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Cristina Sintra - Cidadania e Profissionalidade
Organização das Nações
Unidas (ONU)
A Segunda Guerra Mundial relançou a
ideia da criação de um organismo
supranacional capaz de arbitrar conflitos,
de impedir a resolução de problemas de
relacionamento entre estados pelo recurso às armas, de garantir a igualdade
entre os estados e de fazer respeitar os direitos humanos. Todos estes
objectivos, que eram uma reedição dos propósitos que haviam norteado a
criação da Sociedade das Nações após a Primeira Guerra Mundial, estavam
consignados numa Carta, aprovada em Outubro de 1945 na Conferência de S.
Francisco.
Para a implementação dos seus objectivos, a ONU criou organismos
especializados diversos, dedicados a desenvolver esforços em áreas
específicas, como a FAO (Food and Agriculture Organisation), que se ocupa de
problemas da fome e do subdesenvolvimento, a UNESCO e a Organização
Mundial de Saúde, que intervêm no campo da ciência, da cultura, da educação
e da saúde e outros que se ocupam de questões do trabalho, financeiras e
económicas, etc. É grande o prestígio de que estas ramificações da
organização desfrutam, particularmente em países do Terceiro Mundo que têm
beneficiado de programas educacionais, de promoção económica e social das
suas populações ou de campanhas de erradicação de doenças, de educação
sanitária ou de combate a epidemias.
Na sua vertente política, no entanto, a vida da ONU tem sido atribulada, em
razão precisamente dos conflitos que pretendia controlar ou evitar. Desde a
sua fundação, registaram-se, de facto, conflitos entre as grandes potências
vencedoras da Segunda Guerra Mundial, que dispõem de lugar permanente no
Conselho de Segurança, com direito a veto: a ONU foi, neste aspecto, vítima
dos confrontos entre os blocos político-militares que se constituíram em torno
dos EUA e da URSS, o que levou a que prevalecessem sobre todas as outras
questões as preocupações com a segurança internacional. Por outro lado,
particularmente na década de 60, a entrada em cena de numerosos países do
Terceiro Mundo, muitos deles ex-territórios coloniais recém-chegados à
independência, introduziu no seio da ONU problemas relacionados com a
desigualdade económica e o direito dos povos à independência e à
autodeterminação, com os quais as grandes potências por vezes se
preocupavam bem pouco.
No âmbito das Nações Unidas, foram empreendidas ao longo de décadas
acções com resultados positivos na defesa da paz, como é o caso da
interposição de forças militares entre contendores, como sucedeu na dividida
Ilha de Chipre ou em Angola. Não quer isto dizer que a ONU tenha eliminado
totalmente os conflitos, embora tenha contribuído grandemente para os atenuar