liquefeitos na pirosfera; fogo nas almas: chagas
vivas da emoção dilacerada e do corpo ferido ...

***

A provação para o espírito encarnado é fogo purificador.
Dores na alma, em forma de angústia e saudade, provando a resistência da
fé.
Dores no corpo, em úlceras purulentas, provando o valor da fé.
Dores no sentimento, em forma de ansiedade e frustração, provando a fé.
Todavia, de todas as lutas e provanças, sai a alma purificada para as
inomináveis glórias da Imortalidade, como da ganga impura sai o metal valioso para
o esplendor dos diademas e os primores de ourivesaria.
Guarda-te, nas provações, no valioso refúgio da paciência, confiando no
Celeste Pai.

61

Mesmo que chovam dificuldades, que a solidão assinale os teus dias e que
ardam labaredas na alma, impedindo que o claro sol pareça luminoso aos teus olhos,
confia no Senhor e segue.
Aqueles que te precederam na jornada e hoje se constituem os teus Guias
Espirituais, estiveram ontem na mesma via de aflições, provados e azorragados,
mas, vencendo a si mesmos, inçaram o coração ao Amor e atingiram o clímax da
redenção, com o coração ralado, as mãos feridas, a alma angustiada, as ilusões
esboroadas, para despertarem, logo depois, além-da-morte, redimidos de toda
irredenção, infinitamente felizes.
Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53 – Provações

62

3.2.14 Inconformismo e Revolta

— “Não me conformo!” — Explodem, revoltados, aqueles que da vida
somente esperam vantagens e recompensas, quando surpreendidos por
acontecimentos que lhes parecem desastrosos e trágicos.
— “Deus é injusto!” — Proferem, estentóricos, os que se supõem credores
apenas de receber dádivas, embora desassisados, da vida somente retiram lucros e
comodidades.
— “Não mereço isto!” — Bradam, desatinados, quantos são colhidos pelo
que denominam infortúnios e desgraças, que os desarvoram.
— “Não creio em mais nada!” — Estridulam as pessoas tomadas por
insucessos desta ou daquela natureza, que afinal, se fossem examinadas com
seriedade e reflexão, constituiriam ocasião iluminativa, roteiro de felicidade.
*
O homem teima em permanecer anestesiado pela ilusão, sem dar-se conta,
conscientemente, da fragilidade da organização carnal de que se encontra
temporariamente revestido.
Cada um, por isso mesmo, a si se concede privilégios e se faculta méritos
que não possui.
Examinassem melhor a vida, verificariam que as ocorrências do trivial, que
atingem os outros, a eles também alcançarão, procurando preparar-se para enfrentar
com dignidade quaisquer injunções ou dissabores, que são igualmente transitórios.
*
— “Prefiro não saber.” — Informam as pessoas passadistas, quando
convidadas ao exame da vida menos densa.
— “Não consigo acreditar.” — Escusam-se as criaturas invitadas ao
esclarecimento imortalista, como se estivessem indenes ao fenômeno da cessação
da vida biológica.
— “Irei aproveitar o meu tempo, gozando.” — Justificam- se os imediatistas
ante qualquer referência à meditação, à caridade, ao sacrifício...
É natural que, visitados por acontecimentos não habituais no canhenho das
suas conveniências, derrapem no inconformismo, no desespero, na alucinação.
A ação inexorável do tempo, entretanto, aguarda todos e modela-os,
submetendo-os.
Mesmo quando se pretende fugir da situação a que se vai arrojado, cai-
se na realidade da vida, que predomina em toda parte.
*
Recebe o insucesso como fenômeno normal nos tentames do teu processo
evolutivo.
Não te consideres inatingível.

63

Acostuma-te à fragilidade do corpo e às necessidades de crescimento como
espírito que és.
Nenhuma dor te alcança sem critério superior de justiça.
Sofrimento algum no teu campo emocional, que se não acabe, deixando o
resultado do seu trânsito.
Utiliza-te das ocorrências que trazem dor, para crescer, e não te
apresentes inconformado.
*
Jesus, que veio à Terra exclusivamente para viver e ensinar o amor, sem
qualquer culpa, nasceu em modesta gruta, passou pelo carreiro de inumeráveis
injunções e partiu numa cruz, sob apupos e malquerenças, volvendo, no entanto,
Sol Divino que é, em, insuperável madrugada que dura até hoje, para que ninguém
reclame, nem se revolte, nem se inconforme ante as ocorrências dolorosas do
mundo...
Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20 – Inconformismo e Revolta

64

3.2.15 Amor a Vida

Ama a vida conforme se te apresentem os programas existenciais.
O campo, enriquecido de grãos, foi trabalhado arduamente.
A fonte cantante e abençoada venceu lama e pedra para fluir cristalina.
Não apagues a chama da alegria, antes que se consuma o combustível do
amor.
Valorizando cada aprendizagem, no quotidiano, preparar-te-ás para futuros
cometimentos.
Cada experiência merece respeito. As positivas devem oferecer substância
para que sejam repetidas, e as outras, as dolorosas, merecem examinadas nas suas
causas, a fim de que não necessitem retomar.
Considera a dor como dádiva de salutar efeito para o teu progresso
espiritual.
Ela é o meirinho austero que te induz à realização edificante.
Insiste no bem, mesmo quando tudo te pareça sombrio e desesperador, em
conspiração odienta contra os teus propósitos de elevação.
Sem a custódia da sua mensagem, a vida ser-te-á um fardo impossível de
levado adiante.

*

Informas que há dias em que todas as coisas parecem somar-se para afligir-
te mais.
Não recues, porém, nos propósitos superiores, quando tal suceder.
Ninguém consegue avançar no processo educativo da evolução, em regime
de exceção injusta.
Quando a dor te acena, é um chamado para a meditação.
Quando se te instala no coração ou na mente, é um contributo para teu
crescimento e resgate.
Sob quaisquer ocorrências, ama a vida e aprende a técnica de ser feliz.
Desgraça real é o desconhecimento dos objetivos superiores da existência
sem a chama luminosa do amor como bênção e a imperiosa necessidade de seguir,
arrastado pelas circunstâncias penosas.

65

Inclina-te diante da necessidade de ressarcir os débitos e inflama-te de
alegria pela graça de sofrer para libertar-te e morrer para ressurgir dos escombros
carnais em corpo de luz.
Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 39 – Amor à Vida

66

3.2.16 Desígnios de Deus

Em momento algum deixa de confiar nos desígnios de Deus.
Não te encontras à deriva, apesar de supores que o rumo para a felicidade
perdeu- se em definitivo.
A ausência aparente de respostas diretas aos teus apelos e necessidades
faz parte de uma programática para o teu bem.
Sem que o percebas, chegam-te os socorros imprescindíveis para o
equilíbrio e êxito, sem os quais, certamente, não suportarias as provas a que te
propuseste por impositivo da própria evolução.
* * *
Muitas pessoas resvalam na loucura, porque deixaram de preservar os
contatos com Deus.
Criaturas sem conta arrojaram- se ao suicídio ou foram a ele atiradas, por
perderem a confiança em Deus.
Expressivo número de homens rebolca-se nas paixões inferiores, por
duvidar do auxílio de Deus.
Parasitos emocionais, perturbados espirituais iníquos e perversos, são
pessoas que se negaram à vinculação com Deus, deixando- se tresvariar nos
abismos em que se comprazem, por estarem em rebelião também contra eles
mesmos.
Deus nunca abandona!
O homem, porém, a si mesmo se abandona, vitimado pelo egoísmo e os
seus sequazes que, nutridos pela invigilância de cada um, terminam por dominá-lo.
* * *
O teu sinal de vinculação com Deus é a prece.
Fala-Lhe em linguagem simples, honesta, entregando- te aos Seus planos e
rogando- Lhe entendimento para melhor discerni-los.
Sentirás a presença de Deus através da paciência ante as circunstâncias
difíceis;
− da resignação em face dos problemas que não podem ser
solucionados;
− da coragem perante os testemunhos, e o amor sempre, em todos os
momentos e situações.

67

Quem pensa em Deus, nutre -se de paz.
Quem se comunica com Deus, estua de recursos e forças para vencer-se e
mais ajudar.
* * *
Interrogas-te, em silêncio, como determinadas pessoas suportam
vicissitudes e abandonos, ruínas econômicas e aflições morais, ingratidões e
violências como se nada lhes estivesse, aparentemente, acontecendo.
Não fosse uma observação mais acurada, não lhes descobririas os
infortúnios ocultos.
Sucede, porém, que esses corações crucificados nos impositivos da
redenção, ao invés de reagirem pela agressividade inútil, confiam e esperam em
Deus com alegria e superação das dificuldades, a fim de se libertarem do mal e
alcançarem a plenitude que Deus concede a todos aqueles que se Lhe entregam aos
desígnios superiores.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 51 – Desígnios de Deus

68

3.2.17 Aceita a Vida

Atitude reprochável negar-se o homem a lutar pelo seu progresso espiritual,
seja qual for a justificativa em que se busque apoiar.
O solo mais árido, convenientemente corrigido, torna-se abençoado jardim
e pomar.
A água contaminada, experimentando tratamento conveniente, faz-se
potável e útil.
A pedra bruta, sob rigoroso cuidado, submete-se ao escultor e revela formas
primorosas.
Os metais rijos, necessariamente aquecidos, amoldam-se a formas e
situações diversas.
O homem, desejando educar-se e instruir-se, supera quaisquer
impedimentos.
A vida são as finalidades superiores, estabelecidas pela Divindade, que
ninguém pode evitar.
O crescimento é fenômeno natural, a parada faz- se por opção pessoal e o
recuo nunca se dá.
Toda conquista se incorpora ao patrimônio do Espírito, que pode,
temporariamente, não a utilizar, porém, que jamais se perde.
Aceitar a ignorância e submeter-se-lhe é forma de preguiça e desinteresse
pela vida.
Contentar-se na inferioridade é manifestar lamentável estado de morbidez.
Todo anseio deve ser dirigido para a conquista, a perfeição.
#
Renasceste para alcançar os objetivos elevados.
Reúnes experiências, que somam lições a se transformarem em
aprendizagem libertadora.
O que te parece de difícil logro, constitui desafio e não impedimento.
Fracasso é somente uma tentativa que não deu certo.
Desequilíbrio é resultado de erro do próprio comportamento.
Toda sombra tem como gênese a luz ausente.
Enriquece-te de amor e inicia a sua vivência, aprimorando- te.
O pão precioso, relegado ao abandono, apodrece.

69

A terra feliz, em desprezo, se converte em matagal ou deserto.
Tudo depende do que se deseja, para que se quer e como se pretende
conseguir.
Concede-te a bênção da luta edificante, sem muletas desculpistas.
Os que atingem quaisquer alturas passaram pelos trâmites difíceis e
venceram as baixadas.
Disse Jesus: "Tudo é possível àquele que crê", afirmando que acreditar é
forma de motivar- se à ação que propicia os resultados compatíveis com os objetivos
de que se reveste.
Jamais te negues o recomeço, a outra oportunidade, o esforço pessoal.
A chegada em triunfo é o somatório dos passos que venceram a distância.
Aceita a vida e ganha- a com alegria para o teu próprio bem.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4 – Aceita a Vida

70

3.2.18 Ascenção Espiritual

Indiscutivelmente, a culpa resulta do grau de responsabilidade, da
consciência do homem que pratica qualquer ação.
Em razão disso, a penalidade ou corretivo deve ser proporcional à
capacidade, à resistência do infrator.
Quando a criatura sofre sem conhecimento das causas que a levam à aflição,
raramente logra forças para superar-se e suportar com resignação as suas dores.
Eis porque, ante a conjuntura ou situação dolorosa que atinge os homens,
somente se pode entender, ante a divina justiça, que se a causa dos padecimentos
não se encontra na existência atual, está, sem dúvida, em precedentes
reencarnações.
Repetem-se as vidas corporais para o Espírito, quantas vezes se fazem
necessárias para o seu burilamento, a sua plenitude.
Cada etapa repara os erros da fase anterior, ao mesmo tempo contribuindo
para a aquisição de valores e experiências que necessitam ser armazenadas e que
contribuem, poderosamente, para a evolução do homem.
Sem este processo, no qual se manifestam a excelsa justiça e o soberano
amor, a vida inteligente perderia o sentido e a criatura humana se transformaria em
joguete de caprichosas e incontroladas mãos que lhe conduziriam o destino.
Se não compreendes o porquê das tuas dores atuais, ausculta a consciência
e ela te inspirará a entender as causas anteriores, ajudando-te a suportá-las e vencê-
las bem.
O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora,
abrindo percepções e facultando valores que não seriam conhecidos sem o seu
contributo.
Não menosprezes, por essa razão, a fragilidade orgânica, a celeridade com
que transcorre cada ciclo das reencarnações.
Aproveita, quanto possas, as ensanchas que se te apresentem, reunindo
experiências positivas, recuperando lições perdidas, realizando trabalhos valiosos.

71

A pessoa odienta que te molesta; a dificuldade persistente que te perturba; a
enfermidade pertinaz que te não abandona; o problema que não dilui; a dor que te
estiola; a solidão que te martiriza; a angústia, de origem desconhecida, que te
dilacera; a pobreza que te preocupa; a limitação desta ou daquela natureza que te
aflige; a inquietação que te espezinha, têm suas raízes em comportamentos infelizes
de que te olvidaste, sem os solucionar, e que ora chegam, oferecendo-te ensejo de
reparação e de paz íntima.
A conquista da tranquilidade impõe como condição precípua a ausência de
culpa, por falta de delito praticado ou como decorrência de erro regularizado.
Ninguém que consiga felicidade real, sem as condições de mérito advindo
das ações nobres realizadas.
Os que se apresentam ditosos, tranquilos e não merecem, assim se
apresentam, aquinhoados por dádivas de acréscimo que todos recebem e nem
sempre utilizam como devem, incidindo, então, na compulsória de adquirirem pela
dor, o que não realizaram pelo amor. “– O meu fardo é leve – disse Jesus – e suave
é o meu jugo.”
Com Jesus, todas as injunções de prova e dor transformam-se em bênçãos,
graças às mercês de que se fazem portadoras Sob o Seu compassivo olhar e nas
Suas mãos misericordiosas, o homem que se Lhe doa, supera -se e penetra- se de paz,
mediante o amor e a resignação, de que dá mostras no empreendimento da própria
ascensão espiritual.
Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42 – Ascenção Espiritual

72

3.2.19 Momentos de Aflição e Prova

Momentos de aflição e prova surgem pelo caminho, inesperados, concitando
à disciplina espiritual indispensável ao processo evolutivo do ser.
Águas serenas que são açoitadas por fortes vendavais; paisagens tranquilas
que se modificam ao império de tempestades violentas; climas de paz que se
convertem em campos de lutas rudes; viagem segura, que se toma perigosa;
objetivos próximos de conquistados, que se perdem de repente; saúde que cede à
enfermidade; amigos dedicados, que vão adiante; adversários vigorosos, que
surgem ameaçadores; problemas econômicos, que aparecem, constringentes, tantos
são os motivos de aflição e prova, que ninguém avança, na Terra, sem os
experimentar.
Enquanto domiciliado no corpo, Espírito algum se encontra em segurança,
vitorioso, isento de experiências difíceis, de possíveis insucessos.
Os momentos de prova e aflição constituem recurso de aferição dos valores
morais de cada um, mediante os quais o homem deve adquirir mais valiosas
expressões iluminativas como suportes para futuros investimentos evolutivos.
Por isso, todos somos atingidos por tais métodos de purificação.
Vigia-te, no momento de aflição e prova, a fim de que não compliques, por
precipitação, o teu estado íntimo.
Suporta o vendaval do testemunho com serenidade; recebe a adaga da
acusação indébita com humildade; aceita o ácido da reprimenda injusta com
nobreza; medita diante do sofrimento com elevação de sentimentos.
Todos os momentos difíceis cedem lugar a outros: os de paz e compreensão.
Não te desalentes, exatamente quando deves fortalecer-te para a luta.
São nos instantes difíceis que as resistências morais devem estar
temperadas, suportando as constrições que ameaçam derruir as fortalezas íntimas.
Quando estiveres a ponto de desfalecer, procura refúgio na oração.
Orando, renovar-se-ão tuas paisagens mentais e morais, elevando- te o
ânimo e reconfortando-te espiritualmente.
Jesus, que não tinha qualquer dívida a resgatar e que é o Sublime Construtor
da Terra, enquanto conosco não esteve isento dos momentos de aflição,
demonstrando, amoroso, como vencê-los todos e, ao mesmo tempo, ensinando a
técnica de como retirar, do aparente mal, as proveitosas lições da felicidade.

73

Considera-Lhe os testemunhos e, em qualquer momento em que sejas
defrontado pela aflição ou prova, enfrenta a circunstância e extrai, do amor, a parte
melhor da tua tarefa de santificação.
Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11 – Momentos de Aflição e Prova

74

3.2.20 Carma e Consciência

O carma é efeito das ações praticadas nas deferentes etapas da existência
atual como da pregressa.
Fruto da árvore plantada e cultivada, tem o sabor da espécie que tipifica o
vegetal.
Quando os atos são positivos, os seus resultados caracterizam-se pela
excelência da qualidade, favorecendo o ser com momentos felizes, afetividade,
lucidez, progresso e novos ensejos de crescimento moral, espiritual, intelectual e
humano, promovendo a sociedade, na qual se encontra.
Quando atua com insensatez, vulgaridade, perversão, rebeldia, odiosidade,
recolhe padecimentos ultrizes, que propiciam provas e expiações reparadoras de
complexos mecanismos de aflições, que respondem como necessidade
iluminativa.
O carma está sempre em processo de alteração, conforme o comportamento
da criatura.
A desdita que se alonga, o cárcere moral que desarvora, a enfermidade
rigorosa que alucina, a limitação que perturba, a solidão que asfixia, o desar que
amargura, podem alterar-se favoravelmente, se aquele que os experimenta resolve
mudar as atitudes, aprimorando- as e desdobrando-as em prol do bem geral, no que
resulta em bem próprio.
Não existe nas soberanas Leis da Vida fatalidade para o mal.
O que ao ser acontece, é resultado do que ele fez de si mesmo e nunca do
que Deus lhe faz, como apraz aos pessimistas, aos derrotistas e cômodos afirmar
Refazes, pois, a tua vida, a todo momento, para melhor, mediante os teus atos
saudáveis.
Constrói e elabora novos carmas, liberando-te dos penosos que te pesam
na economia moral.
A consciência não é inteligência no sentido mental, mas a capacidade de
estabelecer parâmetros para entender o bem e o mal, optando pelo primeiro e
seguindo a diretriz do equilíbrio, das possibilidades latentes, desenvolvendo os
recursos atuais em favor do seu vir-a-ser.
Essas possibilidades que se encontram adormecidas são a presença a de
Deus em todos, aguardando o momento de desabrochar e crescer.

