CONCEITOS BÍBLICOS SOBRE CORPO, ALMA E ESPÍRITO

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About This Presentation

As palavras "alma" e "espírito" são polissêmicas (possuem vários significados), porém, em Gênesis 2.7 encontramos os seus significados básicos. O homem não tem uma alma... ELE É UMA ALMA. A Bíblia menciona o termo "alma" 755 vezes no Antigo Testamento e, 105 v...


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CONCEITOS BÍBLICOS SOBRE CORPO, ALMA E ESPÍRIT O


I–Conceitos com relação à alma

Dualismo – A visão do ser humano no contexto imortalista é que este possui uma natureza dualista, isto
é, tem um corpo e possui uma alma [nephesh, no hebraico, psiquê, no grego], que seria imortal e estaria
presa dentro do corpo e que é liberta por ocasião da morte deste, indo imediatamente para o Céu ou
para o inferno, durante toda a eternidade. Na ressurreição, apenas o corpo morto ressuscita, pois a alma
imortal já está lá, liberta do corpo, há muito tempo, religando-se a este por ocasião da ressurreição dos
mortos que se dá no momento da segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23).

Essa é a visão dualista da natureza humana, de imortalidade da alma. Noutras palavras, você é uma
pessoa que tem outra “pessoa” dentro de você. A visão tricotomista do ser humano ensina o mesmo
contraste dualista de corpo e alma e prega que nós somos um espírito, possuímos uma alma e moramos
em um corpo. Portanto, ambas as visões – dualista e tricotomista – serão refutadas da mesma forma,
visto que possuem os mesmos conceitos básicos sobre a constituição da natureza humana.

Holismo – O conceito holista da natureza humana prega, ao contrário da imortalidade, que o ser humano
não tem uma alma: ele é uma alma. Ele vive como uma al ma, ele morre como uma alma. Uma alma
vivente significa apenas um “ser vivo”. Nós não temos uma alma imortal presa dentro do nosso corpo
que é liberta por ocasião da morte. A morte é o último inimigo a ser vencido (pelo fator “ressurreição”),
e não o libertador da “alma imortal” (cf. 1Co.15:26). Pessoas morrem, pessoas ressuscitam.

Corpo, alma e espírito são características da mesma pessoa e não pessoas separadas. O espírito é o
princípio ativador da vida, é aquilo que dá animação ao corpo, é o sopro de D eus por meio do qual
respiramos e somos seres (almas) viventes. É esse o simplismo bíblico sobre a criação da natureza
humana, que elimina os complexos malabarismos propostos por Platão em sua tese sobre a natureza
dualista e a sobrevivência da alma após a morte em um estado consciente.


II–Qual é o conceito correto?

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o
homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gênesis 2:7)

Eis aí a passagem bíblica acerca da criação do ser humano, que nos dá um perfeito entendimento dos
conceitos bíblicos de corpo, alma e espírito. É aqui que entra em cena algo muito desconhecido pela
maioria das pessoas: biblicamente, o homem não tem uma al ma, ele é uma alma. Ele “TORNOU-SE”
uma alma e não “obteve” uma! A alma é o que o homem passou a ser, e não o que ele obteve de Deus.
O corpo é a alma em sua forma exterior. A ideia hebraica de personalidade é a de um corpo animado
pelo fôlego de vida (espírito) que alimenta o corpo, e não de uma alma presa dentro deste corpo. Assim,
podemos entender que:

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida
[espírito], e o homem tornou-se uma alma vivente [alma]” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu)

A passagem bíblica que relata a criação do ser humano também nos deixa um sentido claro de corpo,
alma e espírito. Nenhum é um elemento que Deus implantou no homem, imaterial e imortal, que saia
dele após a morte, com consciência e personalidade. O espírito é tão somente o fôlego de vida que Deus
soprou em nós e que o possuímos pela duração de nossas vidas terrenas. Nós permanecemos com este

fôlego que nos concede respiração para continuarmos vivos durante a nossa exis tência terrestre, mas,
quando este sopro se vai, as “almas viventes” tornam-se “almas mortas”.

O que retorna a Deus é o princípio de vida que ele soprou em nós a fim de conceder animação ao corpo
formado do pó, e não uma alma imortal. Este princípio anima dor da vida é possuído tanto por homens
como por animais (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29). Este princípio é garantido
tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua existência terrena. A alma, no conceito
bíblico, é que o ser humano “tornou-se” e não “obteve”. Deus não colocou uma alma no homem . Por
isso mesmo, morrendo o homem, morre a alma (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6,
11; Jr.40:14, 15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4; Ez.18:21).

Já a visão dualista em sua totalidade defende que o sopro de vida que Deus soprou em nossas narinas é
a própria alma imortal implantada no ser humano. Sendo assim, o sopro de Deus em nossas narinas é o
espírito (alma) imortal implantado nele, totalmente independente do corpo, preso dentro dele e liberto
após a morte, com consciência e personalidade. Sendo assim, a narrativa de Gênesis 2:7 deveria ser
entendida da seguinte maneira:

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra [corpo], e soprou em suas narinas o fôlego de vida
[espírito/alma imortal], e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gênesis 2:7 – grifo meu)

Essa é, contudo, uma interpretação tendenciosa que deturpa completamente a clareza do texto bíblico.
Não é necessário ser nenhum grande teólogo para perceber que tal interpretação é inválida pelo fato que
adultera os sentidos primários de corpo, alma e espírito, que são deixados de maneira bem clara na
narrativa da criação da natureza humana em Gênesis 2:7. Além de ignorar o fato de que a primeira vez
que alma [nephesh] é mencionada na Bíblia é relacionado ao próprio ser humano como um todo,
tornando-se uma alma e não obtendo uma, também altera nephesh para o meio do versículo quando na
realidade ela é claramente relacionada ao final deste. Tudo não passa de uma completa manipulação
bíblica textual.

A passagem da criação do homem coloca nephesh no fim do verso, e não no meio como querem os
imortalistas. A alma é o que o homem “tornou-se”; o “espírito” é o que foi soprado nele para dar animação
ao corpo formado do pó. Pelo fato de Deus não ter revelado a Moisés uma realidade dualista do ser
humano, este narra simplesmente o princípio animador da vida dando animação a uma “alma vivente”.
Esse total simplismo bíblico nega inteiramente que a natureza humana seja dualista, composta por uma
alma imortal e por um corpo mortal. A revelação de Deus a Moisés incluiu apenas um corpo proveniente
do pó tornando-se animado, sem qualquer tipo de alma sendo ingerida dentro da substância corporal
para lhe conceder imortalidade.

A forte tentativa de ignorar o simplismo bíblico no relato da criação humana não provém de alguma razão
teológica (de fato, os imortalistas fazem de tudo para colocar uma “alma imortal” no relato da criação
onde não aparece nada disso), mas sim porq ue negam em aceitar o fato óbvio de que a narração da
criação traz uma natureza holista e não dualista do ser humano. Isso, evidentemente, os faria negar a
sua crença de que Deus tenha implantado no homem um elemento eterno lhe concedendo imortalidade,
o que daria um fim na doutrina do “estado intermediário” e do tormento eterno.

Que nephesh não é o próprio espírito [ruach, no hebraico] implantado no ser humano com imortalidade
e personalidade, isso fica muito bem claro na Bíblia Sagrada, embora sejam coerentes em alguns de seus
sentidos secundários. A ignorância em aceitar o sentido claro de corpo, alma e espírito de acordo com a
Bíblia segundo Gênesis 2:7 causa, além de adulterações no sentido do texto, uma confusão ainda maior
para solucionar os problemas depois, por causa da interpretação tendenciosa e errônea por parte dos
dualistas. E este é apenas o início do fim da imortalidade da alma.

III–O que é o “espírito” [ruach] e o que é a “alma” [nephesh]?

Espírito, no original hebraico “ruach”, significa literalmente: “sopro, vento”. É o fôlego de vida que Deus
soprou em nossas narinas tornando-nos almas viventes. Para os imortalistas, significa nada a mais e
nada a menos do que a própria alma imortal implantada no homem, um segmento com consciên cia e
personalidade. Mas isso não é verdade. A seguir, apresento inúmeras provas de que o espírito não tem
parte nenhuma com um ser vivo inteligente que sobrevive fora do corpo:


O fôlego de vida sai do ser humano – Uma grande prova de que o fôlego de vid a (espírito) que Deus
soprou em nós não é uma alma imortal, é que a Bíblia afirma categoricamente que nós o perdemos por
ocasião da morte (cf. Jó 27:3; Jó 34:14-15). Ora, se fosse uma entidade consciente presa dentro de nós,
então continuaria conosco após a nossa morte, mas isso não é verdade: a Bíblia caracteriza a morte
como a retirada do fôlego de vida (sopro). Isso prova que o “espírito” que possuímos nada mais é do
que o sopro da parte de Deus que concede animação ao corpo, sendo freqüentemente caracterizado
como sendo o “sopro de Deus” (cf. Jó 33:4).

Quando é retirado por Deus (expirando), o fôlego é reintegrado no ar, por Deus. O próprio fato de nós
possuirmos o “fôlego de vida” não significa possuir em si mesmo a imortalidade, porque na morte este
princípio volta para Deus. Isso nos mostra que a vida deriva de Deus, é sustida por Deus e retorna para
Deus por ocasião da morte. “Espírito”, no conceito bíblico, em nada tem a ver com uma entidade viva e
consciente tal como no estilo kardecista ou platônico.

Tal fato é acentuado por Jó ao declarar: “Enquanto em mim houver alento , e o sopro de Deus no meu
nariz, nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano” (cf. Jó 27:3,4).
Enquanto o sopro de Deus está nas nossas narinas, nunca Jó pronunciaria qualquer palavra de engano.
Quando, porém, o sopro se vai, o que é dele? Nada, não mais existe (cf. Jó 7:21; Jó 14:10-12).

Por isso ele acentua que enquanto estiver com ele o sopro de Deus nas suas narinas, os seus lábios
não pronunciariam engano. O sopro (fôlego de vida) é inteiramente dependente de estar nas nossas
narinas (corpo físico) para continuar ativo, dando continuidade a vida. Sem o corpo físico, este princípio
deixa de conceder vida em si mesmo. Ademais, se o espírito [ruach – sopro] fosse a própria alma imortal
implantada em nós, então a declaração de Jó nos levaria a crer que a “alma imortal” está situada no
nariz de cada indivíduo: “Enquanto em mim houv er alento, e o sopro de Deus no meu nariz” (cf. Jó
27:3).

Também lemos na passagem anteriormente citada: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra,
e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gn.2:7). Ora,
é aí que se situa essa “alma imortal”, no nariz de cada indivíduo? É mais do que evidente que o espírito
(fôlego de vida) não é a alma implantada no ser humano nas suas narinas, mas simplesmente o princípio
que anima o corpo, concedendo-lhe respiração a fim de se tornar um ser ativo.

Isso explica o fato bíblico deste princípio encontrar-se nas nossas narinas, e não na “alma” ou em alguma
outra parte do corpo. Evidentemente, o fôlego de vida (espírito) que possuímos não tem parte nenhuma
com uma noção dualista de corpo e alma; antes, é o princípio animador do corpo, que garante a
existência da vida terrestre de toda a carne, e que volta para Deus quando expiramos na morte. Dizer
que o fôlego de vida (espírito) que foi soprado no homem em Gênesis 2:7 é uma “alma imortal” é o
mesmo que dizer que possuímos a alma em nosso nariz, o que creio não ser nem um pouco razoável.

O princípio animador do corpo - O corpo é formado de matéria, de pó. O espírito é o que dá animação
ao corpo, e assim tornamo-nos almas viventes. Sem o espírito em nós, o nosso corpo morto não passa
de matéria (pó) inanimado, sem vida. O que é o “espírito”, então? É exatamente aquilo que dá animação
ao corpo, é a “vida” por assim dizer. Obviamente não tem parte nenhuma com a lgum outro “você” que
volta para Deus, mas representa tão somente a vida deixada nas mãos do Criador; é por isso que a Bíblia
apresenta os animais com o mesmo espírito -ruach possuído pelos humanos (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22;
Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29). No livro de Apocalipse é lido que até uma imagem de escultura é
dotada de espírito [pneuma, no grego] para tornar-se um ser animado:

“E foi-lhe concedido que desse espírito [pneuma] à imagem da besta, para que também a imagem da
besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (cf.
Apocalipse 13:15)

Aqui vemos que a imagem de escultura (um ser inanimado) foi dotada de espírito [ pneuma] e assim foi
dada animação [vida] à imagem. É mais do que óbvio que Deus não colo cou uma “alma imortal” dentro
da imagem e muito menos alguma entidade consciente que volta com personalidade e inteligência para
Deus, mas simplesmente concedeu -lhe o fôlego da vida para dar animação à imagem de pedra. É
exatamente a mesma coisa que sucede u aos seres humanos.

A mesma coisa sucedeu a nós: fomos formados do pó da terra, de matéria inanimada; até que Deus
soprou em nós o espírito [vida] dando animação à matéria formada do pó – e assim o homem tornou-se
uma alma [ser] vivente. O espírito é o que vem da parte de Deus e que dá animação a um elemento
inanimado, tornando tal elemento em animado, concedendo-lhe vida. Quando as pessoas morrem, elas
perdem a vida [espírito], tornam-se novamente em matéria inanimada (pó), é por isso que a Bíblia
afirma que o espírito de todos retorna a Deus (cf. Ec.12:7), pois as pessoas perdem a vida, voltam a ser
pó.

Deus, contudo, ressuscitará os nossos corpos mortais, soprando novamente em nós o espírito [vida] na
ressurreição (para sermos novamente um ser animado , vivente) tornando-nos novamente em “almas
viventes”. Tal fato é relatado com clareza em Apocalipse:

“Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas
daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não
adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram,
e reinaram com Cristo durante mil anos” (cf. Apocalipse 20:4)

Aqui é nos dito que as almas dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesus reviveram. Se
elas “reviveram”, é porque estavam mortas. O que aconteceu, então, nessa ressurreição? Aconteceu que
Deus soprou em nós novamente o espírito que vem da parte dEle, para que saíssemos do estado
inanimado (i.e, sem vida), tornando-nos novamente em almas viventes:

“Assim diz o Soberano, o Senhor, a estes ossos: Farei um espírito entrar em vocês, e vocês terão vida.
Porei tendões em vocês e farei aparecer carne sobre vocês e os cobrirei com pele; porei um espírito em
vocês, e vocês terão vida. Então vocês saberão que eu sou o Senhor” (cf. Ezequiel 37:5,6)

“Por isso profetize e diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos
e fazê-los sair; trarei vocês de volta à terra de Israel. E quando eu abrir os seus túmulos e os fizer sair,
vocês, meu povo, saberão que eu sou o Senhor. Porei o meu espírito em vocês e vocês viverão, e eu os
estabelecerei em sua própria terra. Então vocês saberão que eu, o Senhor, falei, e fiz. Palavra do Senhor”
(cf. Ezequiel 37:12-14)

Notem que não é o nosso espírito que deixa o Céu para se religar ao corpo por ocasião da ressurreição,
mas sim o espírito de Deus que concede vida que nos é soprado novamente; fazendo -nos sair dos
túmulos, o local onde o povo que já morreu se encontraria. Nós estar íamos sem vida na morte, mas
Deus nos concederia novamente o espírito que parte dEle a fim de nos conceder novamente vida por
ocasião da ressurreição.

Não existe nenhuma religação entre corpo e alma, mas tão somente o princípio animador da vida sendo
novamente concedido a nós por ocasião da ressurreição dos mortos. Podemos assim traçar uma correta
analogia com a imagem inanimada de Apocalipse que recebeu o espírito para tornar -se animada:

A NATUREZA HUMANA
SEGUNDO GÊNESIS 2:7
A IMAGEM DE APOCALIPSE
13:15
Feito do pó da terra Feita de pedra
Material inanimado Material inanimado
Foi-lhe dado o espírito Foi-lhe dada o espírito
Passou a ter vida (tornou-se um
ser vivente)
Passou a ter vida
Tornou-se um ser animado Tornou-se um ser animado

Como vemos, o “espírito” que possuímos é nada a mais do que aquilo que dá animação ao corpo
(matéria), concedendo-lhe vida. A analogia com a imagem de pedra relatada no Apocalipse é válida
porque o mesmo que sucedeu aos seres humanos sucedeu também à imagem, ambos torn aram-se um
ser animado após ser lhes soprado o espírito. É evidente que o “espírito” soprado não é uma “alma
imortal” (pois se assim o fosse então por lógica a imagem de pedra também a deveria possuir, pois
também foi dotada de espírito-pneuma), mas é tão somente o princípio de vida concedido às criaturas
viventes durante a permanência de sua existência terrestre.

É claramente nos referido que o motivo dos ídolos mudos não serem vivos é decorrente do fato de não
possuírem “espírito-ruach”: “Eis que está coberto de ouro e de prata, mas no seu interior não há fôlego
[ruach] nenhum” (cf. Hc.2:9). E também em Jeremias: “Todo ourives é envergonhado pela imagem que
ele esculpiu; pois as suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego [ruach]” (cf. Jr.10:4).

Aqui vemos que os que não têm vida são descritos como sem “espírito-ruach”. Os ídolos são considerados
como “sem vida” pelo fato de serem destituídos de espírito-ruach, que é o princípio animador de toda a
vida. Quando um ídolo ou uma imagem ganha animação, é descrito como constituído de “espírito -
pneuma” (cf. Ap.13:15), porque passou a ter vida. Em outras palavras, o espírito é nada a mais do que
o poder capacitador de vida a qualquer ser vivente, mesmo quando se trata de imagens de pedra ou de
animais, como veremos mais adiante.

Ele não é uma alma imortal, e nem algo que traz consigo imortalidade, consciência e personalidade após
a morte, mas apenas a vida que possuímos em nossa jornada em nossa terrestre. Se o espírito fosse
uma alma imorta l, então a imagem de pedra de Ap.13:15 e os animais também teriam “almas
imortais”, pois são descritos possuindo “espírito -pneuma”. Quando o espírito é retirado do ser
humano, este volta para o pó da terra (cf. Sl.104:29; Sl.146:4; Gn.3:19). Da mesma forma, quando o
espírito concedido temporariamente àquela imagem lhe é retirado, esta volta a ser uma pedra inanimada.

