Os frutos da carnaúba, inteiros, são basicamente aproveitados pelos
animais de criação; de sua polpa, extrai-se uma espécie de farinha e um leite
que pode substituir o leite do coco-da-bula.
Exemplo máximo da adaptação do homem às condições de
subsistência, a amêndoa da carnaúba, quando torrada e moída, costuma até
mesmo ser aproveitada localmente em substituição ao pó de café.
O lenho da carnaúba é resistente, podendo ser usado no fabrico de
moirões, na construção de edificações rústicas e como lenha pesada. Inteiro, o
estipe (caule) da carnaúba costuma ser usado como poste; fragmentado ou
serrado, fornece ótimos caibros, barrotes ou ripas, podendo também ser
aplicado na marcenaria de artefatos torneados, tais como bengalas e objetos
de uso doméstico.
No Nordeste brasileiro, habitações inteiras são construídas com
materiais retirados da carnaúba, da mesma forma como se retiram materiais do
babaçu e do buriti. Também com suas folhas fazem-se telhados e coberturas
de casas e abrigos; com suas fibras confeccionam-se cordas, sacos, esteiras,
chapéus, balaios, cestos, redes e mantas.
Imponente, esbelta como a maioria das palmeiras brasileiras, a
carnaúba é mais alta do que o babaçu e economicamente mais rentável do que
o buriti. Isto porque, além dos frutos, das amêndoas, do estipe, das folhas e
das fibras de utilidades variadas, das folhas da carnaúba obtém-se uma cera
de grande importância industrial.
A cera, principal produto obtido da carnaúba, é, ainda hoje e na maioria
dos carnaubais, extraída por processos manuais bastante rudimentares. Em
geral, o procedimento adotado é o seguinte: depois de cortadas, as folhas
jovens das palmeiras são estendidas pelo chão e postas ao sol, por vários dias,
para secar. Quando as folhas secam e a película de cera que as recobre se
transforma em um pó esfarinhado, elas são levadas para um quarto escuro,
sem janelas, de construção simples. Ali, são rasgadas com grandes garfos de
madeira e começa a "batedura": as folhas são violentamente batidas até que
toda a cera se desprenda, na forma de minúsculas escamas brancas, e possa
ser separada da palha rasgada. Depois que esse pó se assenta, ele é varrido,
recolhido e levado ao fogo, com um pouco de água, em grandes latões de
querosene. Essa calda transforma-se em uma pasta esverdeada, que é jogada