75

A consciência, nos seus variados níveis, consubstancia a programação das
ocorrências futuras, através das quais conquista os patamares da evolução.
Enquanto adormecida, a consciência funciona por automatismo que se
ampliam do instinto à conquista da razão. Quando a lucidez faculta o
discernimento, mais se favorecem os valores divinos que se manifestam,
aumentando a capacidade de amar e servir.
O carma, que se deriva da conduta consciente, tem a qualidade do nível de
percepção que a tipifica.
Amplia, desse modo, os tesouros da tua consciência, e o teu carma se
aureolará de luz e paz, que te ensejarão plenitude.
Enquanto na ignorância, Maria de Magdala, com a consciência
adormecida, vivia em promiscuidade moral. Ao defrontar Jesus, despertou,
alterando o comportamento de tal forma, que elaborou o abençoado carma de ser
a primeira pessoa a vê-lo ressuscitado.
Judas Iscariotes, consciente da missão do Mestre, intoxicou-se pelos
vapores da ambição descabida e, despertando depois, ao enforcar-se estabeleceu o
lúgubre carma de reencarnações infelizes para reparar os erros tenebrosos e
recuperar-se.
O carma e a consciência seguem juntos, o primeiro como decorrência do
outro.
Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8 – Carma e Consciência

76

3.2.21 Dores Morais

Os sofrimentos, genericamente dilaceram o corpo, alguns, todavia,
esfacelam a alma, na roda dentada das aflições.
Aqueles que decorrem das enfermidades físicas e mentais produzem
desespero, levando, não raro, os que os têm sobre os ombros, a estados de
desesperação, se não se apoiam na resignação e na humildade. Todavia, os
sofrimentos morais parecem transcorrer em clima de mais ásperas provanças.
Há dores físicas que se tornam difíceis tormentos morais. Sem embargo, os
legítimos sofrimentos morais, aqueles que se transformam em feridas abertas em
chaga viva ulcerando a alma, terminam em agonias físicas de largo porte...
Para as dores físicas, a ciência já conseguiu um sem número de recursos que
colaboram para a recuperação da saúde e, ao mesmo tempo, produzem diminuição
quando não transitória cessação dos padecimentos.
Diante, porém, das dores morais, as denominadas “ciências da alma" podem,
quando muito, propor esquemas paliativos que, de certo, não atuando no cerne do
problema aflitivo, não conseguem modificar a paisagem de angústia e sombra que
escarnece e estiola a vítima.
Que medicamentos se podem propor, senão a terapia da prece, da fé
abrasadora e da irrestrita confiança em Deus! quando :
− um filho ingrato deposita ácido no coração dos pais;
− um amigo se fez verdugo do seu amigo, olvidando toda a amizade, tornando- se
azedo e perseguidor;
− um irmão agride outro, usando as covardes armas da traição, da maledicência e
da calúnia;
− se ama sem receber-se correspondente sentimento;
− se está a braços com dramas e situações de impossível momentânea solução,
que se deve silenciar no algodão da humildade, esmagando quaisquer
expressões e manifestações do egoísmo e do orgulho;
− a viuvez, ou a orfandade, o abandono, ou desvalimento deixam à margem um
ser sensível?...
Para as dores morais, sem dúvida, o amor feito de paciência e perdão deve
constituir arrimo e apoio a quem experimenta essa benéfica provação.
Não te desesperes, quando colhido pelas dores morais reparadoras.

77

Não te rebeles ante a injunção moral que te chega, semelhante a uma brasa
ardendo na mente ou uma férrea mão a esmagar-te o coração no peito ferido.
Levanta a cabeça, e ora, sem desfalecimento.
Ajoelha-te, em espírito, numa atitude de humildade, e suporta.
O algoz de agora se modificará com o tempo.
A vida espera- o logo depois, conforme a ti próprio hoje alcança.
Não revides de forma alguma.
Utiliza-te da ensancha e aprofunda uma análise mental nas tuas atitudes
comportamentais.
Se eles, os que te crivam de farpas de angústia, têm razão, perdoa- os e
renova-te, modificando para melhor o roteiro por onde segues.
Se não têm razão, perdoa-os da mesma forma e espera.
O amanhã é novo dia para todos.
O que agora não entendas, mais tarde se te aclarará.
Porfia no testemunho, lanhado e sofrido, com humildade, vencendo o
orgulho, e chegará o momento da tua paz e perfeita integração no clima de
felicidade que desde hoje almejas...
Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21 – Dores Morais

78

3.2.22 Infortúnios

Do ponto de vista humano, infortúnio ou desgraça significa tudo que
perturba a comodidade e contraria as ambições imediatas em que se compraz a
criatura humana.
Educada por técnicas de condicionamentos para colimar resultados
utilitaristas, não obstante as vinculações religiosas que se permite, os seus agitados
passos a levam quase sempre aos interesses materialistas, fazendo-a atormentada,
aflita e infeliz...
Observado, no entanto, do ponto de vista espiritual, o infortúnio que poderia
significar verdadeira desdita para os desarmados morais faculta aos que sabem
entregar-se a Deus conquistas que se trasladam para a vida imortal — a verdadeira.
As dores de qualquer procedência, as injunções de toda natureza, as
enfermidades ditas incuráveis, a presença da pobreza material, a ausência dos
valores amoedados, a ingratidão das pessoas amadas, representam apelos ao espírito
calceta e atrabiliário para cuidar quanto antes da sua renovação e consequente
ascensão moral.
Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós
próprios, a fim de repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se deve
superar os recursos valiosos para a libertação dos gravames inditosos e a paz da
consciência.
Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme
conceituam as convenções do utilitarismo e do imediatismo.
O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus com
o impositivo de prosseguir-se caminhando entre dores e desesperações sem os
arrimos abençoados da crença e da esperança.
Infortunados estão aqueles que traíram a consciência e se enganaram, a si
mesmos, não se dando conta do delito apesar do apelo da razão que desperta e deseja
fixar-se vitoriosa sobre o instinto.
Verem-se assinalados pela imperiosa necessidade de redimir-se e não
poderem, prosseguindo estiolados pelas conjunturas perniciosas a que se afervoram,
sim, isto constitui para tais uma desventura das mais rudes porquanto anestesia o
espírito e dilui a esperança do porvir, pela falta de alento e da reserva de forças
necessárias para se construir a alegria que decorre da resignação.

79

Há, porém, entre os que experimentam infortúnios, aqueles que no estrugir
das dores e na concussão das angústias perseveram confiantes, aguardando o auxílio
da Divina Misericórdia, sem rebeldia nem recriminação podendo exalçar o amor e
agradecer os sofrimentos que os lapidam...
Dos infortúnios, o espírito consciente retira, sempre, bênçãos de consolação
e equilíbrio se permanecendo fiel a si esmo e ao Pai Criador que o destina à ventura.
Muitos desavisados consideram que a “perda das pessoas amadas” é
verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se nem se consumir,
mas libertar-se.
Incontáveis pessoas se queixam de infelicidade diante de enfermos queridos
que se demoram amarrados em paralisias constritoras, para eles anelando a morte
como bênção, esquecidos de que a imobilidade de hoje resulta da má direção que
antes deram aos próprios passos.
Pais desarvorados se revoltam, crendo-se inditosos, ao receberem nos
braços, que aguardavam um ser perfeito, o filhinho hebetado, idiotizado, débil ou
marcado pôr anomalias outras que o afeiam e entristecem. E preferem não acreditar
que a Justiça Superior lhes devolveu aquele que ajudaram a infelicitar-se no
passado, ora retornando com os sinais da desdita num corpo de expiação redentora.
Pessoas reduzidas à miséria econômica acreditam-se presas da adversidade
e rebolcam-se, desarvoradas, em injustificado desespero, quando poderiam recorrer
aos tesouros da oração e da paciência, mediante o trabalho contínuo, com que se
credenciariam a tentames de outra relevância.
Dor é advertência e lição que ninguém deve desprezar.
Sim, há infortúnios que elevam e infortúnios que desgraçam.
É desgraça a fuga cobarde pelo suicídio, através de cujo ato o homem se
rebela contra Deus e a vida, rompendo, tresloucado, os compromissos de
reabilitação para atirar-se nos poços sem fundo das dores inimagináveis e dos
remorsos sem termo...
Suplício sem conforto, também, o do homicida de qualquer classe, que
rouba a vida do seu irmão, dirigido pelo ódio ou pelo ciúme, pela suspeita ou pela
ganância, pela revolta ou pela piedade...
O santo e o apóstolo, o anjo e o missionário são trabalhados na forja ardente
do sofrimento purificador tomando forma na bigorna e no malho das aflições que
suportam e vencem.

80

Tarefa sacrossanta está reservada ao Espiritismo: a de preparar o homem
para as circunstâncias nem sempre agradáveis, imediatamente, que há de defrontar
pelo caminho redentor.
Ensinando- lhe que cada um é o construtor do seu próprio destino, recebendo
conforme produziu, concede-lhe a indispensável maturidade para conscientizá-lo
quanto às responsabilidades decorrentes dos seus atos.
Assim, a dor e o agravo, a angústia e o desespero são vigorosas terapêuticas
da vida para que o enfermo espiritual inveterado se preocupe com a cura real e se
volte em definitivo para os elevados objetivos da Vida Maior, em cujo rumo se
encontra desde agora, lá chegando quando a desencarnação o despir da transitória
indumentária em que marcha tentando a felicidade que só mais tarde alcançará após
resgatados os compromissos atrasados.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11 – Infortúnios

81

3.2.23 Glórias e Insucessos

Pessoa alguma se encontra em clima de privilégio, enquanto na vilegiatura
material.
Triunfos e galas, destaques e fortuna, saúde e lazer não significam
concessões indébitas que alguém pode usufruir sem o ônus da responsabilidade.
Empréstimos superiores ensejam aquisições relevantes, de que nem sempre
sabem utilizar-se os transitórios mordomos dos valores terrenos.
Teste para os portadores dos títulos e láureas, dos bens e moedas, são
também exemplo da excelsa misericórdia, a fim de que todos se possam adestrar na
movimentação dos recursos que levam à dita ou à alucinação, mediante o uso e a
direção que cada um resolva dar às posses vulneráveis.
Isto, porque, as alegrias facilmente se convertem em tristezas, as honrarias
e glórias se transmudam em amargura e desaire, as moedas e títulos se consomem
e desaparecem, a saúde e o lazer passam, enquanto a vida física se extingue.
Somente perduram o que se fez das posses, quanto se armazenou em
bênçãos, tudo que se dividiu em nome do amor, multiplicando esperança e paz.
*
Ninguém que esteja em estado de desgraça, enquanto transitando nas
roupagens carnais.
Soledade, pobreza, doença, limitação, esquecimento constituem provas
redentoras de que se utilizam os excelsos mentores encarregados da programática
reencarnatória, para a educação, a ascensão e a felicidade dos que tombaram nos
fossos da loucura e da criminalidade, quando no uso das disponibilidades que lhes
abundavam no passado.
Desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe.
Insucesso social, prejuízo econômico, fatalidade são terapêuticas enérgicas
da vida para a erradicação dos cânceres morais existentes em metástase cruel nos
tecidos do espírito imortal.
Nesse sentido, a soledade se enriquece de presenças, a enfermidade passa, o
abandono desaparece, a limitação se acaba, a pobreza cede lugar à abundância e,
mesmo ocorrendo a morte, a vida espera, em triunfo, após a cessação dos
movimentos do corpo.
*

82

Êxitos e desditas à luz do Evangelho se apresentam comumente em sentido
oposto à interpretação imediatista dos conceitos humanos.
Na manjedoura, entre pecadores, no trabalho humilde, convivendo com os
deserdados, reptado e perseguido pela argúcia dos vencedores terrenos, largado
numa cruz, Jesus é o símbolo do triunfo real sobre tudo e todos, em imperecível
lição, que ninguém pode deslustrar ou desconhecer.
Toma-o por modelo e não te perturbes nunca!
Nas glórias ou nos insucessos guarda-te na paz interior e persevera no amor,
seguindo a rota do Bem inalterável.
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45 – Glórias e Insucessos

83

3.2.24 Cristo em Casa

Contrapondo- se à onda crescente da loucura que irrompe avassaladora de
toda parte, e domina, penetrando os lares e os destroçando, o Evangelho de Jesus,
hoje como no passado, abre larga faixa para a esperança, facultando a visão de um
futuro promissor onde os desassossegos do coração não terão ensejo de medrar.
A par da lascívia e do moderno comércio do erotismo, que consomem as
mais elevadas aspirações humanas na Indústria da devassidão, as sementes
luminosas da Boa Nova, plantadas na intimidade do conjunto familiar, desdobram-
se em embriões de amor que enriquecem os espíritos de paz, recuperando os homens
portadores das enfermidades espirituais de longo curso e medicando- os com as
dádivas da saúde.
Enquanto campeia a caça desassisada aos estupefacientes e barbitúricos a os
narcóticos e aos excessos do sexo em desalinho, a mensagem do Reino de Deus
cada semana, na família, representa placebo valioso que consegue recompor das
distonias psíquicas aqueles que jazem anestesiados sob o jugo de forças ultrizes e
vingadoras de existências pretéritas.
Há mais enfermos no mundo do que se supõe que existam. Isto porque, no
reduto familiar raramente fecundam a conversação edificante, o entendimento
fraterno, a tolerância geral, o amor desinteressado...
Vinculados por compromissos vigorosos para a própria evolução, os
espíritos reencarnam-se no mesmo grupo cromossomático, endividados entre si,
para o necessário reajustamento, trazendo nos refolhos da memória espiritual as
recordações traumáticas e as lembranças nefastas, deixando- se arrastar,
invariavelmente, a complexos processos de obsessão recíproca, graças ao ódio
mantido, às animosidades conservadas e nutridas com as altas contribuições da
rebeldia e da violência.
Em razão disso, o desrespeito grassa, a revolta se instala, a indiferença
insiste e a aversão assoma...
A família, em tais circunstâncias, se transforma em palco de tragédias
sucessivas, quando não se faz aduana de traições e desídias...
Estimulando os desajustes que se encontram inatos nos grupos da
consanguinidade, a hodierna técnica da comunicação malsã tem conspirado
poderosamente contra a paz do lar e a felicidade dos homens.

84

Cristo, porém, quando se adentra pelo portal do lar, modifica a paisagem
espiritual do recinto.
As cargas de vibrações deletérias, os miasmas da intolerância, os tóxicos
nauseantes da ira, as palavras azedas vão rareando, ao suave- doce contágio do Seu
amor e se modificam as expressões da desarmonia e do desconforto, produzindo
natural condição de entendimento, de alegria, de refazimento.
Cristo no lar significa comunhão da esperança com o amor.
A Sua presença produz sinais evidentes de paz, e aqueles que antes
experimentavam repulsa pelo ajuntamento doméstico descobrem sintomas de
identificação, necessidade de auxílio mútuo.
Com Jesus em casa acendem-se as claridades para o futuro, a iluminar as
sombras que campeiam desde agora.
* * *
Abre o “livro da vida” e medita nos “ditos do Senhor” pelo menos uma vez
na semana, entre aqueles que vivem contigo em conúbio familiar. Mergulha a mente
nas suas lições, embriaga o espírito na esperança, sorve a água lustral da “fonte
viva” generosa e abundante, esquece os painéis tumultuados que são habituais e
marcha na direção da alegria.
Se não consegues a companhia dos que te repartem a consanguinidade para
tal ministério, não desfaleças.
Faze-o, assim mesmo.
Se assomam óbices inesperados não descoroçoes, insistindo, ainda assim.
Se surpresas infelizes conspiram à hora do teu encontro semanal com Ele,
não desesperes e retoma as tentativas, perseverando...
Quando Cristo penetra a alma do discípulo, refá-la, quando visita a família
em prece, sustenta- a.
Faze do teu lar um santuário onde se possa aspirar o aroma da felicidade e
fruir o néctar da paz.
* * *
Sob o dossel das estrelas, no passado, o Senhor, enquanto conosco, instaurou
nos lares humildes dos discípulos o convívio da prece, da palestra edificante,
inaugurando a era da convivência pacífica, da discussão produtiva, do intercâmbio
com o Mundo Excelso...

85

Abrindo- lhe o lar uma vez que seja, em cada sete dias, experimentarás com
Ele a inexcedível ventura de aprender a amar para bem servir e crescer para a
liberdade que nos alçará além e acima das próprias limitações, integrando-nos na
família universal em nome do Amor de Nosso Pai.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3 – Cristo em Casa

86

3.2.25 Suicídio

Ato de extrema rebeldia, reação do orgulho desmedido, vingança de alto
porte que busca destruir-se ante a impossibilidade de a outrem aniquilar, o suicídio
revela o estágio de brutalidade moral em que se demora a criatura humana ....
Por um minuto apenas, a revolta atira o ser no dédalo do desvario,
conseguindo um tentame de desdita que se alonga por decênios lúridos de
amarguras e infortúnios indescritíveis.
Por uma interpretação precipitada, o amor-próprio ferido arroja o homem
que se deseja livrar de um problema no poço sem fundo de mais inditosas
conjunturas, que somente a peso de demorados remorsos e agonias consegue
vencer.
Sob a constrição de injustificável ciúme, a criatura desforça-se da vida,
naufragando em águas encrespadas que a afogam sem a acalmar, de cuja asfixia
incessante e tormentosa não logra liberar-se ...
Em nome da dignidade atirada por terra se arroja a pessoa geniosa na
covarde fuga pela estrada- sem-fim da cavilosa ilusão, em que carpe, inconsolável,
o choro do arrependimento tardio ...
Evitando a enfermidade de alongada presença que conduzirá à morte, o
impaciente antecipa o momento da libertação e através desse gesto se escraviza por
tempo infindável ao desespero e à dor que o afligiam, agravados pela soma dos
novos infortúnios infligidos à existência que lhe não compete exterminar.
Temendo o sofrimento o suicida impõe-se maior soma de aflições, no
pressuposto de que o ato de cobardia encetado seria sancionado pelo apagar da
consciência e pelo sono do nada ...
No fundo de todas as razões predisponentes para o autocídio, excetuando-
se as profundas neuroses e psicoses de perseguição, as maníaco-depressivas – que
procedem de antigas fugas espetaculares à vida e que o espírito traz nos refolhos do
ser como predisposições à repetição da falência moral – se encontra o orgulho
tentando, pela violência, solucionar questões que somente a ação contínua no bem
e a sistemática confiança em Deus podem regularizar com a indispensável
eficiência.

