AVALIAÇÃO DO DESENHO INFANTIL
Curso de Capacitação
•Os autores que se dedicam a psicologia do desenho infantil
•visam objetivos diversos e estudam vários aspetos:
•O Desenho como fenómeno expressivo
•Resenha histórica
•• Fases do desenvolvimento
•• Métodos de exame e medida
•da inteligência
•• Motricidade
•• Traço e uso da mão
•• Noção do espaço
•• Função da percepção visual
•• Objeto de reprodução
•• Expressão
•• Caráter
•• Lúdico
•• Psicopatologia
•O desenho não é uma cópia do
real, mas sim a interpretação
que a criança faz da sua
realidade.
•Ao longo dos anos, tem havido um despertar do
•interesse pela arte infantil, como expressão de
•pensamentos e sentimentos (Di Leo, 1987).
•Atualmente, foi abandonado o princípio de que
•o desenho representa o produto de uma
•estética particular, sendo considerado como a
•expressão do modo como a criança percebe e
•compreende o mundo
•O Teste do Desenho como técnica projetiva, permite
•economia do tempo, simples administração e
•resultados clínicos produtivos
•Quando utilizamos o Mecanismo de Projeção, atribuímos aos outros
(pessoas, objetos,
•etc) sentimentos e intenções que na verdade pertencem a nós
mesmos. Aspetos da
•personalidade deslocam-se de dentro de nós para o meio externo no
qual estamos
•inseridos.
•Bender(1940) verificou que algumas crianças, classificadas
•pelos professores como portadoras de certos traços
•psicopatológicos, apresentavam desenhos com
•características não encontradas entre as demais crianças.
•Hanviktambém concluiu, através de um estudo
•experimental, que as crianças emocionalmente
•perturbadas não desenham a figura humana na
•proporção das suas aptidões e maturidade
•intelectual.
•Num estudo de casos para cirurgia, Meyer,
•Brown e Levine (1955) administraram um
•teste do desenho antes e depois da
•operação. Cirurgias ao ouvido, remoção de
•seios, amputação de pernas, tudo era
•refletido nos desenhos, como indicadores de
•conflito na área a ser operada.
•Verificaram que:
•→ Sombra excessiva, rasuras, linhas tremidas ou rejeição da área
•indicavam o lugar da operação.
•→ A perda de um membro ou de um órgão dos sentidos num lado
•do corpo, era projetada no mesmo lado da figura desenhada.
•→ Se o braço esquerdo do paciente tinha sido submetido a cirurgia a
•sua figura humana surgia com o braço fora do lugar, pendendo
•por um fio, escondido ou colocado atrás das costas.
•Lateralidade anatómica é consistente na caracterização do autoretratoprojetado
nos
•desenhos.
•Machoverobservou que pessoas surdas ou
•com alguma anormalidade auditiva, dedicam
•com maior frequência, uma atenção especial
•ao desenho das orelhas, enfatizando-as de
•alguma forma.
•O mesmo ocorria com o desenho da árvore. Na fase préoperatória
•desenhavam um arbusto e no pós-operatório
•uma árvore completa.
•O TESTE DO DESENHO COMO
•INSTRUMENTO DE DETERMINAÇÃO
•DO NÍVEL MENTAL
•Teste da Figura Humana
•• Avalia a maturidade intelectual (à capacidade de perceção, de
•abstração e de generalização)
•• Teste projetiva
•• Prova não verbal, de fácil aplicação, à qual as crianças aderem
•facilmente.
•• A tarefa da criança/adolescente consiste na execução de três
•desenhos: de si própria, de um homem e de uma mulher.
•• Idades 3 -15 anos Aplicação: Individual Duração: 15 min (+-)
•Teste GestálticoVisomotor
•• Avaliar a maturação percepto-motora por meio da análise da
•distorção de forma.
•• O teste é composto por 9 desenhos modelos. A criança reproduz
•cada um dos desenhos apresentados.
•Foram definidas quatro fases no desenvolvimento do
•grafismo, podendo existir recuos:
•1ª Realismo Fortuito/Involuntário
•2ª Fase Pré-figurativa ou Realismo Falhado
•3ª Realismo intelectual
•4ª Realismo visual
•1ª Fase: Realismo Fortuito/Involuntário
•• Surge entre os 18 meses e os 3 anos
•• Emergem as garatujas
•–sem significado, à medida que o tempo passa, vão sendo cada vez
mais
•controladas.
