A UL A 6 . P AUL O D EFEND E - SE E M J ERUSA L ÉM Escol a d e Aprendizes d o Evangelho
Paul o reencontr a Tiago Obedecendo às recomendações de Tiago, Paulo de Tarso hospedou-se em casa de Mnason, antes de qualquer entendimento com a igreja. À n o it e , q u a n do e s p e s s o ma n t o de cu m p r i m e nt a ndo o comp a n h e i ro em s o mbr a s e n v o l v i a a c i d a d e , T i a go a p a r e c e u , a tit u d e m u it o h u m il d e . Tamb é m el e esta v a en v elh e cid o , exausto , doente . Paulo, ao contrário de outras vezes, experimentou extrema simpatia pela sua pessoa, que parecia inteiramente modificada pelos reveses e tribulações da vida.
O Sinédrio retoma as perseguições iniciad a s po r Saulo Tiago começou explicando o motivo de suas graves apreensões. Havia mais de um ano que os rabinos Eliakím e Enoch deliberaram reviver os processos de perseguições iniciados por ele, Paulo, quando da sua movimentada gestão no Sinédrio. A iniciativa ganhara enorme popularidade nos círculos religiosos de Jerusalém e o Sinédrio ap r o v ou a s med i da s pr o p o s t a s . O grande Tribunal começou por decretar a prisão do Apóstolo dos gentios (Paulo). Numerosos processos de perseguição individual, deixados a meio por ele, quando de sua inesperada conversão, foram restaurados e, o que era mais grave — quando falecidos os réus, era a pena aplicada aos descendentes, que, assim, eram torturados, humilhados, desonrados!
Tiago negocia com o Sinédrio em favor d e Pau lo Tiago prosseguia, esclarecendo que tudo fizera por atenuar os rigores da situação. Mobilizara influências políticas ao seu alcance, conseguindo atenuar umas tantas sentenças mais iníquas (injustas). Depois de vários entendimentos com o Sinédrio, por intermédio de amigos influentes no judaísmo, teve a satisfação de abrandar o rigor das exigências a serem aplicadas no caso dele, Paulo . Paulo de Tarso escutava-o extremamente sensibilizado. Os israelitas congregados em nossa igreja vão pedir-te, apenas, que pagues as despesas de quatro homens pobres, que fizeram voto de nazireu, comparecendo com eles no templo, durante sete dias consecutivos, para que todo o povo possa ver que continuas bom judeu e leal filho de Abraão... À primeira vista, a demonstração poderá parecer pueril; entretanto, colima, como vês, satisfazer a vaidade farisaica .
P aul o sente - se humilhad o , mas T iago orient a - o co m ternura Paulo responde que essa exigência é uma ironia profunda e visa reduzir-nos a crianças. Não é perseguição, é humilhação; é o desejo de exibir homens conscientes como se fossem meninos volúveis e ignorantes. Tiago, porém, tomando uma atitude carinhosa que Paulo jamais vira, falou com extrema ternura fraternal, revelando-se ao companheiro, por outro prisma: Sim, Paulo, compreendo tua justa aversão. O Sinédrio, com isso, pretende achincalhar nossas convicções. Sei que a tortura na praça pública te doeria menos ; entretanto, supões que isso não represente, para mim uma dor de muitos anos? Compreendi, muito cedo, desde a primeira perseguição, que a tarefa de harmonização da igreja, com os judeus, estava mais particularmente em minhas mãos. Desde o primeiro dia, tenho sido obrigado a caminhar com os fariseus muitas milhas para conseguir alguma coisa na manutenção da igreja do Cristo . Muitas vezes o Mestre nos ensinou, na Galiléia, que o melhor testemunho está em morrer devagarinho, diariamente, pela vitória da sua causa ; Deus não deseja a morte do pecador, porque é na extinção de nossos caprichos de cada dia que encontramos a escada luminosa para ascender ao seu infinito amor.
