Também nos EUA, no final dos anos 20, o General Julian S.
Hatcher realizou estudos baseados nos resultados da comissão Thompson –
La Garde, concluindo, à época, que a ocorrência do “Stopping Power” estava
relacionada ao momento (instante em que o projétil choca-se com o alvo
[momento é um conceito da física, que é, segundo o Dicionário Aurélio, o
produto da massa pela velocidade]), e afirmando que um projétil lento e pesado
teria maiores chances de causar o fenômeno da incapacitação imediata do que
um mais leve e veloz. Hatcher apresenta, inclusive, uma fórmula para cálculo
comparativo da eficiência de projéteis.
Os resultados, até aqui, mostravam-se inconclusivos e baseados
mais nas experiências do que em raciocínios realmente científicos.
Outro americano que realizou estudos referentes ao poder de
incapacitação de projéteis de armas de fogo foi um médico militar, o Dr.
Flacker, especialista em ferimentos por bala, que estudou longamente as
necropsias de pessoas atingidas por projéteis de armas de fogo.
Como o trajeto de um projétil pelo corpo humano deixa a cavidade
permanente causada pela lesão de sua passagem, lesão esta que pode ser
vista no ato da necropsia, esse pesquisador valorizou esta cavidade como
causa da incapacitação do agressor, e concluiu que os projéteis mais pesados
têm uma penetração maior, e, portanto, deixam maior lesão nos tecidos.
Entretanto, além dessa cavidade permanente, os estudos atuais mostram que
há a cavidade temporária simplesmente desconsiderada por Flacker por
ocasião de seus estudos.
Há, ainda, um outro trabalho, executado por um policial norte-
americano, Fairburn, que estudou os resultados também reais de registros
policiais. O número de casos estudados foi pequeno, o que não permitiu ao
pesquisador separar as diferentes munições dentro de um mesmo calibre.
Mesmo assim, suas conclusões mais importantes são, por exemplo, que o
calibre de maior poder de parada é o .357 Magnum, que o melhor projétil em
calibre .38 é o de 158 grains de peso, ponta oca, semi canto vivo + P, e que o
calibre .38 SPL não é efetivo, parando uma agressão apenas uma vez a cada
quatro casos.
Mais recentemente, em 1991, foi realizado um estudo em
Strassbourg, na França, onde um grupo de pesquisadores, que incluía
médicos, fisiologistas, neurologistas, veterinários, patologistas e especialistas
em balística, analisou vários calibres, desde o .380 ACP até o .44 Magnum,
cada qual em diferentes configurações. Como alvos, utilizaram cabras vivas, de
tamanho padronizado, em virtude de ter esse animal o tórax aproximadamente
do mesmo porte do tórax humano.
Cada animal foi deixado em uma cela, com água à disposição,
sendo alvejado, a partir de uma máquina de tiro, sempre no mesmo ponto,
atingindo o pulmão em uma posição alta que impedia que o projétil atingisse o
coração ou um grande vaso sangüíneo. O objetivo era estudar o poder de
parada, através do desfalecimento do animal atingido. Cada animal foi
monitorado quanto ao eletroencefalograma e à pressão arterial. Foi medido o
tempo decorrido desde o disparo até a incapacitação do animal (tempo médio
de incapacitação total).
Depois de incapacitados (não necessariamente mortos) os
animais eram abatidos e necropsiados e, em caso de haver doenças ou
estilhaços de ossos ou de balas terem acertado o coração ou um grande vaso,