87

Condicionado para os triunfos de fora, não se arma o homem para as
conquistas interiores, mediante cujas realizações se imunizaria para as dificuldades
naturais da luta com que se encontra comprometido em prol da própria ascensão.
Mudam-se as circunstâncias, alteram-se os componentes, variam as
condições por piores que se apresentem, mediante o concurso do tempo. À desdita
sobrepõe-se a ventura, ao desaire a alegria, ao infortúnio resignado a esperança,
quando se sabe converter os espinhos e pedrouços da estrada em flores e bênçãos.
O homem está fadado à ventura e à plenitude espiritual. Não sendo autor da
vida, não obstante se faça o usufrutuário nem sempre responsável, é- lhe vedada a
permissão de aniquilá-la. Rompe-lhe, pelo impulso irrefletido, a manifestação
física, jamais, porém, destrói as engrenagens profundas que lhe acionam a
exteriorização orgânica.
Toda investida negativa se converte em sobrecarga que deve conduzir o
infrator do código de equilíbrio, que vige em todo lugar.
Alguns que se dizem religiosos mas, desassisados, costumam asseverar,
irrefletidos, que preferem adiar o resgate, mesmo que sejam constrangidos
ulteriormente a imposições mais graves ...
Incapazes, no entanto, de suportarem o mínimo, se atribuem possibilidades
de, após a falência, arcarem com responsabilidades e encargos maiores.
Presunção vã e justificativa enganosa para desertarem do dever!
A si mesmos iludem os que debandam dos compromissos para com a vida.
Não morrerão. Ninguém se destrói ante a morte. Províncias de infortúnio, regiões
de sombras enxameiam em ambos os lados da vida. Da mesma forma prosseguem
além da morte os estados de consciência ultrajada, de mente rebelada, de coração
vencido ...
Em considerando a problemática das graves quão imprevisíveis desgraças
decorrentes do suicídio, convém examinemos, também, a larga faixa dos autocidas
indiretos, daqueles que precipitam a hora da desencarnação, mediante os processos
mais variados.
São, também, suicidas, os sexólatras inveterados, os viciados deste ou
daquele teor, os que ingerem altas cargas de tensão, os que se envenenam com o
ódio e se desgastam com as paixões deletérias, os glutões e ociosos, os que cultivam
o pessimismo e as enfermidades imaginárias ...

88

A vida é um poema de amor e beleza esperando por nós. Uma gota d'água
transparente, uma nervura de folha, uma partícula de adubo, uma pétala perfumada,
uma semente fértil, um raio de sol, o piscar de uma estrela, são desafios à
imaginação, à inteligência, à contemplação, à meditação, ao amor!
Há, sem dúvida, agravantes e atenuantes, no exame do suicídio .... Todavia,
seja qual for o motivo, a circunstância para o crime de retirada da vida, tal não
consegue outro resultado senão o de atirar o delituoso ao encontro da vida estuante,
em circunstância análoga àquela da qual pensou evadir-se, com os problemas que
não esperava defrontar ...
Expungem, sim, na Erraticidade, em inenarráveis condições, os gravames
da decisão funesta, e, na Terra, quando retomam, em cruentas expiações, os que
defraudam a sagrada concessão divina, que é o corpo plasmado para a glória e a
elevação do espírito.
Espera pelo amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante.
Aguarda um pouco mais, quando tudo te empurrar ao desespero.
A Divindade possui soluções que desconheces para todos os enigmas e
recursos que te escapam, a fim de elucidar e dirimir equívocos e dificuldades.
Ama a vida e vive com amor – embora constrangido muitas vezes à
incompreensão, sob um clima de martírio e sobre um solo de cardos ...
Recupera hoje o desperdício de ontem sem pensares, jamais, na atitude
simplista do suicídio, que é a mais complexa e infeliz de todas as coisas que podem
ocorrer no homem.
Se te parecerem insuportáveis as dores, lembra-te de Jesus, na suprema
humilhação da Cruz, todavia confiando em Deus, e de Maria, Sua Mãe, em total
angústia, fitando o filho traído, aparentemente abandonado, de alma também
trespassada pela dor sem nome, por meio de cuja confiança integral se converteu
em exemplo insuperável de resignação e paciência, na sua inquestionável fé em
Deus, tornando- se a Mãe Santíssima da Humanidade toda.
Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18 – Suicídio

89

3.2.26 Aflição e Consolação

— "Bem-aventurados os que choram (aflitos), pois que serão consolados"
— disse Jesus.
Nem todo aflito ou todo aquele que chora será consolado.
As aflições são processos depurativos, que chegam ao homem, concitando-
o à meditação em torno da problemática da existência, que não pode ser conduzida,
levianamente.
Tua aflição mede o teu estado espiritual e representa o patrimônio de que
dispões para recuperares a paz.
Dores de hoje, dividas de ontem.
Aquele que ora se aflige, recupera-se das aflições que a outrem impôs, por
isso "só na vida futura", se hoje bem se conduzir, será consolado.
Há, todavia, aflitos que se fazem afligentes, explodindo, em rebeldia, contra
os fatores causais das suas necessidades evolutivas, não raro assumindo uma falsa
posição de vítima e engalfinhando- se nas disputas do desequilíbrio pelo trânsito
através do corredor da loucura por onde derrapou.
Há aflições que se fazem fardo de pesado ônus para aquele que da vida
somente considera as vantagens utópicas, isto é, as transitórias alegrias decorrentes
da ilusão.
Muitas aflições têm à medida que se lhes atribui, aumentando- as ou
valorizando- as, em face de uma atitude falsa ou decorrente da exigência de um
mérito que em verdade não se possui...
Os aflitos, a que se refere o Mestre, são aqueles que da tribulação retiram o
bom proveito; aqueles que encontram na dor um desafio para superarem- se a si
mesmo; os que se abrasam na fé ardente e sobrepõem -se às conjunturas dolorosas;
todos os que convertem as dificuldades e provações em experiências der sabedoria;
os que sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e perseverança nos
ideais esposados, porfiando fiéis aos compromissos abraçados...
Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de
esperança — eis os que serão bem-aventurados, porque após as dívidas resgatadas,
os labores realizados, os testemunhos confirmados, "serão consolados" pela bênção
da consciência tranquila, no país da redenção total.
Tua aflição é o caminho da tua vitória sobre ti mesmo.

90

Ela te dará a medida da tua fraqueza e a grandeza do amor e da sabedoria do
Pai Criador.
*
Utiliza-te da sua metodologia para o mais breve triunfo que te cumpre
alcançar.
Aquele que se arrepende de um mal, está aflito; que se encoleriza, sofre
aflição; que persegue, padece agonia; que inveja, estremunha-se e chora; que odeia,
galvaniza-se sob o açodar da fúria e combure-se nos altos fornos do desequilíbrio
que gera.
Estes não serão, por enquanto, consolados.
Somente quando a consciência da dor os faça amar, submetendo-os à divina
vontade, encontrará na aflição a felicidade porque anelam.
A aflição está na Terra, por ser este um planeta de provas e dores, onde a
felicidade ainda não se instalou, nem poderia fazê- lo por enquanto...
Concentra, desse modo, as tuas aflições no Afligido sem dívidas e entrega-
te a Ele, seguindo-Lhe o exemplo, e enquanto te encontres aflito, procura diminuir
a aflição do teu próximo.
Assim, fazendo, serás consolado, porque, conforme asseverou Allan
Kardec, "as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo,
justa há de ser essa causa". Sofrendo-as com resignação, superá- las-á, encontrando
a paz.
Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 5 – Aflição e
Consolação

91

3.2.27 Ante a Dor

Quando a alma mergulhou na carne referta de vibrações, desejou transmitir
toda a musicalidade que conduzia virgem, e para que o tumulto do ambiente não
lhe perturbasse a evocação, perdeu, paulatinamente, os registros auditivos para
somente escutar nas telas da mente os acordes sublimes da natureza e de Deus — e
Beethoven ficou surdo!
Para expressar a melancolia suave e a pungente saudade de algo que não se
pode identificar, Chopin experimentou a amargura do coração perdido entre desejos
e decepções.
Destinado a ferir as cordas da emoção e tangê- las com habilidade, o espírito
retornou ao palco de antigas lutas para defrontar-se com inimigos acirrados e vencê-
los através da autodoação, enchendo a Terra de musicalidade superior.
Inquieto, todavia, fraquejando sem cessar, Schumann deixou-se arrastar
pela caudal da obsessão, conquanto fizesse incomparável legado, através do Lied e
das nobres melodias para piano.
* * *
Oh! Dor bendita, libertadora de escravos, discreta amiga dos orgulhosos,
irmã dos santos, mensageira da verdade, tanto necessitamos do teu concurso, que
se nos afiguras um anjo caído, a serviço da misericórdia para sustentar-nos na luta
redentora! Ensina-nos a descobrir a rota da humildade para avançarmos com acerto.
* * *
A dor é a mensageira da esperança que após a crucificação do Justo vem
ensinando como se pode avançar com segurança.
Recebamo-la, pacientes, sejam quais forem as circunstâncias em que a
defrontemos, nesta hora de significativas transformações para o nosso espírito em
labor de sublimação.
O sofrimento de qualquer natureza, quando aceito com resignação — e toda
aflição atual possui as suas nascentes nos atos pretéritos do espírito rebelde —
propicia renovação interior com amplas possibilidades de progresso, fator
preponderante de felicidade.
A dor faculta o desgaste das imperfeições, propiciando o descobrimento dos
valiosos recursos, inexoráveis, aliás do ser.
Após a lapidação fulgura a gema.

92

Burilada a aresta ajusta- se a engrenagem.
Trabalhado, o metal converte-se em utilidade.
Sublimado pelo sofrimento reparador o espírito liberta-se.
Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17 – Ante a Dor

93

3.2.28 Necessidade de Evolução

Educação–Fonte de Bênção
As tendências, que promanam do passado em forma de inclinações e
desejos, se transformam em hábitos salutares ou prejudiciais quando não encontram
a vigilância e os mecanismos da educação pautando os métodos de disciplina e
correção.
Sob a impulsão do atavismo que se prende nas faixas primevas, das quais a
longo esforço o Espírito empreende a marcha da libertação, os impulsos violentos
e a comodidade que não se interessa pelos esforços de aprimoramento moral
amolentam a individualidade, ressurgindo como falhas graves da personalidade.
As constrições da vida, que se manifestam de vária forma, conduzem o
aspirante evolutivo à trilha correta por onde, seguindo- a, mais fácil se lhe torna o
acesso aos objetivos a que se destina.
Nesse desiderato, a educação exerce um papel preponderante, porque faculta
os meios para uma melhor identificação de valores e seleção deles, lapidando as
arestas embrutecidas do eu, desenvolvendo as aptidões em germe e guiando com
segurança, mediante os processos de fixação e aprendizagem, que formam o caráter,
insculpindo- se, por fim, na individualidade e externando- se como ações relevantes.
Remanescente do instinto em que se demorou por longos períodos de
experiência e ainda mergulhado nas suas induções, o Espírito cresce,
desembaraçando-se das teias de vigorosos impulsos em que se enreda para a
conquista das aptidões com que se desenvolve.
Pessoa alguma consegue imunizar-se aos ditames da educação, boa ou má,
conforme o meio social em que se encontra.
Se não ouve a articulação oral da palavra, dispõe dos órgãos, porém, não
fala; se não vê atitudes que facilitam a locomoção, a aquisição dos recursos para a
sobrevivência, consegue por instinto a mobilização com dificuldade e o alimento
sem a cocção; tende a retornar às experiências primitivas se não é socorrido pelos
recursos preciosos da civilização, porque nele predominam, ainda, as imposições
da natureza animal.

94

Possui os reflexos, no entanto, não os sabe aplicar; desfruta da inteligência
e, por falta de uso, já que se demora nas necessidades imediatas, não a desenvolve;
frui das acuidades da razão e do discernimento, entretanto se embrutece por
ausência de exercícios que os aprofunde.
Nele não passam de lampejos as manifestações espirituais superiores se
arrojado ao isolacionismo ou relegado às faixas em que se detêm os principiantes
nas aquisições superiores.. .
Muito importante a missão da educação como ciência e arte da vida.
Encontrando-se ínsitas no Espírito as tendências, compete à educação a
tarefa de desenvolver as que se apresentam positivas e corrigir as inclinações que
induzem à queda moral, à repetição dos erros e das manifestações mais vis, que as
conquistas da razão ensinaram a superar.
A própria vida facultou ao Espírito, em longos milênios de observação,
averiguar o que é de melhor ou pior para si mesmo, auxiliando- o no estabelecimento
de um quadro de valores, de que se pode utilizar para a tranquilidade interior.
Trazendo do intervalo que medeia entre uma e outra reencarnação reminiscências,
embora inconvenientes, do que lhe haja sucedido, elege os recursos com que se
pode realizar melhormente, ao mesmo tempo impedindo-se deslizes e quedas nos
subterrâneos da aflição.
Outrossim, inspirado pelos Espíritos promotores do progresso no mundo,
assimila as ideias envolventes e confortadoras, entregando-se ao labor do auto-
aprimoramento.
O rio corre e cresce conforme as condições do leito.
A plântula se esgueira e segue a direção da luz.
A obra se levanta consoante o desejo do autor.
Em tudo e toda parte predominam leis sutis e imperiosas que estabelecem o
como, o quando e o onde devem ocorrer as determinações divinas. Rebelar-se
contra elas, é o mesmo que atrasar-se na dor, espontaneamente, contribuindo
duplamente para a realização que conquistaria com um só esforço.
A tarefa da educação deve começar de dentro para fora e não somente nos
comportamentos da moral social, da aparência, produzindo efeitos poderosos, de
profundidade.

95

Enquanto o homem não pensar com equidade e nobreza os seus atos se
assentarão em bases falsas, se deseja estruturá- los nos superiores valores éticos,
porquanto se tornam de pequena monta e de fraca duração. Somente pensando com
correção pode organizar programas comportamentais superiores aos quais se
submete consciente, prazeirosamente.
Não aspirando à paz e felicidade por ignorar-lhe o de que se constituem,
impraticável lecionar-lhe sobre tais valores. Só, então, mediante o paralelismo da
luz e da treva, da saúde e da enfermidade, da alegria e da tristeza se poderão
ministrar- lhe as vantagens das primeiras em relação às segundas...
Longo tempo transcorre para que os serviços de educação se façam visíveis,
e difícil trabalho se impõe, particularmente, quando o mister não se restringe ao
verniz social, à transmissão de conhecimentos, às atitudes formais, sem a integração
nos deveres conscientemente aceitos.
Por educar, entenda-se, também, a técnica de disciplinar o pensamento e a
vontade, a fim de o educando penetrar-se de realizações que desdobrem as inatas
manifestações da natureza animal, adormecidas, dilatando o campo íntimo para as
conquistas mais nobres do sentimento e da psique.
Nas diversas fases etárias da aprendizagem humana, em que o ser aprende,
apreende e compreende, a educação produz os seus efeitos especiais, porquanto,
através dos processos persuasivos, libera o ser das condições precárias, armando-o
de recursos que resultam em benefícios que não pode ignorar.
A reencarnação, sem dúvida, é valioso método educativo de que se utiliza a
vida, a fim de propiciar os meios de crescimento, desenvolvimento de aptidões e
sabedoria ao Espírito que engatinha no rumo da sua finalidade grandiosa.
Como criatura nenhuma se realiza em isolacionismo, a sociedade se torna,
como a própria pessoa, educadora por excelência, em razão de propiciar exemplos
que se fazem automaticamente imitados, impregnando aqueles que lhes sofrem a
influência imediata ou mediatamente.
No contexto da convivência, pelo instinto da imitação, absorvem-se os
comportamentos, as atitudes e as reações, aspirando-se a psicosfera ambiente, que
produz, também, sua quota importante, no desempenho das realizações individuais
e coletivas.

96

Como se assevera, com reservas, que o homem é fruto do meio onde vive,
convém se não esquecer de que o homem é o elemento formador do meio,
competindo- lhe modificar as estruturas do ambiente em que vive e elaborar fatores
atraentes e favoráveis onde se encontre colocado a viver.
Não sendo infenso aos contágios sociais, não é, igualmente, inerme a eles,
senão, quando lhe compraz, desde que reage aos fatores dignificantes a que não está
acostumado, se não deseja a estes ajustar-se.
Além do ensino puro e simples dos valores pedagógicos, a educação deve
esclarecer os benefícios que resultam da aprendizagem, da fixação dos seus
implementos culturais, morais e espirituais.
Por isso, e sobretudo, a tarefa da educação há que ser moralizadora, a fim
de promover o homem não apenas no meio social, antes preparando-o para a
sociedade essencial, que é aquela preexistente ao berço donde ele veio e
sobrevivente ao túmulo para onde se dirige.
Nesse sentido, o Evangelho é, quiçá, dos mais respeitáveis repositórios
metodológicos de educação e da maior expressão de filosofia educacional. Não se
limitando os seus ensinos a um breve período da vida e sim prevendo- lhe a
totalidade, propõe uma dieta comportamental sem os pieguismos nem os rigores
exagerados que defluem do próprio conteúdo do ensino.
Não raro, os textos evangélicos propõem a conduta e elucidam o porquê da
propositura, seus efeitos, suas razões.
Em voz imperativa, suas advertências culminam em consolação, conforto,
que expressam os objetivos que todos colimam.
— “Vinde a mim", — assentiu Jesus, — porque eu “Sou o caminho, a
Verdade e a Vida”, não delegando a outrem a tarefa de viver o ensino, mas a si
mesmo se impondo o impostergável dever de testemunhar a excelência das lições
por meio de comprovados feitos.
Sintetizou em todos os passos e ensinamentos a função dupla de Mestre —
educador e pedagogo —, aquele que permeia pelo comportamento dando vitalidade
à técnica de que se utiliza, na mais eficiente metodologia, que é a da vivência.
Quando os mecanismos da educação falecem, não permanece o aprendiz da
vida sem o concurso da evolução, que lhe surge como dispositivo de dor, emulando-
o ao crescimento com que se libertará da situação conflitante, afligente, corrigindo-
o e facultando-lhe adquirir as experiências mais elevadas.

97

A dor, em qualquer situação, jamais funciona como punição, porquanto sua
finalidade não é punitiva, porém educativa, corretora. Qualquer esforço impõe o
contributo do sacrifício, da vontade disciplinada ou não, que se exterioriza em
forma de sofrimento, mal- estar, desagrado, porque o aprendiz, simplesmente, se
recusa considerar de maneira diversa a contribuição que deve expender a benefício
próprio.
Nenhuma conquista pode ser lograda sem o correspondente trabalho que a
torna valiosa ou inexpressiva. Quando se recebem títulos ou moedas, rendas ou
posição sem a experiência árdua de consegui -los, estes empalidecem, não raro,
convertendo-se em algemas pesadas, estímulos à indolência, convites ao prazer
exacerbado, situações arbitrárias pelo abuso da fortuna e do poder.
Imprescindível em qualquer cometimento, portanto, o exame da situação e
a avaliação das possibilidades pessoais.
Sendo a Terra a abençoada escola das almas, é indispensável que aqui
mesmo se lapidem as arestas da personalidade, se corrijam os desajustamentos, se
exercitem os dispositivos do dever e se predisponham os Espíritos ao superior
crescimento, de modo a serem superadas as paixões perturbadoras que impelem
para baixo ao invés daquelas ardentes pelos ideais libertadores, que acionam e
conduzem para cima.
Os hábitos que se arraigam no corpo, procedentes do Espírito como
lampejos e condicionamentos, retornam e se fixam como necessidades, sejam de
qual expressão for, constituindo uma outra natureza nos refolhos do ser, a responder
como liberdade ou escravidão, de acordo com a qualidade intrínseca de que se
constituem.
A morte, desvestindo a alma das roupas carnais, não lhe produz um expurgo
das qualidades íntimas, antes lhe impõe maior necessidade de exteriorizá-las,
liberando forças que levam a processos de vinculações com outras que lhes sejam
equivalentes. Na Terra isto funciona em forma de complexos mecanismos de
simpatia e antipatia, em afinidades que, no além- túmulo, porque sincronizam na
mesma faixa de aspiração e se movimentam na esfera de especificidade vibratória,
reúnem os que se identificam no clima mental, de hábitos e aptidões que lhes são
próprios.
Nunca se deve transferir para mais tarde o mister de educar-se, corrigir-se
ou educar e corrigir.