Paulo entende que a vida exige mais compr e ensã o d o qu e conhecimento A palavra de Tiago toava imantada de bondade e sabedoria e valia por consoladora revelação. Os galileus eram muito mais sábios que qualquer dos rabinos mais cultos de Jerusalém . Paulo, que chegara ao mundo religioso através de escolas famosas, que tivera sempre na mocidade, a inspiração de um Gamaliel, admirava agora aqueles homens aparentemente rústicos, vindos das choupanas de pesca, que, em Jerusalém, alcançavam inesquecíveis vitórias intelectuais, somente porque sabiam calar quando oportuno, aliando à experiência da vida uma enorme expressão de bondade e renúncia, à feição do Divino Mestre. Paulo então conclui: A juventude, a presunção de autoridade, a centralização de nossa esfera pessoal, acarretam muitas ilusões, laivando de sombras as coisas mais santas. Assiste-me o dever de curvar-me às exigências do judaísmo, conseqüentes de uma perseguição por mim próprio iniciada em outros tempos.
Paulo atende a exigência do Sinédrio A fim de satisfazer a exigência do Sinédrio, Paulo deveria purificar-se no Templo, com quatro judeus paupérrimos que haviam feito voto de nazireus, ficando o Apóstolo dos gentios obrigado a custear todas as despesas. No dia marcado Paulo apresenta-se ao templo junto com outros judeus. Assim que viu o ex- rabino humilhado, o Sinédrio pretendia impor sentenças novas. Já não lhe bastavam as imposições anteriores. No segundo dia da santificação, o movimento popular crescera no Templo em proporções assustadoras. Na véspera do último dia da purificação judaica, Paulo compareceu às cerimônias com a mesma humildade. Logo, porém, que se colocou em posição de orar ao lado dos companheiros, alguns exaltados o cercaram com expressões e atitudes ameaçadoras. Paulo entregou-se sem a mínima resistência. Num relance, considerou os objetivos profundos de sua vinda a Jerusalém, concluindo que não fora convocado tão-só para a obrigação pueril de acompanhar ao Templo quatro irmãos de raça , desolados na sua indigência. Cumpria-lhe afirmar, na cidade dos rabinos, a firmeza de suas convicções . Entendia, agora, a sutileza das circunst â nci a s qu e o conduzia m ao t e s t e m un h o .
Paul o é aped r ejado , lembr a - se de Estevã o e enver g onh a - se d a s u a an t iga ignorância Com enorme surpresa, tomado de profundas e dolorosas reminiscências, notou que os israelitas exaltados deixavam-no à mercê da multidão furiosa, justamente no pátio onde Estevão havia sido apedrejado vinte anos atrás . Engolfado nas suas lembranças, o grande Apóstolo mal sentia os bofetões que lhe aplicavam. Rápido, arregimentou as mais singulares reflexões. Sentiu-se então envergonhado pelo suplício infligido ao irmão de Abigail, oriundo de suas próprias iniciativas. Somente agora, atado ao poste do sacrifício, compreendia a extensão do sofrimento que o fanatis mo e a ignorâ nci a causa v a m ao mund o . Mal não saíra de suas reminiscências, quando a primeira pedrada o despertou para escutar o vozerio do povo. As primeiras pedras acertaram-lhe no peito e nos braços, ferindo-o com violência. ‘Esta será em nome da Sinagoga dos cilícios! —dizia um jovem, em coro de gargalhadas.’ A pedra passou sibilando e dilacerou, pela primeira vez, o rosto do Apóstolo. Um filete de sangue começou a ensopar-lhe as vestiduras. Nem um minuto, porém, deixou de encarar os carrascos com a sua desconcertante serenidade.
Paul o é salvo pelo s romanos e ganh a um importante alia d o , Clau d io Lísias Dois centuriões, obedecendo às ordens do comando, avançaram, resolutos, desatando o prisioneiro e arrebatando-o à multidão que o disputava ansiosa. O militar estava convencido de que se tratava de perigoso malfeitor. Não encontrava outra explicação para justificar tanto ódio. O Apóstolo seguiu para a Torre Antônia, escoltado pelos prepostos de César. Ia penetrar o primeiro pátio da grande fortaleza romana quando Paulo, compreendendo afinal que não fora a Jerusalém tão-só para acompanhar quatro nazireus paupérrimos ao monte Moriá, e sim para dar um testemunho mais eloqüente do Evangelho , interrogou o tribuno com humildade: Permitis, porventura, que vos diga alguma coisa? Sentindo-se num dos seus grandes momentos de testemunho, Paulo de Tarso subiu alguns degraus da escadaria enorme e começou a falar em hebraico, impressionando a multidão com a profunda serenidade e elegância do discurso. Ouvindo-lhe a palavra cinzelada de misteriosa beleza, Cláudio Lísias, tribuno romano que efetuara a prisão, experimentou sensações indefiníveis .
