PIGMENTAÇÕES E CALCIFICAÇÕES Prof ª D rª Cinthia Melo Integração Clínico Patológica 2024
PIGMENTAÇÕES Pigmentos = substâncias de cor própria; Distribuídos amplamente na natureza; Encontrados em células animais e vegetais, desempenhando importantes funções
PIGMENTAÇÕES Pigmentação é o processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico , de pigmentos no organismo. Pigmentação patológica pode ser sinal de alterações bioquímicas pronunciadas, sendo o acúmulo ou a redução de certos pigmentos aspecto importante em várias doenças.
PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS Podem ser : (1) derivadas da hemoglobina; (2) melanina; (3) ácido homogentísico ; (4) lipofuscina .
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTOS BILIARES Eritrócitos Um eritrócito é constituído por 60% de água e 40% de parte sólida, sendo a maior proporção desta representada pela Hemoglobina O principal papel da hemoglobina é o transporte dos gases sanguíneos, principalmente oxigênio e gás carbônico. A capacidade da hemoglobina se ligar ao oxigênio depende de uma unidade não peptídica: um grupo heme
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTOS BILIARES Bilirrubina Quando hemácias velhas passam pelo baço, macrófagos as fagocitam e metabolizam o heme em bilirrubina indireta; N ão é solúvel em água C onjugada com o ácido glicurônico no fígado; Solúvel em água A maioria da bilirrubina conjugada vai para a bile e, então, para o intestino delgado Indireta/não Conjugada Direta/Conjugada
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTOS BILIARES Bilirrubina Bilirrubina conjugada: solúvel em água, é excretada do hepatócito na forma de bile e constitui um dos pigmentos biliares Quase toda a bilirrubina formada diariamente no adulto normal (250 a 300 mg/d) é eliminada nas fezes, enquanto uma pequena quantidade é excretada na urina
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTOS BILIARES
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTOS BILIARES Bilirrubina sérica pode ser devido a que? O organismo está produzindo muita bilirrubina (geralmente por causa de hemólise); ou O organismo não está conseguindo remover a bilirrubina (geralmente por causa de obstrução das vias biliares, doença hepática ou distúrbio hereditário no processamento da bilirrubina)
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTOS BILIARES Icterícia A icterícia é a pigmentação amarela da pele, da esclerótica e das membranas mucosas, resultante do acúmulo de bilirrubina ou de seus conjugados Evidências clínicas com 3 mg/ dL ou menos
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: HEMATOIDINA É constituída pela mistura de lipídeos e um pigmento semelhante à Bb , sem ferro, que se forma em focos hemorrágicos, após degradação das hemácias por macrófagos. Aparece a partir do final da segunda ou terceira semana após o sangramento, sob a forma de cristais de cor que varia do amarelo-ouro, amarelo-alaranjado ou vermelho-alaranjado até marrom dourado. Não tem repercussões para o organismo.
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: HEMOSSIDERINA Hemossiderina e ferritina são as duas principais formas de armazenamento intracelular de ferro. Como o ferro é potencialmente tóxico, é necessário um equilíbrio constante A hemossiderina aparece à microscopia como grânulos intracitoplasmáticos grosseiros, castanho-escuros ou amarelo-dourados; pela coloração de Perls , que utiliza ferrocianato de potássio, é vista como grânulos azulados. Deposição excessiva de hemossiderina nos tecidos chama-se hemossiderose e pode ser localizada ou sistêmica .
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: HEMOSSIDERINA Hemossiderose localizada é encontrada em hemorragias em que a hemossiderina é vista no interior de macrófagos 24 a 48 horas após o início do sangramento. A transformação progressiva de hemoglobina em hemossiderina em áreas de hemorragia pode ser vista em contusões cutâneas, por exemplo
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: HEMOSSIDERINA Hemossiderose sistêmica ocorre por aumento da absorção intestinal de ferro, em anemias hemolíticas e após transfusões de sangue repetidas. O pigmento acumula-se, sobretudo, nos macrófagos do fígado, baço, medula óssea e linfonodos, mas pode ocorrer também no fígado, pâncreas, coração e glândulas endócrinas. Na maioria dos pacientes, não há distúrbio funcional dos órgãos afetados . OBS: Hemocromatose trata-se de hemossiderose sistêmica em que há aumento da absorção intestinal do ferro por defeito genético.
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTO MALÁRICO (HEMOZOÍNA) Resulta da degradação da hemoglobina ingerida por plasmódios durante o seu ciclo de vida nas hemácias, a qual sofre proteólise em vacúolos digestivos. O pigmento forma grânulos castanho-escuros e acumula-se em macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e de outros locais, onde permanece por muitos anos.
