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Dinâmica de condução: A segunda atividade, tomando por base o pensamento de Hegel, apresentado aqui de maneira
simplificada, tem por objetivo estimular os estudantes a compreender como a ideia de modernidade e as explicações
históricas relacionadas à Idade Moderna refletem o eurocentrismo, além de discutir suas implicações em relação ao
colonialismo, à escravidão e à exclusão cultural de povos não europeus. Dessa forma, sublinhe que Hegel, em sua
filosofia, diferenciava a natureza e os objetos materiais, que possuem caráter único e estável, das determinações
humanas, processadas no campo do Espírito (Geist), que se expressam na liberdade e na capacidade de transformação.
Assim, o ser humano, ao contrário da natureza, molda-se e transforma sua realidade histórica por meio de sua
racionalidade e consciência devido ao “impulso de perfectibilidade". O que Hegel chamava de "progresso" surge do
desenvolvimento dialético do Espírito, que supera contradições, trazendo o "novo" e conduzindo a história em direção à
realização da liberdade. Nesse sentido, ele afirma que a história universal é o "progresso na consciência da liberdade", o
caminho por meio do qual a razão e a liberdade se tornam concretas.
Para Hegel, a liberdade só poderia ser plenamente realizada na história por meio do Estado racional, que harmoniza os
direitos individuais com a justiça, sendo, portanto, condição essencial para o progresso histórico. Sua visão hierarquizava
as civilizações de acordo com seu papel nesse processo histórico. Ele considerava a Europa moderna como o estágio
mais elevado no progresso do Espírito, enquanto outras culturas e povos, como os indígenas das Américas e grupos
tradicionais, eram vistos como estando nos estágios iniciais ou fora do fluxo central da história. Tal hierarquização foi
instrumentalizada no século XIX para justificar práticas coloniais, escravistas e eurocêntricas. Embora Hegel criticasse
explicitamente práticas de opressão, como os feitos espanhóis na América e britânicos na Índia, sua visão de uma "Europa
central" na história universal contribuiu para reforçar discursos de dominação.
Durante a atividade, ressalte a importância de discutir essa instrumentalização e estimule os estudantes a pensar
criticamente sobre como essas narrativas eurocêntricas ainda influenciam nosso entendimento histórico, refletindo sobre o
impacto dessas ideias na exclusão de outros povos e no discurso sobre modernidade e progresso. Pergunte aos
estudantes como é possível reinterpretar a história a partir de perspectivas que valorizem as vozes e contribuições de
culturas tradicionalmente marginalizadas.
SILVA, G. R. da. O progresso na Filosofia da História de G.W.F. Hegel. Filogênese, v. 10, 2017. Disponível em:
https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/5.silva.pdf. Acesso em: 31 jan. 2024.