98

O que agora não se faça, neste particular, ressurgirá complicado, em posição
diversa, com agravantes de mais difícil remoção.
Pedagogos eminentes, os Espíritos Superiores ensinam as regras de bom
comportamento aos homens como educadores que exemplificam depois de haverem
passado pelas mesmas faixas de sombra, ignorância e dor, de que já se libertaram.
Imperioso, portanto, conforme propôs Jesus, que se faça a paz com o
“adversário enquanto se está no caminho com ele”, de vez que, amanhã, talvez seja
muito tarde e bem mais difícil alcançá-lo.
O mesmo axioma se pode aplicar à tarefa da educação: agora, enquanto é
possível, moldar-se o eu, antes que os hábitos e as acomodações perniciosas
impeçam a tomada de posição, que é o passo inicial para o deslanchar sem reversão.
Educação, pois, da mente, do corpo, da alma, como processo de adaptação
aos superiores degraus da vida espiritual para onde se segue.
A educação, disciplinando e enriquecendo de preciosos recursos o ser, alça-
o à vida, tranquilo e ditoso, sem ligações com as regiões inferiores donde procede.
Fascinado pelo tropismo da verdade que é sabedoria e amor, após as injunções
iniciais, mais fácil se lhe torna ascender, adquirir a felicidade.
Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6 – Necessidade de Evolução

99

3.2.29 Almas Problema

À pessoa–problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é
desconhecida...
O filhinho–dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu
lado por primeira vez.
O ancião–renitente que te parece um pesadelo contínuo, exaurindo- te as
forças, não é encontro fortuito na tua marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado
do acaso que te leva a desfrutar da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual.
Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a
resgatar injunção penosa. Mas, tu também.
Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros
predisponentes, que induzem e levam ao abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do
mundo. Não, porém, da consciência, nem das Soberanas Leis.
Renascem em circunstâncias e tempos diferentes, todavia, volvem a
encontrar-se, seja na consanguinidade, através da parentela corporal, ou mediante a
espiritual, na grande família humana, tomando o caminho das reparações e
compensações indispensáveis.
*
Não te rebeles contra o impositivo da dor, seja como se te apresente.
Aqui, é o companheiro que se transforma em áspero adversário; ali, é o
filhinho rebelde, ora portador de enfermidade desgastante; acolá, é o familiar
vitimado pela arteriosclerose tormentosa; mais adiante, é alguém dominado pela
loucura, e que chegam à economia da tua vida depauperando os teus cofres de
recursos múltiplos.
Surgem momentos em que desejas que eles partam da Terra, a fim de que
repouses...
Horas soam em que um sentimento de surda animosidade contra eles te cicia
o anelo de ver-te libertado. ..
Ledo engano!
Só há liberdade real, quando se resgata o débito.

100

Distância física não constitui impedimento psíquico.
Ausência material não expressa impossibilidade de intercâmbio.
O Espírito é a vida, e enquanto o amor não Iene as dores e não lima as arestas
das dificuldades, o problema prossegue inalterado.
Arrima-te ao amor e sofre com paciência. Suporta a alma-problema que se
junge a ti e não depereças nos ideais de amparar e prosseguir.
Ama, socorrendo.
Dia nascerá, luminoso, em que, superadas as sombras que impedem a clara
visão da vida, compreenderás a grandeza do teu gesto e a felicidade da tua afeição
a todos.
O problema toma a dimensão que lhe proporcionas.
Mas o amor, que “cobre a multidão dos pecados” voltado para o bem,
resolve todos os problemas e dificuldades, fazendo que vibre, duradoura, a paz por
que te afadigas.
Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6 – Almas Problema

101

3.2.30 Sob T estes e E xames

A cada instante o aprendiz do Evangelho é convidado a reflexão, para não
descer ao abismo da irresponsabilidade.
Quando menos espera, a cólera o surpreende, disfarçada, trabalhando para
seu aniquilamento. Se lhe resiste à investida inicial, muito falta para conservar -se
em paz, pois que, surgindo novo ensejo, ei-la de volta, sitiando impiedosa.
Obrigado a retirar-se, deixa o seu miasma danoso, em forma de cansaço ou
irritabilidade, que lhe servirão de base para acolhimento futuro. . .
Supondo- se livre, o discípulo do Cristo vê-se enrodilhado nas perigosas
malhas da intriga, sem mesmo atinar como se deixou envolver pela atmosfera
venenosa da maledicência ou da calúnia.
Recobrando, porém, o ânimo e demorando- se resoluto na peleja, descobre o
azedume da incompreensão que o precede como ácido destruidor, espalhado pela
senda.
Refugiando- se na paciência e bondade, é visitado pelos mil nonadas das
exigências do cotidiano com que a frivolidade dos companheiros complica o tempo.
. . E sente-se instigado por verdugos atormentantes, que parecem acumpliciados
entre si com o objetivo central de impedir-lhe a ascensão.
Não há dúvidas de que testes e exames constantes fazem a verificação dos
resultados evangélicos na mente e no coração do homem afeiçoado à lavoura cristã.
Com muita propriedade a Terra é considerada planeta de “provas e
expiações”.
A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando.
A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na
viciação.
A prova lembra escolaridade.
A expiação solicita enfermagem.
O aprendiz estuda e se prepara para a vida.
O enfermo se reeduca e disciplina para continuar a vida.
Escola e Hospital são os valiosos recursos que se multiplicam para o
discípulo sincero de Jesus, na jornada libertadora.
* * *
Exames e testes a todo instante.

102

Teste à paciência, exame da produtividade.
Teste à humildade, exame do amor.
Teste à bondade, exame da vigilância.
Teste à compreensão, exame da palavra.
Teste ao equilíbrio, exame do bem que jaz latente em todos os seres.
Por isso, a cólera, a intriga, a incompreensão e todo o cortejo de tentações
que afligem o homem voltado para a luz de Cima são quesitos importantes, a
responder com serenidade nas provas de hoje para evitar as expiações de amanhã.
A cólera produz para o manicômio.
A intriga trabalha para a guerra.
A incompreensão alicia para o crime.
O cansaço, a irritabilidade, a presunção, colaboram com
egoísmo, tóxico destruidor de consciências e sentimentos.
Acautela-te, trabalhando na oração da confiança e do bem para a
emancipação de ti mesmo.
A lâmpada acesa ilumina, mas não dispensa o combustível desta ou daquela
natureza que lhe vitaliza o jorro de luz.
O servidor do Cristo deve deixar que “brilhe a sua luz” com os combustíveis
da renúncia de si mesmo e da abnegação incessante.
***
Enquanto Nosso Senhor e Mestre esteve conosco, foi provado e testado em
exames rudes e cruéis. No entanto, permaneceu fiel e digno até o fim. Quando
reptado pelo amor, ao a sós, ao lado dos companheiros que dormiam, no Horto, à
hora extrema; e mesmo aí, aguardando o supremo testemunho, orou, unindo- se ao
Pai; e, ungido de abnegação e amor por todos, transformou, logo mais, os braços
ásperos da cruz em asas luminosas com que ascendeu ao Reino, fazendo-nos o
legado da Sua coragem e resistência ao mal para ensinar-nos que só o amor possui
a força inamovível de edificar a verdade no coração do homem indefinidamente,
sem tropeço nem queda.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 39 – Sob Testes e
Exames

103

3.2.31 Ama a Tua Dor


Paradoxalmente, anelavas pela paz, quando edificando o bem entre as
criaturas humanas, e és defrontado pela incompreensão e repúdio.
Sentes desencanto ao constatares que os sagrados misteres a que te entregas
são recebidos com acrimônias e suspeitas.
Desanimam-te os comportamentos daqueles nos quais confias, na grei onde
mourejas, produzindo amarguras e mal-estares.
Entristece-te a maneira como te tratam os amigos da seara em que te
movimentas, desconfiados em relação à tu a entrega.
Constatas insanas competições onde deveriam multiplicar-se as
cooperações, como se o labor pertencesse a cada um e a seara estivesse destituída
de administrador e abandonada pelo Senhor.
Sentes cansaço e não consegues renovação íntima, diante da ausência de
tempo hábil para a reflexão.
Pensavas que os corações afetuosos, que sorriem contigo, permaneceriam
acessíveis ao teu nos momentos difíceis, constatando, porém, que o ego neles
predomina, em relação ao coletivo no grupo em que te fixas.
Ocorrem-te a desistência e o retorno às tuas origens, porque o paraíso que
acreditavas estar ao teu alcance, na convivência com os demais servidores, é
somente uma aparência com os mesmos desvãos que encontravas no anterior
convívio social por onde te movimentavas.
Sofres, porque anseias pela harmonia e acalentas o sonho da plena
solidariedade, que se te apresenta muito distante…
Não te esqueças, porém, de que os santos e s erafins transitaram também no
corpo e alcançaram esse nível de evolução porque enfrentaram equivalentes ou mais
ásperas refregas.
Ninguém atinge o altiplano sem a caminhada pelas baixadas sombrias e
difíceis de acesso.
Revigora-te na luta, sendo tolerante para com todos e exigente para contigo
mesmo.
O reino dos céus é construído com os materiais da renúncia e da compaixão,
da bondade e da comiseração, sob o patrocínio do amor.

104

Repara a Natureza sacudida frequentemente pelos fenômenos destrutivos
que a visitam, permitindo-lhe, logo depois, renovação, exuberância e beleza na
produção dos tesouros da vida.
De igual maneira ocorre na floresta humana.
Não te desencantes, pois, com os outros que, por sua vez, também se
permitem frustrações em relação a ti.
Se amas Jesus e o teu objetivo é servi-lO, avança contente, conforme o fez
o Irmão Alegria.
Ama a tua dor.
No momento em que o teu amor seja capaz de superar o sofrimento, sem
rebeldia nem queixa, terás alcançado a meta que buscas.
A dor é um buril lapidador das anfractuosidades dos minerais duros dos
vícios e dos arraigados hábitos infelizes.
Quem não enfrenta com harmonia interior os desafios da evolução,
acautelando-se do sofrimento, permanece em lamentável estagnação que o conduz
à paralisia emocional em relação ao crescimento íntimo.
Os caminhos do Gólgota, assim como os da Úmbria, ainda permanecem com
sombras por cima e espinhos no seu leito, exigindo coragem e abnegação para serem
percorridos com júbilo.
Vencê- los é o dever que a fé racional te impõe, a serviço de Jesus, a quem
amas.
Se almejas alegria e bem-estar nos moldes profanos estás em outro campo
de ação, mas se buscas o serviço com o Mestre de Nazaré, os teus são júbilos
profundos e emoções superiores bem diferentes das habituais.
Não relaciones, pois, remoques e erros, antes aprende a retirar o mel hor,
aquela parte boa que existe em todos os seres humanos e enriquece-te com esses
valores, sem te preocupares com a outra parte, a enferma, ainda não recuperada
pelas dádivas da saúde espiritual.
Tem mais paciência e aprende a compreender em vez de censurar e exigir.
Cada qual consegue fazer somente o que lhe está ao alcance, não dispondo de
recursos para autossuperar-se no momento.
Jesus, modelo e guia da humanidade, conviveu com mulheres e homens bem
semelhantes àqueles com os quais hoje partilhas a convivência, em labuta ao teu
lado, suportando- se reciprocamente e dedicados ao amor.

105

Se, por acaso, sentes a sutil visita da intriga, da acusação e de outras mazelas
que atormentam a sociedade, acautela- te, não lhes concedas guarida nem atenção,
ignora-as e segue, irretocável, adiante.
Melhor estares na luta de sublimação, do que no leito da recuperação sob o
impositivo de limites e restrições, impostos pelo processo de crescimento para De
us e para ti mesmo.
Em qualquer situação, alegra- te por te encontrares reencarnado, portanto, no
roteiro da autoiluminação.
Ama a tua dor e ela se te tornará amena, amiga, gentil companheira da
existência. E enquanto amas, trabalha pelo Bem, compensa- te com as bênçãos dos
resultados opimos que ofereças ao Senhor, que transitou por sendas idênticas e mais
dolorosas que essas por onde segues.
Assim, continua em paz, viandante das estrelas que te aguardam no zimbório
celeste.
Francisco de Assis amava as suas dores e transcendeu todos os limites,
conseguindo demarcar os fastos históricos com a renúncia, a simplicidade e as
canções de inefável alegria.
E Clara, que lhe seguia o exemplo sublime, impôs-se dedicação integral e,
ao partir da Terra, achava -se aureolada pelo sofrimento no qual encontrou a
plenitude.
De tua parte, ama também a tua dor e experimentarás incomparável bem-
estar.
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Ama a Tua
Dor
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica de 16 de
dezembro de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia

106

3.2.32 As Asas da Libertação

Se pretendes mergulhar nos fluidos superiores da Vida, desvendando os
complexos mecanismos da existência, ora e medita.
A prece levar-te-á ao norte seguro e a meditação fixar-te-á no centro das
aspirações superiores, harmonizando-te.
Se desejas permanecer em paz integral, consolidando as conquistas
espirituais, renúncia e esquece todo o mal.
A renúncia ensinar-te-á libertação das coisas e das conjunturas afligentes e
o esquecimento de qualquer mal ser-te-á o pilotis para a libertação plena.
Se planejas integração no bem, ampliando a visão do amor, trabalha e serve
ao próximo.
O trabalho enriquecer-te-á de valores inquestionáveis e o serviço da
caridade ao próximo, proporcionar-te-á oportunidade de iluminação pessoal com
doação de felicidade aos outros.
Se queres a consciência tranquila no teu processo de busca e de redenção,
persevera e acompanha os que sofrem, não os deixando a sós.
A perseverança no bem dar-te-á generosidade natural e a companhia ao lado
dos infelizes far-te-á sábio pelas técnicas de amor que aprenderás a utilizar para o
êxito no ministério.
As duas primeiras linhas do comportamento podem ser a tua vertical de
silencioso crescimento para Deus, na luta íntima, sem testemunhas, muitas vezes
chorando e sofrendo, como se o solo da alma fosse rasgado para que se fixasse a
trave em que te apóias e amparas.
As duas atitudes outras são a linha horizontal da tua vivência espiritual e
fraterna com as criaturas humanas do teu caminho.
Já não é a busca em estrangulamento das paixões, mas a doação em sorrisos
de alegria, distribuindo estímulos e coragem em nome do amor que reflete o Grande
Amor.
Uma cruz a tua vida!
Nela, de braços abertos, tu te encontras.
Já não há dor, nem aflição.

107

Lentamente verás transformar-se a trave horizontal em asas de luz, e, livre,
ascenderás na direção do Sublime Crucificado, que a todos nós aguarda em
confiança de paz.
Joanna de Ângelis – Otimismo – Cap. 16 – As Asas da Libertação

108

3.2.33 Examinando o sofrimento

Fugir da aflição!
Libertar-se da dor!
Esquecer. . .. Esquecer que se sofre! — Exclamam os simplistas que pensam
em solucionar o magno e palpitante problema do sofrimento não o considerando,
como se, ignorando a enfermidade e a dor, a dor e a enfermidade ignorassem o
homem.
Muitos dos que se filiaram às diversas correntes religiosas do Cristianismo
procuram, por processo de transferência, librar-se acima das águas tumultuadas do
sofrer, orando e, na prece, exorando libertação gratuita, como se o papel da
Divindade fosse o de arrolar solicitações e atendê- las indiscriminadamente, longe
da consideração aos títulos característicos do mérito e do demérito.
Alguns, vinculados às correntes do materialismo filosófico ou científico,
fogem em busca do prazer como se este, entorpecendo o caráter, pudesse anular a
sede dos registros do passado culposo, libertando os infratores sem a regularização
dos seus débitos. E como o prazer não consegue atender a sede de gozo e o gozo da
fuga, fogem, desvairados, para os labirintos das drogas estupefacientes, procurando,
na consciência em desalinho e em exaltação, uma felicidade a que não fazem jus,
uma paz que não merecem.
E o sofrimento — esse ignoto servidor da alma — continua, imperturbável
no afã de sacudir e despertar mentes, realizando o impositivo divino de reequilíbrio
da Lei.
Reponta aqui e surge adiante, de mil formas, falando vigorosa linguagem
que somente raros conseguem escutar e entender.
* * *
Zenão de Cítio, o filósofo grego do IV século antes de Cristo, contemplando
o panorama de dor que se apresentava afligente em todo lugar, elaborou o
estoicismo, através do qual o desdém às coisas materiais e o culto das virtudes
seriam os meios únicos de promover o equilíbrio no homem, desse modo valorizado
para vencer a dor, enfrentando- a com nobreza e fé.
Sócrates, o célebre pai da Escola maiêutica e considerado o maior filósofo
da Humanidade, encarcerado pela intolerância do ignóbil julgamento dos Heliastas

109

preceituava, mesmo da prisão, o culto da moral e da virtude para vencer o
sofrimento, suportando com estoicismo a injusta posição.
Francisco de Assis, o pobrezinho, desdenhando todas as coisas da Terra,
experimentou a zombaria e sofreu aflições sem nome, mantendo a força do amor
no exercício das virtudes cristãs, como chave do enigma angustiante do sofrimento.
E bendizia a dor!
Joana d’Arc encarcerada por circunstâncias óbvias procurou escutar as suas
Vozes e, animada pelos Amigos Espirituais que a norteavam, suportou o cárcere, a
humilhação e o opróbrio, queimada, após infamante e arbitrário julgamento,
chamando por Jesus e superando a própria dor. . .
Sofrimento é alta concessão divina.
Dor é moeda de resgate.
Aflição é exercício para fixação do bem.
Sem eles ignoraríamos a paz, desconsideraríamos a alegria, maldiríamos a
saúde.
Aquele que sofre está sendo aquinhoado com os exercícios -lições de fixação
do bem nas telas mentais.
No leito de dor, na cadeira de rodas, nas amarras ortopédicas; sob os acúleos
morais, nos tormentos familiares, nos cipós limitativos das aspirações; no corpo, na
mente, na alma; na família, em sociedade, no trabalho; onde esteja a arder e queimar
a brasa do sofrimento, agradece a Deus a oportunidade sazonada de reaprender e
reparar.
Considera que, enquanto doam as tuas chagas abertas, queimadas por ácidos
destruidores, outros companheiros desavisados atiram-se impertinentes pelas
sendas da irresponsabilidade, dirigidos por irrefreável loucura, e acalma- te, embora
a tormenta que te vergasta. . .
* * *
Jesus, tendo elegido o sofrimento como amigo de todas as horas ensinou-
nos sem verbalismo nem retórica que sofrer é ser feliz, e em todos os instantes,
sofrendo, exaltou o amor e a bondade como rota de iluminação, pacífico e excelso,
prosseguindo imperturbável.