•• Surge a pré-escrita
•–já tem significado: tem o intuito de imitar a escrita, atividade que a
•criança observa, realizada por adultos considerados significativos.
•2ª Fase: Pré-figurativa ou Realismo Falhado
•• Surge entre os 3-4 anos
•• A criança utiliza o círculo
•–com o intuito de representar pessoas, animais ou objetos e começa
•também a utilizar a cruz.
•• Faz representações formais de objetos, sem relação entre si
•–desenhando-os sem os englobar num todo, dada a sua incapacidade de
•sintetizar.
•• A criança tem intenção de que o desenho seja realista
•–mas ainda não chega a sê-lo.
•• A partir dos 4/5 anos, surgem os girinos
•3ª Fase: Realismo intelectual
•• Surge dos 4 aos 7 anos
•• Há funcionalidade no que é desenhado,
•–a criança inventa o que vai desenhar, sem se desorientar.
•• Desenha de acordo com o seu modelo interno,
•–com subjetividade e não de acordo com o que é realmente visto
•(objetividade).
•• Existe uma preocupação em desenhar não aquilo que vê, mas
•aquilo que sabe do objeto.
•• Recorre à transparência, à planificação e ao rebatimento e
•começa a legendar o que desenha
•4ª Fase: Realismo visual
•• Surge entre os 7 e os 12 anos
•• Este é alcançado quando a criança começa a ter juízo crítico
•–relativamente ao que fez e como fez
•• A criança desenha o que é realmente visto
•–as transparências são substituídas pela opacidade
•• Os rebatimentos são substituídos pela perspetivae o espaço
•real representado de forma autêntica
•O desenho infantil, de caráter projetivo, permite-nos
•aceder à forma como a criança representa o tipo de
•relações presentes no seu mundo emocional,
•aproximando-se da realidade externa.
•• Desta forma, conseguimos aceder ao seu mundo
•interno, através do que projeta no papel.
•Através do desenho, as crianças:
•• Desenvolvem a atenção e criatividade
•• Exprimem traços de personalidade
•• Emoções contidas
•• Receios
•• Conflitos
•Permite identificar conflitos pessoais
•Revela:
•• necessidades
•• emoções e sentimentos
•• características da personalidade
•Indicadores de análise:
•• Proporção da figura
•• Posição
•• Sucessão das partes desenhadas
•• Cada parte do corpo em particular
•• Roupa e acessórios
•1.Enquanto técnica não-verbal permite uma maior
•aplicabilidade a crianças mais jovens: As crianças têm mais
•facilidade em expressar-se através dos desenhos do que por
•palavras.
•2. É um teste projetivo não verbal mais vantajosos para sujeitos:
•• Com pouca/sem escolaridade
•• De outra nacionalidade
•• Mudos / perturbações da linguagem
•• Tímidos e retraídos
•• De classes sociais desfavorecidas (cultura, expressão verbal mais
•empobrecida, etc)
•3. Para sujeitos com perturbações da leitura: Geralmente
•mostram-se mais à vontade para se expressarem através da arte.
•4. Pessoas tímidas, evasivas ou “desconfiadas”
•5. Através do desenho, o sujeito comunica de forma mais
•“primitiva”, genuína. Há maior controle sobre a linguagem falada
•ao invés da comunicação implícita dos desenhos.
•6. Os mecanismos de defesa são aplicadas com maior
•dificuldade nas projeções gráficas do que nas verbais.
•7. Os conflitos mais “profundos” refletem-se mais facilmente
•através do desenho.
•8. São altamente sensíveis às predisposições psicopatológicas
•(Zucker, 1985)
•9. Os desenhos desempenham a função de “quebra-gelo”.
•Permitem reduzir ao máximo o choque da situação de teste /
•avaliação.
•1. Atitude do examinador: máximo de discrição e neutralidade
•possível.
•2. Ter uma folha para fazer anotações, de forma discreta
•3. Descrever toda a verbalização que acompanhar a execução
•do desenho: tiques, traços feitos com a mão direita ou com a
•esquerda, tipo de movimentos, etc.
•4. Além do desenho, os movimentos e verbalizações oferecem
•indicações acerca dos traços de personalidade:
•• Inicia a tarefa de forma confiante?