Por intercessão de Tiago e sob a proteção de Lí s ia s , Paul o é transferido pa r a Ces a rér i a . Tiago, que já era conhecido de Claudio Lísias, foi vê-lo pessoalmente e novamente interpôs sua generosa influência em favor de Paulo e de suas edificações evangélicas, sugerindo ao tribuno romano que Paulo fosse transferido para a Cesaréia, ao que Lísias, concordou. Alta noite, Paulo de Tarso foi chamado com grande surpresa. Cláudio Lísias explicou-lhe, em poucas palavras, o objetivo de sua decisão e a extensa caravana partiu em silêncio, rumo a Cesaréia. Em Cesaréia o governador recebeu a expedição com enorme espanto. Conhecia o renome de Paulo e não era estranho às lutas que sustentava com os irmãos de raça, mas aquela caravana de quatrocentos homens armados, para proteger um preso, era de causar admiração.
P aul o f i c a 2 ano s pres o n a C esa r éi a , mas n ão relaxou u m s ó di a em favor da difu s ã o d a Boa Nova Paulo, apesar de ser bem tratado, ainda assim amargou 2 anos de reclusão em Cesaréia, tempo esse aproveitado em relações constantes com as suas igrejas bem-amadas . Inumeráveis mensagens iam e vinham, trazendo consultas e levando pareceres e instruções. A esse tempo, o ex-doutor de Jerusalém chamou a atenção de Lucas para o velho projeto de escrever uma biografia de Jesus, valendo-se das informações de Maria ; lamentou não poder ir a Éfeso, incumbindo-o desse trabalho, que reputava de capital importância para os adeptos do Cristianismo, O médico amigo satisfez-lhe integralmente o desejo , legando à posteridade o precioso relato da vida do Mestre, rico de luzes e esperanças divinas. Terminadas as anotações evangélicas, o espírito dinâmico de Paulo encareceu a necessidade de um trabalho que fixasse as atividades apostólicas logo após a partida do Cristo, para que o mundo conhecesse as gloriosas revelações de Jesus, e assim se originou o magnífico relatório de Lucas, que é — Atos dos Apóstolos.
Com a chegad a d e u m nov o gove r nador romano, Pórcio Festo, o Sinédrio retoma os pl a no s d e aniq u ilar Paulo O novo governador, Pórcio Festo, chegou a Cesaréia em meio de ruidosas manifestações populares. Jerusalém não poderia esquivar-se às homenagens políticas e, tão logo assumira o poder, o ilustre patrício foi visitar a grande cidade dos rabinos. O Sinédrio aproveitou o ensejo para requisitar, instantemente, o velho inimigo de tantos anos. Um grupo de doutores da Lei Antiga buscou avistar-se, cerimoniosamente, com o generoso romano, solicitando a restituição do prisioneiro para julgamento do Tribunal religioso. Sabendo dos planos do Sinédrio, Lucas vai até Paulo para informá-lo da situação. Paulo de Tarso ouvia-o com atenção e serenidade; mas, quando o companheiro passou a relatar os planos do Sinédrio, o amigo do gentilismo fez-se pálido. Estava definitivamente assentado que o traidor seria crucificado, como o Divino Mestre, no mesmo local da Caveira (Gólgota). Havia preparativos para encenar fielmente o drama do Calvário. O acusado carregaria a cruz até lá, arrostando os sarcasmos da populaça e havia até quem falasse no sacrifício de dois ladrões, para que se repetissem todos os detalhes característicos do martírio do Carpinteiro.