O processo é o mesmo: seres ou objetos inanimados que temporariamente ganham vida pelo sopro do
espírito-ruach em seu interior e que tornam-se novamente inanimados (sem vida) após este sopro
retornar ao Criador.


Sai o espírito, volta ao pó – Confirmando o fato anterior, vemos que os autores bíblicos correspondiam
bem ao fato de que a saída do espírito-ruach por ocasião da morte não significa a continuação da vida
em um outro estágio ou em uma dimensão superior , mas sim a cessação dela. O salmista expressa em
palavras o que aconteceu na criação humana e o que acontece ao fim dela: “Quando sopras o teu fôlego,
eles são criados” (cf. Sl.104:30). O sopro de Deus [fôlego] nas nossas narinas, também denominado por
“espírito-ruach” (cf. Jó 33:4; Jó 32:8; Is.42:5), é o que nos faz vivos – nos transforma em “almas
viventes” (cf. Gn.2:7).

A pergunta que fica é: quando este “fôlego” ou “espírito” deixa o corpo por ocasião da morte (ao expirar),
o que acontece ao ser racional? O verso anterior do Salmo no qual acabamos de passar responde
corretamente a esta pergunta: “Quando escondes o teu rosto, entram em pânico; quando lhe retiras
o fôlego, morrem e voltam ao pó ” (v.29). O ser racional simplesmente volta ao pó. Quando o fôlego
[espírito] é retirado do ser humano, este não parte desencarnado para um estado intermediário, mas
simplesmente deixa de existir – volta a ser pó.

A saída do espírito por ocasião da morte não significa um ser racional deixando o corpo. Jó declara isso
enfaticamente nas seguintes palavras: “Porém, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem
o espírito, então onde está ele? Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco,
assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará
de seu sono” (cf. Jó 14:10-12).

Aqui vemos a entrega do espírito não significa levar consciência e personalidade na morte, porque mesmo
assim ele não é despertado até não existir mais céus. Após afirmar que o homem rende o seu espírito
na morte, Jó faz a pergunta que não quer calar: “Ond e ele está”? Isto é, para onde ele vai? O que
acontece com ele? Simplesmente, deixa de existir. Não vai desencarnado para o Céu. Ele torna -se como
as águas que se retiram do mar e como um rio que se esgota e fica seco. Essa analogia feita por Jó nos
mostra claramente que o homem não mais existe.

Assim como quando as águas se retiram do mar este já não existe, e quando o rio se esgota fica seco e
desaparece, assim também do mesmo modo o homem na morte já não existe. O ser racional só volta a
atividade quando “não existir mais céus” (v.12), o que o Novo Testamento relaciona à “ressurreição do
último dia” (Jo.6:39,40), quando “os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo,
guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios” (cf. 2Pe.3:7).

Se a retirada do espírito do homem na morte significa a ida imediata na presença de Deus em estado
desencarnado, então a analogia feita por Jó seria nula e sem sentido. Tal analogia nos revela que o ser
racional deixa de existir após a entrega do espírito-ruach. Tal fato é apresentado com ainda mais clareza
no Salmo 146:4 – “Quando o espírito deles se vai, eles voltam ao pó, e naquele dia perecem os seus
pensamentos ” (cf. Sl.146:4).

A entrega do espírito não significa a continuação de vida em um estado desencarnado, mas sim a
cessação dela, pois os “pensamentos perecem”. Sendo que os próprios imortalistas atribuem o processo
de pensamento como função da alma, a sede dos pensamentos, seria imprescindível que eles
continuassem existindo após a entrega do espírito na morte, caso fosse um ser racional com inteligência
e consciência. Contudo, os próprios pensamentos perecem, pois não existe ser racional na morte.

A alma e o sangue – Em Levítico 17:11, lemos: “Porque a vida da carne está no sangue” . No texto
original hebraico, “vida” aqui é a tradução de nephesh, de modo que a transliteração correta da passagem
seria: “A alma da carne está no sangue”. O motivo pelo qual a alma é igualada ao sangue provém do
fato de que a vitalidade da vida-nephesh reside no sangue. Em outras palavras, sem sangue não há vida-
nephesh. O corpo não é a prisão de uma alma imaterial, pois a alma da carne está no sangue.

Isso não faz sentido caso a alma fosse algo imaterial implantado dentro de nós, pois se assim o fosse
não teria parte nenhuma com o sangue. Também lemos certa afirmação em Gênesis no mesmo estilo:
“Carne, porém, com sua vida [nephesh] isto é, com seu sangue, não comereis. Certamente requererei
o vosso sangue, o sangue da vossa vida [nephesh]; de todo animal o requererei, como também da mão
do homem, sim da mão do próximo de cada um requererei a vida [ nephesh] do homem” (cf. Gn.9:4,5).

Ora, se a vida (alma- nephesh) do homem é o sangue, então sem o sangue não há vida (alma-nephesh).
Isto é somente lógica. O homem sem sangue não pode permanecer vivo de acordo com esta declaração
de Gênesis. Pois a vida [alma-nephesh] está no sangue. Como então assumir que uma pessoa sem
sangue (um espírito incorpóreo, por exemplo) possa ser considerada viva em um “estado intermediário”?
Não faz sentido. Sem sangue não há vida, pois “a alma da carne está no sangue”. Como o erudito Basil
Atkinson corretamente assinala: “A alma do homem está em seu sangue e, de fato, o seu sangue é a
sua alma”.

O maior problema da teologia imortalista é que eles pensam que o sangue está relacionado apenas ao
corpo físico, externo, e que, portanto, sem sangue não há mais vida no corpo, mas a alma não é afetada
com isso e permanece viva subsistindo sem o corpo em algum lugar. Em outras palavras, para os
dualistas é extremamente crucial que o sangue seja a vitalidade apenas do corpo e não da alma. Caso
contrário, a alma não escaparia da morte, tanto quanto o corpo. O texto bíblico, porém, ao invés de dizer
“o sangue do vosso corpo”, diz “o sangue da vossa alma” (nephesh – Gn.9:5). Isso mostra que a alma
subsiste viva através do sangue tanto quanto o corpo físico.

E assim matamos dois coelhos de uma só vez: o primeiro, é aquele que desassocia a alma do sangue e
ensina que somente o corpo é movido pelo sangue e só existe com a vitalidade deste (o que já vimos
que é falso, pois o sangue desempenha o mesmo papel para com a alma), e o segundo é o de que a
alma seria uma entidade espiritual imaterial infundida dentro de nós. Se fosse, não estaria dependente
de algo físico e tangível (como o sangue), e a Bíblia não diria que “a sua alma-nephesh, isto é, o seu
sangue, não comereis”, pois seria ilógico e sem qualquer possibilidade “comer a alma, ou seja, o sangue”.

Uma coisa estaria tão desassociada da outra que tal sentença seria no mínimo absurda. Uma seria
tangível e a outra intangível, uma seria material e a outra imaterial, uma desceria ao túmulo na morte e
a outra aos céus, uma estaria ligada ao corpo e a outra ao espírito. Como dizer que a alma é o sangue
com tantos contrastes que a teologia imortalista afirma que os separa? Uma coisa não teria nada a ver
com a outra, e, portanto, não seriam igualadas. Só foram porque a linha dualista que separa a alma do
corpo e os contrasta realmente não tem qualquer cabimento bíblico.

Portanto, não restam objeções ao fato de que não existe alma sem sangue; sem sangue não há vida.
Não existe qualquer chance ou possibilidade de existir um “estado intermediário” de “espíritos
incorpóreos” pré-ressurreição ausentes de corpo. O fato bíblico de que a alma da carne está no sangue
e de que a vida [nephesh] do homem é o seu sangue nos mostra que não pode uma pessoa ser
considerada como “viva” em algum lugar sem a vitalidade da vida-nephesh que reside no sangue.

Na morte, o coração deixa de bate r, o sangue deixa de circular, e tornamo-nos almas mortas. Só
voltaremos ao estado de vida novamente quando estivermos com a vitalidade da vida, com o sangue,
sem o qual não existe vida [alma-nephesh]. Poderíamos resumir o argumento nas seguintes premissas :

(1) A alma da carne está no sangue – cf. Lv.17:11.
(2) Não existe vida [alma - nephesh] sem sangue – cf. Gn.9:4,5.
(3) Na morte, perdemos o sangue, a vitalidade da alma.
(4) Sem o sangue que dá vida a alma, não existe alma.
(5) Só voltaremos a ser reconstituídos de sangue novamente na ressurreição.
(6) Logo, a alma ganha vida novamente a partir da ressurreição dos mortos.


O homem torna-se uma alma vivente – Uma outra prova importante para que possamos compreender
que o espírito não é uma alma imortal é a própria continuação da passagem de Gênesis 2:7 – “...soprou
em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente”. Duas coisas são interessantes
aqui. Em primeiro lugar, a alma é o que o homem “tornou-se”, e não o que ele “obteve”. Como já vimos,
Deus não colocou uma alma no homem, como erroneamente pensa a doutrina dualista.

Em segundo lugar, com a implantação do sopro de Deus em nossas narinas, o homem tornou -se uma
“alma vivente”, e não uma “alma im ortal”! Ora, se a interpretação correta fosse a dualista, então a
sequência imediata de tal passagem seria que o homem tornou -se (ou melhor, “obteve”) uma “alma
imortal”, “imaterial”, pois o termo “alma vivente” após a implantação do espírito-ruach implica que pode
se tornar “alma morta” após a retirada do espírito-ruach. Isso é somente lógica.

Quando a Bíblia diz que em resultado do sopro divino “o homem tornou -se uma alma vivente”, ela está
dizendo apenas que o corpo formado literalmente do pó da terra ganhou animação e se fez um ser vivo,
que respira – nada além disso. O sangue (vitalidade da alma – cf. Lv.17:11; Gn.9:4,5) começou a
circular, o cérebro começou a raciocinar e o coração a bater, com todos os sinais ativados. O homem
tornou-se uma “alma vivente”, ou seja, ou ser vivo, que deixa de existir na morte e volta à existência
na ressurreição gloriosa.

Não houve um componente imaterial e imortal colocado no ser humano. Declarado em termos simples,
“uma alma vivente” significa “um ser vivo”, e não “ uma alma imortal”! Evidentemente a alma é
considerada “vivente” enquanto vive, passando a ser “alma morta” por ocasião da retirada do fôlego de
vida [espírito] no falecimento. Uma alma vivente significa simplesmente um ser vivo, que morre. Alma
é vista como a natureza humana como um todo, e não como uma parte do ser humano separada do
corpo e presa dentro deste.


O espírito sobe para Deus – Outra prova patente contra os imortalistas é o que Salomão descreve em
Eclesiastes: “E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (cf. Ec.12:7). É fato
bíblico que todas as pessoas (sendo justas ou ímpias) desciam para o Sheol na morte (cf. Gn.37:35; Jó
10:21,22; Sl.94:17; Gn.42:38; Gn.42:29,31; Is.38:10,17; Sl.16:10; Sl.49:9,15; Sl.88:3 -6,11; Jó
17:16). Para os imortalistas, Sheol é a habitação dos espíritos incorpóreos e conscientes. Já para os
mortalistas, significa puramente “sepultura”, em um sentido mais amplo, como veremos mais adiante .
O debate sobre o conceito correto sobre Hades/Sheol será abordado mais a frente neste livro.

O que temos de fato, por hora, é que todas as pessoas desciam ao Sheol por ocasião da morte. Onde se
localiza o Sheol? Localiza-se nas regiões inferiores da terra (cf. Ef.4:9), no “coração” desta terra (cf.
Mt.12:40), em oposição ao Céu (cf. Mt.11:23). Os seguidores da revolta de Coré “desceram... vivos ao
Sheol” (cf. Nm.16:30,33). Eis aqui já a primeira contradição dos imortalistas: O “espírito” sobe para

Deus, e não “desce” para o Sheol (cf. Ec.12:7)! Se o espírito fosse um elemento com consciência e
personalidade, ele deveria descer e não subir. Mas isso jamais é dito na Bíblia, pelo simples fato de que
o espírito é nada a mais do que o dom da vida [fôlego] concedido durante a duração de nossas vidas
terrenas, e não algum segmento que leva consigo consciência e personalidade após a morte.

Sobe para Deus por ocasião da morte porque deriva de Deus, e volta para Deus. Salomão é bem claro
em dizer que o espírito subiu para Deus , e não “que desceu para o Sheol”! Nisso vemos uma clara
evidência que o espírito está longe de ser a própria pessoa como uma entidade viva e consciente, mas é
tão somente o princípio de vida que retorna para Deus no momento da morte. Sendo que na época de
Salomão todas as pessoas desciam ao Sheol, que biblicamente fica nas regiões inferiores desta terra (cf.
Ef.4:9), como é que Salomão diz que o espírito sobre para Deus? Também em Atos 2:27, falando a
respeito de Jesus, entre a sua morte e ressurreição, o texto assim narra: “Porque não deixarás a minha
alma no Hades, nem permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção”.

E também em Mateus 12:40 – “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra”. A alma de
Jesus passou os três dias e três noites em que esteve morto no Sheol, que fica debaixo da terra, e não
no Paraíso! Isso, contudo, não impediu ele tivesse entregado o seu espírito ao Pai nos dias em que
esteve morto: “Pai, ao Senhor entrego o meu espírito. E com estas palavras morreu” (cf. Lc.23:46).

Ora, como é que Cristo passou os três dias em que esteve morto no Sheol (cf. Mt.12:40; At.2:27), que
fica nas regiões inferiores desta terra (cf. Ef.4:9), se a Bíblia diz que o “espírito” dele subiu para Deus?
Obviamente, porque o “espírito” não é o nosso “próprio eu”, não sendo uma “alma imortal”, mas é tão
somente o princípio animador da vida concedido por Deus tanto aos seres humanos quanto aos animais
pela duração de sua existência terrena, que volta para Deus por ocasião da morte.

Nisso fica claro que o espírito não é o nosso próprio “eu” liberto na morte, pois, se assim fosse, seguir-
se-ia que Cristo teria passado (os dias em que esteve morto) com o Pai, e não debaixo da terra, no Sheol
(cf. Mt.12:40; At.2:27), pois o espírito sobe, e não desce! Vemos, portanto, que se a visão dualista de
que o espírito é um segmento consciente que leva consigo personalidade, deveríamos pressupor que:

(1) O espírito desceria para o Sheol, e não voltaria a Deus (cf. Ec.12:7).

(2) Sendo que Cristo entregou seu espírito ao Pai, ele deveria ter subido aos céus na morte , e não
descido ao Sheol (cf. Mt.12:40; At.2:27).

Contudo, estas duas premissas imortalistas contrariam diretamente a Bíblia Sagrada, como já vimos.

NA BÍBLIA SAGRADA NA TEOLOGIA DUALISTA
O espírito sobe para Deus na
morte – cf. Ec.12:7
O espírito de todos deveria descer
(para o Sheol) na morte
Jesus entregou ao Pai o seu
espírito mas mesmo assim
esteve no Sheol (regiões
inferiores da terra – cf. Ef.4:9)
na morte
Se o espírito fosse um segmento
consciente com personalidade,
Cristo deveria logicamente estar
com o Pai enquanto esteve morto

Vale também ressaltar que Cristo, depois de três dias em que esteve morto, ainda assim declarou a
Maria Madalena: “Não me detenhas, porque ainda não subiu para o Pai” (cf. Jo.20:17). Óbvio, porque
a entrega de seu espírito ao Pai não significou o seu regresso a Ele, pelo fato de que o espírito não é um
segmento consciente e com personalidade, mas tão somente o princípio animador do corpo.

Tudo isso nos mostra de forma mais do que clara e lúcida de que o espírito que possuímos não é uma
outra pessoa que é liberta conscientemente após a morte, mas sim um princípio que ativa o corpo
concedendo-lhe animação. Como o corpo volta para o pó da terra na morte, ele deixa de ser animado e,
portanto, o espírito-ruach perde o seu sentido de animação do corpo e volta para Deus por ocasião da
morte.


A “salvação universal dos espíritos” – Uma verdade universal é dita em Eclesiastes 12:7 - “E o pó volte
a terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Essa é uma verdade universal, ou seja, o
espírito de todos volta para Deus, que o deu. Em lugar nenhum da Bíblia está escrito que o espírito dos
ímpios desce para o inferno ou para o diabo. Não, pois todos os espíritos sobem para Deus.

Nisso também fica mais do que claro que o espírito não é o nosso próprio “eu” fora do corpo, pois, se
assim o fosse, então teríamos uma salvação universal (de justos e ímpios), pois o espírito de todos sobre
para Deus! O que Salomão estava falando era simplesmente para que se lembrassem do seu Criador nos
dias da sua juventude (v.1), antes que chegue à velhice (v.2-6), e com a morte “o pó volte a terra, como
o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (v.12).

Esse processo é ocorrido em todos os seres humanos sejam justos ou ímpios. Assim como todas as
criaturas humanas devem se lembrar do Criador na juventude e assim como tanto justos como ímpios
envelhecem, assim também o esp írito de todos sobre para Deus por ocasião da morte. Em momento
nenhum o autor deixa passar qualquer hipótese de que o termo se restringisse apenas aos salvos, porque
o próprio contexto mostra um processo que sucede a todos os seres humanos.

O que Salomão (autor do livro de Eclesiastes – cf. Ec.1:1) estava relatando é uma verdade universal de
que o espírito [de todos] por ocasião da morte retorna a Deus, quem o deu. O que retorna a Deus se
refere ao espírito de todos os homens, não somente dos justos, mas de “toda a carne”. O próprio fato
do espírito de todas as pessoas voltar a Deus na morte nos prova novamente que este espírito -ruach
não é uma alma imortal ou a própria pessoa em estado desencarnado, pois se assim sucedesse então
apenas o espírito das pessoas boas que subiria para Deus, e o das pessoas más desceria para o inferno
ou para o diabo.

Todos os espíritos sobem para Deus porque o nosso es pírito não é uma entidade consciente com
personalidade com destinos diferentes entre bons e maus após a morte, mas tão somente o fôlego de
vida presente em todas as criaturas durante a nossa existência terrestre, princípio este que retorna para
Deus porque provém dEle mesmo a fim de dar animação para o corpo formado do pó. Por isso, o autor
não faz a mínima questão de diferenciar o destino do espírito de bons ou de maus por ocasião da morte.
Novamente a doutrina imortalista entra em choque contra os princípios da exegese e hermenêutica.


