Carolina Alves Rodrigues e Margarida Freitas Nº8 Nº20 5ºC
Os cavalos das mudas ficariam nos dois altos e os próprios mensageiros teriam de um lado e
outro o seu albergue. No Século IV assiste-se a uma fase de expansão da cidade em direcção ao
vizinho Morro da Cividade e à zona ribeirinha, tendo sido encontrados mosaicos romanos do
século IV na Casa do Infante.
No final da época imperial o topónimo Portucale abrangia já ambas as margens e, mais tarde,
passou a designar toda a região circundante.
No Século V assistimos à invasão dos suevos e, em 585 e seguintes, durante o reino visigótico,
verifica-se a emissão de moeda em Portucale e a presença de um bispo portucalense no III
Concílio de Trento, em 589. A relativa importância do lugar nessa época é comprovada por
diversas e significativas moedas dos reis visigodos Leovegildo (572-586), Ricaredo I (586-601),
Siúva II (601-603) e Sisebuto (612-620), cunhadas com a legenda toponímica de Portucale ou
Portocale.
Em 716, deu-se a invasão muçulmana e a destruição da cidade por Abd al-Aziz ibn Musa. Julga-
se, no entanto, que a dominação muçulmana de Portucale (em árabe: Burtuqal — لاقترب)
terá sido relativamente breve, pois parece ter sido atacada, logo por volta de 750, por Afonso I
das Astúrias. Durante um século, a região teria jazido ao abandono e quase desabitada. Até à
presúria de Portucale pelo conde Vímara Peres em 868, quando se dá início a uma fase de
repovoamento e de renovação urbana. A partir daí, Portucale assume grande protagonismo
político e militar, com a criação do respectivo condado. Nesta época, o nome Portucale já tem
um sentido acentuadamente lato.
No trânsito do Ano Mil, a terra portucalense viu-se atravessada de lés a lés pela invasão de
Almançor (em árabe: Al-Manṣūr — روصنملا—
ammad ibn 'Abd-Allah ibn Abū ʿĀmir — وبأ رماع دمحم نب دبع). Transpondo o rio Douro
por uma ponte de barcas expressamente construída, concentrou as suas forças em Portucale,
onde se lhes juntaram mais tropas vindas por mar. Daí seguiu para Santiago de Compostela,
que reduziu a escombros.
O renascido burgo vive então uma existência difícil entre incursões de normandos e de
sarracenos. Estas últimas só deixam de se fazer com a fixação do condado de Coimbra. As dos
vikings ainda se mantêm nos princípios do século XI. Um dos assaltos dos nórdicos deu-se em
1014, nos arredores do Porto, no próprio coração das Terras da Maia, em Vermoim. Ao sul do
Douro estendia-se então uma importante comarca guerreira portucalense, a chamada Terra de
Santa Maria. O castelo da Feira, já existente, era o principal núcleo de defesa dessa, então,
região estremenha.
Em 1096 dá-se a concessão do governo de Portucale ao conde D. Henrique de Borgonha e a
capital desloca-se para o interior. Braga readquire, pela sua posição e pela sua tradicional
primazia eclesiástica, um certo ascendente político sobre o burgo portucalense. Nela se sepulta
o conde, pai do primeiro rei português, trazido, em cortejo fúnebre, da cidade de Astorga onde
falecera.