Para evitar ser comparado com o Cristo, Paulo apela para César e segue para Roma , seu últi m o de s tino Paulo argumenta com Lucas, como encarar essa deliberação extravagante de repetir a cena do Calvário? Qual o discípulo que teria a coragem de submeter-se a essa falsa paródia com a idéia mesquinha de atingir o plano do Mestre, no testemunho aos homens? O Sinédrio está enganado. Ninguém no mundo logrará um Calvário igual ao do Cristo. Se eu tiver de testificar de Jesus, fá-lo-ei em Roma. Saberei morrer junto dos companheiros, como um homem comum e pecador; mas não me submeterei ao papel de falso imitador do Messias prometido. Desse modo, já que o processo vai ser novamente debatido pelo novo governador, apelarei para César. Lucas não conseguia compreender aquele gesto, interpretado, à primeira vista, como negativa do testemunho, mas Paulo explica: se as comunidades cristãs não puderem compreender minha resolução, prefiro passar a seus olhos como pedante e desatento, nesta hora singular de minha vida. Sou pecador e devo desprezar o elogio dos homens. Se me condenarem, não estarão em erro. Sou imperfeito e preciso testemunhar nessa condição verdadeira de minha vida. De outro modo seria perturbar minha consciência, provocando um falso apreço humano. Muito impressionado, Lucas guardou a lição inesquecível.
Paul o t e m u m a despedid a emocion a da d a Ces a réia Os dias correram, céleres, até que chegou o momento em que o centurião Júlio com a sua escolta foi buscar os prisioneiros para a viagem tormentosa. O centurião tinha plenos poderes para determinar todas as providências e, logo, evidenciando simpatia pelo Apóstolo, ordenou fosse ele conduzido à embarcação desalgemado, em contraste com os demais prisioneiros. Velhos aleijados aproximavam-se respeitosos e exclamavam: Não deveríeis partir!... Mulheres humildes agradeciam os benefícios recebidos de suas mãos. Doentes curados comentavam a colônia de trabalho que ele sugerira e ajudara a fundar na igreja de Jerusalém e proclamavam sua gratidão em altas vozes. Meninos amorosos apegavam-se-lhe à túnica, sob os olhares de mães consternadas. Todos lhe pediam que ficasse, que não partisse, que voltasse breve para os serviços abençoados de Jesus. Aqueles carinhos do povo lhe falavam brandamente à alma. Significavam que já não era o algoz implacável que, até então, não pudera compreender a misericórdia divina; traduziam a quitação do seu débito com a alma do povo. De consciência um tanto aliviada, recordou-se de Abigail e começou a chorar.
Paul o segue de navi o pa r a R oma , mas as circunstâncias o levam primeiro à Ilha de Malta Lucas possuidor de grande conhecimento de navegação e Paulo por sua intuição aconselham o Comandante do Barco a não prosseguir viagem dado o mau tempo, que não os ouviu. Passados poucos dias foram colhidos por uma perigosa tempestade que os obrigou a desviarem sua rota, arrastando-os para o mar largo. Ficam 14 dias sob tormentas e Paulo passou a exercer grande influencia sobre todos a bordo, até q u e a v i s t a m a I l ha de M a l t a . Findo o perigo, o orgulhoso comandante trama assassinar Paulo sendo impedido pelo centurião Julio que se converteu ao Cristianismo. O navio destroça-se ao chegar à praia, mas os naufragos são bem recebidos pelos nativos da ilha. Nas primeiras horas na ilha Paulo picado por uma víbora porém não sente dor e muito menos morre em decorrência. A partir daí passa a ser considerado como um deus pelos nativos. O Governador Romano da Ilha ao tomar conhecimento dos fatos manda chamar Paulo, pois seu velho pai sofria de uma doença incurável. Paulo cura o Pai do Governador e ganha a confiança de todos sendo autorizado a fundar uma nova igreja na ilha.
