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grafada corresponde à quantidade de segmentos silábicos pronuncia-
dos. Sendo assim, quando desejam escrever, os alunos o fazem utili-
zando uma letra para cada sílaba presente na palavra. Logo, se o
aluno deseja escrever uma palavra que possui três sílabas (como, por
exemplo, martelo), muito provavelmente ele o fará colocando uma
letra para cada uma das sílaba: PFV ou, em um nível mais avançado,
AEO, grafando as vogais e ou consoantes presentes na palavra.
Nesta fase, os alunos podem, inicialmente, preocupar-se apenas
com o aspecto quantitativo, marcando uma letra qualquer para represen-
tar cada sílaba da palavra, o que corresponde a um estágio silábico de
quantidade. À medida que começam a utilizar, na escrita das sílabas das
palavras, letras que possuem uma correspondência com os sons repre-
sentados, eles entram na fase silábica de qualidade. Segundo Leal (2004),
é possível que alguns alunos, ao ingressar na hipótese silábica, já o
façam através de uma análise qualitativa (silábico de qualidade).
À medida que passam a escrever um grafema para cada sílaba,
os alunos começam a vivenciar alguns conflitos e vão criando novas
hipóteses, como a de que existe uma quantidade mínima de letras para
escrever. Nesse caso, palavras monossílabas e dissílabas precisariam
ser escritas com, no mínimo, três letras.
É importante analisarmos o que pode se passar na cabeça de
uma criança que está nesta hipótese de escrita, mas que está sendo
alfabetizada através de um método tradicional, no qual primeiro ela
precisa aprender as vogais e suas junções para apenas posteriormen-
te escrever palavras. O aluno terá dificuldades em compreender a
escrita de palavras comumente usadas como “oi”, “eu”, “ui” simples-
mente porque para ele não existem palavras com essa quantidade de
letras. Explorar essas junções no intuito de fazer os alunos avança-
rem será de pouca valia, exatamente porque nesta hipótese os alunos
não percebem essas escritas como sendo palavras.
Além de acreditarem na necessidade de uso mínimo de duas, três
ou até mesmo quatro letras
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, os alunos passam a desenvolver uma
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Temos observado que algumas crianças acreditam que, para escrever uma pala-
vra, precisamos, no mínimo, de duas letras, enquanto outras chegam a acredi-
tar que o mínimo é três ou até mesmo quatro letras. Nesses casos, a identifica-
ção da hipótese silábica fica clara apenas na escrita de palavras maiores.