“Se os planetas
forem resultado da
aproximação de
duas estrelas e
como sabemos, as
estrelas estão
incrivelmente
espalhadas pelo
espaço, então esse
encontro deve ser
um evento
extremamente raro.
Assim, a Astronomia não sabe
se a vida é ou não importante no
esquema das coisas, mas ela
começa a sussurrar que,
certamente, deve ser rara.”
James Jeans
Figura 2.5 - Astrônomo
americano na
Universidade de
Chicago que, junto com
Moulton, desenvolveu
uma variante da Teoria
da Catastrófe sobre a
origem dos planetas.
A visão moderna
O material Interestelar
A partir da observação da formação e evolução de
sistemas planetários em outras regiões da galáxia e da suposição
de que os mesmos processos básicos devem ter ocorrido para
a maioria das estrelas durante seu estágio de formação, foi sendo
construída a visão moderna para a origem do Sistema Solar.
Descendente direta da teoria de Laplace, esse modelo denominado “Teoria
da Condensação”, elaborada em 1948 por Fred Hoyle e Hannes Alfren e
refinada ao longo dos anos por eminentes pesquisadores como Safronov -
1969, Cameron -1969, Hayashi -1970, combina a hipótese nebular com
novas informações sobre química interestelar, eliminando a maioria dos
problemas da teoria que lhe deu origem. O ingrediente novo e fundamental
no quadro moderno é a presença da poeira cósmica interestelar na nebulosa
solar (figura 2.3).
A cena se passa há 4,5 bilhões de anos quando o universo já existe
há 15 bilhões de anos e muitos bilhões de estrelas em nossa galáxia já
existiram, evoluiram e explodiram. Seus destroços misturamra-se aos gases
primordiais do cosmos fornecendo a quantidade de substâncias necessárias
para produzir planetas e coisas vivas. Está montado o
cenário para o surgimento do nosso Sistema Solar.
A nossa galáxia assim como todo o universo,
continha origináriamente apenas Hidrogênio
e Hélio (e traços de Lítio), além da radiação.
Os elementos pesados tais como Ferro (Fe),
presente em nosso sangue, ou o Oxigênio
(O) que respiramos, e também o Silício (Si)
e o Carbono (C), foram todos produzidos no
interior de estrelas massivas (acima de 8
massas solares). O espaço entre as estrelas ou
meio “interestelar” está permeado por grãos de
pó microscópicos, compostos com esses
elementos, num processo cumulativo resultante
da destruição de determinadas estrelas, no final de
sua vida evolutiva.
É nesse meio de nuvens interestelares compostas
pelas cinzas de gerações anteriores, onde nascem as novas estrelas e é
para ele que retornam todos esses elementos quando estrelas velhas e
massivas explodem.
Nessa “reciclagem cósmica”(figura2.4), o
enriquecimento da região interestelar com elementos pesados, faz com que
estrelas mais jovens tenham uma pequena proporção desse material em
sua composição. Quando o Sol se formou, apenas 2% do Hidrogênio da
galáxia tinha se convertido em elementos pesados, mas foi o suficiente
para formar os asteróides, os planetas rochosos e os seres vivos.
As falhas do sistema
A Teoria da Catástrofe foi muito popular até a década
de 30, mas cálculos posteriores detectaram algumas falhas. Um
dos problemas estava relacionado aos gases que teriam sido
expelidos pelo Sol em função devido à aproximação ou colisão
com outra estrela. Lyman Spitzer (1914-1997) mostrou em 1939
que esses gases, por estarem muito quentes, teriam se dispersado
ao invés de concentrar-se para formar planetas. Henry Russell
(1877-1957) verificou em 1943, que se esse material fosse
arrancado do Sol com impulso suficiente, não teria entrado
em órbita, mas escapado da gravidade solar. Esses e outros
problemas mostraram-se intransponíveis, fazendo com que esse
modelo fosse abandonado e se retomasse a Teoria da Nebulosa,
com alguns ajustes.
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Fig 2.4 - As supernovas, explosões
de estrelas massivas no final da sua
vida evolutiva, lançam para o
espaço escombros com todos os
elementos pesados que geraram
dentro delas. Como uma reciclagem
cósmica, esses elemento irão fazer
parte de novas estrelas, seus
planetas, montanhas,
plantas, animais e
pessoas.