Paul o ruma à cidad e etern a : ROMA Paulo toma direção da capital sendo seguido por diversos cristãos que disputavam o privilégio da companhia do apóstolo. A viagem durou 7 dias e Paulo aproveitou este tempo para se informar acerca dos problemas que as comunidades viam sofrendo, bem como consolou e esclareceu a todos dos motivos da dor e do destino de cada um. Em Roma, Paulo fica em prisão domiciliar, graças à intervensão de Júlio. Instalado, Paulo passa a receber inúmeras visitas de representantes cristãos não apenas de Roma, mas de todas as regiões por onde esteve ou enviou suas epístolas. Paulo ainda escreveu a Epístolas aos Hebreus, e realizou inúmeras curas. No ano de 63, Pedro e João também chegaram a Roma o que possibilitou Paulo a deixá-los a frente do movimento cristão, partindo com Lucas, Timóteo e Demas, seu advogado, para o extremo ocidente, levando a Boa Nova. Paulo chega até as Galias, na Espanha. A prisão de João obriga-o a voltar e ele utiliza-se de toda a sua influencia para libertá-lo. Na noite de 16 de Julho de 64, Nero ordena que seja queimada parte de Roma o que causou a morte de inúmeros romanos e coloca a culpa do ocorrido nos Cristãos.
O extermí n io do s C r is t ãos Os cristãos passaram a ser caçados e massacrados. As primeiras prisões realizaram-se como flagelo maldito. Numerosas famílias refugiaram-se nos cemitérios e nos arredores da cidade meio destruída, receosas dos algozes implacáveis. Os cristãos eram entregues ao povo para o castigo que ele julgasse mais justo . Para isso, com intervalos regulares, os jardins estavam cheios de cruzes, de postes, de açoites e numerosos instrumentos outros de flagelação. Mas os cristãos pareciam possuidos de energias diferentes das conhecidas nos campos de batalhas sanguinolentas. A paciência invencível, a fé poderosa, a capacidade moral de resistência, assombravam os mais afoitos. Não foram poucos os que se entregaram ao sacrifício, cantando. Muita vez, diante de tanta coragem, os verdugos improvisados temeram o misterioso poder triunfante da morte. Terminada a chacina de agosto, com grande entusiasmo popular , continuou a perseguição sem tréguas, para que não faltasse o contingente de vítimas nos espetáculos periódicos , oferecidos ao povo em regozijo pela reconstrução da cidade. Dois meses haviam decorrido, após a festa hedionda, e o movimento das prisões aumentava dia a dia. Esperavam-se grandes comemorações.
A morte de Paulo: O corpo tolhido. O espírit o liberto Certa noite, Paulo dirigia aos irmãos a palavra afetuosa, no comentário do Evangelho de Jesus, quando foi interrompido por soldados, preso e condenado à morte. “Não podeis ferir senão o corpo. Podereis amarrar-me de pés e mãos; quebrar-me a cabeça, mas as minhas convicções são intangíveis, inacessíveis aos vossos processos de perseguição.” Na noite mais escura e silenciosa que se seguiu, um pequeno grupo de soldados deixou a prisão rumando na direção da Via Ápia, conduzindo o apóstolo para o último episódio de sua passagem pela terra. Paulo precisou encorajar o carrasco que não tinha coragem para executar seu serviço. Diz o verdugo: ‘Lastimo ter sido designado para este feito e íntimamente não posso deixar de lamentar- vos’. Paulo de Tarso, respondeu sem hesitar: ‘Não sou digno de lástima. Tende antes compaixão de vós mesmo, porqüanto morro cumprindo deveres sagrados, em função de vida eterna; enquanto que vós ainda não podeis fugir às obrigações grosseiras da vida transitória . Chorai por vós, sim, porque eu partirei buscando o Senhor da Paz e da Verdade, que dá vida ao mundo; ao passo que vós, terminada vossa tarefa de sangue, tereis de voltar à hedionda convivência dos mandantes de crimes tenebrosos da vossa época!... Não tremais!... Cumpri vosso dever até ao fim! Um golpe violento fendeu-lhe a garganta, seccionando quase inteiramente a velha cabeça que se nevara aos sofrimentos do mundo. Após anos de sofrimento e trabalho Paulo, pode enfim, superar o imenso abismo que ele havia criado entre si, sua amada e seu protetor do plano espiritual e finalmente Paulo pode reencontrá-los.