Os animais também como alma – Uma outra prova clara de que “alma vivente” não significa “alma
imortal” é o fato de que aos animais também foi designado o termo “alma vivente - nephesh hayyah”
(cf. Gn.1:20,21,24,30; 2:19; 9:10,12,15,16; Lv.11:46). A maioria das pessoas desconhecem tal fato
simplesmente porque os seus tradutores decidiram traduzir o termo hebraico “nephesh hayyah” como
“criaturas viventes” em referência aos animais, e como “alma vivente” nas referências a seres humanos.

O motivo, evidentemente, não é por causa dos manuscritos originais, mas sim por consequência de suas
convicções religiosas, de que o homem conta com uma alma imortal não possuída pelos animais. Em
decorrência disso não quiseram comprometer as suas doutrinas da imortalidade da alma humana criando
um dilema de primeira ordem, e tomaram a liberdade de traduzir o nephesh do hebraico como “criatura”
quando em referência aos animais e como “alma” quando em referência ao s seres humanos.

Essa é a mesma adulteração reconhecida em outras inúmeras passagens bíblicas que mostram também
a alma-nephesh sendo morta ou destruída, o que também é ocultado pela grande maioria das versões,
embora fosse um conceito amp lamente difundido na Bíblia. O original, contudo, traz nephesh [alma],
tanto a seres humanos, como também aos animais. O termo alma -nephesh é empregado tanto para as
pessoas quanto para os animais porque ambos são seres conscientes.

Tanto homens como animais partilham do mesmo princípio animador de vida, isto é, o “fôlego da vida”.
Todo o ser vivente relaciona-se a todas as criaturas, não somente ao homem, mas também aos animais
(cf. Jó 12:10). O homem não recebeu uma alma de Deus; ele tornou-se uma alma vivente, assim
como os animais. A natureza de todo o ser vivente é mortal, e não imortal, o que somente Deus é (cf.
1Tm.6:16).

Herdaremos uma natureza imortal com a ressurreição dos mortos na segunda vinda de Cristo (cf.
1Co.15:53; 1Co.15:23). A alma não é algo imateri al e nem imortal, pois até mesmo os animais são
referidos como alma-nephesh. Sendo que no mesmo contexto em que Deus dá a revelação a Moisés
sobre a criação em Gênesis 1 e 2 a palavra nephesh [alma] é uma referência não somente aos humanos
mas também aos animais, fica claro que Moisés não imaginava que este termo hebraico significasse em
si mesmo a detenção de imortalidade.

Doutra forma, teria ele apenas feito menção a este termo quando em referência aos humanos, somente.
Para ele o termo significava tão somente um ser consciente, sujeito a morte tanto quanto os animais.
Por isso, ele não se incomodava e nem se intimidava em fazê -lo em menção a humanos e a animais.
Quando os defensores da imortalidade da alma se deparam com o fato bíblico de que nephesh também
é mencionado em referência direta aos animais e no mesmo contexto dos seres humanos, se dão conta
do dilema intransponível que são obrigados a encarar.

Afinal, se a alma é imortal e imaterial, então os animais também partilhariam desta mesma qualidade
que deveria estar presente somente nos seres humanos. A única solução lógica para isso é exposta por
Basil Atkinson: “Eles [o homem e os animais] não são criaturas bipartites que consistem de uma alma e
um corpo que podem ser separados e prosseguir vivendo. Suas almas são a totalidade deles e
compreende seus corpos, bem como suas faculdades mentais”
1



Os animais com espírito e fôlego – Ademais, exatamente a mesma palavra, no original hebraico ruach,
que é traduzida por “espírito”, é usada tanto em relação aos seres humanos quanto a animais (cf.
Gn.7:15; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.6:17; Sl.104:29). Ou seja: os animais também possuem es pírito-
ruach da mesma forma que os seres humanos! A Bíblia não faz sequer a menor distinção entre eles. O
espírito “de toda a carne” entrou na arca de Noé, e não foram apenas seres humanos que lá entraram:

“E de toda a carne, em que havia espírito de vida, entraram de dois em dois para junto de Noé na
arca” (cf. Gênesis 7:15)


1
ATKINSON, Basil F. C. Life and Immortality. Londres, pp. 1-2;.

Note que de toda a carne em que havia espírito de vida entraram de dois em dois para a arca de Noé.
Será que foram apenas os humanos que entraram na arca? É claro que não. Isso deixa claro que os
animais também possuem espírito de vida , pois o espírito-ruach não é uma detenção apenas dos
humanos. Dizer que os animais têm fôlego, mas não tem espírito, é negar dois fatos claros na Bíblia
Sagrada.

O primeiro, é que espírito [ruach] é usado tanto a animais como a seres humanos indistintamente (cf.
Gn.7:15). A Bíblia não faz a mínima distinção, porque “entraram na arca de dois a dois de toda carne
em que há um espírito vivo” (cf. Gn.7:15 – Young’s Literal Translation). Se alguém alega que os animais
não têm espírito, então além de contradizer a Bíblia seria forçado a negar também que os seres humanos
o possuam, pois a mesma palavra é usada para os dois no mesmo contexto!

Também lemos em Gênesis 6:17:

“Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a carne que há
espírito [ruach] de vida debaixo dos céus ; tudo o que há na terra expirará”

A passagem é bem clara em relatar a eliminação completa de toda a carne em que há o espírito -ruach,
por ocasião do dilúvio. Se fosse correta a interpretação dos dualistas de que o espírito significa uma alma
imortal e que apenas os humanos a pos suem, então deveríamos pressupor que somente os seres
humanos foram eliminados por ocasião do dilúvio, pois a Bíblia relata bem claramente que toda a criatura
em que houvesse espírito-ruach seria desfeita. É evidente que os animais também foram eliminados no
dilúvio, porque eles também possuem espírito -ruach (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Gn.7:15; Sl.104:29;
Ec.3:19,20).

Em Gênesis 7:21,22 lemos novamente a confirmação bíblica de que os animais também possuem
espírito-ruach: “E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de fera,
e de todo réptil que se roja sobre a terra, e todo homem, tudo o que tinha fôlego de espírito [ruach]
de vida em seus narizes , tudo o que havia na terra seca, morreu” (cf. Gn.7:21,22). Também lemos
no Salmo 104:29 o rei Davi afirmando que os peixes e os outros animais marinhos também possuem
ruach:

“Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra
das tuas riquezas. Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais
pequenos e grandes . Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar. Todos esperam
de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno. Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão,
e se enchem de bens. Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e
voltam para o seu pó . Envias o teu espírito, e são criados , e assim renovas a face da terra” (cf.
Salmos 104:24-30)

Diante do contexto, o escritor bíblico inspirado não está falando de seres humanos, mas de animais
marinhos, pequenos e grandes. E o que ele diz? Que, quando Deus retira -hes o fôego (que o original
hebraico traz ruach, espírito!), eles morrem e voltam ao pó! No verso seguinte, é nos dito como eles são
criados: Deus envia-lhes o espírito [ruach], e eles são criados, e quando esse espírito [ruach] lhes é
retirado, eles morrem e voltam ao pó. Ou seja: o que diferencia humanos de animais no quesito da vida
após a morte não é a suposta possessão de um espírito no íntimo do ser, nem a posse de um espírito na
criação ou a retirada dele appós a morte, pois isso tudo isso acontece também com os animais ,
mas é o fato de que um ressuscita e o outro não. Daí toda a importância da ressurreição no NT, como
sendo a esperança dos cristãos.

Isso tudo mostra que é fato indiscutível que os animais também possuem o mesmo espírito-ruach
possuído pelos seres humanos. Será que os animais ao morrer irão para o estado intermediário junto
com os homens? Claro que não. Fica claro que espírito significa “vida”, e não um ser inteligente
que sai do corpo na hora da morte . O segundo erro provém do fato de que o espírito é o próprio
fôlego de vida, conforme descrição de Gênesis 2:7 e o paralelismo de Jó 33:4, de Jó 32:8 e de Isaías
42:5. E todos – humanos e animais – possuem o mesmo fôlego, e não fôlegos diferentes:

“Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a
mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego , e a vantagem dos
homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para o mesmo lugar;
todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (cf. Eclesiastes 3:19,20)

O que sucedeu na criação do homem é exatamente o mesmo que aconteceu na criação dos animais:
Deus soprou-lhes o fôlego de vida [espírito] e eles tornaram-se almas viventes. Não há diferença alguma
e nem vantagem nenhuma conosco em relação aos animais que n os permita desfrutar de uma
imortalidade inerente e incondicional diferentemente deles que voltam para o pó. Todos foram feitos do
pó e voltarão para exatamente o mesmo lugar: o pó.

O mais interessante sobre esta última passagem (cf. Ec.3:19,20) é que o autor faz uso do hebraico ruach
(espírito) no mesmo contexto dos seres humanos, dizendo ainda que ambos são iguais! “Todos tem o
mesmo espírito-ruach” (v.19)! O escritor inspirado faz questão de ressaltar o fato de que não apenas o
fôlego-neshamah, como também o espírito-ruach é possuído pelos animais, e, se adiantando a quaquer
objeção imortalista, afirma ainda que o espírito possuído por ambos é o mesmo, refutando qualquer
psosibilidade de o espírito dos humanos ser uma “alma imortal” e dos animais ser uma mera “respiração”!

Ele iguala em absoluto o espírito dos homens com o dos animais dizendo que são a mesma coisa (v.19),
e por consequência disso a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma (v.19), e,
finalmente, conclui dizendo que o local que os homens partem na morte é o mesmo caminho dos animais
(v.20). Francamente, mas apenas uma interpretação textual extremamente tendenciosa e mal feita que
poderia chegar ao ponto de negar o fato óbvio de que o espírito possuído pelos seres humanos não é
diferente daquele que é detido pelos animais, e que em decorrência deste fato ambos perecem
igualmente na morte e tem o mesmo destino : o pó da terra.

Aqui é claramente indicado a nós que o motivo pelo qual o homem não possui vantagem nenhuma sobre
os animais decorre do fato de que ambos possuem o mesmo espírito -ruach. Ora, se o espírito-ruach dos
animais não lhes concede uma imortalidade, então é óbvio que o dos seres humanos também não lhes
dá tal vantagem. Como os defensores da alma imortal fizeram c om tão grande prova irrefutavelmente
contra o ensinamento dualista? Simples, adulteraram a tradução. Preferiram tomar a liberdade em
traduzir por “fôlego” antes do que por “espírito”, como deveria ser traduzido. O hebraico tem palavra
exata para ambos, mas Salomão faz menção do ruach [espírito] para os animais e o faz no mesmo
contexto dos seres humanos e igualando-os a estes!

É óbvio que o “espírito” possuído por nós não significa uma alma imortal e muito menos alguma
qualificação em nós presente que nos ofereça vantagem alguma sobre os animais ou que nos leve para
o Céu após a morte. Antes, é nada a mais do que a vida presente não apenas nos seres humanos, como
também nos animais. O destino de ambos é o pó da terra. Felizmente, a Bíblia nos assegura que existirá
a ressurreição dos mortos para todos os seres humanos (cf. Dn.12:2), que acontece na segunda vinda
de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). É a ressurreição, e não a possessão de uma “alma” ou um “espírito”, que
nos distinguem dos animais no quesito “morte”.

Devemos também considerar mais alguns fatos importantes a ser mencionados. O primeiro deles é que
se os escritores bíblicos tivessem a ideia de que apenas os humanos possuem espírito e os animais
possuem apenas o “fôlego” (como ensinam os imortalistas), então eles utilizariam essa segunda palavra
para quando relacionado aos animais, pois o hebraico possui palavra para fôlego [ neshamah] e para
espírito [ruach]. Mas quando aplicado aos animais, ao invés de mencionarem apenas o fôlego-neshamah,
eles mencionavam o espírito-ruach (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Gn.7:15; Sl.104:29)!

E, pior ainda, eles a mencionavam junto com os seres humanos sem fazer a menor distinção entre eles
(cf. Gn.7:15; Gn.6:17; Gn.7:21,22)! E mais, quando o rei Davi foi tratar de peixes, ao invés de ele
mencionar apenas o fôlego (como qualquer imortalista faria), ele faz questão de mencionar o próprio
espírito-ruach (Sl.104:29). Finalmente, se o fôlego é aquilo que dá animação ao corpo e o espírito é uma
alma imortal e consciente, então a estátua de pedra do Apocalipse deveria ter sido revestida de fôlego
para dar animação à imagem, e não de espírito. Vemos, contudo, que o apóstolo João descreve a imagem
de pedra recebendo espírito-pneuma para conceder animação, e não “fôlego” (cf. Ap.13:15)!

Portanto, a não ser que os imortalistas queiram dar lições de Bíblia aos escritores bíblicos, fica mais do
que claro que o espírito que possuímos nada mais é do que o próprio fôlego de vida que nos dá animação
ao corpo formado do pó. Isso explica o paralelismo bíblico entre fôlego e espírito (cf. Jó 33:4; Jó 32:8;
Is.42:5), indicando que ambos tratam-se do mesmo elemento e não de elementos diferentes; ambos
são aquilo que dá animação à matéria, nenhum sendo uma “alma imortal” ou algum elemento eterno
constituído de personalidade, pois até mesmo os animais o possuem.

A imensa dificuldade por parte dos imortalistas em conciliar os conceitos de corpo, alma e espírito com
a Bíblia Sagrada, é que eles usam os conceitos kardecistas e platônicos de dualidade de corpo e alma
com o espírito sendo uma entidade consciente com personalidade. Quando tentam conciliar isso com a
Bíblia (que nos deixa um conceito simples, claro e coerente desses princípios básicos) resulta em uma
total confusão de ideias, pois o dualismo grego de corpo e alma influenciado pelas doutrinas de origens
pagãs não se mistura com as doutrinas bíblicas acerca da criação do homem.

“Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais , e lhes sucede
a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro ; e todos têm o mesmo fôlego [ruach –
espírito], e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade.
Todos vão para o mesmo lugar ; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (cf. Eclesiastes
3:19,20)


O espírito não é uma entidade que traz consigo vida e personalidade após a morte – Uma prova muito
forte disso é o fato de que, falando de meros peixes, o salmista afirma: “Se lhes cortas a respiração
[ruach], morrem, e voltam ao seu pó” (cf. Sl.104:29). Ora, nem mesmo qualquer imortalista chegaria
ao ponto de alegar que o espírito-ruach dos peixes leva consigo personalidade e consciência na morte.
Dizer que com os seres humanos é totalmente diferente é forçar o texto, pois a mesma expressão é
empregada para ambos (cf. Sl.104:29; Gn.7:15; Gn.7:22; Ec.3:21).

O processo que acontece com os humanos é o mesmo que acontece com os peixes: “Escondes a tua face
- e ficam perturbados, Tu ajunta o seu espírito – eles expiram, e voltam para o pó” (cf. Sl.104:29 -
Young’s Literal Translation). Embora você provavelmente já tenha ouvido algo assim antes com relação
aos seres humanos, essa passagem está falando de meros peixes! Compare, por exemplo, tal passagem
acima (referindo-se a peixes) com o que Jó declara: “Se fosse a intenção dele, e de fato retirasse o seu
espírito e o seu sopro, a humanidade pereceria toda de uma vez, e o homem voltaria ao pó” (cf. Jó
34:14,15).

Veja que o mesmo processo que ocorre com os seres humanos acontece também com os peixes: Deus
retira o seu espírito [ruach], e eles voltam ao pó. Não há a mínima diferença entre o processo que ocorre
com um e o que sucede ao outro. Claro, os imortalistas evidentemente preferiram traduzir na maioria
das vezes “respiração” no Salmo 104:9 para os peixes e “espírito” para os homens em Jó 34:14,15. Mas
a palavra usada no original hebraico é a mesma para ambos [ruach] e o processo que ocorre também é
exatamente o mesmo.

Sendo assim, o “espírito” que Cristo e que Estêvão entregaram a Deus na da mais era do que as suas
vidas humanas que voltavam para Deus que soprou -lhes o fôlego enquanto estes ainda viviam. O espírito
que retorna para Deus é, como vimos, simplesmente o princípio animador da vida que concedido por
Deus tanto para homens como pa ra animais durante a jornada terrestre.


O “espírito” não é o nosso “verdadeiro eu” – Certa vez, vi uma exemplificação que compreende muito
bem os sentidos reais de alma e espírito humanos no contexto da criação. A vida surge quando um corpo
inanimado (pó) se une com a força vital, denominada de ruach (espírito ou respiração). Como resultado
desta união, o homem tornou-se uma alma vivente (cf. Gn.2:7). Em momento nenhum lhe é infundida
uma alma; ao contrário, ele se faz uma alma vivente quando Deus lhes so pra a respiração
[fôlego/espírito] nos seus corpos.

Poderíamos compará-lo com a “eletricidade” nesta analogia. A questão que fica é: O que sucede à alma
vivente, como resultado da junção da respiração com o pó? A resposta para essa pergunta pode ser
ilustrada através da nossa ilustração com a lâmpada. A lâmpada pode ser analogicamente comparada
com o corpo e a eletricidade com o espírito. Enquanto a eletricidade circula por dentro da lâmpada, há
luz. A luz é como a alma vivente, o ser racional. Quando, porém, desligamos o interruptor da luz e a
eletricidade cessa de circular na lâmpada, para onde é que a luz vai?

Simplesmente deixa de existir. Não vai para uma outra dimensão. Ao sair da lâmpada, ela simplesmente
acaba. Igualmente, quando Deus resolve desligar a “eletricidade” da nossa vida, o fôlego deixa de entrar
de entrar em nosso corpo. Para onde vai a alma vivente? Para onde vai a pessoa? Vai imediatamente
para o Céu, para o inferno ou para o purgatório? Não, deixa de existir. Exatamente como a luz. A Bíblia
descreve este estado como um sono pacífico (cf. Sl.13:3).