•• Expressa dúvidas sobre as suas habilidades?
•• Aparenta hesitação, ansiedade, insegurança, negativismo,
•impulsividade, autocrítica?
•5. Evitar mostrar choque, admiração, etc.
•6. O examinador pode dizer palavras de estímulo quando
•necessário
•7. Anotar todos os movimentos que o sujeito fizer ao papel
•• Para cima, baixo, esquerda, direita
•• Virar a folha
•8. Os movimentos podem indicar:
•• Oposição-não se sente ajustado ao meio e o número de vezes que
•virar o papel indicará o grau de oposição
•• Dissimulação-poderá ser uma reação para se refazer do choque ao
•descobrir que iria ser avaliado
•• Verbalização-quando acompanha o virar do papel pode indicar
uma
•fuga ao meio ambiente
•→ deve-se fazer a análise de acordo com o contexto geral
•Análise das Associações
•Perguntar depois de
•terminar o(s) desenhos)
•• Tem como objetivo elucidar significados específicos e problemas
•particulares do desenho.
•• Permite o interrogatório indireto.
•• Ao produzir as associações as pessoas introduzem personalizações
•inconscientes
•–Exemplo: começam a dizer “eu”, ainda que, aparentemente falem
da pessoa
•ou figura desenhada.
•1. LOCALIZAÇÃO NO PAPEL
•• Meio da página: pessoa ajustada, autodirigidas, autocentradas
•• Num dos cantos: fuga ao meio. Desajuste face ao ambiente /
•contexto
•• Lado esquerdo: inibição, introversão
•• Lado direito: extroversão
•• Fora da margem: debilidade mental ou fraco índice de socialização
•• Etc
•2. PRESSÃO AO DESENHAR
•Oferece indicações sobre o nível de energia do sujeito
•• Traço leve: baixo nível de energia, repressão, restrições.
•–Sujeitos deprimidos, com sentimentos de inadequação, Neuróticos
e
•Esquizofrénicos Crónicos exibem pouca pressão.
•• Muita pressão, traços fortes: extrema tensão
•–Sujeitos com Epilepsia, Personalidade com alterações,
determinados problemas orgânicos empregam forte pressão.
•3. TIPO DE TRAÇO
•• Forte: medo, insegurança, agressividade
•• Leve normal: bom tónus, equilíbrio emocional e mental
•• Apagado: dissimulação da agressividade, medo de revelar os
•problemas, timidez
•• Trémulo: insegurança, problemas mentais/cerebrais, esgotamento
•nervoso
•• Reto com interrupções: pessoa agressiva mas controlada
•• Carregado: conflito
•• “Peludo”: pessoa primitiva, age mais por impulso que pela razão.
•4. SIMETRIA DO DESENHO
•• Assimétrico: insegurança emocional
•• Simetria bilateral: rigidez, sistema obsessivo-compulsivo de
•controlo emocional, repressão, superintelectualização.
5 Detalhes
•• Inadequados: retraimento
•• Ausência de detalhes adequados: sentimento de vazio e energia
•reduzida, depressão.
•• Detalhe excessivo: obsessivo-compulsivo
•6. TAMANHO DA FIGURA
•• Normal (cerca de 2/3 do espaço disponível): inteligência,
•capacidade de abstração espacial
•• Diminuto: inibição, problemas emocionais, desajuste, timidez,
•sentimento de inferioridade
•• Grande: fantasia
•• Exageradamente grande: sentimento de constrição do ambiente
•com ação compensatória, fantasia, debilidade mental (não tem
•noção do tamanho). Narcisismo ou exibicionismo. Forte
•agressividade.
•7. USO DA BORRACHA
•• Ausência de uso, quando a borracha está presente: falta de
•crítica.
•• Uso exagerado: muito autocritico, incerteza, indecisão,
•insatisfação.
•8. RISCAR O PAPEL
•• Pode indicar dificuldade de adaptação, fraco índice de controle
•Referências Bibliográficas
•• Corman, L. (1967). O Teste do Desenho de Família. Paris: PUF.
•• Goodenough, F. (1965). Test de inteligenciainfantil. Buenos
•Aires: Paidós.
•• Meyer, B. C.; Brown, F. and Levine, A. Observations on the
•House-Tree-Person Drawing Test before and after surgery.
•PsychossomaticMedicine, 1955, 17, 428-454.