# A idéia que fazemos hoje do NE, como uma grande região diferenciada no espaço brasileiro, é
recente, do final do séc. XIX e início do séc. XX → nos períodos anteriores havia vários “nordestes”,
áreas bastante diferentes e com economias regionais relativamente isoladas umas das outras: a região
açucareira da Zona da Mata, centralizada em Olinda e Recife; o sertão pecuário, servindo como
complemento da Zona da Mata; a região do MA e arredores, onde houve até uma administração
colonial diferente; e a área hoje correspondente ao CE e PI, que durante séculos manteve poucas
ligações com o resto do NE → foi com o processo de integração nacional, realizado a partir da
industrialização do país e sua concentração em SP, que o NE passou a ser encarado como uma grande
região, com traços em comum e individualizada no conjunto do Brasil → a industrialização coincidiu
com a decadência econômica das áreas nordestinas e o fluxo emigratório da região, que passou a ser
fornecedora de mão-de-obra → o NE, no séc. XX, passou a ser visto como uma “região problema”,
área decadente que necessitava de ajuda governamental para se desenvolver.
# O desempenho da economia do NE melhorou muito a partir da década de 1990 → no período de
1994 a 1997, a taxa de crescimento da economia nordestina foi de 3,9%, enquanto a taxa média de
crescimento da economia nacional foi de 2,7% → confirmando essa tendência de crescimento, em
1998 o PIB do NE foi de 144,9 bilhões de reais; naquele ano o PIB brasileiro foi de 901 bilhões de
reais → o NE atingiu esse montante graças à continuidade de crescimento e diversificação dos setores
secundário e terciário → entre 1997 e 1998, a atividade industrial cresceu cerca de 8% e a de prestação
de serviços cerca de 2,5% → os setores industrial e de serviços, liderados respectivamente pela
construção civil e pela telefonia, são os responsáveis pelo dinamismo da economia nordestina.
# “Em 1989, quase todos os 407 operários da cidade de Pacajus (Ceará) estavam na fábrica de suco e
castanha-de-caju Jandaia. Hoje, a cidade abriga a fábrica de jeans da Vicunha, a Rigesa, produtora de
papel, e uma cadeia de fornecedores. O número de empregos chegou a 5.188, um salto de 1.147%.
São Paulo já foi o Eldorado de todo cearense, diz o mecânico de tecelagem Genival Soares da
Silva, que morou nove anos na capital paulista. Mas hoje o futuro está aqui, completa o operário, que
ganha R$ 550,00, metade do que recebia em São Paulo.” (Adaptado de "Folha de S.Paulo",
19/09/99.) → as mudanças na relação entre a economia paulista e algumas áreas do NE, no que tange
ao emprego, podem ser traduzidas pela seguinte afirmação: a crise econômica no Centro-Sul estimula
as migrações de retorno e a criação de empregos mais baratos no NE.
# O processo de industrialização do Nordeste iniciou-se na segunda metade do século XIX → no início
do século XX, sofreu a implantação de indústrias diferentes das até então existentes → a SUDENE
reanimou o desenvolvimento industrial nordestino → incentivos fiscais contribuíram para a
implantação de novas indústrias e a modernização de algumas das antigas, no entanto, a SUDENE
investindo mais em áreas que já apresentavam um certo dinamismo econômico, não minimizou a
pobreza nordestina e as migrações para as grandes cidades → a implantação de um setor elétrico na
bacia do São Francisco (hidrelétricas de Sobradinho, Paulo Afonso, Itaparica, Xingó, etc.) e a presença
de mão-de-obra abundante e barata ajudaram a atrair capitais do Centro-Sul → a preferência por
indústrias de alta capitalização e tecnologia avançada impediu a participação de capitais regionais e
limitou o emprego de mão-de-obra.