Mais um outro exemplo elucidativo: a alma é o resultado da junção do pó da terra com o fôlego da vida
(cf. Gn.2:7). Assim, entendemos que não há uma alma viva [vivente] sem o corpo (pó) com o espírito
(fôlego de vida). É como a água, que é a combinação de oxigênio e hidrogênio. Mas se você separar os
dois elementos a água desaparece. Não existe uma alma vivente sem o corpo com o fôlego de vida.
Poderíamos elucidar a questão da seguinte maneira:

LÂMPADA + ELETRECIDADE = LUZ
LÂMPADA – ELETRECIDADE = SEM LUZ

OXIGÊNIO + HIDROGÊNIO = ÁGUA
OXIGÊNIO – HIDROGÊNIO = SEM ÁGUA

PÓ DA TERRA + F ÔLEGO DA VIDA [ESPÍRITO] = ALMA VIVENTE [vida]
PÓ DA TERRA – FÔLEGO DA VIDA [ESPÍRITO] = ALMA MORTA [sem vida]

Estêvão conhecia a Bíblia, e sabia que o espírito voltava para Deus que é quem o deu (cf. Ec.12:7). E
quando ele entregou o espírito (cf. At.7:59,60), para onde Estêvão foi? Ele foi para o Céu ou para o
inferno? Ele foi arrebatado? Foi levado para junto de Cristo? Não. A Bíblia diz simplesmente que ele

“adormeceu” (cf. At.7:60). Igualmente, Jesus Cristo entrega o espírito no momento da morte (cf.
Lc.23:46), mas a Bíblia afirma que a sua alma esteve no Sheol (cf. At.2:27), no coração da terra durante
os três dias e três noites em que esteve morto (cf. Mt.12:40), e não no Paraíso! Além disso, declara à
Maria Madalena, após três dias que esteve morto, que ainda não subiu para o Pai (cf. Jo.20:17). Isso
nos revela que o comprometimento de seu espírito (cf. Lc.23:46) não foi o seu regresso ao Pai. O espírito
separado do corpo não é o "real" você!

Na morte, o real volta ao pó (cf. Gn.3:19). O espírito de todos volta para Deus (cf. Ec.12:7), pois foi
Deus quem o deu. Esse é o princípio básico da vida: a vida deriva de Deus, é sustida por Deus e volta
para Deus por ocasião da morte. O corpo se desintegra (volta a ser pó) e o fôlego da vida (espírito), que
Deus assoprou originalmente nas narinas de Adão, retorna para Ele. Esse é um princípio universal de
que Deus recebe o espírito de todos, evidentemente não sendo o nosso “verdadeiro eu”. Outra
designação comum na Bíblia com relação ao sentido de “alma” é de “vida”. A vida é o resultado do que
o homem foi formado (ou seja, pó da terra + fôlego de vida = vida [alma vivente]). Por isso mesmo, em
muitas ocasiões a palavra “alma” é corretamente traduzida simplesmente por “vida” ou como “vida
eterna” no sentido ampliado de alma-psiquê empregado no Novo Testamento.

Tal sentido secundário não adultera o sentido primário simplesmente porque não apresenta nenhuma
contradição com outras verdades bíblicas (como Gênesis 2:7 que narra o simplismo bíblico da alma como
resultado e não como parte da porção), e, ainda mais, é um significado secundário plausível uma vez
que a vida é o resultado dos elementos que tornaram o homem um ser animado. Em outras palavras, se
uma “alma vivente” é simplesmente um “ser vivo”, a alma pode ser assim classificada, então, como a
própria vida humana. Veremos mais detalhes sobre isso neste estudo ao explorarmos algumas passagens
bíblicas tais como, por exemplo, a de Mateus 10:28, usada pelos imortalistas como suposta “prova” da
imortalidade da alma.


O corpo é a alma visível – A partir do relato da criação humana em Gênesis 2:7, podemos perceber
claramente que o homem é uma alma e possui um fôlego de vida que dá a animação ao corpo formado
do pó. O que seria então o “corpo”? Nada mais é do que a alma visível. A alma é a pessoa integral, como
o resultado do corpo formado do pó da terra com a fusão do fôlego de vida [espírito] soprado em suas
narinas para o homem tornar-se um ser vivente. Dito em termos simples, o corpo não é a prisão da
alma, mas reflete a própria alma como visivelmente ela é. O Dr. Hans Walter Wolff faz a seguinte
ponderação:

“O que nephesh [alma] significa? Certamente não a alma [no sentido dualístico tradicional] (...) O homem
não possui nephesh [alma], ele é nephesh [alma], ele vive como nephesh [alma]”
2


A Bíblia confirma tal posição relatando inúmeras vezes a morte do corpo como a morte da alma (ver
Lv.19:28; 21:1, 11; 22:4; Nm.5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13; Ag.2:13). Nestas passagens, o original
hebraico traz alma [nephesh] embora fosse o corpo (ou “carne”) que jazia morto. Por exemplo: “Todos
os dias da sua consagração para o Senhor, não se aproximará de um cadáver” (cf. Nm.6:6). No original
hebraico dessa mesma passagem lemos: “kol-yemêy hazziyro layhvh `al-nephesh mêth lo' yâbho'” (cf.
Nm.6:6).

Também lemos em Números 9:7 – “Estamos imundos por termos tocado o cadáver de um homem ;
por que havemos de ser privados de apresentar a oferta do Senhor, a seu tempo, no meio dos filhos de
Israel?” (cf. Nm.9:7); no original hebraico: “vayyo'mru hâ'anâshiym hâhêmmâh 'êlâyv 'anachnu

2
WOLFF, Hans Walter. Anthropology of the Old Testament. Filadélfia, 1974, p. 1.

themê'iymlenephesh 'âdhâm lâmmâh niggâra` lebhiltiy haqribh 'eth -qorbanAdonay bemo`adho
bethokh benêy yisrâ'êl” (cf. Nm.9:7).

Lemos também em Números 19:11 – “Aquele que tocar em algum morto, cadáver de algum homem,
imundo será sete dias” (cf. Nm.19:11); no original hebraico: “hannoghêa` bemêth lekhol -nephesh
'âdhâm vethâmê' shibh`ath yâmiym” (cf. Nm.9:11). E dois versos à frente: “Todo aquele que tocar em
algum morto, cadáver de algum homem , e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; essa
pessoa será eliminada de Israel; porque a água purificadora não foi aspergida sobre ele, imundo será;
está nele ainda a sua imundícia” (cf. Nm.19:13). No texto original hebraico: “kol-hannoghêa` bemêth
benephesh hâ'âdhâm 'asher-yâmuth velo'yithchathâ' 'eth-mishkan Adonay thimmê' venikhrethâh
hannephesh hahiv'miyyisrâ'êl kiy mêy niddâh lo'-zoraq `âlâyv thâmê' yihyeh `odhthum'âtho bho” (cf.
Nm.19:13).

Poderíamos ficar o livro todo repassando inúmeras passagens bíblicas que demonstram de maneira clara
que para os hebreus o corpo nada mais era do que a própria alma visível, não tinha absolutamente parte
nenhuma com qualquer segmento imaterial ou imortal. Por isso, o cadáver de um homem era
frequentemente relacionado à alma que jazia morta porque o corpo é a alma visível.

Para Moisés e para os hebreus, a alma nunca foi imortal. Mas, para aquelas pessoas que insistem em se
opor à doutrina da mortalidade bíblica, “estarão em apuros para explicar aquelas passagens que falam
de uma pessoa morta como uma alma-nephesh morta (Lev. 19:28; 21:1, 11; 22:4; Núm. 5:2; 6:6, 11;
9:6, 7, 10; 19:11, 13: Ageu 2:13). Para elas é inconcebível que uma alma imortal possa morrer com o
corpo”
3



A alma não é algo imaterial – Nenhum escritor bíblico tinha em mente a crença de que o corpo é a prisão
de uma alma imaterial dentro dele. Isso fica muito claro na Bíblia por inúmeras razões. Em primeiro
lugar, porque a Bíblia afirma que a alma emagrece: “E ele lhes cumpriu o seu desejo, mas enviou
magreza às suas almas ” (cf. Sl.106:5). Evidente que, se a alma fosse uma entidade imaterial, então
ela não poderia “emagrecer” de jeito nenhum! É óbvio que a alma é o ser integral do homem e, sendo
assim, ela também emagrece junto com o corpo (lembre -se de que o corpo é a alma visível).

Se a alma emagrece, então ela não é imaterial mas sim algo bem material, que nasce, que cresce, que
emagrece, que engorda, que sente sede, que envelhece e que morre. Se a crença dos escritores bíblicos
fosse de que apenas o corpo que sofre todas essas alterações físicas naturais (como nascer, crescer,
emagrecer, morrer, etc), então o salmista certamente teria empregado a palavra hebraica bashar, que
significa “corpo”, e não nephesh (alma). O mesmo pode ser dito com relação aos demais pontos que
apresentarei a seguir.

Isaías nos diz que “será também como o faminto que sonha, que está a comer, porém, acordando, sente -
se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, porém, acordando, eis que ainda desfalecido
se acha, e a sua alma com sede ; assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte
Sião” (cf. Is.29:8). Uma entidade imaterial não pode sentir sede, pois a sede é uma característica do
corpo físico. No máximo poderia sentir sede em um sentido purame nte metafórico, como quando o
salmista afirma que tem “sede de ti [de Deus]” (cf. Sl.143:6). Mas no contexto no qual o texto de Isaías
está inserido percebemos facilmente que se trata não de uma linguagem poética ou alegórica, mas
natural e literal.


3
BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição: Uma abordagem bíblica sobre a natureza e o destino
eterno. Unaspress, 1ª edição, 2007.

Ele fala de pessoas fisicamente famintas que sonham em comer algo, mas que acordam e veem que
estão vazias, e de pessoas com sede que sonham que estão bebendo algo, mas que acordam e ainda
estão desfalecidas, e a sua alma com sede. Sede do que? Sede de Deus? Não, sede de beber algo, como
o contexto indica. Trata-se de pessoas fisicamente com sede, que sonham em estar bebendo algo, mas
acordam e percebem que não beberam nada, que ainda estão desfalecidas fisicamente, que a sua alma
continua com sede. Nisso fica muito claro que a alma é o próprio ser vivente como pessoa, e não algo
imaterial dentro dele.

Outro exemplo semelhante ocorre quando os israelitas murmuravam no deserto na insistência por carne:
“Agora, porém, seca-se a nossa alma [nephesh], e nenhuma cousa vemos senão este maná” (cf.
Nm.11:16). Eles estavam falando de um maná físico, e de uma sede real, não meramente de algo
simbólico ou em algum sentido espiritual. Portanto, a alma que está seca se refere ao próprio físico que
clama por outra comida além do maná. Ou seja, a alma é identificada novamente como sendo algo físico
e visível na forma do corpo, e não em uma substância imaterial residente dentro do corpo.

Existem muitas coisas que um elemento imaterial não pode fazer. Uma dessas é chorar, por exemplo.
Contudo, lemos na Bíblia que a alma de tristeza verte lágrimas: “Chora de tristeza a minha alma;
reconfortai-me segundo vossa promessa” (cf. Sl.119:28). Se a alma derrama lágrimas, então ela não é
imaterial. Nada há nas Escrituas nada que possa mostrar que a alma é um segmento imaterial na
natureza do homem, afinal, se assim fosse esperaríamos que ela não pudesse derramar lágrimas, uma
vez sendo isso um fenômeno natural, material, físico, visível.

Além disso, a Bíblia afirma categoricamente que a alma desce à cova após a morte (cf. Jó
33:18,22,28,30; Is.38:17; Sl.94:17). Se a alma fosse algo imaterial, então ela de maneira nenhuma
poderia descer à sepultura na morte (ela deveria era subir ao Céu ou ir para o inferno). Também sabemos
que a Bíblia afirma inúmeras e incansáveis vezes que a alma morre, e uma entidade imaterial não pode
falecer (ver a morte da alma em Nm.31:19; Nm.35:15,30; Js.20:3,9; Jo.20:3,28; Gn.37:21; Dt. 19:6,
11; Jr.40:14,15; Jz.16:30; Nm.23:10; Ez.18:4,20; Jz.16:30; Nm.23:10; Mt.10:28; Ez.22:25,27; Jó
11:20; At.3:23; Tg.5:20, etc).

Jó fala que “se comi os seus frutos sem dinheiro, e sufoquei a alma dos seus donos , por trigo me
produza cardos, e por cevada joio. Acabaram-se as palavras de Jó” (cf. Jó 31:39,40). “Sufocar a alma”
significa sufocar a própria pessoa, porque algo imaterial não pode ser sufocado. Por fim, a Bíblia declara
a alma como em Gênesis 2:7: uma pessoa, e não uma entidade imaterial. Assim podemos entender que
Abraão “tomou a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e
as almas que lhe acresceram em Harã ; e saíram para irem à terra de Canaã; e chegaram à terra de
Canaã” (cf. Gn.12:5). Abraão não estava tomando para si substâncias i materiais, mas sim algo bem
material, pessoas, de carne e osso.

Concluímos, pois, que a alma não é um segmento imaterial, mas sim a própria vida humana como o
resultado da junção do pó da terra com o fôlego de vida (para dar animação ao corpo morto), resultando
em um ser vivo. Enquanto o dualismo platônico ensina que a alma-psiquê é algo imaterial, intangível,
invisível, eterno e imortal, as Sagradas Escrituras apresentam a alma como referência a criaturas
terrestres, incluindo os animais, referindo-se a algo bem material, tangível, visível e mortal.

Sumariando, corpo e alma não são duas pessoas dentro de um único ser (um mortal e outro imortal),
mas sim duas características da mesma pessoa. A alma é a sede dos pensamentos, que também perecem
com a morte (cf. Sl.146:4). O corpo é um homem como um ser concreto. Isso não significa dualismo
entre corpo e alma, mas sim duas características da mesma pessoa.

Como disse Dom Wulstan Mork:

“Não havia a dicotomia grega de alma e corpo, de duas substâncias opostas, mas uma unidade, homem,
que é bashar [corpo] de um aspecto e nephesh [alma] de outro. Bashar, pois, é a realidade concreta da
existência humana, nephesh é a personalidade da existência humana”
4


De fato, a própria Enciclopédia Católica fez uma interpretação muito feliz daquilo que realmente significa
“alma”, sem ter parte com algum segmento imaterial preso dentro do homem:

“Nephesh [né·fesh] é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’, significando vida (Êx
21.23; Dt 19.21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35.18; Jó 41.13,21), sangue [Gn
9.4; Dt 12.23; Sl 140(141).8], desejo (2 Sm 3.21; Pr 23.2). A alma no Antigo Testamento significa, não
uma parte do homem, mas o homem inteiro — o homem como ser vivente. Similarmente, no Novo
Testamento significa vida humana: a vida duma entidade individual, consciente (Mt 2.20; 6.25; Lu 12.22-
23; 14.26; Jo 10.11, 15, 17; 13.37)”
5



A alma na cova – Outro fator importante que mostra que os escritores do Antigo e do Novo Testamento
não imaginavam uma natureza dualista do ser humano é a resposta para a pergunta: para onde vai o
corpo quando morre? Biblicamente, para a cova, a sepultura. De acordo com os imortalistas, a alma tem
um destino diferente do corpo, prosseguindo de imediato ao Céu ou ao inferno.

Sendo a alma a própria pessoa integral como o resultado do pó da terra com o fôlego de vida, entendemos
que não há uma alma viva sem a combinação d e corpo e espírito. Sem corpo não há uma alma vivente
e sem espírito também não há alma viva. O que a Bíblia diz a respeito disso? A alma regressa ao lugar
de silêncio (a sepultura) ou seria levada para tormentos eternos ou imediatamente ao Céu, tendo
destinos diferentes do corpo? No livro de Jó temos a resposta a esta questão:

“Para apartar o homem do seu designo e livrá-lo da soberba; para livrar a sua alma da cova, e a sua
vida da espada” (cf. Jó 33:18). Como vemos, o lugar para onde a alma regressaria seria à cova
(sepultura), e não para uma outra dimensão! Também continuamos lendo no mesmo capítulo: “Sua
alma aproxima -se da cova, e sua vida, dos mensageiros da morte” (cf. Jó 33:22). Novamente é
relatado o fato bíblico de que o lugar para onde a alma se aproxima não é para o Céu ou para o inferno,
mas para a cova. E novamente continuamos lendo:

“Ele resgatou a minha alma, impedindo-a de descer para a cova, e viverei para desfrutar a luz” (cf.
Jó 33:28). A clareza da linguagem é tão evidente que não necessita de maiores elucidações. O lugar para
onde a alma iria era para a cova, não era o destino apenas do corpo! Por que Eliú no livro de Jó omite
completamente que a alma suba consciente para o Céu, inferno, ou qualquer outro canto, mas diz que
ela desce para a cova?

Ele estava tentando enganar os teólogos da doutrina da imortalidade? Bom, talvez. Mas, apesar de ter
todas as possibilidades de narrar a sobrevivência da alma à parte do corpo, já assegurada em algum
lugar “entre os salvos”, ele afirma de maneira categórica que o local da alma é na cova. Ele manifesta
claramente a sua visão holista bíblica de que a alma não tem destinos diferentes do corpo após a morte. Ademais, além de relatar
que a sua alma desceria para a cova caso morresse, ele ainda afirma que, uma vez que continua com vida, “viverei para desfrutar
a luz”.


4
MORK, Dom Wulstan. The Biblical Meaning of Man. Milwaukee, Wisconsin, 1967, p. 34.
5
New Catholic Encyclopedia, 1967, Vol. XIII, p. 467.

Em outras palavras, caso ele morresse já não veria mais luz nenhuma! Como se isso tudo não fosse suficientemente
claro, o salmista declara o mesmo ponto de vista do livro de Jó, assumindo exatamente a mesma posição
de que não é apenas o corpo que jaz na sepultura, mas a alma também: “Se o Senhor não fora em meu auxílio,
já a minha alma habitaria no lugar do silêncio” (cf. Sl.94:17). Ora, qual era o lugar do silêncio no qual o salmista declara que
partiria a sua alma?

Evidentemente não é uma referência ao Céu com altos louvores e muito menos aos terrores e gritarias do fogo do inferno; sendo,
antes, uma clara referência à sepultura, o verdadeiro lugar do silêncio para o qual o salmista afirma categoricamente que não o
corpo tão somente, mas também a alma partiria após a morte. Quando o rei Ezequias estava à beira da morte, ele relata a sua
convicção de que a sua alma partiria para a cova, para a corrupção:

“Foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da
cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (cf. Is.38:17). O Senhor livrou
a sua alma de ir para onde? Pro Céu? Pro inferno? Pro purgatório? Não, de ir pra cova. Ezequias sabia que o destino de sua alma
seria para a cova, para o lugar de corrupção. Por isso mesmo, ele clama pela manutenção de sua vida no capítulo inteiro (cf. Isaías
38). No Salmo 88:3, o salmista expressa a mesma ideia:

“Porque a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura ” (cf. Sl.88:3).
Outro fato interessante encontra-se no Salmo 49:8,9, que diz: “Pois o resgate da alma deles é caríssima,
e cessará a tentativa para sempre, para que viva para sempre e não sofra decomposição” (cf.
Sl.49:8,9). Aqui fica claro que a alma também pode sofrer decomposição; contudo, é passível de ser
resgatada [na ressurreição] para viver para sempre e não sofrer decomposição [na sepultura].