110

Mesmo que o teu céu esteja carregado de cúmulos em forma de dores e
preocupações, e aparentemente te encontres amesquinhado por angústias ultrizes,
caminhando em terrível soledade, levanta, estoico e cristão, a cabeça, descrispa-as
mãos e torna- as asas de amor para com elas louvar o Senhor no trabalho e no bem
com os quais alçarás voo às Regiões da liberdade após o resgate que o sofrimento
te enseja.
Recebe- o, pois, com amor e não desvaries.
Joanna de Angelis – Dimensões da Verdade – Cap. 7 – Examinando o
Sofrimento

111

3.3 Emmanuel
3.3.1 Provação e Expiação

Qual a diferença entre provação e expiação?
– A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada
do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que
comete um crime.

A lei da prova e da expiação é inflexível?
– Os tribunais da justiça humana, apesar de imperfeitos, por vezes não
comutam as penas e não beneficiam os delinquentes com o “sursis”? A
inflexibilidade e a dureza não existem para a misericórdia divina, que, conforme a
conduta do Espírito encarnado, pode dispensar na lei, em benefício do homem,
quando a sua existência já demonstre certas expressões do amor que cobre a
multidão dos pecados.
Emmanuel – O Consolador – Perg. 246/247

112

3.3.2 Expiação

O problema da expiação não é privativo dos irmãos encarcerados nas
enxovias do mundo.
A justiça humana, em verdade, apenas corrige o companheiro infeliz que
caiu, desprevenido, nas malhas do delito espetacular.
Entretanto, nas reentrâncias de cada instituto doméstico, a crueldade oculta
ergue trincheiras de ódio e separação, tanto quanto desabotoa tormentas de sangue
e lágrimas, gerando as garras da enfermidade, tantas vezes mensageiras da morte.
Aqui é a ingratidão para com os entes mais caros; ali, é a calúnia retalhando
a esperança alheia.
Além, é a deserção do dever, fazendo com que os ombros do próximo
sangrem, feridos, ao peso de cargas acumuladas; mais além, é a atitude agressiva,
sustentada com dureza e paixão, exterminando a sementeira de paz naqueles que às
vezes nos pedem unicamente um sorriso de bondade ou um gesto de perdão para
que se renovem perante Deus.
É aí, nesses redutos silenciosos da batalha de cada dia, que, muitas vezes
enganamos e traímos, indiferentes à dor que implantamos naqueles que nos
partilham a marcha, amealhando fel e inquietação, de mistura com as bênçãos de
amor e trabalho que procuramos entesourar.
No entanto, a justiça Divina sabe joeirar nossos atos. E, nós mesmos,
embora o carinho dos benfeitores abnegados que nos acolhem, no Mais Além, sem
recursos para desculpar-nos, na intimidade da consciência, suplicamos o recomeço,
renascendo na Terra, junto daqueles que se nos fazem credores nas trilhas da vida.
Sejam quais forem as nossas dificuldades no campo íntimo, saibamos
aceitá- las de ânimo firme, incinerando no crematório da renúncia os nossos próprios
desejos para que a felicidade dos outros nos assegure a própria felicidade,
porquanto, conduzidos pela morte, ao império da Grande Luz, reconhecemo-nos,
tais quais somos, aplicando a nós mesmos a lei do equilíbrio que determina a quem
deve o reajuste preciso na base reta do ceitil por ceitil.
Emmanuel – Nascer e Renascer – Cap. 5 – Expiação

113

3.3.3 Inferno Antes

Reporta-se muita gente ao inferno, além do sepulcro, no entanto, é
imperioso lembrar o inferno que nós mesmos criamos antes do berço.
Em verdade, se somos individualmente examinados depois do túmulo, não
será lícito esquecer que a Justiça Divina nos observa igualmente em nossa
expressão grupal.
Dessa forma, nas linhas da experiência doméstica, no campo da luta
humana, quase sempre enxameiam, junto aos espíritos encarnados, aquelas almas
desprevenidas que com eles se acumpliciaram na delinquência e que, em lhes
precedendo os passos na viagem da morte, não se fizeram ausentes.
E o tempo, o juiz que premia méritos e retifica defeitos, reúne nas telas da
vida espiritual antigos companheiros de viciação e de ignorância, investindo cada
um na parcela de sofrimento, indispensável à precisa reparação.
Renteando com a morada terrena, dolorosos processos de purgação e
acrisolamento aglutinam os seres imprevidentes que, tomados de aflição e loucura,
suplicam a bênção da volta à carne, para o trabalho do recomeço.
Diante disso, o mesmo tempo, em nome de Deus, confere de novo aos
desertores do bem a suspirada ocasião para o reajuste, orientando-lhes o retorno
através de reaproximações gradativas.
Desse modo, pais e filhos, cônjuges e parentes, superiores e subalternos,
irmãos e amigos renascem, uns ao lado dos outros, na hora justa, cada qual
suportando o quinhão de dor regenerativa que lhes é adjudicado.
E enfermidades e provas, separações e amarguras, mutilações e desastres,
aleijões e infortúnios surgem, portas adentro das instituições e dos lares, tanto
quanto nos elos da consanguinidade e nos laços afetivos.
Fruto do passado delituoso a expiação pede a todos serenidade e renúncia
para que o horizonte se aclare na recomposição do destino.
Saibamos render culto constante ao amor fraterno, auxiliando sem paga,
porque somente construindo a alegria dos outros é que edificaremos o caminho
ditoso que nos liberte, enfim, das algemas da sombra para a bênção da luz.
Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 29 – Inferno Antes

114

3.3.4 Na Senda Evolutiva

Quantos milênios gastou a Natureza Divina para realizar a formação da
máquina física em que a mente humana se exprime na Terra?
O corpo é para o homem santuário real de manifestação, obra-prima do
trabalho seletivo de todos os reinos em que a vida planetária se subdivide.
Quanto tempo despenderá, desse modo, a Sabedoria Celeste na estruturação
do organismo da alma?
Da sensação à irritabilidade, da irritabilidade ao instinto, do instinto à
inteligência e da inteligência ao discernimento, séculos e séculos correram
incessantes.
A evolução é fruto do tempo infinito.
A morte da forma somática não modifica, de imediato, o Espírito que lhe
usufruiu a colaboração.
Berço e túmulo são simples marcos de uma condição para outra.
Assim é que, para as consciências primárias, a desencarnação é como se fora
a entrada em certo período de hibernação. Aves sem asas, não se elevam à altura.
Aguardam o momento de novo regresso ao ninho carnal para a obtenção de recursos
que as habilitem para os grandes voos.
Crisálidas espirituais, imobilizam -se na feição exterior com que se
apresentam, mas no íntimo conservam as imagens de todas as experiências que
armazenaram nos recessos do ser, revivendo-as em forma de pesadelos e sonhos,
imprimindo na mente as necessidades de educação ou reparação, com que devem
comparecer no cenário da carne, em momento oportuno.
Para semelhantes inteligências, a morte é como que a parada compulsória,
por algum tempo, diante de mais altos degraus da escada evolutiva que ainda não
se acham aptas a transpor.
Sem os instrumentos de exteriorização, que lhes cabe desenvolver e
consolidar, essas mentes, quando desencarnadas, sofrem consideráveis alterações
da memória.
Quase sempre, demoram-se nos acontecimentos que viveram e, de alguma
sorte, perdem, temporariamente, a noção do tempo.
Cristalizam- se, dessa maneira, em paixões e realizações do passado que lhes
é próprio, para renascerem, na arena da luta material, com as características do

115

quadro moral em que se colocam, desintegrando erros e corrigindo falhas,
edificando, pouco a pouco, as qualidades sublimes com que se transportarão às
Esferas Mais Altas.
Em razão disso, os Espíritos delinquentes ressurgem nas correntes da vida
física, reproduzindo no patrimônio congenial as deficiências que adquiriram à face
da Lei.
O malfeitor conservará consigo longo remorso por haver desequilibrado o
curso do bem, impondo lamentável retardamento ao avanço espiritual que lhe diz
respeito e, com essa perturbação, represará na própria alma grande número de
imagens que, na zona mental dele mesmo, se digladiarão mutuamente, inibindo, por
tempo indeterminável, o acesso de elementos renovadores ao campo do próprio
“eu”.
Purificado o vaso íntimo do sentimento, renascerá na paisagem das formas,
com o defeito adquirido através do longo convívio com o desespero, com o
arrependimento ou com a desilusão, reajustando o corpo perispirítico, por
intermédio de laborioso esforço regenerativo na Esfera carnal.
Os aleijões de nascença e as moléstias indefiníveis constituem transitórios
resultados dos prejuízos que, individualmente, causamos à corrente harmoniosa da
evolução.
De átomo a átomo, organizam-se os corpos astronômicos dos mundos e de
pequenina experiência em pequenina experiência, infinitamente repetidas, alarga-
se-nos o poder da mente e sublimam-se-nos as manifestações da alma que, no escoar
das eras imensuráveis, cresce no conhecimento e aprimora- se na virtude,
estruturando, pacientemente, no seio do espaço e do tempo, o veículo glorioso com
que escalaremos, um dia, os impérios deslumbrantes da Beleza Imortal.
Emmanuel – Roteiro – Cap. 4 – Na Senda Evolutiva

116

3.3.5 Na Terra e no Além

Interessado em desfrutar vantagens transitórias no imediatismo da
existência terrestre, quase sempre o homem aspira à galhardia de apresentação e a
porte distinto, elegância e domínio, no quadro social em que se expressa; entretanto,
conduzido à Esfera Superior, pela influência renovadora da morte, identifica as
próprias deficiências, na tela dos compromissos inconfessáveis a que se junge, e
implora da Providência Divina determinados favores na reencarnação, que
envolvem, de perto, o suspirado aprimoramento para a Vida Maior.
É assim que cientistas famosos, a emergirem da crueldade, rogam
encarceramento na idiotia;
Políticos hábeis, que abusaram das coletividades a que deviam proteção e
defesa, suplicam inibições cerebrais que os recolham a precioso ostracismo;
Administradores dos bens públicos que não hesitaram em esvaziar os cofres
do povo, a favor da economia particular, solicitam raciocínio obtuso que lhes
entrave a sagacidade para o furto aparentemente legal;
Criminosos que brandiram armas contra os semelhantes requisitam braços
mutilados, assinando aflitivas sentenças contra si mesmos;
Suicidas que menosprezaram as concessões do Senhor, atendendo a
deploráveis caprichos, recorrem a organismos quebrados ou violentados no berço,
para repararem as faltas cometidas contra si mesmos;
Tribunos da desordem pedem os embaraços da gaguez;
Artistas que se aviltaram, arrastando emoções alheias às monstruosidades
da sombra, invocam a internação na cegueira física;
Caluniadores eminentes, que não vacilaram no insulto ao próximo,
requerem o martírio silencioso dos surdos-mudos;
Desportistas eméritos e bailarinos de prol, que envileceram os dons
recebidos da Natureza, exoram nervos doentes e glândulas deficitárias que os
segreguem a distância de novas quedas morais;
Traidores que expuseram corações respeitáveis, no pelourinho da injúria,
demandam a própria detenção no catre dos paralíticos;
Mulheres que desertaram da excelsa missão feminina, a se prostituírem na
preguiça e na delinquência, solicitam moléstias ocultas que lhes impeçam a
expansão do sentimento enfermiço,

117

E expoentes da beleza e da graça que corromperam a perfeição corpórea,
convertendo-a em motivo para transgressões lamentáveis, requestam longos
estágios em quadros pênfigosos que lhes desfigurem a forma, de modo a expiarem
nas chagas da presença inquietante as culpas ominosas que lhes agoniam os
pensamentos…
Ajudai-vos, assim, buscando no auxílio constante aos outros o pagamento
facilitado das dívidas do pretérito, porquanto, amanhã, sereis na Espiritualidade as
consciências que hoje somos, abertas à fiscalização da Verdade, com a obrigação
de conhecer em nós mesmos a ulceração da treva e a carência da luz.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 26 – Na Terra e no Além

118

3.3.6 No Problema da Dor

Para liquidar o problema da dor, ninguém deprecie a responsabilidade que
lhe compete.
O Universo é regido pela Justiça Divina, e, nos tribunais do Perfeito
Equilíbrio, todo sofrimento é resgate entre as criaturas, quando não seja luminosa
missão de amor dos Espíritos angélicos.
Para ilustrar o conceito, recordemos que as doenças no mundo requerem
medidas especiais.
O embaraço gástrico pede medicação laxativa.
A arteriosclerose exige tratamento adequado.
A apendicite reclama a intercessão operatória.
A escabiose aguarda recurso balsamizante.
O carcinoma pede extirpação e limpeza.
A loucura roga amparo e insulamento.
Para a legião das moléstias comuns, surge todo um exército de especialistas
e enfermeiros, socorros e intervenções.
Assim também, na Vida Espiritual, cada consciência culpada que lhe
alcança os domínios pelos braços da morte, implora a assistência na farmácia da
vida.
A dor é procurada como remédio valioso e a reencarnação é o caminho em
que deve ser encontrada.
Quem abusou da fortuna material, pede a cooperação da extrema pobreza.
Quem relaxou a saúde, clama pela enfermidade como medida capaz de
garantir-lhe o reajuste.
Quem se arrojou à delinquência, na alucinação da beleza física, pede o corpo
disforme que lhe assegure o retorno à tranquilidade.
Quem aviltou a inteligência, suplica as inibições mentais do cérebro curto,
como serviço indispensável à própria restauração.
Quem se valeu do poder para espalhar aflições e lágrimas, requisita a
desvalia social com problemas difíceis em que lágrimas e aflições lhe regenerem o
campo íntimo.

119

Recebe, pois, o tipo de experiência que escolheste na Terra, em benefício de
tua própria recuperação para Deus, sem desfalecer no trabalho que a Justiça te
reservou.
Acolhe a dor e a luta por sábias instrutoras da vida e não lhes menoscabes o
concurso santificante.
A sombra de ontem te procura o asilo de hoje e somente ao preço de teu
sacrifício na tarefa redentora, pelo próprio dever bem cumprido, é que atingirás,
valoroso e feliz; a Plena Luz de Amanhã.
Emmanuel – Páginas de Fé – Cap. 1 – No Problema da Dor

120

3.3.7 Dentro da Luta


“Não peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal.”
– Jesus. (JOÃO, capítulo 17, versículo 15.)

Não peças o afastamento de tua dor.
Roga forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo , a fim de que lhe
não percas as vantagens do contato.
Não solicites o desaparecimento das pedras de teu caminho.
Insiste na recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.
Não exijas a expulsão do adversário.
Pede recursos para a elevação de ti mesmo, a fim de que lhe transformes os
sentimentos.
Não supliques a extinção das dificuldades. Procura meios de superá- las,
assimilando-lhes as lições.
Nada existe sem razão de ser.
A Sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto
quanto a tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza
física.
A árvore, desde o nascimento, cresce e produz, vencendo resistências.
O corpo da criatura se desenvolve entre perigos de variada espécie.
Aceitemos o nosso dia de serviço, onde e como determine a Vontade Sábia
do Senhor.
Apresentando os discípulos ao Pai Celestial, disse o Mestre: — "Não peço
que os tires do mundo, mas que os livres do mal.”
A Terra tem a sua missão e a sua grandeza; libertemo-nos do mal que opera
em nós próprios e receber-lhe-emos o amparo sublime, convertendo- nos junto dela
em agentes vivos do Abençoado Reino de Deus.
Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 162 – Dentro da Luta

121

3.3.8 Em Plena Prova

Aguardas a melhora que parece tardia...
Suspiras em vão pelo amigo ideal...
Anseias inutilmente pela concórdia doméstica...
Clamas debalde pelo socorro em serviço...
Todavia, mesmo nos transes mais duros, espera com paciência.
*
Ontem devastamos lares alheios.
Hoje é preciso reconstruí-los.
Ontem traçamos caminhos de lodo e sombra aos pés dos outros.
Hoje é preciso purificá-los.
Ontem retínhamos sem proveito a fortuna de todos.
Hoje é preciso devolvê-la em trabalho, acrescida de juros.
Ontem cultivamos aversões.
Hoje é preciso desfazê- las, a preço de sacrifício.
Ontem abraçamos o crime, supondo preservar-nos e defender-nos.
Hoje é preciso reparar e solver.
Ontem cravamos no próximo o espinho do sofrimento.
Hoje é preciso experimentá-lo por nossa vez.
*
Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro.
Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da
consulta, imploraste, antes do berço, a prova que te agracia.
Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissionaste o próprio destino
para que te entregasse à existência o problema inquietante e a frustração
temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente amargoso
e a doença difícil.
Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão.
Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já
desfrutas.
Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em
que te refazes.
*

122

Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na
sentença que indicaste a ti próprio diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde
e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria, mas pede a Deus,
acima de tudo, o apoio da humildade e a força da paciência.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75 – Em Plena Prova

123

3.3.9 Perante a Dor

A dor é uma benção que Deus nos envia – diz-nos o verbo iluminado da
Codificação Kardequiana, e ousaríamos acrescentar que é também o remédio que
solicitamos no limiar da existência terrestre.
Espíritos enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas e
as provações suscetíveis de propiciar-nos a alegria da cura e a benção do resgate.
Entre votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o
reencontro com antigos desafetos de nossa estrada, pedimos as deformidades
orgânicas, as moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo inquietante,
os golpes da calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos mais amados e os
enigmas do sofrimento junto daqueles que se erigem à posição de nossos credores
na Contabilidade Divina.
Entretanto, em plenitude das energias físicas, quase sempre recuamos ante
os cálices de amargura, exigindo conforto imediatista e vantagens materiais, à
feição de doentes enceguecidos recusando o medicamento que lhes prodigalizará a
recuperação, ou à maneira de alunos preguiçosos e imprudentes fugindo
sistematicamente à lição...
Lembremo-nos, pois, de que a luta é concessão celeste e de que a dificuldade
é benfeitora do coração.
Aceitamo-las no caminho, não apenas com a noção de justiça que, por vezes,
exageramos até a flagelação da secura, nem somente com o bordão da coragem que,
em muitas ocasiões, transformamos em perigosa temeridade mas, acima de tudo,
com a humildade da paciência que tudo compreende para tudo ajudar e purificar,
na jornada de nossa cruz redentora, pela qual, entre a serenidade e o amor,
encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa.
Emmanuel – Através do Tempo – Cap. 39 – Perante a Dor ( Psicografia
em Reunião Publica Data – 12- 9-1958 Local – Centro Espírita Uberabense)

124

3.3.10 Cada Existência


É como se retivesses milenárias esperanças, procurando explodir, e, por
essa razão, sofres a impossibilidade transitória de alcançar o ideal a que te
propões.
2 Queres realizar os melhores sonhos, aspiras ao estudo edificante do
Universo, anseias atingir as culminâncias da Ciência e da Arte, atormentas- te
pela aquisição da felicidade e choras pela integração da própria alma no amor
supremo…
3 Entretanto, quase sempre tens ainda o coração preso à dívida, à feição
do diamante engastado ao seixo.
Há problemas que solicitam toda uma existência de renuncia constante ,
para que o fio do destino se alimpe e desembarace.
À vista disso, não desertes da prova que te segrega, temporariamente, na
grande tribulação.
O lar pejado de sacrifícios, a família consangüínea a configurar-se por forja
ardente, a viuvez expressando exílio, a obrigação qual golilha atada ao pescoço, o
compromisso em forma de algema e a moléstia semelhando espinho na própria
carne constituem liquidações de longo prazo ou ajuste de contas a prestações, para
que a liberdade nos felicite.
Resgata, pois, sem revolta, o próprio caminho.
Enquanto há inquietação na consciência, há resto a pagar.
Agradece, assim, as dificuldades e as dores que te rodeiam.
Cada existência, no plano físico, pode ser um passo adiante, que te projete
na vanguarda de luz.
Misericórdia na Justiça Divina, consolações inefáveis, braços amigos,
diretrizes renovadoras e auxilio constante não te faltam, em tempo algum; contudo,
está em ti mesmo aceitar, adiar, reduzir, facilitar ou agravar o preço da tua
libertação.
Emmanuel – Justiça Divina – Cap. 15 – Cada Existência

125

3.3.11 Uniões de prova

Aspiras a convivência dos Espíritos de Eleição com os quais te harmonizas
agora, no entanto, trazes ainda na vida social e domestica, o vínculo das uniões
menos agradáveis que te compelem a frenar impulsos e a sufocar os mais belos
sonhos.

Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.

Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstancias de hoje
nos constrangem a revisar.

O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo
homem de outras existências, de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a
feição agressiva e cruel.

Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos,
idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores
experiências terrestres, que impeliste friamente à pavorosas quedas morais.

A companheira intransigente e obsidiada, a envolver-te em farpas
magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos
juramentos de amor, enredando- lhe os pés em degradação e loucura.

Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam
a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quais plantastes o
espinheiral do despotismo e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o
sentimento, ao preço de bondade e perdão sem limites.

Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o
mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar para que o tempo,
à feição de professor devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões
psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem
a alma.

126


À frente, pois, das Uniões menos simpáticas, saibamos suportá- las, de
ânimo firme.
Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas
justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias
para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência nos aflige, na expectativa de afastar-nos da
obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida permanece.
Emmanuel – Livro da Esperança – Cap. 76 – Uniões de Prova

127

3.3.12 Remuneração Espiritual

“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.”
Paulo (II Timóteo, 2.6)
Além do salário amoedado o trabalho se faz invariavelmente, seguido de
remuneração espiritual respectiva, da qual salientamos alguns dos itens mais
significativos:
− acende a luz da experiência;
− ensina-nos a conhecer as dificuldades e problemas do próximo,
induzindo-nos, por isso mesmo, a respeitá-lo;
− promove a autoeducação;
− desenvolve a criatividade e a noção de valor do tempo;
− imuniza contra os perigos da aventura e do tédio;
− estabelece apreço em nossa área de ação;
− dilata o entendimento;
− amplia-nos o campo das relações afetivas;
− atrai simpatia e colaboração;
− extingue, a pouco e pouco, as tendências inferiores que ainda
estejamos trazendo de existências passadas.
Quando o trabalho, no entanto, se transforma em prazer de servir, surge o
ponto mais importante da remuneração espiritual — toda vez que a Justiça Divina
nos procura no endereço exato para execução das sentenças que lavramos contra
nós próprios, segundo as leis de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao
próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo
indeterminado.
E, quando ocorre, em momento oportuno, o nosso contato indispensável
com os mecanismos da Justiça Terrena, eis que a influência de todos aqueles a
quem, porventura, tenhamos prestado algum benefício aparece em nosso auxílio, já
que semelhantes companheiros se convertem espontaneamente em advogados
naturais de nossa causa, amenizando as penalidades em que estejamos incursos
ou suprimindo- as, de todo, se já tivermos resgatado em amor aquilo que
devíamos em provação ou sofrimento, para a retificação e tranquilidade em nós
mesmos.

128

Reflitamos nisso e concluamos que trabalhar e servir, em qualquer parte,
ser-nos-ão sempre apoio constante e promoção à Vida Melhor.
Emmanuel – Perante Jesus: Cap. 4 – Remuneração Espi ritual

129

3.4 André Luiz
3.4.1 Bem-Aventurados

Bem-aventurados os aflitos
Que, chorando – não se desanimam,
Que, ofendidos – não revidam,
Que, esquecidos pelos outros – não olvidam os
deveres que lhes são próprios,
Que, dilacerados – não ferem,
Que, caluniados – não caluniam,
Que, desamparados – não desamparam,
Que, acoitados – não praguejam,
Que, injustiçados – não se justificam,
Que, traídos – não atraiçoam,
Que, perseguidos – não perseguem,
Que, desprezados – não desprezam,
Que, ridicularizados – n ão ironizam,
Que, sofrendo – não fazem sofrer…
Até agora, raros aflitos da Terra conseguiram merecer as bem-aventuranças
do Céu, porque, realmente, com amor puro somente o Grande Aflito da Cruz se
entregou ao sacrifício total pelos próprios verdugos, rogando perdão para a
ignorância deles e voltando das trevas do túmulo para socorrer e salvar, com sua
ressurreição e com o seu devotamento, a Humanidade inteira.
André Luiz – Através do Tempo – Cap. 9 – Bem –Aventurados
(Psicografia em Reunião Publica Data – 17- 12-1951, Local – Centro Espírita
Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas)

130

3.4.2 A Dor-Evolução, a Dor-Expiação, a Dor-Auxílio
– A dor é ingrediente dos mais importantes na economia da vida em
expansão.
O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto
a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios
órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser,
sem a qual não existiria progresso.
Em nosso estudo, porém, analisamos a dor-expiação, que vem de dentro
para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo- a em complicados
labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça...
É muito diferente...
– Curioso! – exclamou Hilário – não havia pensado ainda em semelhantes
conceitos...
Dor-evolução, dor-expiação...
– Como temos ainda dor-auxílio – atalhou Druso, benevolente.
– Como assim?
E percebendo a surpresa que se nos estampava no rosto, o orientador aduziu:
– Em muitas ocasiões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire
compromissos vultosos nesse ou naquele sentido.
Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da
experiência, perdendo em outros.
Às vezes, interessamo-nos vivamente pela sublimação do próximo,
olvidando a melhoria de nós mesmos.
É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à
nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no
envoltório físico, seja para evitar- nos a queda no abismo da criminalidade, seja,
mais freqüentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que
não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte.
O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a
senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes,
dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido
na existência do corpo denso, habilitando- se, através de longas reflexões e benéficas
disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.
André Luiz – Ação e Reação – Cap. 19 – Sanções e Auxílios

131

3.4.3 Junto a um Leito de Dor

Felizes da Terra! Quando passardes ao pé dos leitos de quantos atravessam
prolongada agonia, afastai do pensamento a idéia de lhes acelerardes a morte!...
Ladeando esses corpos amarrotados e por trás dessas bocas mudas,
benfeitores do plano espiritual articulam providências, executam encargos
nobilitantes, pronunciam orações ou estendem braços amigos!
Ignorais, por agora, o valor de alguns minutos de reconsideração para o
viajor que aspira a examinar os caminhos percorridos, antes do regresso ao
aconchego do lar.
Se não vos sentis capacitados a oferecer-lhes uma frase de consolação ou o
socorro de uma prece, afastai-vos e deixai-os em paz!...
As lágrimas que derramam são pérolas de esperança com que as luzes de
outras auroras lhes rociam a face!...
Esses gemidos que se arrastam do peito aos lábios, semelhando soluços
encarcerados no coração, quase sempre traduzem cânticos de alegria, à frente da
imortalidade que lhes fulgura do Além!...
Companheiros do mundo, que ainda trazeis a visão limitada aos arcabouços
da carne, por amor aos vossos sentimentos mais caros, dai consolo e silêncio,
simpatia e veneração aos que se abeiram do túmulo!
Eles não são as múmias torturadas que os vossos olhos contemplam,
destinadas à lousa que a poeira carcome...
São filhos do Céu, preparando o retorno à Pátria, prestes a transpor o rio da
Verdade, a cujas margens, um dia, também vós chegareis!...
André Luiz – Sexo e Destino – 2º Parte – Cap. 7

132

3.5 Hermínio de Miranda
3.5.1 Terapia Homeopata da Dor

Recente pesquisa divulgada por uma rede nacional de televisão levou ao
público a mensagem da Homeopatia. Para muita gente deve ter constituído surpresa
verificar que, se o sonho de Hahnemann ainda não é uma realidade universal, como
seria desejável, os fundamentos da sua filosofia médica mostram- se perfeitamente
consolidados e sua técnica de curar permanece viva, podendo mesmo a qualquer
momento explodir num movimento de verdadeira renascença.
Eis a esperança para a humanidade que, na ânsia de minorar suas mazelas
físicas, muitas vezes as agrava com a ingestão indiscriminada de drogas potentes
que, em lugar de combateras causas do mal, limitam-se a mascarar o efeitos e a
acarretar complicações funcionais.
Ao que tudo indica, Hahnemann–Espírito não deve estar preocupado com a
temporária desatenção a que foi relegada a sua doutrina. Era de esperar-se que assim
acontecesse, dado que em todo impulso rumo à verdade é preciso levar em conta as
imperfeições humanas e as dificuldades que o bem precisa vencer para impor-se.
Ele sabe que essa fase é transitória e, na escala dos séculos, efêmera.
Hahnemann integrou a plêiade de Espíritos luminosos que se incumbiram
de transmitir a Kardec a síntese de sabedoria que constitui o Espiritismo. Na
verdade, foi quem confirmou ao Prof. Rivail sua posição no esquema da Terceira
Revelação.
Em mensagem mediúnica recebida pela Senhora W. Krell (1), Hahnemann,
que informa ter sido a reencarnação de Paracelso, lamenta alguns desvios que então
se praticavam na Homeopatia, mas deixa bem claro que sua visão se projeta muito
mais longe, ao informar que a medicina do futuro será essencialmente espiritual.
Não há como contestá-lo. Com toda a sua carga materialista, as mais
esclarecidas correntes da medicina moderna admitem hoje a origem psicossomática
de inúmeras doenças, como se pode evidenciar, aliás, pela ampla disseminação de
tranquilizantes e psicotrópicos em geral.
Já há muito a Homeopatia vem alcançando curas do corpo físico atuando
através do perispírito. Para isso, os medicamentos são praticamente
“desmaterializados” e convertidos em energia pelas sucessivas e numerosas
dinamizações.

133

Mas não é para discutir técnicas homeopáticas ou médicas que aqui estamos
a conversar. Mesmo porque não temos para isso as necessárias credenciais. É que
no silêncio interior da meditação — esse diálogo sem palavras com o nosso próprio
eu — ocorreu- nos que a lei da cura pelo semelhante, o célebre princípio
Hahnemanniano do “similia similibus curantur”, parece operar tanto nos males
físicos como nos espirituais.
Pois não é quase sempre a dor que nos livra das nossas dores?
Não é o amor dinamizado, transubstanciado em energia pura que nos cura
dos males que o amor-paixão causou em nós?
Não é, tantas vezes, o ódio alheio, ao atingir-nos de maneira inexplicável,
que nos redime do ódio que outrora espalhamos?
Não é a invalidez de hoje que elimina da nossa ficha cármica o estigma das
mutilações que infligimos em irmãos nossos em tempos outros?
Não são as carências de agora que nos compensam das penúrias materiais e
emocionais que impusemos a criaturas como nós?
Assim como a doença orgânica resulta de abusos que geram desarmonias ou
desafinamentos no sistema biológico, assim também as dissonâncias e desarmonias
espirituais criam doenças mentais e emocionais gravíssimas resultantes de abusos
de natureza ética. Num e noutro caso, o reajuste ou, melhor, a cura deve ser buscada
por meio de um remédio que, sem intoxicar a criatura, a leve a provocar em si
mesma os sintomas do mal que a infelicitou.
No caso das doenças orgânicas, Hahnemann descobriu que os remédios que
curavam eram precisamente aqueles que, tomados por indivíduo sadio, provocavam
os sintomas da doença a ser combatida.
No caso das mazelas espirituais, o “tratamento”, às vezes um tanto rude,
mas sempre justo que as leis divinas nos prescrevem, consiste em nos fazer
experimentar dores, angústias, aflições e carências que impusemos ao semelhante.
Somente assim estaremos em condições de avaliar com lucidez a extensão
e profundidade do sofrimento que causamos ao nosso irmão, ou seja, sentindo -o na
“própria pele”.
E por isso, quem destruiu lares, tem seu lar desfeito; quem se apossou de
fortunas alheias, renasce com as matrizes da miséria material; quem abusou do
poder, volta nas mais ínfimas camadas da escala social.

134

Operando, porém, em nível infinitamente mais elevado do que os
mecanismos meramente bioquímicos, os dispositivos das leis espirituais não
exigem o sofrimento a qualquer preço, implacável e inexorável, para compensar o
sofrimento.
O objetivo delas é levar o ser humano à compreensão do erro, à
conscientização do bem e, portanto, ao exercício equilibrado do livre-arbítrio. Se
por um processo espontâneo, resultante de um esforço individual, a criatura e
despertada para essa realidade e se entrega com firmeza ao trabalho regenerador,
passa a dispor de opções e alternativas marcadas com sinal positivo.
Nesse caso, em vez de ter que destruir algo em si mesmo — como a sua
visão ou a sua família —, o devedor pode dedicar -se a construir situações
semelhantes àquelas que destroçou no passado.
Desmantelou lares? Por que não organizá- los agora e sustentá-los para
recolher os que vagam sem rumo e sem agasalho pelas ruas?
Sacrificou vidas as suas ambições desgovernadas? Pode agora salvá- las,
curando como médico devotado ou como médium de benfeitores espirituais que por
ele operam e dão passes ou consolam e orientam.
— Livre-me Deus de aconselhar-te igual processo terapêutico – escreve
Samuel Maia. — Não procures na ação dos contrários alívio para as tuas queixas.
Hás de sarar com o emprego dos semelhantes. Alguma vez serei homeopata na
minha vida de médico. (2)
Inúmeras vezes as nossas vítimas já seguiram à frente e até mesmo voltam
sobre seus passos para ajudarem a servir àquele que as feriu. Não estão mais
interessados em se vingarem, em receber a restituição na dura lei do “olho por
olho”, em assistir ao funcionamento do retorno.
Mas o que errou, deve à lei a reparação, porque ao fazê-lo criou
automaticamente a matriz do resgate. Se não pode desfazer o que fez, poderá
sempre refazer a caminhada sem tomar a cair na mesma falha.
Sem dúvida alguma essa reparação será exigida, um dia, na sua forma
corretiva, através da dor, ou na sua forma construtiva, na dinâmica do amor ao
próximo. “Não sairás de lá enquanto não pagares até o último ceitil”, advertiu o
Cristo. Deus não deseja que a criatura sofra, mas que se redima, pois aquele que
erra é escravo do erro.

135

Ele ensinou que o Pai é um Deus de amor e de misericórdia. Nós é que
custamos muito a entender isso. Por séculos incontáveis nossos espíritos somente
tomaram conhecimento da dor quando a experimentavam em si mesmos e nunca
quando a infligiam aos outros.
Mas, como estamos todos em Deus, somos partícipes de um universo
totalmente solidário e, portanto, o sofrimento que impomos ao semelhante tem que
retomar um dia sobre nós. A não ser que, antes disso, resolvamos dissolvê-lo, com
todas as sombras que traz no seu bojo, com a pequena lamparina do amor irradiante
que conseguirmos acender em nosso espírito.
De repente, a gente irá descobrir, algo perplexo, que a lamparina, com a sua
tímida luzinha bruxuleante, com a qual tateávamos nas sombras, virou uma estrela
em nossas mãos... Como foi que isso aconteceu? E quando? E onde? Teria sido
coincidência, ou foi porque resolvemos, afinal, experimentar a prática da sabedoria
intemporal que o Cristo nos ensinou?
Hermínio de Miranda – Candeias na Noite Escura – Cap. 39 – Terapia
Homeopata da Dor
Notas:
(1) Ver "Rayonnements de la vie Spirituelle*.
(2) “Mudança de Ares", capítulo 3, página 59 , 2º edição, citado no
“Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa”, de Caldas Aulete, edição Delta

136

3.6 Marta Antunes de Moura
3.6.1 As Provas e Expiações como mecanismos Evolutivos

Um dos princípios da Doutrina Espírita é a reencarnação, entendida pelos
orientadores espirituais como necessária à evolução humana, pois “uma só
existência corpórea é claramente insuficiente para que o Espírito possa adquirir todo
o bem que lhe falta e de desfazer de todo o mal que traz em si.”[1]
Para nos auxiliar no processo ascensional, Deus nos concede o livre arbítrio,
uma vez que, se o homem “(…) tem liberdade de pensar, tem também a de agir.
(…).”[2]
Podemos, então, afirmar que o ser humano é o árbitro do seu destino e que
cada escolha, independentemente das suas motivações ou justificativas, acionam a
lei de causa e efeito em qualquer plano de vida que se situe: o físico ou o espiritual.
O uso do livre arbítrio são ações que provocam reações, no tempo e no
espaço.
As boas escolhas produzem progresso evolutivo, enquanto as escolhas
infelizes geram provações ou expiações que se configuram como mecanismos
evolutivos, moduladores da lei de causa e efeito, claramente consubstanciada no
planejamento reencarnatório de cada indivíduo.
Daí Emmanuel afirmar: “A lei das provas é uma das maiores instituições
universais para a distribuição dos benefícios divinos.”[3]
Para melhor compreensão do assunto, Emmanuel especifica também a
diferença que há entre prova (ou provação) e expiação: “A provação é a luta que
ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação
espiritual. A expiação é pena imposta ao malfeitor que comete um crime.”[4]
Percebe-se, portanto, que a prova assemelha-se a uma corrida de obstáculos
que tem o poder de impulsionar o progresso humano. As provas sempre existirão,
mesmo para Espíritos superiores, por se tratarem de desafios evolutivos.
A expiação, contudo, representa uma contenção temporária da liberdade
individual, necessária à reeducação do Espírito que, melhor utilizando o livre
arbítrio, reajusta-se às determinações das leis divinas.

