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laudatória usada com o propósito exclusivo de agradar ou tornar propícia uma divindade.
Porém, o uso do brado litúrgico tomou outro significado, modificando sua carga emocional,
no processo evolutivo da prática religiosa judaica, uma transformação que já era percebida
antes de 70 d.C., quando o Segundo Templo é destruído por Tito. Dessa forma, Ὡσαννά já
aparecia na literatura como manifestação de júbilo ou de alegria devota (BROMILEY,
1965: 682). Conseqüentemente, usada aqui como um brado litúrgico em relação a Cristo,
foi incorporada à liturgia cristã (BROMILEY, 1965: 682).
Quanto ao sânscrito jaya, que é formado a partir da raiz verbal ji “conquistar”, é
lido, portanto, como ‘ato de conquistar, vitória, triunfo’ (MONIER-WILLIAMS, 1889).
Ora tomado separadamente, como palavra flexionada, ora como parte de um composto
nominal, ocorrências na literatura indiana de expressão sânscrita tendem a apontar o termo
como “vitória” em sentido lato
102
. Usado como palavra indeclinável, deslocado
sintaticamente do restante da frase, pode ser entendido como um brado litúrgico que
também tem um apelo religioso, aproximando-se, semanticamente, de Ὡσαννά. Com
efeito, assim como o Ὡσαννά no judaísmo tardio, jaya também aparece na literatura
indiana de expressão sânscrita posterior como brado litúrgico ou de louvor, como se
verifica no seguinte excerto do poema Géta-govinda
103
, de Jayadeva:
pralaya-payodhijale dhåtavän asi vedaà
vihita-vahitra-caritram akhedam |
102
(Von jaya) 1) adj. f. A am Ende eines comp. gewinnend, besiegend; s. kåtaàjaya, dhanaà°, puraà°,
çataàjayä, çatruà°. -- 2) m. a) oxyt. Sieg, Besiegung, Gewinn, das Gewinnen (im Kampf, Spiel, Streit,
Process) P. 3, 3, 56, Sch. AK. 2, 8, 2, 78. 3, 3, 12. H. 803. an. 2, 360. MED. y. 24. AV. 7, 50, 8. ŚAT. BR. 6,
7, 3, 5. M. 7, 183. 197. 10, 115. N. 14, 19. RAGH. 3, 57. PAÑCAT. I, 236. jayakåta Sieg verleihend
VARĀH. BṚH. S. 43 (34), 20. 62, 2. 87, 25. 93, 13. jayagata siegend, siegreich 17, 12. jayada Sieg
verleihend 17, 18. 42 (43), 27. pratyarthino dattajayaiù RĀJA-TAR. 6, 25. jayaparäjayam DHŪRTAS.
92, 2. PAÑCAT. 167, 4 (wo so zu lesen ist). ädityasya das Gewinnen, Erlangung der Sonne CHĀND. Up. 2,
10, 6. dyu° BhĀG. P. 5, 19, 22. kalpäyuñästhänajayätpunarbhavätkñaëäyuñäà bhäratabhüjayo varam
23. indrayäëäm Sieg über die Sinne, Bezähmung der Sinne M. 7, 44. kämakrodha° R. 1, 64, 12. ätma°
Selbstbesiegung BRAHMA-P. 58, 9. ein Sieg den man selbst davonträgt N. 26, 11. jayakäle tu sattvasya als
das wahre Wesen die Oberhand hatte BhĀG. P. 7, 1, 8. sadäsana° das Ueberwinden eines bequemen Sitzes
so v. a. schmerzloses Entsagen 3, 28, 5. präëaà° ebend. rugjaya Heilung einer Krankheit VOP. 8, 103. -- b)
ein zum Sieg helfender Spruch PĀR. GṚHY. 1, 5. Dieses ist viell. Das jayaù karaëam P. 6, 1, 202.”
(BÖHTLINGK, Otto von/ ROTH, Rudolph. In:
Sanskrit Wörterbuch Part 3. St. Petersburg, 1861.).
103
(“Um Govinda (Kåñëa) celebrado em canção”) . “… A lyrical drama by Jayadeva (probably written in the
beginning of the twelfth century ; it is a mystical erotic poem describing the loves of Kåñëa and the gopis ,
especially of Kåñëa and Rädhä, who is supposed to typify the human soul.” (MONIER-WILLIAMS, 1889).