Com toda a clareza necessária, a Bíblia não deixa espaços para a heresia de que o corpo é a prisão de uma alma imaterial e imortal
que tem destinos diferentes após a morte partindo para o Céu ou para o inferno. Antes, a alma, como é a própria pessoa humana
como o resultado do pó da terra com o fôlego da vida (cf. Gn.2:7), jaz na sepultura. Não obstante a isso, o salmista afirma: “Na
prosperidade repousará a sua alma , e a sua descendência herdará a terra” (cf. Sl.25:13). A alma
também “repousa”, não é só o corpo que dorme!

Muito embora os escritores bíblicos tivessem a sua disposição a plena condição de relatar que o corpo somente é que desce a
cova ou que “repousa”, eles insistem em declarar que a alma [nephesh] desce a cova, a corrupção, ao silêncio. Ponderamos: iriam
todos eles relatar que a alma jaz na cova caso tivessem em mente que após as suas mortes a sua alma partiria logo para qualquer
lugar, menos para a cova?

É óbvio que não! A crença dos escritores bíblicos era de uma natureza holista e não dualista do ser humano, de modo que a alma
não escapava da sepultura. É digno de nota, também, o fato de que nunca em passagem nenhuma da Bíblia há qualquer declaração
de algum relato da alma subindo ao Céu ou descendo para o inferno. Em absolutamente todas as vezes em que alguém relata o
local onde a sua alma partiria com a morte, diz respeito somente a sepultura.

Evidentemente a alma descer para a cova é a conclusão dos escritores bíblicos diante do fato de que a alma morre, e é exatamente
isso o que veremos a seguir. Afinal, “que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do
poder da sepultura?” (cf. Sl.88:48). Não! Ninguém! Todos os homens são mortais e não tem uma vida
inerentemente imortal; a alma de todos está sujeita ao poder da sepultura! O salmista deixa nítido que
todos os homens morrem e descem à sepultura, e que esta morte não se resume apenas ao corpo, mas
também à alma, fazendo a pergunta retórica: “livrará ele a sua alma do poder da sepultura”?

Diante de tudo isso, apenas alguém bem mal intencionado para acreditar que os escritores bíblicos
acreditavam que a alma tinha destinos diferentes do corpo após a morte, uma vez que a Bíblia apresenta
tantas vezes não só a morte da alma, mas também a sua descida ao silêncio e a cova (sepultura), bem
como que a alma está “repousando”. Sendo assim, a visão bíblica, como vimos, é holista, e não dualista.

Paralelismo entre corpo e alma - Somente aquele que entende que corpo e alma sã o duas características
da mesma pessoa e não duas coisas opostas, entenderá o paralelismo bíblico entre corpo e alma: “Ó
Deus, tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de Ti; meu corpo Te
almeja” (cf. Sl.63:1). Corpo e alma não são dois opostos; doutra forma seria impossível que eles fossem
colocados intercambiavelmente . Isso seria uma afronta para a doutrina dualista, que prega
exatamente o contrário disso, isto é, que corpo e alma são dois opostos, dois extremos distintos, material
e imaterial, mortal e imortal.

Qual nada, ambos são colocados intercambiavelmente em um paralelismo bíblico, porque são duas
manifestações da mesma pessoa, e não formas diferentes de existência. Nisso fica muito clar o a visão
bíblica holista em detrimento da doutrina dualista. Colocar corpo e alma intercambiavelmente como
paralelismo seria uma completa afronta à visão grega dualista, que prega exatamente o inverso disso,
isto é, que um é antagônico – oposto – ao outro.

O mesmo paralelismo é feito no Salmo 84:2 entre alma, coração e carne e também em Jó 14:22 incluindo
corpo e alma. Devemos sempre lembrar que, de acordo com o dicionário, paralelismo é “um
encadeamento de funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de orações de valores sintáticos
iguais. Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática externa, ao ligarem -se umas às
outras em processo no qual não se permite estabelecer maior relevância de uma sobre a outra”
6
.

Paralelismo é, portanto, quando duas linhas expressam o mesmo pensamento em linguagem
ligeiramente diferente, ou quando o pensamento da primeira linha é completado, ampliado ou
intensificado na segunda, tendo a mesma aplicação prática. Noutras palavras, se corpo e alma fossem
dois distintos opostos como pregam os dualistas (o corpo mortal e a alma imortal; o corpo corruptível e
a alma incorruptível; o corpo material e a alma imaterial), então o que esperaríamos seria justamente
uma antítese, isto é, um contraste nítido entre ambos que expressaria tal discrepância.

Contudo, o que vemos na Bíblia é que corpo e alma são usados intercambiavelmente como paralelismo,
porque não são dois opostos e nem duas “pessoas” dentro de um único ser, mas sim duas caracterís ticas
da mesma pessoa, pois os dois estão intimamente relacionados; o corpo é a forma exterior da alma e a
alma é a vida interior do corpo humano. Por isso, eles não são opostos (como ensinavam os gregos
dualistas), mas intercambiáveis (como apregoa o holismo bíblico). Tal definição fere gritantemente o
conceito platônico da “alma imortal”.


A sede dos pensamentos – Alguma parte dos defensores da imortalidade da alma sustentam que o fato
dela ser utilizada biblicamente como fonte dos pensamentos humanos significa que ela é um segmento
imortal. Sustentam a diferença entre a parte mortal (que não pensa) e a imaterial implantada por Deus
(que comanda os sentimentos humanos). Essa conclusão, contudo, carece inteiramente de respaldo
teológico. Isso porque o coração também é utilizado biblicamente como sede dos pensamentos, ainda
mais do que a própria alma.

Por exemplo, é nos dito que o coração é sede de alegria (cf. Pv.27:11), coragem (cf. Sm.17:10), tristeza
(cf. Ne.2:2), desânimo (cf. Nm.32:7), perturbação (cf. 2Rs.6:11), tenção (cf. Is.35:4), ódio (cf.
Lv.19:17), amor (cf. Dt.13:3), confiança (cf. Pv.31;11), generosidad e (cf. 2Cr.29:31), inveja (cf.
Pv.23:17). O coração estremece (cf. 1Sm.28:5), excita-se (cf. Sl.38:10), desmaia (cf. Gn.45:26), adoece
(cf. Pv.13:13), desfalece (cf. Gn.42:28), agita-se (cf. Pv.13:12).


6
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paralelismo_sint%C3%A1tico>. Acesso em: 15/08/2013.

Em outras ocasiões, o coração é claramente indicado como sendo a fonte dos pensamentos e sentimentos
do ser humano: “Pois do coração procedem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as
imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (cf. Mt.15:39). Por isso mesmo,
“sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (cf.
Pv.4:23). E quando Davi diz a Salomão: "E você, meu filho Salomão, reconheça o Deus de seu pai, e
sirva-o de todo o coração e espontaneamente, pois o Senhor sonda todos os corações e conhece a
motivação dos pensamentos” (cf. 1Cr.28:9).

Portanto, se a alma é imortal porque em determinadas ocasiões é utilizada como fonte de sentimentos
e emoções, então o coração certamente não pode deixar de ser também. O próprio fato de organismos
materiais que perecem com a morte do corpo serem utilizados como sede dos pensamentos juntamente
com a alma, nos mostra que ambos não são duas partes distintas (uma pensante e outra matéria
irracional), mas sim duas manifestações do mesmo ser mortal.

Não existe um aspecto espiritual em contraposição ao físico, nem o ser “interior” em oposição ao
“exterior”, mas sim o ser como criatura viva, consciente e pessoal. O paralelismo bíblico entre alma e
coração como sede dos pensamentos nos mo stra que eles não são duas entidades distintas, mas
consistem em duas maneiras de se referir a si próprio. Os escritores bíblicos se utilizavam de paralelismo
entre coração e espírito como sede dos sentimentos: “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito
abatido faz secar os ossos” (cf. Pv.17:22).

E também de paralelismo entre coração e alma: “O Senhor, o seu Deus, está pondo vocês à prova para
ver se o amam de todo o coração e de toda a alma” (cf. Dt.13:3). Tal paralelismo entre coração e alma
nos mostra que ambos são tão somente agentes materiais utilizados intercambiavelmente ao tratar -se
dos pensamentos e sentimentos humanos. O coração e a alma não são dois opostos (um material e outro
imaterial; um mortal e outro imortal), mas dois agentes que estão intimamente ligados entre si, sendo
duas características da mesma pessoa, e não entidades opostas.

Isso nos permite perfeitamente acentuarmos o parelelismo entre alma e coração e colocarmos ambos
como sede dos pensamentos, o que infelizmente não é possível no modelo dualista tradicional. A verdade
bíblica é a de que o sopro de Deus que nos traz fôlego de vida é visivelmente presente na forma da
respiração, e a alma é visivelmente presente na forma do corpo. Por isso, corpo, alma, espírito e coração
não são opostos e nem distintos, mas características da mesma pessoa, o ser integral holista do ser
humano. A Bíblia Sagrada, em sua totalidade, contradiz gritantemente os conceitos platônicos da “alma
imortal”.


IV–A morte da alma

No Antigo Testamento – A Bíblia relata a morte da alma tantas inúmeras vezes que eu tive que resumir
citações condensadas aqui ao invés de passar uma a uma. O arsenal bíblico da morte da alma é tão
significativo ao ponto de nenhum exegeta sério poder contestar que este é um fato. Ela não sobrevive a
parte do corpo, mas, pelo contrário, morre com ele, pelo que não existe “alma vivente” sem o corpo com
o fôlego de vida. Quando o fôlego de vida [espírito] é retirado, nós que somos almas viventes nos
tornamos almas mortas. É por isso que a Bíblia fala tão frequentemente na morte da alma também.

No Antigo Testamento, os escritores bíblicos quase cansaram de falar que a alma morre. No texto original
hebraico, a alma morria, era transpassada, podia ser morta, morria para esta vida e morria para a
próxima, a alma morria a toda hora. Josué conseguiu o “feito” de exterminar muitas almas... (ver Josué
10:28 no original hebraico: “Ve'eth-maqqêdhâh lâkhadh yehoshua` bayyom hahu' vayyakkehâlephiy -

cherebh ve'eth-malkâh hecherim 'othâm ve'eth-kâl-hannephesh 'asher-bâh lo' hish'iyr sâriydh vayya`as
lemelekh maqqêdhâh ka'asher `âsâhlemelekh yeriycho ”).

A tradução literal ficaria assim: “Naquele dia tomou Maquedá. Atacou a cidade e matou o rei a espada e
exterminou toda a alma que nela vivia , sem deixar sobreviventes. E fez com o rei de Maquedá o que
tinha feito com o rei de Jericó”. E não foi só essa vez que Josué conseguiu o feito extraordinário de matar
não só o corpo, mas a alma também: em Josué 10:30, 31, 34, 36 e 38 , a alma costumava morrer
sempre. No original hebraico, Josué “matou a espada todas as almas” (cf. Js.10:30), e “exterminou
toda a alma” (cf. Js.10:28). Definitivamente, se existia uma imortalidade da alma, então Josué deveria
ganhar uma medalha de honra ao mérito por tais feitos.

Se alguém “matava uma alma acidentalmente”, podia fugir para uma cidade de refúgio (cf. Js.20:3).
Era possível aniquilar uma alma sem intenção (cf. Js.20:9). A alma morria tantas vezes, que uma
referência completa a todas as passagens nos faria superar os limites de escopo deste livro. É claro que
a maioria das versões bíblicas a nossa disposição simplesmente não traduzem a palavra “alma” como
colocada no original hebraico [nephesh] pelo simples fato de que isso seria uma afronta à teoria
imortalista de que é só o corpo que morre e a alma não. Os personagens bíblicos não acreditavam que
seria apenas o corpo que morreria, pois eles categoricamente afirmam: “Quem contará o pó de Jacó e o
número da quarta parte de Israel? Que a minha alma morra da morte dos justos , e seja o meu fim
como o seu” (cf. Nm.23:10).

Veja que ele não diz: “que meu corpo morra a morte dos justos”, o que presumivelmente seria a única
coisa que os defensores da imortalidade da alma afirmariam. A própria alma não escaparia da morte, e
essa era a tão forte convicção de toda a Bíblia. A esperança deles não era que as suas almas fossem
imortais, mas sim que elas morressem as mortes dignas dos justos, isto é, com honra. Este seria o fim
deles, e não um início de uma nova existência!

Tal convicção de que a alma também não escapa da morte pode ser encontrada mais inúmeras vezes:
“Dai-me um sinal seguro de que salvareis meu pai, minha mãe, meus irmãos, minhas irmãs e todos os
que lhe pertencem e livrareis as nossas vidas da morte” (cf. Js.2:13). Caso os israelitas atacassem Jericó,
as “vidas” da família de Raabe seriam mortas. Poucos sabem, contudo, que o original hebraico verte
novamente a morte da alma-nephesh ao invés de “vida” como é traduzido por muitas versões. A Versão
King James é uma das versões que traduzem nesta passagem corretamente a morte da alma, como
sendo o próprio término da vida, a cessação da existência.

Em Deuteronômio 19:11, a tradução em po rtuguês assim reza: “Mas, se alguém odiar o seu próximo,
ficar à espreita dele, atacá-lo e matá-lo, e fugir para uma dessas cidades...”. Contudo, o original
hebraico traz novamente a morte da alma: “Vekhiy-yihyeh 'iysh sonê'lerê`êhu ve'ârabh lo veqâm `âlâyv
vehikkâhu nephesh vâmêth venâs'el-'achath he`âriym hâ'êl”. “Matá-lo” aqui é a tradução do original
hebraico que traz nephesh: matar a alma!

Em Jó 27:8, quando lemos que Deus eliminaria os ímpios, tirando a sua vida, o original traduz por “tira
a alma” [nephesh]: “Pois, qual é a esperança do ímpio, quando é eliminado, quando Deus lhe tira a alma
[nephesh]”? O fato bíblico é que “a alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4; Ez.18:21). Se Deus
tivesse feito a alma imortal, teria dito a Ezequiel que “a alma que pecar viverá eternamente em estado
desencarnado”; ou, então, diria que “a alma que pecar nunca morrerá”! Contudo, vemos que nem
mesmo a alma está isenta da morte.

Os autores bíblicos usavam e abusavam da morte da alma. Outro fato interessante encontra -se no Salmo
49:8,9, que diz: “Pois o resgate da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre, para que
viva para sempre e não sofra decomposição ” (cf. Sl.49:8,9). Se a alma fosse algo à parte do corpo

que se desliga deste por ocasião da morte, então ela jamais poderia em circunstância alguma sofrer
decomposição. O que deveria sofrer decomposição seria o corpo, somente, e não a alma. Contudo, o
verso 8 faz menção a nephesh - alma!

A verdade é que no original hebraico a alma é explicitamente morta: “Para que nelas se acolha aquele
que matar alguém [nephesh] involuntariamente” (cf. Nm.35:15). Evidentemente o hebraico nephesh
[alma] nunca é traduzido na maior parte das versões pelo simples fato de que isso iria suscitar o
questionamento de que a alma claramente morre com a morte do corpo. Por isso, traduzem até o “matar
alguém”... e daí pulam imediatamente para o: “...involuntariamente”.

Não traduzem por “matar alguma alma”, pois desta forma é muito mais fácil enganar os leitores que não
tem como descobrir usando apenas a linguagem disponível no texto em português se o verso verte a
morte apenas do corpo ou também da alma. O q ue bem podemos observar, ao longo de toda a Bíblia, é
que a alma morre tanto quanto o corpo (ou até mais), mas isso é escondido dos leitores pela maioria
das traduções. Tais casos semelhantes ocorrem inúmeras vezes nas Escrituras.

Alguns, na tentativa de provar que a alma é imortal, argumentam usando o texto de 1 ª Reis 17:21-22,
que assim diz: “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu
Deus, rogo-Te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele. E o Senhor atendeu à voz de Elias;
e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (cf. 1Rs.17:20-22). Mas, na realidade, tudo o que
este texto nos mostra é que a alma do menino, que estava morta, voltou a ter vida – ele tornou-se
novamente um ser vivente, uma alma vivente. Corrobora com isso a variante linguística do texto, como
observa o Dr. Samuelle Bacchiocchi:

“Esta leitura, que se acha à margem da versão AV, apresenta uma construção linguística diferente. O
que retorna às partes interiores é a respiração. A alma como tal nunca se liga a algum órgão ‘interior’ do
corpo. O retorno da respiração às partes interiores resulta no reavivamento do corpo, ou, poderíamos
dizer, faz com que se torne uma vez mais uma alma vivente”
7


Concorda com isso também o significado secundário de alma como sendo "vida". Cristo disse que aquele
que queria segui-lo teria que odiar a sua alma-psiquê (cf. Jo.12:25). Odiar a "si mesmo"
8
ou a um
elemento imortal que o próprio Deus tenha implantado no homem, como creem os imortalistas, não faz
qualquer sentido, razão pela qual a maioria das traduções bíblicas tem vertido a passagem por "vida"
9
.
Isso é o mesmo que ocorre em 1ª Reis 17:22, onde alma aparece no sentido de vida. A "vida" voltou ao
menino, como diz a NVI: "O Senhor ouviu o clamor de Elias, e a vida voltou ao menino , e ele viveu"
(cf. 1Rs.17:22), e desta forma ele passou a ser uma alma vivente novamente, não mais uma alma
morta
10
. Sobre isso, Bacchiocchi acrescenta:

“Até mesmo o Interpreter’s Dictionary of the Bible [Dicionário bíblico do intérprete], de concepção liberal,
em seu verbete sobre a morte declara explicitamente: ‘A partida do nephesh [alma] deve ser vista como
uma figura de linguagem, pois não continua a existir independentemente do corpo, mas morre com ele

7
BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição: Uma abordagem bíblica sobre a natureza e o destino
eterno. Unaspress, 1ª edição, 2007.
8
Cristo disse para amar o próximo como a si mesmo (cf. Mt.22:39), e não para odiar a si mesmo, o que seria uma
contradição.
9
Tal como fazem a Almeida Revisada e Imprensa Bíblica, a Nova Versão Internacional e a Sociedade Bíblica
Britânica, além das versões católicas Ave Maria, a Bíblia de Jerusalém e versão da CNBB.
10
Algum imortalista poderia aproveitar essa ocasião para objetar dizendo que "alma" também deveria ser traduzida
por "vida" nas mais de 58 citações explícitas onde ela morre, como se resolvesse o problema da morte da alma.
Contudo, "matar a vida" não faz qualquer sentido, mostrando que nessas ocasiões alma aparece em seu significado
primário, de um ser vivo, e eliminando aqui a possibilidade de se tratar de um elemento imortal que sobrevive à parte
do corpo após a morte, que é o significado principal de alma na visão imortalista.

