Auto da lusitania

cidaliasilva1977 1,405 views 5 slides Feb 10, 2022
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About This Presentation

Literatura


Slide Content

Teste de avaliação – Sequência 4
Auto da Lusitânia, Gil Vicente

Lê com atenção o excerto do Auto da Lusitânia transcrito.

Lisibea Canseira
1
da minha vida
põe esses olhos no chão
2

vela-te
3
de ser perdida
e nam olhes tam garrida
4

quantos vem e quantos vão.
Lusitânia Oh que forte condição
como sois destemperada
5

e ciosa
6
sem razão.
Lisibea Eu não teria paixão
7

se te visse assossegada.

Mas tu olhas pera cá
pera aqui e pera ali
e de cá pera acolá.
Lusitânia Esse olhar que mal me está
se eu olho bem por mi?
Lisibea Oh como é de pouco aviso
dares sempre à cabecinha
e tam prestes
8
tens o riso
que quem te vir emproviso
9
logo dirá que és doudinha
10
.

Lusitânia Mãe, isso é cor de bradar
11

e tudo nam funde em nada
que sem rir, ver nem falar
todos me podem chamar
fermosa mal assombrada
12
.
Mas nam se pode negar
que o ciúme é mal enfindo
13

porque o muito ciar
14

às vezes faz acordar
o amor que jaz dormindo.
Lisibea Por mais que brava escumes
15

de te amar vem esta dor
que te faço sabedor
que dos mui muitos ciúmes
nace o mui muito amor.

GRUPO I
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Lusitânia Esse muito é de mau tom
ó mãe como estais errada
16

porque o muito nam é nada
quando quer que nam é bom.
O querer
17
há de ser são
mui seguro e confiado
isento sem sospeição
doce na conversação
e alegre no cuidado.

Lisibea Já som bem certa e segura
que o castigo é cousa cara
18
leixar-te
19
quero à ventura
que às vezes o tempo cura
o que a razão nam sara.
Teus olhos são teu perigo
eles te castigarão
20
.
Lusitânia Mãe a muita reprensão
21

busca mui poucos amigos
e esta é a concrusão.

Eis cá vem um caçador
generoso representa
22

e traz ar de gram senhor.
VICENTE, Gil – Compilaçam de todalas
obras de Gil Vicente. INCM, 1984
1. desgraça; 2. põe esses olhos no chão: trabalha; 3. acautela-te; 4. v istosa, alegre; 5. disparatada; 6. ciumenta; 7. Eu
não teria paixão: Eu não sof reria; 8. preparado, rápido; 9. de repente; 10. que és doudinha: que és lev iana;
11. Mãe, isso é cor de bradar: Mãe, isso é v ontade de ralhar; 12. mal assombrada: desagradáv el, mal humorada; 13. que
não tem f im; 14. porque o muito ciar: porque o muito resguardar, dev ido ao ciúme; 15. f erv as (sentido f igurado);
16. enganada; 17. O querer há de ser são / mui seguro e confiado / isento sem sospeição / doce na conversação: o
amor há de ser leal, agradáv el na intimidade e sem inquietações; 18. que o castigo é cousa cara: que a experiência
custa muito a atingir; 19. deixar-te; 20. Teus olhos são teu perigo / eles te castigarão: hás de sof rer muito, por causa
dos teus lindos olhos; 21. repreensão; 22. e é nobre.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.
1. Justifica o uso do imperativo na fala inicial de Lisibea, atendendo à sua relação com
Lusitânia.
2. Caracteriza o estado de espírito de Lisibea e identifica a(s) razão(ões) que o motiva(m).
3. Comenta a seguinte fala de Lusitânia, tendo em conta o recurso expressivo nela
presente: “Esse olhar que mal me está / se eu olho bem por mi?” (vv. 14-15)
4. Lisibea e Lusitânia manifestam perspetivas diferentes sobre o amor. Explicita-as.




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Faz a leitura cuidada e atenta do poema que se segue.
Elegia do ciúme
A tua morte, que me importa,
se o meu desejo não morreu?
Sonho contigo, virgem morta,
e assim consigo (mas que importa?)
possuir em sonho quem morreu.

Sonho contigo em sobressalto,
não vás fugir-me, como outrora.
E em cada encontro a que não falto
inda me turbo e sobressalto
à tua mínima demora.

Onde estiveste? Onde? Com quem?
— Acordo, lívido, em furor.
Súbito, sei: com mais ninguém,
ó meu amor!, com mais ninguém
repartirás o teu amor.

