9Editora Bernoulli
LÍNGUA PORTUGUESA
Exercícios Propostos
Questão 02 – Letra C
Comentário: Todas as afirmativas referentes à relação
intertextual entre o texto poético e o produto que ele retoma
estão corretas. Isso porque o texto visual é realmente
paródia de um produto (uma caixa de chicletes), o que
aparece evidenciado, inclusive, pelos trocadilhos presentes
nas palavras “mascarar” e “mental”, que remontam,
sarcasticamente, aos termos “mascar” e “menta”. Além disso,
o modo como a letra C, de “Clichetes”, foi grafada permite
ao leitor associá-la não apenas a uma clave musical, como
também a um cifrão, o que sugere uma alusão musical
e financeira. É possível afirmar, portanto, que o aspecto
paródico encontra-se não só no plano verbal, mas também
no não verbal, no emprego da disposição das palavras dentro
do campo icônico do texto.
Questão 03 – Letra D
Comentário: Ao tratar de Garrincha, famoso jogador do
Botafogo e da seleção brasileira da década de 1950, Flávio
Carneiro recupera os seguintes versos de Drummond, retirados
do “Poema de sete faces”: “Quando nasci, um anjo torto / desses
que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.”
Ao fazê-lo, ele aproxima o jogador – que apesar das pernas
tortas, era exímio em seu ofício – do poeta, que, a despeito
da sina de ser gauche, “torto na vida”, se tornou um dos
maiores nomes da Literatura Brasileira. A ideia de que futebol
e literatura podem ser simples e, ainda assim, elaborados
artisticamente se confirma nos trechos “Garrincha dominava
– como [...] Drummond – a arte da simplicidade” e “[...]
Como podia um drible ser tão inédito e tão familiar?”
Questão 05 – F V V
Comentário: Nessa questão, o primeiro item é falso, porque
o poema de Oswald de Andrade é que faz uma paródia do
poema do escritor romântico Gonçalves Dias. O segundo
item está correto, porque as oposições foram devidamente
construídas: o Romantismo x o Modernismo; o Nacionalismo
de Gonçalves Dias x o “bairrismo” de Oswald de Andrade
(evidenciado principalmente na última estrofe); a paisagem
natural do poema romântico x o cenário urbano, modificado
pelo homem no poema modernista; o conteúdo sugestivo e
ufanista do primeiro texto x os dados concretos descritos
da civilização moderna, do segundo texto. O terceiro item
também está correto, porque, no primeiro poema, observa-
se um tom “nostálgico” do eu lírico, que, saudoso de sua
terra natal, recorda, melancolicamente, os primores de sua
pátria; ao passo que, no poema de Oswald de Andrade,
a voz poética, com um tom bem-humorado e descontraído,
refere-se aos elementos prosaicos do bairro em que morara
em São Paulo, descontruindo toda a idealização do texto
romântico.
Questão 06 – Letra C
Comentário: No fragmento do romance A hora da estrela,
de Clarice Lispector, a intertextualidade encontra-se presente
nos dois primeiros itens da questão. Em I (“Até tu, Brutus?”),
há uma alusão à famosa frase dita por Júlio César ao seu
sobrinho e filho adotivo Brutus, que também iria integrar o
grupo que o assassinaria. No item II (“Quero que me lavem
as mãos e os pés e depois – depois que os untem com
óleos santos de tanto perfume.”), Clarice retoma a Bíblia.
Já o item III (“Desculpai-me esta morte”) não apresenta
nenhuma menção intertextual evidente.
Seção Enem
Questão 01 – Letra A
Eixo cognitivo: II
Competência de área: 7
Habilidade: 22
Comentário: Tanto Adélia Prado quanto Chico Buarque
estabelecem um diálogo intertextual com o “Poema de
sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade, por meio da
“reiteração de imagens”, como aparece sugerido na letra A
da questão. No poema de Adélia, a voz poética feminina
afirma que, ao nascer, também lhe informaram sobre a
sua condição gauche, azarada, difícil – que é a condição de
qualquer mulher na sociedade patriarcal e machista. Por sua
vez, no texto descontraído de Chico, o eu lírico, desde o início,
também fora avisado por um “anjo safado” de que ele seria
um “ser errado”, um “esquerdo”. Entretanto, mesmo assim,
ele irá “até o fim” nessa trajetória que, “já de saída”, lhe fora
funestamente anunciada.
Questão 02 – Letra C
Eixo cognitivo: II
Competência de área: 7
Habilidade: 22
Comentário: A releitura crítica feita por Caetano Veloso serve de
resposta ao discurso masculino presente na canção de Noel Rosa.
Nesta, o eu poético condena a suposta infidelidade da
mulher pelo viés das mentiras proferidas por ela, ao dizer:
“Pra que mentir, se tu ainda não tens a malícia de toda
mulher?”. Foi a partir desse mote, possivelmente, que o texto II
foi construído, uma vez que a segunda música é iniciada pelo
verso: “Não me venha falar na malícia de toda mulher / Cada
um sabe a dor / E a delícia de ser o que é”. Dessa forma,
as opções D e E são automaticamente descartadas, também
não é função da referida letra discutir ou valorizar a infidelidade
feminina, conforme salienta a alternativa A, tampouco abordar
a efemeridade contida nesse discurso, como aponta a opção B.
A canção, como alude o próprio título “Dom de iludir”, quer
discutir o caráter assertivo, totalitário, hegemônico e falacioso
contido no discurso masculino. Para isso, a estratégia utilizada
pelo autor foi veicular a voz contestadora da mulher como
resposta às afirmações do homem: “Você sabe explicar /
Você sabe entender [...] Você está, você é / Você faz, você
quer / Você tem”. Portanto, a resposta adequada é a letra C,
subentendida nos últimos versos da canção de Caetano Veloso:
“Como pode querer que a mulher / Vá viver sem mentir?”.
Questão 03 – Letra B
Eixo cognitivo: I
Competência de área: 7
Habilidade: 21
Comentário: Como bem lembra o crítico Affonso Romano
de Sant’Anna, no enunciado da questão, a paráfrase “é um
discurso em repouso”, isto é, um discurso que não se altera,
que preserva seu sentido original, mesmo quando expresso de
outra maneira. Em outras palavras, a paráfrase propõe uma
nova forma de se apresentar um mesmo conteúdo. Isso é o
que ocorre na alternativa B, em que o artista Vik Muniz utiliza
elementos oriundos da gastronomia, como geleia de morango
e manteiga de amendoim, para reproduzir a Mona Lisa de Da
Vinci, sem atribuir-lhe intencionalmente uma nova conotação.
Nas demais alternativas, no entanto, as releituras da Mona Lisa
apresentam novas significações, apresentando características
de deformação, inversão de sentido e caricatura, apontadas
por Affonso Romano. Trata-se, portanto, de paródias, não de
paráfrases.