(Núm. 31:19; Juí. 16:30; Eze. 13:19). Nenhum texto bíblico autoriza a declaração de que a ‘alma’ é
separada do corpo no momento da morte. O ruach, ‘espírito’, que faz do homem um ser vivente (cf. Gên.
2:7), e que ele perde por ocasião da morte, não é, falando -se apropriadamente, uma realidade
antropológica, mas um dom de Deus que retorna a Ele ao tempo da morte. (Ecl. 12:7) ’”
11


Além disso, aquele que matasse alguma alma deveria ficar sete dias fora do arraial: “Acampai-vos por
sete dias fora do arraial; todos vós, tanto o que tiver matado alguma alma [nephesh], como o que
tiver tocado algum morto” (cf. Nm.31:9). Se tais “exterminadores de alma” vivessem no século presente
e vissem o que o conceito de “alma” se tornou após a adoção universal do conceito platônico para este
termo, iriam ficar realmente assombrados em descobrir que mataram almas imortais!

A morte do corpo está sempre ligada à morte da alma porque o corpo é a forma visível da alma. Nós não
temos uma alma presa dentro de nós que é liberta por ocasião da morte; nós somos essa “pessoa” que
morre e que revive por ocasião da ressurreição (cf. Ap.20:4)! É por isso que, quando Josué conquistou
as várias cidades além do Jordão, a Bíblia nos diz repetidas vezes que “ele destruiu totalmente toda
alma [nephesh]” (cf. Js.10:28, 30, 31, 34, 36, 38). Definitivamente não haviam avisado Josué que no
máximo o que ele matou foi somente um corpo!

Em Deuteronômio 11:9, lemos que “havendo alguém que aborrece o seu próximo, e lhe arma ciladas, e
se levanta contra ele, e o fere de golpe mortal, e se acolhe a uma destas cidades...”. A frase “o fere de
golpe mortal” é uma infeliz tradução do original hebraico que diz “fere a alma-nephesh mortalmente”.
Jamais poderíamos imaginar que um cidadão iria com a sua espada transpassar tanto um indivíduo num
combate ao ponto de matar até a alma “imortal” e imaterial que essa pessoa possui dentro dela! É nítido
que a alma não era crido como sendo algo imaterial com imortalidade preso dentro de nós, o que também
fica claro em Jeremias:

“Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Verdadeiramente enganaste grandemente a este povo e a Jerusalém,
dizendo: Tereis paz; pois a espada penetra -lhe até à alma” (cf. Jr.4:10). Se a alma fosse algo
imaterial, não poderia ser atingida por objeto algum material e nem ser penetrada! Uma entidade imortal
e imaterial não pode ser ferida com espada ou algum outro instrumento; contudo, lemos que “vos
estejam à mão cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para que ali se acolha o homicida que ferir
a alguma alma [nephesh] por engano” (cf. Nm.35:11).

Aqui o “ferir” é propriamente a morte, porque o que a atinge é um homicida. Obviamente a morte do
corpo é a morte da alma, pelo fato de que a alma não é um segmento imaterial que não pode ser atingido
e nem destruído. Nenhum autor bíblico acreditava que existia uma alma imortal e imaterial presa dentro
do nosso corpo, pois, se assim fosse, então a alma jamais e em circunstância alguma poderia ser morta
e nem destruída em hipótese nenhuma!

Isaías fala a respeito de Jesus nessas palavras: “Por isso lhe darei a sua parte com os grandes, e com os
fortes ele partilhará os despojos; porque derramou a sua alma até a morte , e foi contado com os
transgressores. Contudo levou sobre si os pecados de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (cf.
Is.53:12). Comentando essa passagem, o Dr. Samuelle Bacchiocchi afirma: “’Ele derramou’ é versão do
hebraico arah que significa ‘esvazia, desnudar, ou deixar a descoberto’. Isso significa que o Servo
Sofredor esvaziou-Se de toda a vitalidade e força da alma. Na morte, a alma não mais funciona como o
princípio animador da vida, mas descansa na sepultura”
12



11
BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição: Uma abordagem bíblica sobre a natureza e o destino
eterno. Unaspress, 1ª edição, 2007.
12
ibid.

De qualquer forma, eles não insistiriam tanto na morte da alma, com os tradutores bíblicos na grande
maioria dos casos traduzindo por “pessoa” ao invés de “alma-nephesh”, como deve ser traduzido,
presumivelmente por causa de crerem que a alma é imortal e não pode ser morta, contrariando a Bíblia
toda (cf. Nm.31:19; 35:15,30; Js.20:3, 9; Gn.37:21; Dt.19:6, 11; J r.40:14, 15; Jz.16:30; Nm.23:10;
Ez.18:4; Ez.18:21). Em Números 31:19, lemos que a morte do corpo é a morte da alma:

“Acampai-vos sete dias fora do arraial; qualquer de vós que tiver matado alguma pessoa [nephesh] e
qualquer que tiver tocado em algum morto, ao terceiro dia e ao sétimo dia, vos purificareis, tanto vós
como os vossos cativos” (cf. Nm.31:19). O original novamente traz a morte da alma: “Ve'attem chanu
michutslammachaneh shibh`ath yâmiym kol horêgh nephesh vekhol noghêa` bechâlâltithchathe'u
bayyom hasheliyshiy ubhayyom hashebhiy`iy 'attem ushebhiykhem” .

Qualquer erudito familiarizado com as Escrituras também irá se deparar repetidamente com a forte
convicção bíblica de que, caso as pessoas morressem, as suas almas não escapariam da morte . Isso
explica o porquê que, em tantos casos, vemos os salmistas agradecendo a Deus por ter livrado a alma
deles da morte, prolongando os dias de vida deles, ou, então, dizendo que a sua alma morreria a morte
dos justos:

“Porque tu livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas, e os meus pés da queda” (cf.
Sl.116:8).

“Para lhes livrar as almas da morte, e para os conservar vivos na fome” (cf. Sl.39:19)

“Pois tu livraste a minha alma da morte ; não livrarás os meus pés da queda, para andar diante de
Deus na luz dos viventes?” (cf. Sl.56:13)

“Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? Que a minha alma morra da morte
dos justos, e seja o meu fim como o seu” (cf. Nm.23:10)

“E a sua alma se vai chegando à cova , e a sua vida aos que trazem a morte” (cf. Jó 33:22)

“Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá;
porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo” (cf.
Êx.31:14)

“Preparou caminho à sua ira; não poupou as suas almas da morte , mas entregou à pestilência as
suas vidas” (cf. Sl.78:50)

“E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma
se angustiou até a morte ” (cf. Jz.16:16)

“Conspiração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, que arrebata a presa; eles
devoram as almas ; tomam tesouros e coisas preciosas, multiplicam as suas viúvas no meio dela” (cf.
Ez.22:25)

“E naquele mesmo dia tomou Josué a Maquedá, feriu-a a fio de espada, e destruiu o seu rei, a eles, e a
toda a alma que nela havia ; nada deixou de resto: e fez ao rei de Maquedá como fizera ao rei de
Jericó” (cf. Js.10:28)

“Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para derramarem sangue, para
destruírem as almas, para seguirem a avareza” (cf. Ez.22:27)

Estes são alguns exemplos de passagens nas quais não precisamos ir até o original hebraico para
revelarmos que o original traz a palavra “alma”, pois as próprias versões em português (ou a maioria
delas) já traduzem por “alma” nestes versos, traduzindo nephesh por alma como realmente deve ser,
em um contexto onde ela é morta, ou destruída, ou eliminada, ou devorada! Vale lembrar sempre que
existe uma outra grande maioria de passagens bíblicas relatando a morte e extermínio da alma, em
que nephesh não foi traduzido por “alma” como corretamente deveria ser, mas o que restou a nós já é
mais do que o suficiente para imputarmos a doutrina de que a alma não morre como algo completamente
antibíblico.

Os escritores bíblicos jamais disseram que a alma é um elemento imaterial e imortal, mas sim algo bem
material e que morre. Por tudo isso, não existe alma imortal; o fato de a alma morrer tanto provém de
que uma “alma vivente” não significa uma “alma imortal”, mas simplesmente um “ser vivo”, sujeito a
morte: “Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a
alma que pecar, essa morrerá” (cf. Ez.18:4).

O Dr. Bacchiocchi ainda acrescenta:

“As pessoas tinham grande temor por suas almas [ nephesh] (Jos. 9:24) quando outros estavam
buscando suas almas [nephesh] (Êxo. 4:19; 1 Sam. 23:15). Eles tiveram que fugir por suas almas
[nephesh] (2 Reis 7:7) ou defender suas almas [nephesh] (Est. 8:11); se não o fizessem, suas almas
[nephesh] seriam totalmente destruídas (Jos. 10:28, 30, 32, 35, 37, 39). “A alma que pecar, essa
morrerá” (Eze. 18:4, 20). Raabe pediu aos dois espias israelitas que salvassem sua família falando em
termos de “livrareis as nossas vidas [almas-VKJ] da morte” (Jos. 2:13)”
13


Sumariando, vemos que, biblicamente, a alma morre (cf. Ez.18:4), perece (cf. Mt.10:28), é destruída
(cf. Ez.22:27), não é poupada da morte (cf. Sl.78:50), é completamente eliminada (cf. Êx.31:14), desce
à cova na morte (cf. Jó 33:22), revive na ressurreição [porque estava morta antes disso] (cf. Ap.20:4),
é totalmente destruída (cf. Js.10:28), é derramada na morte (Is.53:12), é penetrada pelo fio da espada
(cf. Jr.4:10), é passível de sofrer decompisição [na sepultura] (cf. Sl.49:8,9), “repousa” na morte (cf.
Sl.25:13), é sufocada (cf. Jó 31:39,40), é devorada (cf. Ez.22:25), pode ser assassinada (cf. Nm.35:11)
e exterminada (cf. At.3:23).

Que a alma não é e nem nunca foi imortal, isso também fica evidente pelo fato de que, em mais de 1600
citações em que aparece “alma” na Bíblia, em nenhuma delas é seguida do termo “eterno” [aionios] ou
“imortal” [athanatos], o que obviamente seria feito caso a alma fosse eterna ou imortal. Porém, isso
nunca ocorre nas Escrituras, que preferem insistir constantemente em dizer que a alma morre, é
destruída, exterminada e aniquilada (cf. Nm.31:19; 35:15,30; 23:10; Js.20:3,9; Js.20:3,28; Gn.37:21;
Dt.19:6, 11; Jr.40:14,15; Jz.16:30; 16:30; Ez.18:4,21; 22:25,27; Jó 11:20; At.3:23; Tg.5:20, etc).

A Bíblia usa e abusa de todos os termos genéricos para a morte da alma. Junte isso ao fato que vimos
acima, de que nunca algum escritor bíblico fez qualquer questão de dizer que a alma seria ‘eterna’ ou
‘imortal’ (em mais de 1600 citações), porque eles sabiam bem que a alma morre com a morte do corpo.
Ou seja: temos centenas de centenas de citações mostrando explicitamente e expressamente a morte
da alma, mas nenhuma que de forma direta afirme que a alma é “imortal” (athanatos) ou “eterna”
(aionios)! Isso vai frontalmente contra o dualismo grego que divulgava a imortalidade da alma
amplamente e nunca ousava dizer que a morria podia ser morta, o que seria uma completa afronta para
os gregos dualistas, um verdadeiro escândalo para eles.


13
ibid.

Se a alma de fato fosse imortal, o que deveríamos esperar seria uma “enchente” de citações bíblicas
falando sobre a “alma eterna”, a “alma imortal”, a “imortalidade da alma”, etc. O próprio fato de a Bíblia
insistir tanto na morte da alma ao invés de promover a imortalidade desta é suficientemente
incontestável a fim de desqualificarmos inteiramente esta doutrina por não possuir um mínimo de
respaldo teológico sério. Crer que a alma é imortal é estar com os olhos “vendados” (cf. 2Co.4:4) a luz
de todas as evidências.


No Novo Testamento – O Novo Testamento confirma, mantém e amplia a crença bíblica de que a alma
morre. Jesus nos contou sobre aquele que pode destruir o corpo e a alma (cf. Mt.10:28), Tiago nos diz
que a alma está sujeita à morte (cf. Tg.5:20) e Pedro declara que ela pode ser exterminada:

“E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo” (cf.
Atos 3:23)

Neste texto a palavra usada para o extermínio da alma é exolothreuo, que, de acordo com o léxico de
Strong, significa “derrubar do seu lugar, destruir completamente, extirpar”
14
. Não tem qualquer relação
com um prosseguimento eterno e ininterrupto de vida consciente, mas diz respeito a um extermínio,
uma completa cessação de existência. A palavra grega exolothreuo denota o completo extermínio da
alma. Embora os escritores bíblicos tivessem a completa decisão de escolha entre respaldar a morte do
“corpo” ou da “pessoa”, duas palavras disponíveis tanto no grego como no hebraico, eles insistem na
morte e extermínio da alma [nephesh/hebraico – psuchê/grego].

Paulo também afirma, no auge da tempestade de Atos 27, que “nenhuma vida se perderá” (cf. At.27:22).
O “perder-se” aqui referido é claramente relacionado com a cessação de vida, a morte na qual passaria
aquelas pessoas em caso que o navio se afundasse. Poucas pessoas sabem, contu do, que o original
grego traz “alma-psiquê” novamente: “kai abs=ta abs=nun t=tanun parainô umas euthumein apobolê
gar psuchês oudemia estai ex umôn plên tou ploiou”. Em outras palavras, eles teriam as suas
próprias almas mortas .

O apóstolo Paulo usou a palavra para alma-psiquê apenas treze vezes em seus escritos (de 1600 em que
aparece na Bíblia). A razão mais razoável para isso é que ele não queria dar entender aos seus leitores
um sentido equívoco daquilo que seria a “alma”, em direto contraste com o pensamento platônico que a
divulgava amplamente. Por isso mesmo, ele jamais se utilizou do termo “alma -psichê” para denotar a
vida que sobrevive à morte. Pelo contrário, relata que “é semeado um corpo natural [ psychikon] e
ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural [psychikon], há também corpo espiritual” (cf.
1Co.15:44).

Aqui ele se utiliza de um derivado de alma-psyche a fim de denotar a natureza do corpo natural que está
sujeito à morte [e consequente ressurreição], e não a algum elemento imaterial ou imortal. “Corpo
natural” aqui é a tradução do grego que diz: “ soma psuchikos”, que literalmente significa: “corpo
psíquico” (psiquê significa alma). Alma-psiquê, portanto, está relacionada a um corpo natural que morre
e que ressuscita, e não a um elemento imaterial, intangível e imortal desassociado do corpo natural e
mortal.

Os manuscritos originais da Bíblia (AT/hebraico; NT/grego) sempre insistem que a alma não é uma parte
divisível do corpo ou algum potencial imaterial presente na natureza humana trazendo consigo
imortalidade, mas sim a própria pessoa como um ser vivo, como uma alma vivente. Paulo e Barnabé
eram “homens que têm arriscado a vida [psiquê] pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (cf.

14
Léxico da Concordância de Strong, 1842.

At.15:26), porque a alma-psiquê também morre. Por isso, ela também é colocada em risco de acordo
com os perigos em determinada localidade. Eles colocaram a própria alma em risco por amor a Cristo,
porque a alma também pode ser morta. Se assim não fosse, eles estariam arriscando apenas o corpo
mortal, e não a alma, pois esta supostamente seria imortal e inatingível a qualquer perigo de vida.

Em Mateus 2:20, é nos dito que já morreram os que buscavam a alma-psiquê do menino Jesus:

“Levanta-te, toma a criancinha e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já morreram os
que buscavam a alma da criancinha” (cf. Mateus 2:20)

No grego:

“legôn egertheis paralabe to paidion kai tên mêtera autou kai poreuou eis gên israêl tethnêkasin gar oi
zêtountes tên psuchên tou paidiou”

O termo “buscar a alma”, diante do contexto, tem clara ligação com buscar a morte daquela criança,
que era o objetivo de Herodes: matar o menino Jesus. Ocorre que o evangelista Mateus, ao invés de
dizer que eles matariam apenas o corpo, emprega novamente o termo “alma -psiquê”, pois a morte seria
total: corpo e alma. Jesus disse em Mateus 16:25 que “todo aquele que quiser salvar a sua alma [psiquê],
perdê-la-á; mas todo aquele que perder a sua alma [psiquê] por minha causa, achá-la-á”.

O termo “perder a alma” aqui diz respeito ao martírio que todos os discípulos de Cristo passaram. Eles
“perderam a alma”, isto é, tiveram um fim nesta vida pelas mãos de homens cruéis, visando “ganhá -la”
num momento futuro, na ressurreição dos mortos. Mais uma vez, a morte não está relacionada ao corpo
de modo estrito, mas também à psiquê: alma! Outra clara referência neotestamentária sobre a morte
da alma está em Marcos 3:4, quando Cristo diz:

“A seguir, disse-lhes: ‘É lícito, no sábado, fazer uma boa ação ou fazer uma má ação, salvar ou matar
uma alma?” (cf. Marcos 3:4)

No grego:

“kai legei autois exestin tois sabbasin a=agathon a=poiêsai tsb=agathopoiêsai ê kakopoiêsai psuchên
sôsai ê apokteinai oi de esiôpôn”

De acordo com a Concordância de Strong, a palavra grega apokteino significa:

615 αποκτεινω apokteino
de 575 e kteino (matar); v
1) matar o que seja de toda e qualquer maneira.
1a) destruir, deixar perecer.

