Segundo um estudo feito no Bioma, pensava-se que a fauna do Cerrado era composta
basicamente das mesmas espécies de outros ambientes, como a Caatinga, o Pantanal ou o
Chaco. Porém, 45% das espécies de lagartos, cobras e anfisbenas e 23% dos pequenos
mamíferos são endêmicos. Nas áreas de campos abertos, normalmente as mais desvalorizadas,
estão as maiores taxas de endemismo dos mamíferos. Cerca de 73% dos animais encontrados
nesses campos só ocorrem ali, como, por exemplo, o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla) o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o tatu-canastra entre outros. Dentre as que
correm risco de desaparecer estão o tamanduá-bandeira, a anta, o lobo-guará, o pato-
mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola, o tatu-canastra, o cervo, o cachorro-
vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a lontra.
Poucas são as unidades de conservação com áreas significativas, onde o Cerrado é o
bioma dominante. Entre elas podemos mencionar o Parque Nacional das Emas (131.832 ha), o
Parque Nacional Grande Sertão Veredas (84.000 ha), o Parque Nacional da Chapada dos
Guimarães (33.000 hs), o Parque Nacional da Serra da Canastra (71.525 ha), o Parque
Nacional da Chapada dos Veadeiros (60.000 ha), o Parque Nacional de Brasília (28.000 ha).
Embora estas áreas possam, à primeira vista, parecer suficientes, para a conservação de
carnívoros de maior porte, como a onça-pintada e a onça-parda, por exemplo, o ideal seria que
elas fossem ainda maiores.
Se considerarmos que cerca de 45% da área do Domínio do Cerrado já foram
convertidos em pastagens cultivadas e lavouras diversas, é extremamente urgente que novas
unidades de conservação representativas dos cerrados sejam criadas ao longo de toda a
extensão deste Domínio, não só em sua área nuclear mas também em seus extremos norte, sul,
leste e oeste. A criação de unidades de conservação com áreas menos significativas não deve,
todavia, ser menosprezada. Quando adequadamente manejadas, elas também são de enorme
importância para a preservação da biodiversidade. Só assim se conseguirá, em tempo,
conservar o maior número de espécies de sua rica e variadíssima flora e fauna.
A grande maioria das atuais unidades de conservação, sejam elas federais, estaduais ou
municipais, acha-se hoje em uma situação de completo abandono, com sérios problemas de
manejo de fauna e flora, problemas fundiários, de demarcação de terras e construção de
cercas, de acesso por estrada de rodagem, de comunicação, de gerenciamento, de realização de
benfeitorias necessárias, etc.