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7. Dando asas à imaginacao
Quando vocé comegou a ler este livro, provavelmente nem ima-
ginava quanto tempo e quanto trabalho o homem teve para chegar
à escrita tal qual a conhecemos hoje. E foi graças a esse tempo e
trabalho, empregados ao longo de milhares de anos, que ler e es-
crever passou a ser uma coisa simples, possivel de aprender e de
executar muito mais rapidaments
As invençôes tecnológicas, tais como as máquinas de escrever,
a tipografia e a informática, também contribuiram muito para is-
so. Hoje em dia, é quase inacreditável imaginarmos um tempo em
que os livros eram todos escritos a mao e que, para tanto, existiam
profissionais especializados: os chamados “escribas”, No passado,
muitos reis eram analfabetos e, para poder governar, contratavam
esses profissionais. Assim, quem conseguia se tornar um escriba
tinha a possibilidade de adquirir grande importáncia e poder na
sociedade.
Hoje, mais do que nunca, ler e escrever passou a ser uma ne-
cessidade no nosso dia-a-dia. Tanto € verdade que a lei obriga o
Estado a garantir escola a todas as crianças, no mínimo dos 7 aos
14 anos. E, sabendo ler e escrever, um mundo de possibilidades se
abre diante de nós.
Mas será que essa lei tem sido cumprida? Será que o mundo
da escrita está aberto para todos da mesma forma, com as mesmas
oportunidades? Por que, entáo, ainda existem tantos analfabetos
ein nosso país?
Analisando de uma outra forma, a escrita pode significar tam-
bém um tipo de fechamento para o mundo. Antigamente, quando
a escrita nao existia, os conhecimentos dos povos eram passados
ás criangas e aos jovens através de conversas com os mais velhos.
Os anciäos eram por isso muito respeitados e considerados pessoas
de grande sabedoria.
Muitos povos indígenas que náo usam a escrita ainda hoje man-
têm esse hábito. É um costume que foi se perdendo entre n
para dar lugar a escrita e que se perde cada vez mais para dar
lugar a televisáo.
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Nao seria importante tentar recuperá-lo? Imagine quantas coi-
sas, histórias e experiéncias minha av6, seu avó e outras pessoas
mais velhas poderiam nos contar! A gente passa a vida ao lado de-
las e, muitas vezes, só depois que as perdemos é que nos lembra-
mos de tudo que deixamos de conversar. E o quanto poderíamos
ter registrado dessas conversas, através da escrita.
Mas pense também em vocé como leitor. Como vocé se coloca
diante do texto escrito? Como se obtém todas as informagóes pos-
siveis e que nem sempre sáo claras? Veja, por exemplo, este poema
do escritor e poeta Pedro Bandeira (Cavalgando o arco-iris\:
Azul e vermelho
Nessa rosa que eu pisei
tinha uma borboleta azul,
Eu náo vi o que fazia,
mas as duas eu matei.
Vou enterrar as duas. {{®
A rosa
ea borboleta azul.
E elas väo me perdoar.
Qualquer dia,
quando eu passar por aqui,
haverá uma rosa
com pétalas azuis
(Al e uma borboleta
KP) vermeina
Reflita sobre o trabalho que todo leitor tem para construir
os significados desse poema, E isso acontece com qualquer tipo de
texto, seja uma reportagem de jornal, um bilhete, uma placa de
ônibus.
Para ler essas mensagens precisamos ter presente nossos co-
nhecimentos, experiéncias, vivéncias, sentimentos e emogöes.
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