137

As provações podem ser difíceis, não resta dúvida, mas, por seu
intermédio, o Espírito é colocado em situações que o afasta do estado de inércia em
que ora permanece ou se compraz, proporcionando- lhe, ao mesmo
tempo, oportunidades para que ele possa trabalhar a melhoria das suas atuais
condições de vida.
Nas expiações, o Espírito vê-se colocado prisioneiro das más ações
cometidas, pelo uso indevido do livre arbítrio.
Para que não se prejudique mais, renasce sob processos de contenção que,
obviamente, produzem sofrimentos, sobretudo se o ser espiritual ainda não
consegue apreender o valor da dor como instrumento de educação e cura
espirituais.
Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec lança outras luzes a respeito do tema,
quando explica que o arrependimento das faltas cometidas é o elemento chave para
liberar o Espírito das provações dolorosas e das expiações. O Codificador, assim se
expressa:
Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias
para apagar os traços de uma falta e suas consequências.
O arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela esperança o
caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo -
lhe a causa.(Grifos no original)[1]
Nesses termos, a libertação do Espírito, ou reparação, indica ser a etapa
final da expiação porque, perante os códigos divinos, não nos é suficiente expiar
uma falta, é preciso anulá- la, definitivamente, da vida do Espírito imortal, pela
prática do bem:
A reparação consiste em fazer o bem a quem se havia feito o mal. Quem
não repara os seus erros nesta vida por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa
existência posterior em contato com as mesmas pessoas a quem prejudicou, e em
condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o seu
devotamento, e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.[2]
Referências
[1] Allan Kardec. O Céu e o Inferno. Pt. 1, cap. III, it. 9, pág. 49.
[2] Idem. O Livro dos Espíritos. Q. 843, pág. 507.
[3] Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Q. 245, pág. 201.
[4] Ibid., q. 24, pág. 201.

138

[5] Allan Kardec. O Céu e o Inferno. Pt. 1, cap. VII – Código penal da vida
futura –, q.16ª, pág. 126.
[6] Ibid., q. 17ª, p. 12.
Marta Antunes de Moura – Site de O Reformador – 25/06/2013
Marta Antunes Moura, coordenadora das Comissões Regionais na área da
Mediunidade da Federação Espírita Brasileira (FEB), Vice- presidente da FEB.

http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/as-provas-e-expiacoes-
como- mecanismos-evolutivos/

139

3.7 Maria Dolores
3.7.1 Jornadas no Tempo

Vejo-lhes, muita vez, os grupos rumorosos...
Rogam socorro a Deus, em suplício profundo.
Querem renascimento, a fim de se esquecerem
Da culpa que os mantém presos ao chão do
mundo.

Espíritos no Além que passaram na Terra,
Estendendo a ambição e o domínio sem peias,
Recolhem, de retorno, as obras que fizeram,
Plantando espinheiras nas estradas alheias.

Suplicam renascer, em extrema penúria,
Pedem expiação que os corrija e reprima,
Rogam corpos em chaga, ostracismo e
abandono
Com a perda integral de toda a humana estima.

Imploram regressar em condições amargas,
Anelam revelar na luta que lhes doa
A nova compreensão de quem se emenda e
sofre,
Bendizendo o infortúnio em que se aperfeiçoa...

O Senhor lhes concede a bênção suplicada
E ressurgem na Terra, entre almas sofridas,
Devem buscar na paz, no amor e na humildade
A força de apagar os erros de outras vidas...
Conquanto as exceções, no entanto novamente,
Crescendo para o mundo em sombras de ilusão,
Ei-los a repetir equívocos de outrora,
Rebeldia, vaidade, orgulho, ostentação...

Não escutam a fé que lhes pede trabalho
Na obediência à luz que lhes vem da rotina,
E a vasta multidão se transvia em protestos,
Complica-se a gritar, padece, desatina...

Atentos ao passado a que se voltam,
Tentam fugir de Deus que os ampara e os
escolta...
Pobres seres que varam vida e tempo
Entre o frio da treva e o fogo da revolta!...

Alma querida, escuta!... Se na Terra
A provação é sombra que te alcança,
Não temas... É o pretérito de volta...
O presente aflitivo é a nossa própria herança...

Sofre sem reclamar, serve, prossegue...
Além da própria angústia, alma sincera,
Encontrarás, chorando de alegria,
A luz da vida nova que te espera...
Maria Dolores – Vida em Vida – Cap. 28 – Jornadas no Tempo

123

3.8 Cornélio Pires
3.8.1 Escolha das Provas

“Se pedimos nossas provas,
– Diz você, Joaquim Paixão –
Como é que se vê do Além
O assunto da aceitação?”

“Se há tanta gente na fuga
Do respeito a compromisso,
Diga, Cornélio, o que há,
Como posso entender isso?”

Compreendo, caro irmão,
Seus raciocínios extremos.
No entanto, saiba!... Nós mesmos
Pedimos o que sofremos.

Nos fatos da delinquência
É que a coisa se complica :
Reparação do infrator
É a pena que se lhe aplica.

Sem essa exceção na regra,
Na verdade vista, a fundo,
Rogamos, antes do berço,
As nossas lições no mundo.

Ao fim de cada existência,
Em conta particular,
O espírito reconhece
Os débitos a pagar.



A gente anota com susto
Quantas faltas ao dever ;
Quantos votos a cumprir,
Quanto trabalho a fazer!

Analisando a nós mesmos,

Em claro e justo juízo,
Pede-se a Deus corpo novo
Para o que seja preciso.

Aparece a concessão.
Eis que a pessoa renasce;
Por dentro, as tendências velhas

Sob a luz de nova face...

Aí, começam problemas...

Encontra-se a obrigação.
Entretanto, é muita gente
Nas ondas da deserção.

Se você quer aprender,

Segundo o Reto Pensar,
São muitos os casos tristes
Que podemos relembrar.

Você recorda o Nhô Cássio?
Pediu cegueira comprida;
Ao ver-se na provação,
Matou-se com formicida.

124

Aninha rogou viver
Com dois filhos mutilados ;
Ao ter dois gêmeos em luta

Fez dois anjos enjeitados.

Rogou fraqueza no corpo

Nhô Nico Bartolomeu ;
Sentindo- se desprezado,

Evoltou- se e enlouqueceu.


Anita pediu o encargo
De proteger João de Tina ;
Ao vê-lo pobre e doente,

Largou- se na cocaína.

Na penúria que pedira

Nosso amigo João Vilaça,
Em vez de buscar serviço,
Atolou- se na cachaça.

Pediu nervos relaxados

Nhô Sizínio Rapadura ;
Ao ver-se em corpo imperfeito,

Jogou- se de grande altura.





Léo rogou prisão no leito
E, tendo paralisia,
Atirou-se na descrença

E acabou na rebeldia.


Joana pediu procissões,
Corpo enfermo e vida em brasa,

Quando entrou na provação,
Desprezou a própria casa.

É isso aí... Paciência
Não vive conosco em vão...

Quem se aceita, espera e serve,
Melhora de condição.

De tudo, aparece um ensino

Que não se deve olvidar:
Dor de quem não se conforma

Tende sempre a piorar.
Cornélio Pires – Amanhece – Cap. 5 – Escolha das Provas

125

3.9 Antero de Quental
3.9.1 A Dor

Vi a Dor caminhando em negra estrada,
Qual megera da sombra, em noite escura,
E perguntei, ralado de amargura:
“–Por que nasceste, bruxa desvairada?”

“Por que ostentas a espada estranha e dura,
Sobre o seio da vida atormentada,
Reduzindo à miséria, cinza e nada
Todo sonho de paz e de ventura?”

Mas a Dor respondeu: – “Cala- te, amigo!
Na torturada senda em que prossigo,
O veneno do mal morre infecundo.

Sem meu gládio que salva, pouco a pouco,
O homem padeceria cego e louco
Em tenebrosos cárceres do mundo!...”

Antero de Quental – Através do Tempo – Cap. 11 – A Dor (Psicografia em
Reunião Publica Data – 28-6-1949 Local – Centro Espírita Amor ao Próximo, na
cidade de Leopoldina, Minas)

126

3.10 Jácome Góes
3.10.1 Angustias e Decepções


Ainda ecoa em minha lembrança seu dissonante lamento, através do qual,
com toda a força das emoções e impelida pela dor, você gritava o seu desabafo na
desarmonia de ostensiva revolta...
A parte sombria da história da sua vida foi sintetizada, naquele dia,
ressaltando fatos e circunstâncias que para você foram classificados de absurdos,
incompreensíveis e injustos. . .
Não quero, nesse instante, recordar os detalhes de tudo que envolveu em
sofrimento as dimensões do seu “universo" íntimo.
Como a vida continua, e ainda como a esperança é força propulsora que a
energiza e que gera as perspectivas do futuro, interessa-me, agora, tão somente,
apenas me aproximar de você com sincera fraternidade; e sem a imposição de
aconselhamentos, pedantes ou pseudo doutorais.
Quero ser franco, simples e, acima de tudo, honesto.
Honesto comigo na exposição dos meus conceitos, e com você, respeitando,
sobretudo, sua sensibilidade que está tão marcada pelos ataques relacionais, e pelo
desalento que lhe envolve a alma. . .
Vida, minha amiga, é experiência de PROVAS que nos possibilitam
aprender na teoria subjetiva da consciência e na prática "concreta" da
conscientização, a difícil arte de relacionamento com você, com os outros e com a
complexidade do pequeno mundo circundante.
Vida é sinônimo de PROVAÇÕES, que em última análise correspondem
a auto-sentenças legitimadas pelos testemunhos de todos os atos emanados do ser
humano.
Para cada infração aos princípios que regem a moral em seus diversos as-
pectos haverá, sempre, como justiça, imposição carmática do sofrimento que, se
vivido em equilíbrio e fé redime o erro passado e ilumina os caminhos do
futuro.
Todos neste mundo, em qualquer estágio evolutivo do espírito
vivenciam a indispensável experiência das PROVAS e o necessário corretivo
das PROVAÇÕES.

127

Por todas estas razões, por favor, não desanime.
O desanimo obstrui os caminhos da esperança..
Não se deixe subjugar pelo desespero. O desespero mata o raciocínio e faz
nascer os impulsos.
Não alimente a revolta. A revolta afasta- a da luz e sombreia-lhe a alma.
Lembre-se de que a cruz do nosso sofrimento é sempre proporcional à
limitação das nossas forças assim como o alivio será, também, proporcional à
nossa ativa resignação para as mudanças e à nossa verdadeira fé em Deus.
Por fim, peço licença para concluir afirmando o seguinte: quando a crise das
circunstancias atingir o seu ponto máximo, procure superar a realidade, tentando
elevar-se acima dos conflitos.
Somente assim, com a prece, com a vibração positiva; com o propósito de
assumir uma atitude serena, você poderá dominar os impulsos da impaciência,
do ódio; da mágoa e da revolta.
Nos embates mais acirrados do campo íntimo e do relacional, se usarmos o
bom senso da calma e o discernimento da sabedoria, mesmo que persistam as
dificuldades, ainda assim seremos vitoriosos; pois deixamos de usar a arma
suicida do desespero. Podemos até dizer: - FUI O MAIS FORTE VENCI!
Jácome Góes – Jornal da Cidade – Sergipe/Aracaju

128

4 Anexo – Joanna de Angelis – Biografia
São incompletas as informações sobre a situação atual de Joanna de Ângelis
na Espiritualidade. Sabemos que trata-se de um Espírito de elevadas aquisições
espirituais e que possui profundas raízes literárias e poéticas, como podemos
perceber em encarnações anteriores e através de seus livros.

4.1 Joanna de Angelis e a Codificação Espírita

Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade quando do
trabalho de implantação da Doutrina Consoladora em nosso plano.
No livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, Joanna faz uma
referência a esta tarefa nos seguintes termos:
"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se
convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas
preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite
celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a
fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as
sementes de luz do Evangelho do Reino."
Após a compilação e organização elaborada por Allan Kardec, chegaram à
edição final de O Evangelho Segundo o Espiritismo, duas mensagens de Joanna de
Ângelis, assinadas como "Um Espírito Amigo".
Identificando- se como Um Espírito Amigo, mesma denominação adotada
nas primeiras mensagens ditadas ao médium Divaldo Franco.
No capítulo 9º, item 7, intitulada "A Paciência", psicografada em Havre,
1862.

Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei
de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.
A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas.
Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a
de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos
do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.
Um Espírito Amigo – Havré, 1862

129

E no capítulo 18º, itens 13, 14 e 15, intitulada "Dar- se-á Àquele que Tem",
na cidade de Bordéus, também em 1862.

15. "Dá- se ao que tem e retira-se ao que não tem". Meditai sobre esses
grandes ensinamentos, que quase sempre vos parecem paradoxais. Aquele que
recebeu é o que possui sentido da palavra divina. Ele a recebeu porque esforçou-
se para fazer-se digno, e porque Senhor, no seu amor misericordioso, encoraja- lhe
os esforços e direção ao bem. Esses esforços contínuos, perseverantes, atraem
graças do Senhor. São como um imã, que atraísse as melhoras progressivas, as
graças abundantes, que vos tornam fortes para a subida da montanha sagrada, em
cujo cume encontrareis o repouso que sucede ao trabalho.
Um Espírito Amigo – Bordeaux, 1862

Continuando a sua trajetória iluminativa, em 1948 ela revela-se ao médium
Divaldo Franco, assinando suas primeiras comunicações como Um Espírito
Amigo e, mais tarde, em 1956, solicitada pelo médium a identificar- se, pede que
seja chamada de Joanna de Angelis, passando a desenvolver a sua grandiosa tarefa,
conhecidíssima em todo o Brasil e no Exterior, agora verdadeira Heroína da
Independência do Homem, para liberta-lo do materialismo.
Adilton Pugliese – Revista Presença Espírita – Setembro/Outubro/2003 –
Joanna de Ângelis – Um exemplo de mulher na evolução dos tempos.

130

4.2 Joanna de Angelis e as suas Vidas Passadas

Quanto às suas encarnações passadas, as informações que a Espiritualidade
e o próprio Espírito nos permitem tomar conhecimento são as seguintes:
− Joana de Cusa, Judéia, nos tempos de Cristo;
− Clara de Assis, Itália, na época de Francisco de Assis;
− Sóror Juana Inês de La Cruz, México do século 17;
− Joana Angélica de Jesus, Brasil do século 19.

4.2.1 Joana de Cusa

Esposa de Cusa, intendente de Ântipas; disfarçada entre as pessoas comuns,
encanta-se pela mensagem de Jesus, ouve- lhe os inesquecíveis discursos e converte-
se em seguidora do Cristo; foi martirizada nos circos romanos, junto com o filho e
mais de quinhentos cristãos.
Tem-se conhecimento, até o presente momento, de três referências literárias
existentes sobre Joana de Cusa: duas do evangelista Lucas, e uma do autor espiritual
Humberto de Campos, em sua obra Boa Nova.
Na primeira referência, capítulo 8º, versículos 2 e 3, Lucas relata que Joana
foi uma das mulheres seguidoras de Jesus, e que fora curada por Ele, junto com
Maria Madalena, Suzana e muitas outras.

1. Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando
as boas-novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele,
2. e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído
sete demônios;
3. Joana, mulher de Cusa, administrador da casa de Herodes; Susana e
muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus
bens.
Lucas – 8:2
Na segunda referência do Evangelista Lucas, capítulo 24º, versículo 10,
Joana é mencionada entre as mulheres que na manhã de Páscoa encontraram vazio
o sepulcro de Jesus.

131

1. No primeiro dia da semana, de manhã bem cedo, as mulheres levaram
ao sepulcro as especiarias aromáticas que haviam preparado.
2. Encontraram removida a pedra do sepulcro,
3. mas, quando entraram, não encontraram o corpo do Senhor Jesus.
10. As que contaram estas coisas aos apóstolos foram Maria Madalena,
Joana e Maria, mãe de Tiago, e as outras que estavam com elas.
Lucas – 24:10


O Espírito Humberto de Campos, através da mediunidade de Chico Xavier,
nos oferece uma excelente fonte de informações sobre Joana de Cusa, no capítulo
15 do livro Boa Nova.

Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a Jesus nas pregações
do lago, achava- se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das
mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava- se de Joana,
consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses
vitais de comerciantes e de pescadores.
Joana possuía verdadeira fé; contudo, não conseguiu forrar-se às
amarguras domésticas, porque seu companheiro de lutas não aceitava as
claridades do Evangelho.
Humberto de Campos – Boa Nova – Cap. 15 – Joana de Cusa

132

4.2.2 Clara de Assis

Joanna de Ângelis viveu no século XIII (de 16 de julho de 1194 à 11 de
agosto de 1253), na personalidade de Chiara d'Offreducci, sendo fundadora da
ordem feminina Franciscana. Mais tarde, em 15 de agosto de 1255 foi canonizada
pelo papa Alexandre IV, agora conhecida como Santa Clara de Assis (Clara de
Assis).
O Martirológico da Igreja Católica comemora-a em 14 de maio.
Proclamada padroeira da televisão pelo Papa Pio XII, em 1958.

Há, dentro de suas existências na Terra, um ponto que gostaria de realçar.
Quando em 1970 Divaldo Franco visitou o Monastério de Santa Clara, em
Assis, na Itália, o Espírito Joanna de Angelis, diante do corpo em conservação de
Clara de Assis, desvela um outro ângulo de suas existências.
Esse momento, em nosso entendimento, revela sua reencarnação como
Clara de Assis, no século XII, na cidade de Assis , na Itália.
Relatam seus biógrafos que durante a gestação, sua mãe tinha medo, era o
primeiro filho. Um dia correu à igreja . Lá ouviu uma voz: “não tenhas medo, com
felicidade serás mãe de uma menina, e esta filha há de aclarar o mundo com o seu
esplendor”.
Finalmente, no dia 16.07.1194, o castelo dos Condes de Favarone e
Hortolona comemora o grande momento: o nascimento de sua primogênita. A mãe
insistiu em chamar-lhe de Clara, pois em seus ouvidos soava a promessa: ela há de
aclarar o mundo inteiro com o seu esplendor ...
No ano de 1211, com 17 anos, ouviu um jovem de 29 anos pregar a
Quaresma na Catedral de Assis e ficou arrebatada, não apenas com a eloquência da
palavra, mas com o gesto da vida daquele jovem. O jovem era Francisco de
Assis(26.09.1182 – 04.10.1226), que desde o ano de 1206 havia criado um grande
impacto em sua cidade natal.
Jovem rico, filho do grande comerciante Pedro Bernadone que, de repente,
após retornar da guerra, no sul da Itália, passara a pregar o desapego às coisas
materiais e o amor à mais absoluta pobreza.
Em 18.03.1212, Clara toma uma decisão: abandonar a família e seguir
Francisco, o que consegue. Mais tarde ela se tornaria a primeira mulher franciscana
e, com ela, nasceria a Segunda Ordem Franciscana, a das mulheres.

