Sacramentos que nos fazem Cristãos:
No geral, todos os sacramentos comunicam-nos e introduzem-nos nos dons da vida nova de Cristo e,
por isso, fazem-nos cristãos. Todavia há três, os quais comumente chamamos de sacramentos da iniciação
cristã, em que isso mais se evidencia, a saber: Batismo, Confirmação e Eucaristia.
1. O Batismo: «A Igreja é o grande sacramento da comunhão divina que reúne os filhos de Deus
dispersos» (CIC 1108). É ela, Mãe e Mestra, que no seu ventre, a piscina batismal, faz-nos nascer da água e do
Espírito para a vida nova em Cristo, faz-nos filhos no Filho (Gl 4,5-7), faz-nos participantes do Reino (Jo 3,5) e
herdeiros da vida eterna (Rom 8,15-17). O Batismo nasce da missão de evangelizar, é preparado pela Palavra
de Deus e pela fé e é assentimento à dita Palavra (CIC 1122). A “travessia” da água da piscina batismal
representa a configuração com a morte de Cristo (Rom 6,3-4), a purificação do pecado (1 Cor 6,11), um “novo
nascimento” (cf. Jo 3,5; Tit 3,5; 1 Pe 1,3.23; Justino, Apol, I, 66,1) para uma “vida nova” (Rom 6,6), a qual já não
está escrava do pecado e da antiga lei, mas é santificada, porque participa do mistério pascal da vida trinitária
(1 Cor 6,11), e a incorporação num novo corpo (1 Cor 12,13). O Batismo perdoa todos os pecados e santifica;
por isso, também cura o Homem. O Batismo incorpora o Homem no corpo místico de Cristo (Act 2,38-41), que
é a Igreja; por isso, o faz cristão e é o «pórtico da vida no Espírito e a porta que abre a outros sacramentos» (CIC
1213).
2. A Confirmação: Desde os primeiros tempos da Igreja que os apóstolos, e depois os bispos, seus
sucessores, vem comunicando aos neófitos, pela imposição das mãos, o dom do Espírito para completar a graça
recebida no Batismo (CIC 1288). Este sacramento confirma o Batismo e consolida a graça batismal, fortalece e
interioriza os aspetos contidos em gérmenes no Batismo, levando o cristão «à “maturidade” ontológica […] e à
“maturidade” que o capacita a cumprir a sua missão na Igreja e no mundo» (CELAM
1
, 105). Dele faz parte a
unção com o óleo crismal, cujo nome advém de Cristo, o ungido de Deus - aquele que «Deus ungiu com o
Espírito Santo» (At 10, 38). «Por meio da confirmação, o batizado transforma-se, como Cristo, no ungido do
Senhor» (CELAM, 99). O óleo arrasta consigo todo um campo de significados: unção de reis, profetas e
sacerdotes; alimento para a luz das candeias; sinal da abundância e de alegria; purifica e torna agradável com
o perfume; torna ágil e impede de ser agarrado e domado pelo inimigo; suaviza as dores e cura as feridas (Mc
6,13); etc. O confirmado é marcado com o selo do Espírito Santo (Ef 4,30; 2 Cor 1,21-22), é sua propriedade e
ao mesmo tempo símbolo autentificado da sua pessoa (CIC 1295). A confirmação “reaviva” o dom recebido no
Batismo, contribui e torna visível a edificação da Igreja na diversidade de carismas e «simboliza perfeitamente
a incorporação plena a Cristo, rei, sacerdote e profeta» (CELAM, 99) e como tal, a edificação do corpo de Cristo,
por isso nos faz cristãos. Ao mesmo tempo, cura o Homem na medida em que mantém viva nos fiéis a sua
Palavra e os seus efeitos, comunica a plenitude do Espírito e a vida nova em Cristo ressuscitado, constitui-nos
novas criaturas regeneradas, liberta-nos da escravidão da lei e da fragilidade da carne, tornando presente em
nós a glória do Senhor e transformando-nos à sua imagem.
3. Eucaristia: Se o Batismo regenera na vida nova de Cristo, a Confirmação aperfeiçoa e a Eucaristia
conclui. «A Eucaristia acaba e aperfeiçoa a iniciação cristã, como um ápice de um processo» (CELAM, 118). Ela
é fonte de vida batismal para os regenerados pela água e pelo Espírito pois nela o cristão, pela escuta da Palavra
e pela comunhão do corpo e sangue de Cristo, encontra orientação para a sua vida e para a participação plena
na comunidade eclesial. Ela recorda e torna presente o mistério da Cruz, que é a fonte batismal e é o auge da
vida comunitária composta por três traços fundamentais: ensino dos apóstolos, comunhão, fração do pão e
orações (Act 2,42-46). Ela marca a tensão entre a vida presente e a vida esperada com a última vinda do Senhor,
entre a ceia terrena e o banquete das núpcias do Cordeiro (Ap 19,9). Enquanto comunidade reunida à volta do
mesmo altar e que comunga o mesmo pão e o mesmo vinho, ela é espelho e fonte de unidade eclesial, contribui
para edificar o corpo de Cristo ao mesmo tempo que o espelha e, por isso, faz cristãos aqueles que nela
1
CELAM, A celebração do mistério pascal – os sacramentos: sinais do mistério pascal (São Paulo: Paulus, 2005).