Portanto, apokteino psiquê denota a morte completa da alma, e não uma “imortalidade natural” dela.
Pedro, ao dizer que morreria por Cristo, chegou a dizer:

“Senhor, por que é que não te posso seguir atualmente? Entregarei a minha alma em benefício de
ti!” (cf. João 13:37)

No grego:

“legei autô ats=o petros kurie ab=dia ab=ti ts=diati ou dunamai soi akolouthêsai arti tên psuchên mou
uper sou thêsô”

Pedro estava simplesmente dizendo que estava disposto a morrer por Cristo, e para isso diz que
entregaria a sua psiquê por amor do Mestre, isto é, estaria disposto a entregar a sua própria alma à
morte em benefício de Cristo. Ele não cria que no máximo entregaria um corpo para morrer, mas a alma.
Ele não via a alma como um elemento imaterial e imortal, mas como algo tão fadado à morte quanto o
próprio corpo. E o mesmo pode ser dito com relação ao Filho do homem, que daria a sua alma-psiquê
como resgate em troca de muitos:

“Assim como o Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua
alma como resgate em troca de muitos” (cf. Mateus 20:28)

No grego:

“ôsper o uios tou anthrôpou ouk êlthen diakonêthênai alla diakonêsai kai dounai tên psuchên autou
lutron anti pollôn”

“Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das ovelhas” (cf. João
10:11)

No grego:

“egô eimi o poimên o kalos o poimên o kalos tên psuchên autou tithêsin uper tôn probatôn”

“Ninguém tem maior amor do que este, que alguém entregue a sua alma a favor de seus amigos” (cf.
João 15:13)

No grego:

“meizona tautês agapên oudeis echei ina tis tên psuchên autou thê uper tôn philôn autou”

“Dar a sua alma” nada mais é do que entregar a sua própria vida à morte, em favor da humanidade.
Psiquê mais uma vez não é vista como algo imortal, mas algo sujeito à morte, como o corpo. Finalmente,
em Apocalipse 20:4 é nos dito que as almas dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesus
reviveram. Se elas “reviveram”, é porque estavam mortas antes disso:

“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que
foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem
a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e reviveram, e reinaram
com Cristo durante mil anos” (cf. Apocalipse 20:4)

Neste contexto em que as almas revivem, não aparece corpo -soma na passagem, mas apenas a
referência às almas-psiquê que João viu em sua visão ganharem vida novamente no ato da ressurreição.
Dizer que aquilo que reviveu foi somente o corpo é entrar em gritante contradição com o texto bíblico,
que em momento nenhum fala de corpos. O texto não diz: “as almas daqueles corpos que foram
degolados”, mas sim “as almas daqueles que foram degolados”. Foram “as almas daqueles que foram
degolados” que reviveram, e não “os corpos daqueles que foram degolados”.

Dizer que o “daqueles” está associado ao corpo (que nem sequer aparece no texto) e não ao referencial
direto (“almas”) é no mínimo querer ferir a exegese e ampu tar as regras de interpretação textual.

“Daqueles” é uma referência clara ao referencial mais direto, ou seja, “as almas”. Um exemplo prático
para elucidar a questão: se eu dissesse que “a gasolina daqueles carros que pararam de funcionar foi
recolocada”, o que é que foi recolocado? A gasolina ou os carros? Óbvio: a gasolina. É a gasolina
daqueles carros, e não os próprios carros. Em Apocalipse 20:4 é exatamente a mesma estrutura textual
que aparece. Vemos que as almas daqueles mártires reviveram. O que reviveu? A resposta também é
óbvia: as almas daqueles que foram degolados!

Além disso, o original grego traz o artigo definido, que no grego é "των" (ho), e que é traduzido na
maioria das versões por “daqueles”:

“kai eidon thronous kai ekathisan ep autous kai krima edothê autois kai tas psuchas tôn pepelekismenôn
dia tên marturian iêsou kai dia ton logon tou theou kai oitines ou prosekunêsan a=to tsb=tô a=thêrion
tsb=thêriô a=oude tsb=oute tên eikona autou kai ouk”

De acordo com o léxico da Concordância de Strong, significa:

3588 ο ho que inclui o feminino η he, e o neutro το to
em todos as suas inflexões, o artigo definido; artigo
1) este, aquela, estes, etc.
Exceto “o” ou “a”, apenas casos especiais são levados em consideração.

Este artigo inclui o feminino e também o neutro, o que mostra que está apenas reiterando que o sujeito
é mesmo as almas, e não algum outro. “Corpo-soma” é masculino, e não feminino; ademais, nunca que
o artigo definido ho toma o lugar de sujeito da frase, ele apenas é um artigo definido que confirma o
sujeito da frase, não é utilizado para fazer uma distinção das “almas”, mas é um prosseguimento do
relato delas, ainda com elas (as almas) sendo o sujeito único da frase. Portanto, em momento nenhum
a referência e o sujeito da frase deixa de ser “as almas”, o que nos mostra que:

• Almas são decapitadas (morrem)
• Almas revivem na ressurreição

Por tudo isso, vemos que o Catecismo Católico que afirma que “a alma não perece com a morte do
corpo”
15
mostra uma total carência de conhecimento e discernimento bíblico. Isso explica o porquê do
“problema da Bíblia” como já foi aqui exposto; e, de fato, até hoje a grande maioria das traduções
continuam omitindo dos seus leitores a morte da alma com a morte do corpo. Mas, fazer o qu e: essa é
a única maneira de “salvar” a doutrina de que a alma não morre e está viva em algum lugar, escondendo
e omitindo dos seus leitores a verdade bíblica da morte da alma, o que exterminaria com um império de
cegueira espiritual que tenta monopolizar a opinião escondendo a verdade dos olhos do povo,
perpetuando estes enganos através das tradições humanas.


Citações explícitas da morte da alma nos originais – Como foi dito, as versões vernáculas à nossa
disposição na grande maioria das vezes omitem as menções à morte da alma quando ela aparece, e para
que isso seja verificável de forma mais clara e próxima dos leitores segue abaixo uma lista completa com
58 citações explícitas da morte da alma, afora aquelas onde a morte da alma vem implicitamente no
texto e outras várias menções ao longo de toda a Escritura.

No Pentateuco:


15
§366 do Catecismo Católico.

(Gênesis 19:19-20) - Ora, por favor, teu servo achou favor aos teus olhos, de modo que estás
magnificando a tua benevolência de que usas para comigo, para preservar viva a minha alma, mas
eu — eu não posso escapar para a região montanhosa, para que não se apegue a mim a calamidade e eu
certamente morra . Ora, por favor, esta cidade está perto para se fugir para lá... e minha alma viverá.

(No Hebraico) - hinnêh-nâ' mâtsâ' `abhdekha chên be`êyneykha vattaghdêlchasdekha 'asher `âsiythâ
`immâdhiy lehachayoth 'eth -naphshiy ve'ânokhiy lo''ukhal lehimmâlêth hâhârâh pen -tidhbâqaniy
hârâ`âh vâmattiy hinnêh-nâ' hâ`iyr hazzo'th qerobhâh lânus shâmmâh vehiy' mits`âr'immâlthâh nâ'
shâmmâh halo' mits`âr hiv' uthechiy naphshiy.

(Gênesis 37:21) - Ouvindo isso Rubem, tentou livrá -lo da mão deles. De modo que disse:
Não golpeemos fatalmente a sua alma .

(No Hebraico) - vayya`as gam-hu' math`ammiym vayyâbhê' le'âbhiyvvayyo'mer le'âbhiyv yâqum
'âbhiy veyo'khal mitsêydh benoba`abhurtebhârakhanniy naphshekha.

(Êxodo 31:14) - E tendes de guardar o sábado, pois é algo santo para vós. O profanador dele
será positivamente morto. Caso haja alguém fazendo nele alguma obra, então essa alma tem de ser
decepada do meio do seu povo .

(No Hebraico) - ushemartem 'eth-hashabbâthkiy qodhesh hiv' lâkhem mechaleleyhâ moth yumâth kiy
kol-hâ`osehbhâh melâ'khâh venikhrethâh hannephesh hahiv' miqqerebh `ammeyhâ.

(Levítico 19:28) - E não vos deveis fazer cortes na carne em prol duma alma falecida e não deveis
fazer tatuagem em vós.

(No Hebraico) - vesereth lânephesh lo' thittenu bibhsarkhem ukhethobheth qa`aqa`lo' thittenu
bâkhem 'aniy Adonay.

(Levítico 21:1, 11) - Ninguém se pode aviltar entre o seu povo por uma alma falecida. E não se deve
chegar a uma alma morta. Não se pode aviltar por seu pai e por sua mãe.

(No Hebraico) - vayyo'mer Adonay 'el-mosheh 'emor 'el-hakkohaniym benêy 'aharon ve'âmartâ
'alêhemlenephesh lo'-yithammâ' be`ammâyv ve`al kol-naphshoth mêth lo' yâbho'le'âbhiyv ule'immo
lo' yithammâ'.

(Levítico 23:30) - Quanto a qualquer alma que fizer qualquer sorte de obra neste mesmo dia, terei
de destruir esta alma dentre o seu povo.

(No Hebraico) - vekhol-hannephesh 'asher ta`aseh kol-melâ'khâh be`etsem hayyom hazzeh
veha'abhadhtiy 'eth-hannepheshhahiv' miqqerebh `ammâh.

(Levítico 24:17) - E caso um homem golpeie fatalmente qualquer alma do gênero humano, sem
falta deve ser morto.

(No Hebraico) - ve'iysh kiy yakkeh kol-nephesh 'âdhâm moth yumâth.

(Números 19:13) - Todo aquele que tocar num cadáver, a alma de qualquer homem que tenha
morrido, e não se purificar, profanou o tabernáculo de Jeová, e essa alma terá de ser decepada de
Israel.

(No Hebraico) - kol-hannoghêa` bemêth benephesh hâ'âdhâm 'ash er-yâmuth velo'yithchathâ' 'eth-
mishkan Adonay thimmê' venikhrethâh hannephesh hahiv'miyyisrâ'êl kiy mêy niddâh lo'-zoraq `âlâyv
thâmê' yihyeh `odhthum'âtho bho.

(Números 23:10) - Quem contará o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? Que a minha
alma morra da morte dos justos , e seja o meu fim como o seu.

(No Hebraico) - miy mânâh `apharya`aqobh umispâr 'eth -robha` yisrâ'êl tâmoth naphshiy moth
yeshâriymuthehiy 'achariythiy kâmohu.

(Números 31:19) - Quanto a vós mesmos, acampai sete dias fora do acampamento. Todo aquele que
tiver matado uma alma e todo aquele que tiver tocado em alguém que foi morto — deveis purificar-
vos no terceiro dia e no sétimo dia.

(No Hebraico) - ve'attem chanu michutslammachaneh shibh`ath yâmiym kol horêgh nephesh vekhol
noghêa` bechâlâltithchathe'u bayyom hasheliyshiy ubhayyom hashebhiy`iy 'attem ushebhiykhem.

(Números 35:11) - E tendes de escolher cidades convenientes para vós. Servirão para vós de cidades
de refúgio, e para lá terá de fugir o homicida que sem querer golpear fatalmente uma alma .

(No Hebraico) - vehiqriythem lâkhem `âriym `ârêy miqlâthtihyeynâh lâkhem venâs shâmmâh rotsêach
makkêh-nephesh bishghâghâh.

(Números 35:30) - Todo aquele que golpear fatalmente uma alma deve ser morto como assassino,
pela boca de testemunhas, e uma só testemunha não pode testificar contra uma alma para ela
morrer.

(No Hebraico) - kol-makkêh-nephesh lephiy `êdhiym yirtsach 'eth -hârotsêach ve`êdh 'echâdhlo'-
ya`aneh bhenephesh lâmuth.

(Deuteronômio 19:11) - Porém, caso haja um homem que odeie seu próximo, e ele se tenha posto de
emboscada contra este e se tenha levantado contra ele e golpeado fatalmente a sua alma, e ele
tenha morrido, e o homem tenha fugido para uma destas cidades.

(No Hebraico) - vekhiy-yihyeh 'iysh sonê'lerê`êhu ve'ârabh lo veqâm `âlâyv
vehikkâhu nepheshvâmêth venâs'el-'achath he`âriym hâ'êl.

(Deuteronômio 22:26) - E não deves fazer nada à moça. A moça não tem pecado que mereça a morte,
pois, assim como um homem se levanta contra seu próximo e deveras o assassina, sim, uma alma ,
assim é neste caso.

(No Hebraico) - velanna`ar [v][la][na`arâh] lo'-tha`aseh dhâbhâr 'êynlanna`ar [la][na`arâh] chêthe'
mâveth kiy ka'asher yâqum 'iysh `al-rê`êhuuretsâcho nephesh kên haddâbhâr hazzeh.


Nos Históricos:

(Josué 2:13-14) - E tereis de preservar vivos meu pai e minha mãe, e meus irmãos, e minhas irmãs,
e todos os que lhes pertencem, e tereis de livrar as nossas almas da morte . A isto lhe disseram os
homens: “Nossas almas hão de morrer em vosso lugar”!

(No Hebraico) - vehachayithem 'eth-'âbhiy ve'eth-'immiy ve'eth-'achayve'eth-'achothay ['achyothay]
ve'êth kol-'asher lâhem vehitsaltem 'eth -naphshothêynu mimmâveth vayyo'mru lâh
hâ'anâshiym naphshênuthachtêykhem lâmuth 'im lo' thaggiydhu 'eth-debhârênu zeh vehâyâh bethêth-
Adonay lânu 'eth -hâ'ârets ve`âsiynu `immâkh chesedh ve'emeth.

(Josué 10:28, 35) - E naquele dia Josué capturou Maquedá e passou a golpeá -la com o fio da espada.
Quanto ao seu rei,devotou à destruição tanto a ele como a toda alma que havia nela . Não deixou
restar sobrevivente. E foram capturá-la naquele dia e começaram a golpeá-la com o fio da espada, e
naquele dia devotaram à destruição toda alma que nela vivia , segundo tudo o que tinham feito a
Laquis.

(No Hebraico) - ve'eth-maqqêdhâh lâkhadh yehoshua` bayyom hahu' vayyakkehâlephiy -cherebh
ve'eth-malkâh hecherim 'othâm ve'eth -kâl-hannephesh 'asher-bâh lo' hish'iyr sâriydh vayya`as
lemelekh maqqêdhâh ka'asher `âsâhlemelekh yeriycho vayyilkedhuhâ bayyom hahu' vayyakkuhâ.lephiy -
cherebh ve'êth kol-hannephesh 'asher-bâh bayyom hahu' hecheriymkekhol 'asher -`âsâh lelâkhiysh ph.

(Josué 11:10-11) - E foram golpear toda alma que havia nela com o fio da espada, devotando-as
à destruição. Não sobrou absolutamente nada que respirasse, e ele queimou Hazo r com fogo.

(No Hebraico) - vayyâshâbhyehoshua` bâ`êth hahiy' vayyilkodh 'eth -châtsor ve'eth-malkâh
hikkâhbhechârebh kiy-châtsor lephâniym hiy' ro'sh kol-hammamlâkhoth hâ'êlleh vayyakku 'eth -kâl-
hannephesh 'asher-bâh lephiy-cherebh hacharêm lo'nothar kol -neshâmâh ve'eth-châtsor sâraph
bâ'êsh.

(Juízes 16:16) - E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-
o, a sua alma se angustiou até a morte .

(No Hebraico) - vayhiy kiy-hêtsiyqâh lo bhidhbhâreyhâ kol-hayyâmiymvatte'alatsêhu
vattiqtsar naphsho lâmuth.

(Juízes 16:30) - E Sansão passou a dizer: “Morra a minha alma com os filisteus” Então se encurvou
com poder e a casa foi cair sobre os senhores do eixo e sobre todo o povo que havia nela, de modo que
os mortos, que entregou à morte ao ele mesmo morrer, vieram a ser mais do que os que entregara à
morte durante a sua vida.

(No Hebraico) - vayyo'mer shimshon tâmoth naphshiy `im-pelishtiym vayyêthbekhoach vayyippol
habbayith `al-hasserâniym ve`al-kâl-hâ`âm 'asher-bo vayyihyu hammêthiym 'asher hêmiyth bemotho
rabbiym mê'asherhêmiyth bechayyâyv.

(1 Reis 19:4) - E ele mesmo entrou no ermo, sentou -se debaixo de certo zimbro. E começou a pedir
que a sua alma morresse a dizer: “Já basta, Senhor, agora tira a minha alma, pois não sou melhor
que os meus pais”.

(No Hebraico) - vehu'-hâlakh bammidhbâr derekh yom vayyâbho' vayyêshebh tachath rothem'echâth
['echâdh] vayyish'al 'eth-naphsho lâmuth vayyo'mer rabh `attâhAdonay qach naphshiy kiy-lo'-thobh
'ânokhiy mê'abhothây.


Nos Poéticos:

(Jó 7:15) - De modo que a minha alma escolhe a sufocação, a morte em vez de meus ossos.

(No Hebraico) - vattibhchar machanâq naphshiy mâvethmê`atsmothây.

(Jó 11:20) - E falharão os próprios olhos dos iníquos; e perecerá deles o lugar de refúgio, e sua
esperança será a expiração da alma.

(No Hebraico) - ve`êynêy reshâ`iym tikhleynâhumânos 'âbhadh minhem vethiqvâthâm mappach -
nâphesh ph.

(Jó 27:8) - Pois, qual é a esperança do ímpio, quando é eliminado, quando Deus lhe tira a alma?

(No Hebraico) - kiy mah-tiqvath chânêph kiy yibhtsâ` kiyyêshel 'eloah naphsho.

(Jó 33:22) - E sua alma se chega à cova , e sua vida aos que infligem a morte.

(No Hebraico) - vattiqrabh lashachath naphsho vechayyâtho lamemithiym.

(Jó 36:14) - Sua alma morrerá na própria infância, e sua vida entre os homens que se prostituem no
serviço dum templo.

(No Hebraico) - tâmoth banno`ar naphshâm vechayyâthâm baqqedhêshiym.

(Salmos 22:29) - Todos os gordos da terra comerão e se curvarão; diante dele se dobrarão todos os
que descem ao pó, e ninguém jamais preservará viva a sua própria alma .

(No Hebraico) – dashen erets akal shachah yarad aphar kara paniym chayah nephesh.

(Salmos 49:8,9) - Pois o resgate da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa para sempre, para
que viva para sempre e não sofra decomposição .