E se adormeço novamente
vou, tão feliz!, sem azedume
— agradecer-te, suavemente,
a tua morte que consente
tranquilidade ao meu ciúme.
MOURÃO-FERREIRA, David − “Elegia do ciúme”. In Obra
Poética, 1948-1988, 4.
a
Ed. Editorial Presença, 2001
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. O poema principia com uma frase interrogativa (vv. 1-2).
1.1. Explica essa interrogação, relacionando-a com os versos seguintes da primeira
estrofe (vv. 3-5).
2. Analisa o efeito expressivo resultante do uso da primeira pessoa do singular ao longo
do poema.
3. Explicita a relevância da última estrofe.
4. Comenta o título do poema, relacionando com o seu assunto.

Com base na leitura que efetuaste do Auto da Lusitânia, redige um texto de 150 a 280
palavras, em que analises o espaço da representação e o teatro dentro do teatro nessa
peça vicentina.
(Adaptado do Exame Nacional de Literatura Portuguesa, 2018, 1.
a
fase)
GRUPO II
GRUPO III

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Cotações
Questões Cotação
Grupo I Conteúdo
OCL
*

Total por questão Total do grupo
Org.
**
CL
***

1. 12 4 4 20
80 pontos
2. 12 4 4 20
3. 12 4 4 20
4. 12 4 4 20
Grupo II Conteúdo
OCL
*

Total por questão Total do grupo
Org.
**
CL
***

1. 12 4 4 20
80 pontos
2. 12 4 4 20
3. 12 4 4 20
4. 12 4 4 20
Grupo III
Conteúdo
OCL*
Total por questão
40 pontos Org.** CL***
24 8 8 40
200 pontos
(20 valores)
* Organização e correção linguística
** Coerência na organização das ideias e na estruturação do texto
*** Correção linguística (sintaxe e morfologia; léxico; pontuação; ortografia)
Sugestões de resposta

Grupo I
1. Lisibea está a dar ordens à filha Lusitânia, daí
a utilização de formas verbais no imperativo
(“põe”, “vela-te”) ou com valor de imperativo (“não
olhes”). O tom é, portanto, agressivo, traduzindo a
relação tensa entre mãe e filha.
2. Lisibea sente-se triste e em sofrimento (“Eu não
teria paixão”, v. 9) devido aos muitos e intensos
ciúmes que sente da filha. Os ciúmes explicam-se
pelo muito amor que lhe tem (“de te amar vem esta
dor”, v. 32; “que dos mui muito ciúmes / nace o
mui muito amor.”, vv. 34-35).
3. Às repreensões da mãe, Lusitânia responde,
por meio de uma antítese (mal/bem), afirmando
que o seu comportamento não está errado, já que
considera que está a fazer pela sua vida, isto é, a
pensar em si e no seu futuro.
4. Lisibea considera que os ciúmes é que mostram
a intensidade do amor (“que dos mui muito ciúmes
/ nace o mui muito amor.”, vv. 34-35) e justificam
a dor, o azedume. Lusitânia, porém, não partilha
desta opinião, considerando que os ciúmes são
um mal sem fim (“o ciúme é mal enfindo”, v. 27) e
que o amor deve estar assente na confiança, na
doçura e na alegria (vv. 40-44).
Grupo II
1. A interrogação inicial do sujeito poético traduz a
sua indiferença perante a morte do ser amado,
uma vez que essa morte não apagou o desejo que
ele sente. Por isso, ele continua a sonhar, e dessa
forma consegue possuir quem morreu. O sonho é
a forma de manter o desejo e a presença do ser
amado vivos.
2. A primeira pessoa do singular, evidente nas
formas verbais (“sonho”, “consigo”, “falto”, “turbo”,
“sobressalto”, “acordo”, “adormeço”) e
pronominais (“meu”, “me”), comunica uma
intensidade dramática ao poema, acentuando a
íntima partilha de sentimentos da parte do sujeito
poético.
3. Na última estrofe, o sujeito poético revela que
só a morte do ser amado lhe trouxe paz e acalmou
o seu ciúme (vv. 19-20). A morte impede o ser
amado de estar com alguém e de repartir o seu
amor (vv. 13-15), e, por essa razão, o sujeito
poético sente-se feliz, quando adormece e sonha
com a sua amada.
4. A elegia é um poema de assunto triste ou
doloroso, e este poema trata precisamente de um
assunto dessa natureza: o ciúme. O sujeito
poético começa por dizer que a morte do ser
amado não apagou o seu desejo, e por isso
continua a sonhar com a amada. Mas o sonho traz
consigo o ciúme (segunda estrofe) e faz com que
o sujeito poético acorde pálido e agitado (v. 12).
Só então ganha consciência de que não há razão
para o ciúme, pois a sua amada não estivera (nem
poderia estar) com mais ninguém (vv. 13-14), uma
vez que está morta, e só a morte dela trouxe
tranquilidade ao seu ciúme (vv. 19-20).
Grupo III
Resposta pessoal.
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