PIGMENTOS DE HEMOGLOBINA: PIGMENTO ESQUISTOSSOMÓTICO Origina-se no trato digestivo do Schistosoma a partir do sangue do hospedeiro ingerido pelo verme. Proteases do intestino do parasito degradam a hemoglobina em peptídeos, aminoácidos e heme; este forma um cristal estruturalmente idêntico à hemozoína na luz do intestino do verme. O pigmento é regurgitado pelo verme na circulação sanguínea do hospedeiro e se acumula como grânulos castanho-escuros ou pretos nas células de Kupffer , nos macrófagos do baço e nos espaços portais. A deposição do pigmento não traz repercussões para o organismo.
MELANINA Pigmento cuja cor varia do castanho ao preto e é amplamente encontrado em insetos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, bem como em plantas. Existem dois tipos de melanina: a eumelanina , insolúvel, de cor castanha a preta, com ação fotoprotetora e antioxidante , e a feomelanina , solúvel, de cor amarela a vermelha, e com efeito antioxidante .
HIPER E HIPOPIGMENTAÇÃO MELÂNICAS A produção excessiva e a redução na síntese de melanina são frequentes e associam-se a numerosas doenças. As lesões hiperpigmentadas mais comuns são efélides (sardas), manchas senis, melasma (hiperpigmentação na face) e melanomas.
HIPER E HIPOPIGMENTAÇÃO MELÂNICAS Linfonodo Metástase de melanoma
HIPER E HIPOPIGMENTAÇÃO MELÂNICAS Hipopigmentação : p . ex., albinismo e vitiligo Durante o envelhecimento, há perda progressiva da pigmentação melânica dos pelos, resultando em cabelos grisalhos e brancos.
ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Pigmento de cor castanho-avermelhada ou amarelada, que se forma em pessoas com alcaptonúria ( ocronose ). Doença rara, de herança autossômica recessiva, que ocorre por mutações no gene codificador da enzima ácido homogentísico 1,2-dioxigenase. Na falta da enzima, o ácido homogentísico acumula-se no plasma, nas cartilagens, na pele, no tecido conjuntivo e é excretado em grande quantidade na urina, podendo formar cálculos renais. Quando exposta ao ar, a urina adquire cor castanho-escura ( alcaptonúria ), pela oxidação do ácido homogentísico em benzoquinona. Alteração na cor da urina é sinal precoce da doença.
ÁCIDO HOMOGENTÍSICO
LIPOFUSCINA Também chamada lipocromo , pigmento de desgaste, pigmento do envelhecimento e ceroide . A lipofuscina é marcador de envelhecimento celular. Lipofuscina acumula-se com o tempo, em razão dos processos responsáveis por sua formação e acúmulo (autofagia e produção de moléculas de oxigênio reativas) ocorrerem ao longo da vida. Aparece como grânulos intracitoplasmáticos, pardo-amarelados, cora-se com alguns corantes de lipídeos e é autofluorescente .
LIPOFUSCINA
Pigmentos diversos penetram no organismo com o ar inspirado, com os alimentos ingeridos ou são introduzidos por via parenteral, como ocorre com as injeções e as tatuagens. As partículas depositam-se nos pontos do primeiro contato com as mucosas ou a pele, podem ficar retidas, ser eliminadas ou transportadas para outros locais pela circulação linfática, sanguínea ou por macrófagos. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS
Dos pigmentos inalados, o mais comum é o carvão . Sua deposição causa a antracose , encontrada em trabalhadores de minas de carvão e em praticamente todo indivíduo adulto morador em grandes ou médias cidades onde exista certo grau de poluição atmosférica. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS - ANTRACOSE Em trabalhadores de minas de carvão, o grande acúmulo de pigmento nos pulmões pode acompanhar-se de fibrose e levar a diminuição da capacidade respiratória
PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS - ANTRACOSE
É a deposição de sais de prata em tecidos. A causa mais comum de argiria localizada é impregnação mecânica da pele por partículas de prata em trabalhadores que lidam com esse metal e, raramente, em pessoas que usam brincos e piercings. Outras fontes de argiria são tratamento odontológico com amálgama (mistura de mercúrio e prata), uso prolongado de medicamentos tópicos que contêm nitrato de prata ou implantação cutânea de agulhas de acupuntura. Argiria sistêmica resulta de ingestão ou inalação crônica de compostos de prata solúveis. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS - ARGIRIA
PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS - ARGIRIA A pele adquire cor cinza-azulada, mais intensa em áreas expostas ao sol. A luz solar reduz a prata e forma prata metálica, que é oxidada e forma complexos de proteína-sulfeto de prata que estimulam a produção de melanina.
É a pigmentação resultante da introdução de pigmentos insolúveis na derme, acidental ou propositalmente. A tatuagem pode ser também cosmética ou usada para camuflar cicatrizes em que houve perda do pigmento melânico. As tatuagens são permanentes ou transitórias, conforme o pigmento seja introduzido, respectivamente, na derme ou na camada córnea da epiderme. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS - TATUAGEM
CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS Consiste na deposição de sais de cálcio em locais normalmente não calcificados. Calcificação é lesão muito frequente, embora geralmente não traga consequências graves . No tecido ósseo mineralizado, a calcificação se dá sobre o colágeno, formando a matriz osteoide (calcificação fisiológica).
CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS Já nas calcificações patológicas, os depósitos minerais ocorrem sobre outros substratos celulares (viáveis ou necróticos) e extracelulares (tecido conjuntivo ou secreções). Calcificação pode iniciar-se também em células vivas, podendo ser causa de morte celular. Como a concentração de cálcio é maior nas mitocôndrias do que no restante do citoplasma, elas tendem a acumular mais cálcio quando este está aumentado no interior das células. Calcificação de mitocôndrias resulta em perda de função quando muitas mitocôndrias se calcificam, a célula morre.
CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS Calcificação patológica é reconhecida por sua basofilia (forte coloração pela hematoxilina). No entanto, nem toda calcificação é constituída por fosfato de cálcio. Nas mamas e nos rins, às vezes são encontrados depósitos de oxalato de cálcio, que não se coram na coloração por hematoxilina e eosina, mas podem ser demonstrados sob luz polarizada.
CALCIFICAÇÕES PATOLÓGICAS As calcificações patológicas podem ser: distrófica , quando predominam fatores locais, como necrose; (2) metastática , em casos de hipercalcemia; (3) idiopáticas , em que nenhum desses fatores está presente.
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA É a que resulta de modificação local nos tecidos (distrofia = alteração tecidual prévia). É mais frequente que a calcificação metastática. . Infartos (necrose isquêmica) de vários órgãos também podem calcificar
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA Calcificação aparece também em cicatrizes, ateromas e cartilagens. Trombos venosos podem se calcificar, formando flebólitos . Secreções em ductos de certos órgãos podem calcificar, por vezes causando obstrução ductal . Muitos tumores são propensos a uma forma peculiar de calcificação – psamomas – comum no carcinoma papilar da tireoide, no adenocarcinoma seroso papilífero do ovário e em meningiomas .
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA
CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA É assim denominada para indicar que o cálcio reabsorvido do tecido ósseo em condições patológicas ocasiona, se não houver excreção adequada pelos rins, depósitos em outros locais. Tal calcificação ocorre caracteristicamente quando há hipercalcemia e, mais raramente, hiperfosfatemia . Em geral, quando o produto das concentrações séricas de cálcio e de fosfato fica acima de 35 ou 40 mg/ dL em adultos, ocorre calcificação metastática.
CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA Os depósitos de cálcio metastáticos podem formar-se em qualquer local, mas especialmente em pulmões, rins, córnea, artérias sistêmicas e veias pulmonares. Esses órgãos e estruturas têm em comum o fato de secretarem ácidos, criando um compartimento interno alcalinizado . Em calcificações metastáticas, a precipitação de cálcio inicia-se nas mitocôndrias. Quando há morte celular, as células acabam envolvidas pela calcificação. A deposição de sais de cálcio também ocorre no compartimento extracelular, sendo as membranas basais dos pulmões e dos rins sítios particularmente vulneráveis.
CALCIFICAÇÃO IDIOPÁTICA Consiste em depósitos de calcificação geralmente cutâneos e frequentemente múltiplos, sem lesão prévia e com níveis séricos normais de cálcio e de fosfato. As lesões podem ulcerar-se, permitindo drenagem do material calcário. Calcinose escrotal caracteriza-se por múltiplos nódulos duros que se formam na pele do escroto. Considerada idiopática, essa forma de calcificação parece relacionada, em certos casos, com cistos epidermoides que se rompem e se inflamam, com posterior calcificação do conteúdo. Os depósitos calcificados ficam circundados por macrófagos e reação gigantocelular .
CÁLCULOS Esse termo é usado para designar massas sólidas, esféricas, ovais ou facetadas, compactas, de consistência argilosa a pétrea, que se formam particularmente na vesícula biliar, nos rins e nas vias urinárias. A designação popular “pedra” na vesícula ou nos rins tem o mesmo significado. Litíase, também sinônimo, como sufixo ao nome do órgão afetado serve para indicar condições específicas: nefrolitíase (rim), colelitíase (vesícula biliar), coledocolitíase (colédoco) e sialolitíase (glândula salivar).
CÁLCULOS A composição dos cálculos varia de acordo com o órgão. Na vesícula biliar, formam-se a partir de modificações na composição da bile, sobretudo saturação de um de seus componentes, o que possibilita a precipitação de frações insolúveis. Os cálculos podem causar obstrução e cólica biliar.
CÁLCULOS Nos rins e nas vias urinárias, outro local frequente de cálculos, a composição destes é variável. A maioria dos cálculos renais é formada por cálcio, estando o oxalato de cálcio e o fosfato de cálcio envolvidos em cerca de 80% deles. Em menor número de casos, os cálculos renais são formados por ácido úrico ou por fosfato de amônio e magnésio.
CÁLCULOS Na sialolitíase , concreções sólidas formam-se nos ductos de glândulas salivares. A estagnação de secreções ricas em cálcio causa precipitação luminal, possivelmente em torno de partículas de muco ou de células degeneradas, formando sialólitos .