133

Em 15.08.1253, ela desencarna aos 59 anos, após uma vida de prodígios e
dedicação aos pobres.
Identificamos dias interessantes e significativas conexões reencarnatórias
entre Clara de Assis e Joanna Angélica de Jesus: Em 1241, a Itália é invadida por
Frederico II, com bandos armados à busca de riqueza e aventuras e chegaram à
cidade de Assis.
Clara enfrenta a soldadesca com a imagem do Santíssimo Sacramento na
mão, na porta do Mosteiro, defendendo as irmãs de ideal e a cidade; em
20.02.1822(581 anos depois) ela enfrentaria, às portas de outro Mosteiro, o da Lapa,
em Salvador, os soldados do brigadeiro Madeira, comandante das tropas
portuguesas.
Adilton Pugliese – Revista Presença Espírita – Setembro/Outubro/2003 –
Joanna de Ângelis – Um exemplo de mulher na evolução dos tempos.

134

Pai Francisco!
Abençoai-nos!
Evocando aquela tarde de 4 de outubro de 1226 , com céu transparente e
azulado, há setecentos e oitenta e
quatro anos, três meses e um dia, quando vos preparáveis para o retorno ao
Grande Lar, murmurastes para os poucos irmãos que vos cuidavam: Fiz o que me
cabia.
E após suave pausa, entrecortada pela respiração débil, concluístes : Que
Cristo vos ensine o que vos cabe.
As Irmãs cotovias, algumas das quais vos ouviram cantar a Palavra um dia
no passado, fizeram-se presentes com outras, alegres com a vossa libertação,
voando em círculos sobre a choupana modesta em que vos encontráveis na amada
Porciúncula.
Encerrava-se naquele momento uma parte da saga incomparável do vosso
testemunho de amor ao Amigo crucificado, crucificado que também estáveis...
Toda uma epopeia de sacrifícios e abnegação ficaria inscrita nas páginas da
História, demonstrando quanto se pode fazer e viver sob a inspiração do amor de
totalidade.
Menestrel de Deus!
Neste momento em que a Ciência e a Tecnologia soberbas falharam na
tarefa de fazerem felizes os seres humanos, intercedei ao Pai por todos nós que
ainda transitamos pela senda libertadora, buscando a perdida alegria que
desfrutávamos ao vosso lado, naqueles inolvidáveis dias.
Pai Francisco!
Abençoai-vos, mais uma vez.
Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal – Cap. 2 – Epístola ao Menestrel
de Deus / Revista Reformador – 2011 – Abril – O Menestrel de Deus (Página
psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite
de 5 de janeiro de 2011, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,
Bahia. Em 04.07.2011)

135

Os ásperos caminhos da Úmbria foram-lhe a confortável senda para o
ministério de amor.
Os rigorosos invernos fizeram-se-lhe o agasalho para o espírito imbatível.
As rudes incompreensões tornaram-se-lhe o fogo purificador para o forte
metal da tarefa.
As duras renúncias e flagícios constituíram- lhe o apoio para a
dedicação total.
Os espinhos cravados nas carnes da alma transformaram-se nas rosas
sublimes do apostolado e da abnegação.
As caminhadas esmoleantes para os fustigados pela lepra e pelo abandono,
forjaram- lhe as fibras da santificação.
O amor, na sua mais absoluta expressão humana, exalçou-lhe o amor
divino emboscado no ser sensível.
As refregas da atividade infatigável, as lutas pela paz, a viagem em favor da
"terra do Senhor", o esquecimento de si mesmo, a confiança total e a visão
esplendorosa do Cristo, que o assistia, alçaram-no à posição de êmulo perfeito do
Mestre Inconfundível.
Ninguém que imitasse o amor de Jesus com tanto alento!
Amante da natureza e "trovador de Deus", o cancioneiro da humildade fez-
se a melodia sem voz de todas as vozes com os seus, aqueles com os quais
confabulava.
Pregador do exemplo, apóstolo da ação, irmão do sofrimento,
Francisco, o "pobrezinho", logrou reunir o tesouro de fé inquebrantável e de
força insuperável, que dele fez o fiel construtor de um mundo novo, que novo
mundo por pouco não destruiu completamente.
Diante dele, recorda- te de Jesus. Meditando nele, acompanha-o até Jesus. –
Orando com ele, avança para Jesus. Não aceites colocações impossíveis quando
chamado à trilha da dedicação cristã. Nas novas Porciúnculas, nas recentes vias das
Assis megalópoles, ergue no coração o eremitério para o amor e sai a cantar bênçãos
e consolações para os irmãos do mundo em agonia.
Estigmatiza- te com as feridas do sentimento em sublimação e abre as
comportas do espírito à embriaguez do amor.

136

Faze da vida um poema simples, uma canção de simplicidade, uma
oração simples exaltando os bens inconfundíveis do Evangelho, que deves
imprimir nos atos de toda hora.
Amor a Deus, amor aos homens, amor aos animais, amor a todas as coisas.
Pensando nas santas aspirações e ideais de Francisco de Assis, o "esposo da
pobreza" e o dedicado servo do Cristo, esforça-te até ao sacrifício total, rogando ao
Senhor que faça de ti "instrumento de sua paz", em louvor de todas as criaturas.
Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Pag. 227 –
Émulo de Jesus ( psicografado ao lado do túmulo aonde es tá enterrado São
Francisco de Assis – 3 de Setembro/1978 )

137

4.2.3 Juana Inês de La Cruz Em 12 de novembro de 1651 nascia no México, Juana de Asbaje y Ramires
de Santillana
Religiosa católica e escritora barroca, poetisa e dramaturga hispânica
nascida na cidade mexicana de San Miguel de Nepantha, um povoado próximo a
Amecameca, do vale do México, conhecida como A Fénix da América e também
de A Décima Musa, que atingiu seu ponto mais alto na poesia, ligada pelo estilo e
pelos temas à lírica barroca espanhola.
Filha de Isabel Ramírez de Santillana e de Pedro Manuel de Asbaje y Vargas
Machuca, militar espanhol da província basca de Guipúzcoa, em Vergara, aos nove
anos passou a viver na Cidade do México e começou a freqüentar a biblioteca de
seu avô e assim se tornou aficionada pela leitura. Desde então manifestou grande
precocidade intelectual, leu os clássicos gregos e romanos e temas teológicos.
Como autodidata aprendeu inclusive português e latim e dedicou- se ao
estudo das mais diversas disciplinas, como matemática, literatura, música,
geografia e filosofia.
Ainda adolescente demonstrou sua erudição e personalidade e ganhou muita
popularidade na corte do vice-rei, inclusive tornando- se dama de honra da vice-
rainha, a Marquesa de Mancera.
Aos 16 anos tentou entrar na universidade, mas sua condição feminina
tornou- se um obstáculo intransponível e decidiu abraçar a vida monástica.
Ingressou em um convento carmelita (1667), mas dois anos depois, por
causa da rigidez disciplinar extrema, mudou-se para o convento de São Jerônimo,
onde continuou com sua intensa atividade intelectual pelo resto de sua vida,
escrevendo versos sacros e profanos, canções a cada Natal, autos sacramentais e
peças religiosas e até comédias de capa- e-espada.
Conhecida com Monja da Biblioteca; escritora, pintora de miniaturas,
artista, de tão produtiva e influente, considerada a primeira feminista de língua
espanhola, teve sua imagem insculpida na cédula de 200 pesos e na moeda de mil
pesos.
Também serviu como administradora do convento e, vitimada por uma
epidemia quando cuidava de suas irmãs de ordem, morreu na Cidade do México
aos 44 anos, em 1695.

138

Especular sobre Sor Juana Inés de la Cruz é especular sobre a paixão. Sobre
uma paixão que a dominou e cinzelou desde a primeira infância. Enganando a mãe,
a menina Juana, de três anos de idade, pede à professora da irmã mais velha que a
ensine a ler. Numa fase de apreensão do mundo em que as demais crianças ainda
estão tentando apropriar-se do código oral, ela já deseja decifrar o código escrito.
Sor Juana começa, neste momento, a viver uma relação amorosa com a
palavra, numa entrega absoluta.
Entre seus seis e sete anos, pede acumpliciamento da mãe para vesti -la
como menino e enviá-la à Universidade. Ou seja, descobre ainda muito nova que,
para poder viver sua paixão pelo logos, deve driblar a outra metade da humanidade,
aquela que detém o poder e a chave do conhecimento: os homens.
E, vencida, resolve “desforrar-se” como ela mesma diz, seu desejo não
cumprido, vencendo agora todos os castigos e repreensões que lhe impõe a família,
metendo-se na biblioteca do avô.

Penetrar na biblioteca, decifrá-la, dominá-la, é quase penetrar, decifrar o
mundo. Juana abre a porta da biblioteca do avô e contempla o Universo.
Teresa Barreto – Letras sobre o E spelho( biografia de Juana) – Pag. 11(
Revista Presença Espírita – 2017 – Março )

"Eu não amo tesouros nem riquezas, e assim há sempre mais contentamento
em muitas riquezas pôr no pensamento que pôr meu pensamento nas riquezas."
Juana Inés de la Cruz (segundo quarteto de um de seus sonetos
filosófico-morais)

139

4.2.4 Joana Angélica de Jesus

Sóror Joanna Angélica de Jesus nasceu na cidade do Salvador a 11 de
dezembro de 1761. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, fazendo
profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição.
Pelos seus incontáveis méritos atingiu a posição de Abadessa em 1815, aos 61 anos.

Entrou para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Lapa em 1782,
pronunciando os votos um ano depois.
Entre 1798 e 1801 exerceu diversos cargos burocráticos na comunidade,
assumindo as funções de vigaria. Conduzida ao posto de conselheira em 1809,
retornou ao vicariato em 1811. Eleita abadessa, em 1814, esteve à frente do
convento até 1817, sendo reeleita três anos depois.
Em 7 de setembro de 1822, no Ipiranga, S. Paulo, D. Pedro I proclamou a
independência do Brasil, separando- o de Portugal. Porém, na Bahia, as tropas
portuguesas comandadas pelo Brigadeiro Inácio Luis Madeira de Mala (1775–
1833), resistiram tenazmente às forças mandadas por D. Pedro I. Somente em 2 de
julho de 1823 Madeira de Malo abandonou a Bahia, embarcando para Portugal com
suas tropas.
As tropas brasileiras eram comandadas pelo militar francês Pierre Labatut
(1768–1849), e o tenente Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias. Vale
lembrar que Maria Quiteria de Jesus Medeiros, a primeira mulher-soldado, sagra-
se heroína, sendo condecorada por D. Pedro I.
Durante as lutas pela independência, em 19 de fevereiro de 1823, os
soldados portugueses invadiram o convento de Nossa Senhora da Lapa.
Soror Joana Angélica sai à porta do Convento, intimando- os com a cruz
alçada, a não profanarem o abrigo de suas protegidas. Resistiu valentemente, sendo
atacada a golpes de baioneta.
Com o seu martírio deu tempo às internas de escaparem, refugiando -se no
Convento da Soledade.
Soror Joana Angélica recebeu socorros, vivendo, porém, poucas horas,
desencarnando no dia seguinte, 20 de fevereiro.
Tombando numa luta pelos ideais de liberdade, Soror Joana Angélica
tornou- se mártir da Independência do Brasil.

140

No Mundo Espiritual, sob o pseudônimo de Joanna de Ângelis, vem
contribuindo para o engrandecimento do espírito humano, de forma relevante como
Emissária do Senhor, na Obra de recristianização da Humanidade.
No Livro Falando á Terra pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier
temos no Cap. 4 – Paz e Luta, mensagem transmitida pela Personalidade Espiritual
de Joana Angélica.

Muitas vezes, a pretexto de servir a Jesus, fugimos para a sombra quieta do
claustro, abandonando a luta em que o Mestre espera de nós a colaboração salutar.
Mal nos sabe a escolha, porque, em semelhante contemplação, cultivamos
a inutilidade e acordamos, ao clarim da morte, na condição do pássaro de asas
entorpecidas.
Fora preciso que o amor não passasse de escura mentira, para crermos em
nossa salvação exclusiva, com deplorável esquecimento dos outros. Um soluço de
criança na Terra destruiria o Céu que a teologia comum criou para atender, em
caráter provisório, as nossas indagações.
A paz resulta do equilíbrio e não da inércia.
Ninguém abandone a luta, crendo conquistar, assim, a paz.
Nenhum general experimenta o soldado em relvas floridas, e alma nenhuma
se elevará ao cume da purificação, sem as provas compreensíveis e justas do
sofrimento, no combate interior às inclinações menos dignas, ante as
circunstâncias do mundo externo.
Muitos encontram luta amarga onde procuram as doçuras da paz, porque
a serenidade legítima provém das obrigações bem cumpridas no quadro de
trabalho que a realidade nos designa.
Conflitos e atritos vibram em toda a parte, porque, em todos os recantos, o
espírito suspira por ascensão.
Aceitemos os desafios do mundo sem temer o pecado, as trevas, o lodo, a
morte.
Joana Angélica – Falando à Terra – Cap. 4- Paz e Luta

141

5 Referências

Esta relação bibliográfica não está, intencionalmente, seguindo os padrões
canônicos – está numa forma mais sintética, fazendo uma correlação direta entre o
texto do trabalho e os livros/mensagens.


# Autor/Referência
1 Adilton Pugliese – Revista Presença Espírita – Setembro/Outubro/2003 –
Joanna de Ângelis – Um exemplo de mulher na evolução dos tempos
2 Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas –
Vocabulário
3 Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1ª parte – Cap. 2 – Item 4
4 Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 17
5 Allan Kardec – O Céu e o Inferno – 1º Parte – Cap. 7 – Item 3
6 Allan Kardec – O Espiritismo em sua Expressão mais Simples – Cap. 1 –
Item 40
7 Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Causas
anteriores das aflições – item 9
8 Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 258
9 Allan Kardec – O Livro dos Espíritos –2º Parte – Cap.67 –Perg. 264
10 Allan Kardec – Revista Espírita – 1863 – Setembro – Sobre a Expiação e
a Prova
11 Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo 5 – item
10
12 André Luiz – Através do Tempo – Cap. 9 – Bem-Aventurados
13 André Luiz – Estude e Viva – Cap. 40 – O Espiritismo em sua Vida
14 Antero de Quental – Através do Tempo – Cap. 11 – A Dor
15 Cornélio Pires – Amanhece – Cap. 5 – Escolha das Provas
16 Divaldo Franco – Viagens e Entrevistas – Perg. 89 – Sofrimento
17 Emmanuel – Assim Vencerás – Cap. 9 – Justiça e Misericórdia
18 Emmanuel – Através do Tempo – Cap. 39 – Perante a Dor
19 Emmanuel – Chico Xavier pede Licença – Cap. 19 – Desencarnações
Coletivas
20 Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 162 – Dentro da Luta
21 Emmanuel – Leis de Amor – Cap. 6 – Item 2 – Redenção
22 Emmanuel – Nascer e Renascer – Cap. 5 – Expiação
23 Emmanuel – O Consolador – Perg. 246/247

142

24 Emmanuel – Páginas de Fé – Cap. 1 – No Problema da Dor
25 Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 26 – Na Terra e no Além
26 Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 75 – Em Plena Prova
27 Emmanuel – Roteiro – Cap. 4 – Na Senda Evolutiva
28 Emmanuel – Segue-me – Cap. 19 – O Ponto Certo
29 Emmanuel – Vida em Vida – Cap. 29 – Inferno Antes
30 Hermínio de Miranda – Candeias na Noite Escura – Cap. 39 – Terapia
Homeopata da Dor
31 Humberto de Campos – Boa Nova – Cap. 15 – Joana de Cusa
32 Joana Angélica – Falando à Terra – Cap. 4 – Paz e Luta
33 Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Pag. 227 –
Émulo de Jesus
34 Joanna de Angelis – Alerta – 2º Parte – Cap. 7 – Nem Todos Consolados
35 Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 20 – Inconformismo e Revolta
36 Joanna de Angelis – Alerta – Cap. 39 – Amor a Vida
37 Joanna de Angelis – Alerta – Cap.6 – Almas Problema
38 Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 11 – Infortúnios
39 Joanna de Angelis – Após a Tempestade – Cap. 18 – Suicídio
40 Joanna de Angelis – Celeiros de Bênçãos – Cap. 35 – Serão Consolados
41 Joanna de Angelis – Espírito e Vida – Cap. 37 – Considerando o
Sofrimento e a Aflição
42 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 17 – Ante a Dor
43 Joanna de Angelis – Florações Evangélicas – Cap. 3 – Cristo em Casa
44 Joanna de Angelis – Jesus e Vida – Cap. 30 – Funções do Sofrimento
45 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 108
46 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 124
47 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 168
48 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 54
49 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg. 69
50 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.106
51 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.118
52 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.123
53 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.127
54 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.128
55 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.178

143

56 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.91
57 Joanna de Angelis – Joanna de Angelis Responde – Perg.99
58 Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 21 – Provações
59 Joanna de Angelis – Lampadário Espírita – Cap. 14 – Necessidade da
Reencarnação
60 Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap.45 – Glórias e Insucessos
61 Joanna de Ângelis – Liberta-te do Mal – Cap. 2 – Epístola ao Menestrel
de Deus
62 Joanna de Angelis – Messe de Amor – Cap. 53 – Provações
63 Joanna de Angelis – Momentos de Consciência – Cap. 8 – Carma e
Consciência
64 Joanna de Angelis – Momentos de Felicidade – Cap. 20 – Dor Benfeitora
65 Joanna de Angelis – No Limiar do Infinito – Cap. 6 – Necessidade de
Evolução
66 Joanna de Angelis – Oferenda – Cap. 11 – Momentos de Aflição e Prova
67 Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42 – Ascenção Espiritual
68 Joanna de Angelis – Otimismo – Cap. 42 – Ascenção Espiritual
69 Joanna de Angelis – Otimismo – Cap.51 – Desígnios de Deus
70 Joanna de Angelis – Reformador – 2000 – Agosto – Sequelas do
Sofrimento
71 Joanna de Angelis – Reformador – Maio/2016 – Provas e Expiações
72 Joanna de Ângelis – Revista Reformador – 2011 – Abril – O Menestrel de
Deus
73 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 10 – Aprendizagem
pela Dor
74 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 19 – Sofrimento
Reparador
75 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 5 – Aflição e
Consolação
76 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap. 8 – Dores e
Resignação
77 Joanna de Angelis – Roteiro de Libertação – Cap.4 – Aceita a Vida
78 Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 21 – Dores Morais
79 Joanna de Angelis – Rumos Libertadores – Cap. 5 – Aflição e
Consolação
80 Joanna de Angelis – Sob a Proteção de Deus – Cap. 9 – Infortúnios e
Benção
81 Juvanir Borges de Souza – Tempos de Renovação – Cap.13 – Auto-
Educação
82 Lacordaire – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 5 – Item 18
83 Lívia Maria Costa Souza – Revista Presença Espírita – 2017 – Março
84 Maria Dolores – Vida em Vida – Cap. 28 – Jornadas no Tempo

144

85 Marta Antunes de Moura – Site de O Reformador – 25/06/2013
86 O Espírito de Verdade – Revista Espírita – 1864 – Dezembro
87 Victor Hugo – Calvário da Libertação – 4º Parte – Cap. 7