3
Em contrapartida, a este pensamento, a maioria dos teólogos
reformados tem rejeitado o conceito de “aniquilamento total” em favor do
conceito de renovação. A primeira, razão para isso, é que tanto em 2 Pedro
3.13 como em Apocalipse 21.1 o termo grego utilizado para designar a
novidade do cosmos não é νέος (néos – “novo”, “nascido recentemente”,
“jovem”, “juvenil”),
mas
sim καινὸν (kainos - “novo”, “fresco”, “recente”,
“não usado”, “não surrado”)
10
.
É verdade que tanto νέος como καινὸν às vezes são traduzidos da
mesma forma, mas há uma diferença entres estas palavras. A palavra νέος,
normalmente, significa “novo em tempo ou origem”
11
e “sem existência
previa”,
12
enquanto que a palavra καινὸν, de modo geral, significa novo em
natureza ou em qualidade.
13
Assim, expressão οὐρανὸν καινὸν καὶ γῆν
καινήν (ouranon kainon kai gen kainen - “Novo céu e nova terra”, Ap. 21.1
- ARA) significa, portanto, não a emergência de um cosmos totalmente
outro, diferente do atual, mas a criação de um universo que, embora tenha
sido gloriosamente renovado, está em continuidade com o universo
presente.
14
Nas palavras de Morris é “uma nova edição da mesma coisa”.
15
Beale também observa que os contrastantes “primeiro e segundo” e
“velho e novo” expressar esta distinção qualitativa em outros lugares em
10
Ibid.
11
VINE, W. E. An expository dictionary of new testament words. Iowa: Riverside book and bible
house, 1952. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
12
KISTEMAKER, Simon J. Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 697.
13
Behm, “Kainos”, TDNT, III, pp. 447-449, apud HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. p. 330
14
HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. p. 330
15
Morris, Leon: Revelation: An Introduction and Commentary. Downers Grove, IL : InterVarsity
Press, 1987 (Tyndale New Testament Commentaries 20), S. 231