(No Hebraico) – âch lo'-phâdhoh yiphdeh 'iyshlo' -yittên lê'lohiym kophro veyêqar
pidhyon naphshâmvechâdhalle`olâm.

(Salmos 56:13) - Pois tu livraste a minha alma da mort e; não livrarás os meus pés da queda, para
andar diante de Deus na luz dos viventes?

(No Hebraico) – natsal nephesh maveth regel dchiy halak paniym elohiym owr chay.

(Salmos 78:50) - Ele passou a preparar uma senda para a sua ira. Não refreou a alma deles da
própria morte; e entregou a vida deles à própria pestilência.

(No Hebraico) - yephallês nâthiybh le'appo lo'-châsakhmimmâveth naphshâm vechayyâthâm
laddebher hisgiyr.

(Salmos 116:8) - Porque tu livraste a minha alma da morte , os meus olhos das lágrimas, e os meus
pés da queda.

(No Hebraico) - kiy chillatstâ naphshiy mimmâveth'eth-`êyniy min-dim`âh 'eth-raghliy middechiy.


Nos Profetas:

(Isaías 53:12) - Por isso lhe darei a sua parte com os grandes, e com os fortes ele partilhará os
despojos; porque derramou a sua alma até a morte , e foi contado com os transgressores. Contudo
levou sobre si os pecados de muitos, e intercedeu pelos transgressores.

(No Hebraico) - lâkhên 'achalleq-lo bhârabbiym ve'eth-`atsumiym yechallêq shâlâl tachath'asher
he`erâh lammâveth naphsho ve'eth-poshe`iym nimnâh vehu' chêthe' -rabbiym nâsâ' velapposhe`iym
yaphgiya` s.

(Jeremias 2:34) - Também, nas tuas saias foram achadas as manchas de sangue das almas dos
pobres inocentes. Não as encontrei no ato de arrombamento, mas [estão] em todas estas.

(No Hebraico) - gambikhnâphayikh nimtse'u dam naphshoth 'ebhyoniym neqiyyiym lo' -
bhammachtereth metsâ'thiym kiy `al-kâl-'êlleh.

(Jeremias 4:10) - Então disse eu: “Ah, Senhor Deus! Verdadeiramente enganaste grandemente a este
povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; pois a espada penetra-lhe até à alma”.

(No Hebraico) - vâ'omar 'ahâh 'adhonây Adonay.'âkhên hashê' hishê'thâ lâ`âm hazzeh veliyrushâlaim
lê'mor shâlomyihyeh lâkhem venâghe`âh cherebh `adh -hannâphesh.

(Jeremias 40:14) - E passaram a dizer-lhe: “Acaso não sabes que o próprio Baalis, rei dos filhos de
Amom, enviou Ismael, filho de Netanias, para golpear-te a alma?” Mas Gedalias, filho de Aicão, não
lhes deu crédito.

(No Hebraico) - vayyo'mru 'êlâyv hayâdhoa` têdha` kiy ba`aliysmelekh benêy-`ammon shâlach 'eth-
yishmâ`ê'l ben-nethanyâh lehakkothekhanâphesh velo'-he'emiyn lâhem gedhalyâhu ben-'achiyqâm.

(Ezequiel 13:19) - E porventura me profanareis para com o meu povo em troca de punhados de cevada
e por pedacinhos de pão, para entregardes à morte as almas que não deviam morrer e
para preservardes vivas as almas que não deviam viver , pela vossa mentira ao meu povo, os que
ouvem a mentira?

(No Hebraico) - vattechallelnâh 'othiy 'el-`ammiy besha`alêy se`oriymubhiphthothêy lechem
lehâmiythnephâshoth 'asher lo'-themuthenâh ulechayyoth nephâshoth 'asher lo'-thichyeynâh
bekhazzebhkhem le`ammiy shome`êy khâzâbhs.

(Ezequiel 17:17) - E Faraó não o fará eficiente na guerra por meio duma grande força militar e por
meio duma congregação numerosa, levantando um aterro de sítio e construindo um muro de sítio, a fim
de decepar muitas almas .

(No Hebraico) - velo' bhechayil gâdhol ubheqâhâl robh ya`aseh'otho phar`oh bammilchâmâh bishpokh
solelâh ubhibhnoth dâyêq lehakhriyth nephâshoth rabboth.

(Ezequiel 18:4) - Eis que todas as almas — a mim me pertencem. Como a alma do pai, assim também
a alma do filho — a mim me pertencem. A alma que pecar — ela é que morrerá.

(No Hebraico) - hên kol-hannephâshoth liy hênnâh kenephesh hâ'âbhukhenephesh habbên liy-
hênnâh hannephesh hachothê'th hiy' thâmuth s.

(Ezequiel 22:25) - Conspiração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, que
arrebata a presa; eles devoram as almas ; tomam tesouros e coisas preciosas, multiplicam as suas
viúvas no meio dela.

(No Hebraico) - qesher nebhiy'eyhâ bethokhâh ka'ariy sho'êghthorêph thâreph nephesh 'âkhâlu
chosen viyqâr yiqqâchu 'almenotheyhâ hirbubhethokhâh.

(Ezequiel 22:27) - Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa, para
derramarem sangue, para destruírem as almas , para seguirem a avareza.

(No Hebraico) - sâreyhâbheqirbâh kiz'êbhiym thorephêy thâreph lishpâkh -dâm
le'abbêdh nephâshothlema`an betsoa` bâtsa.

(Ezequiel 33:6) - E no que se refere ao vigia, se ele vir a espada chegar e realmente não tocar a buzina
e a espada vier e lhes tirar a alma, terá de ser tirada pelo seu próprio erro, mas o seu sangue exigirei
de volta da mão do próprio vigia

(No Hebraico) - vehatsopheh kiy-yir'eh 'eth-hacherebh bâ'âh velo'-thâqa`bashophâr vehâ`âm lo' -
nizhâr vattâbho' cherebh vattiqqach mêhem nâpheshhu' ba`avono nilqâch vedhâmo miyyadh -
hatsopheh 'edhrosh s.


Jesus Nos Evangelhos:

(Mateus 2:19-20) - E disse: “Levanta-te, toma a criancinha e sua mãe, e vai para a terra de Israel,
porque já morreram os que buscavam a alma da criancinha”

(No Grego) - teleutêsantos de tou êrôdou idou aggelos kuriou a=phainetai kat onar tsb=phainetai tô
iôsêph en aiguptô legôn egertheis paralabe to paidion kai tên mêtera autou kai poreuou eis gên israêl
tethnêkasin gar oi zêtountes tên psuchên tou paidiou.

(Mateus 20:28) - Assim como o Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para
ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos.

(No Grego) - ôsper o uios tou anthrôpou ouk êlthen diakonêthênai alla diakonêsai kai dounai
tên psuchên autou lutron anti pollôn.

(Marcos 3:4) - A seguir, disse-lhes: “É lícito, no sábado, fazer uma boa ação ou fazer uma má ação,
salvar ou matar uma alma ?”

(No Grego) - kai legei autois exestin tois sabbasin a=agathon a=poiêsai tsb=agathopoiêsai ê
kakopoiêsai psuchên sôsai ê apokteinai oi de esiôpôn.

(Lucas 6:9) - Jesus disse-lhes então: Eu vos pergunto: é lícito, no sábado, fazer o bem ou causar dano,
salvar ou destruir uma alma?

(No Grego) - eipen a=de tsb=oun o iêsous pros autous a=eperôtô tsb=eperôtêsô umas a=ei tsb=ti
exestin a=tô tsb=tois a=sabbatô tsb=sabbasin agathopoiêsai ê kakopoiêsai psuchên sôsai ê
b=apokteinai ats=apolesai.

(Lucas 17:33) - Todo aquele que buscar manter a sua alma a salvo para si mesmo, perdê -la-á, mas
todo aquele que a perder, preservá-la-á viva.

(No Grego) - os ean zêtêsê tên psuchên autou a=peripoiêsasthai tsb=sôsai apolesei autên tsb=kai os
a=d a=an tsb=ean apolesê tsb=autên zôogonêsei autên.

(João 10:11) - Eu sou o pastor excelente; o pastor excelente entrega a sua alma em benefício das
ovelhas.

(No Grego) - egô eimi o poimên o kalos o poimên o kalos tên psuchên autou tithêsin uper tôn probatôn.

(João 12:25) - Quem estiver afeiçoado à sua alma, destruí-la-á, mas quem odiar a sua alma neste
mundo, protegê-la-á para a vida eterna.

(No Grego) - o philôn tên psuchên autou a=apolluei tsb=apolesei autên kai o misôn tên psuchên autou
en tô kosmô toutô eis zôên aiônion phulaxei autên.

(João 13:37) - Senhor, por que é que não te posso seguir atualmente? Entregarei a minha alma em
benefício de ti!

(No Grego) - legei autô ats=o petros kurie ab=dia ab=ti ts=diati ou dunamai soi akolouthêsai arti
tên psuchên mou uper sou thêsô.

(João 15:13) - Ninguém tem maior amor do que este, que alguém entregue a sua alma a favor de
seus amigos.

(No Grego) - meizona tautês agapên oudeis echei ina tis tên psuchên autou thê uper tôn philôn autou.


Discípulos e Apóstolos Cristãos no Resto do Novo Testamento:

(Atos 3:23) - Deveras, toda alma que não escutar esse Profeta será completamente
exterminada dentre o povo.

(No Grego) - estai de pasa psuchê êtis ab=ean ts=an mê akousê tou prophêtou ekeinou
a=exolethreuthêsetai tsb=exolothreuthêsetai ek tou laou.

(Atos 15:25,26) - Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá -los com
os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que arriscaram as suas almas pelo nome de nosso Senhor
Jesus Cristo.

(No Grego) - edoxen êmin genomenois omothumadon a=eklex amenois tsb=eklexamenous andras
pempsai pros umas sun tois agapêtois êmôn barnaba kai paulô anthrôpois a=paradedôkosi
tsb=paradedôkosin tas psuchas autôn uper tou onomatos tou kuriou êmôn iêsou christou.

(Atos 27:20-22) - E, não aparecendo, havia já muitos dias, nem sol nem estrelas, e caindo sobre nós
uma não pequena tempestade, fugiu -nos toda a esperança de nos salvarmos. E, havendo já muito que
não se comia, então Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Fora, na verdade, razoável, ó senhores,
ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perda. Mas agora
vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a alma de nenhum de vós , mas
somente o navio.

(No Grego) - kai abs=ta abs=nun t=tanun parainô umas euthumein apobolê gar psuchês oudemia
estai ex umôn plên tou ploiou.

(Romanos 11:3) - Mataram os teus profetas, só eu sobrei, e eles estão procurando a minha alma .

(No Grego) - kurie tous prophêtas sou apekteinan tsb=kai ta thusiastêria sou kateskapsan kagô
upeleiphthên monos kai zêtousin tên psuchên mou.

(Hebreus 10:38-39) - Ora, nós não somos dos que retrocedem para a destruição, mas dos que têm fé
para preservar viva a alma.

(No Grego) - o de dikaios a=mou ek pisteôs zêsetai kai ean uposteilêtai ouk eudokei ê psuchê mou en
autô êmeis de ouk esmen upostolês eis apôleian alla pisteôs eis peripoiêsin psuchês.

(Tiago 5:20) - Sabei que aquele que fizer um pecador voltar do erro do seu caminho salvará a sua
alma da morte e cobrirá uma multidão de pecados.

(No Grego) - ginôsketô oti o epistrepsas amartôlon ek planês odou autou sôsei psuchên a=autou ek
thanatou kai kalupsei plêthos amartiôn.

(Apocalipse 12:11) - E eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do
seu testemunho, e não amaram as suas almas, nem mesmo ao encararem a morte .

(No Grego) - kai autoi enikêsan auton dia to aima tou arniou kai dia ton logon tês marturias autôn kai
ouk êgapêsan tên psuchên autôn achri thanatou.

(Apocalipse 16:3) - E o segundo derramou a sua tigela no mar. E este se tornou em sangue como de
um morto, e morreu toda alma vivente , [sim,] as coisas no mar.

(No Grego) - kai o deuteros tsb=aggelos b=exechee ats=execheen tên phialên autou eis tên thalassan
kai egeneto aima ôs nekrou kaipasa psuchê a=zôês tsb=zôsa apethanen a=ta en tê thalassê.

(Apocalipse 20:4) - E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as
almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não
adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e
reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.

(No Grego) - kai eidon thronous kai ekathisan ep autous kai krima edothê autois kai tas psuchas tôn
pepelekismenôn dia tên marturian iêsou kai dia ton logon tou theou kai oitines ou prosekunêsan a=to
tsb=tô a=thêrion tsb=thêriô a=oude tsb=oute tên eikona autou kai ouk.

É impressionante a quantidade esmagadora de evidências bíblicas claras e diretas que atestam a
mortalidade da alma. Essa doutrina é biblicamente muitíssimo mais óbvia e evidente do que
praticamente todas as doutrinas que cremos, incluindo Trindade, divindade de Cristo, forma de batismo,
discussões escatológicas, livre arbítrio, soteriologia ou outras discussões semelhantes, em que, na
maioria dos casos, temos uma dúzia de versículos bíblicos que são usados para fundamentar determinado
ponto de vista da fé cristã, mas quando tratamos da mortalidade da alma existem literalmente centenas
e centenas de citações explícitas de que a alma morre , não deixando qualquer sombra de dúvida
sobre o tema aos leigos. Infelizmente, embora as evidências sejam esmagadoras e em um mundo normal

nenhuma pessoa com a mente aberta negaria a clareza da mortalidade bíblica, is so é muito diferente
quando tratamos deste tema com aqueles que já estão pré -condicionados a crerem diferente.


V–Conclusão

A vista de tudo isso, podemos certamente concluir que, no conceito bíblico, e não no conceito kardecista,
platônico ou pagão que infelizmente acabaram influenciando a nossa cultura, a designação de “corpo”,
“alma” e “espírito”, de acordo com as Escrituras, são:

CORPO ESPÍRITO ALMA
Matéria, pó. O corpo é a alma
visível.
É sopro de Deus que ele soprou em
nós concedendo animação ao
corpo formado do pó. É a própria
vida presente tanto em homens
como nos animais.
A pessoa integral como o resultado do
pó da terra com o fôlego da vida, isto
é, o próprio ser vivo.

O Dr. Samuelle Bacchiocchi definiu bem os princípios bíblicos acerca de corpo, alma e espírito na visão bíblica holista, dizendo que
“o corpo, o fôlego de vida, e a alma estão presentes na criação do homem, não como entidades separadas,
mas como características da mesma pessoa. O corpo é o homem como um ser concreto; a alma é
o homem como um indivíduo vivo; o fôlego de vida ou espírito é o homem tendo sua fonte em
Deus”
16
.

Nós não somos uma pessoa com outra pessoa dentro de nós; antes, “corpo, alma e espírito” sã o três
características da mesma pessoa . Entender os conceitos bíblicos acerca de corpo, alma e espírito é de fundamental
importância para rejeitarmos a doutrina errônea de “imortalidade da alma”.


VI–Sobre os significados secundários para a alma

Certamente existem vários sentidos secundários de alma ou espírito, mas, uma vez que o homem “tornou-se” uma alma (e não
“obteve” uma), sendo assim alma, e não possuindo uma, e uma vez que o espírito não é a própria alma, não é o nosso próprio
“eu”, não é algo com personalidade e consciência, volta o espírito de todos para Deus por ocasião da morte, entre muitos outros
fatores que vimos anteriormente, fica claro que o sentido de “alma” como uma entidade imortal/imaterial presa dentro do nosso
corpo e liberta por ocasião da morte é perder completamente o sentido primário e legítimo de definições de alma e espírito, por
tudo aquilo que vimos acima, para seguir os padrões gregos dualistas de corpo e alma.

Os sentidos secundários de alma e espírito jamais podem corromper os seus sentidos primários, pois se assim fosse criaria um
dilema teológico de primeira ordem e acarretaria em uma série de contradições bíblicas pelo o que vimos até aqui. Uma vez que
o homem não obteve alma nenhuma (mas tornou-se uma) e que a alma morre, qualquer interpretação que defina o corpo como
a prisão de uma alma imaterial e imortal levando consigo consciência e personalidade seria falsa. O corpo nunca foi uma prisão da
alma.

Tais conceitos foram completamente deturpados, primariamente com o dualismo platônico de corpo e alma difundido na Grécia
Antiga, e chega aos dias de hoje com ainda mais força despertado pelo espiritismo kardecista com suas concepções dualísticas da
natureza humana, conceitos esses que batem de frente com a Palavra de Deus, que nada nos diz sobre Ele ter formado
dentro do homem uma alma imortal. Os imortalistas pregam os conceitos espíritas de corpo, alma e espírito, e assim
tentam misturar com a Bíblia: o resultado é uma completa e total confusão.

16
ibid.

Seguem-se treze pontos no quadro a seguir que resumem bem isso:

NA TEOLOGIA
IMORTALISTA
MOTIVO NA BÍBLIA SAGRADA
(1) Apenas o espírito dos
justos sobe para Deus após a
morte
Sendo que o espírito seria
uma entidade consciente,
então o dos justos deveria
subir para Deus (cf.
Lc.23:46), e o dos ímpios
deveria ter um destino
diferente descendo para o
Hades, que fica nas regiões
inferiores desta terra (cf.
Mt.11:23; Ef.4:9;
Mt.12:40). Contudo...

O espírito de todas as pessoas –
justas ou ímpias – retorna para
Deus na morte (cf. Ec.12:7)
(2) Ao entregar o espírito na
morte, Jesus foi para o Pai
Sendo que o espírito é a
própria pessoa inteligente,
então quando Cristo
entregou o seu espírito para
o Pai (cf. Lc.23:46), seria
lógico que Cristo já tivesse
subido para o Pai depois da
morte. Contudo...
Depois de três dias morto, Jesus
ainda não havia subido ao Pai
(cf. Jo.20:17)
(3) Ao entregar o espírito para
Deus, Jesus foi para o Paraíso
Se Deus está no Paraíso, e
Cristo ao morrer entregou o
seu espírito ao Pai, então a
sua alma lá deveria ter
passado os três dias em que
esteve morto. Contudo...
A alma de Cristo passou os três
dias e três noites no coração da
terra, no Sheol, nas regiõe s
inferiores da terra, e não no
Paraíso (cf. At.2:27; Mt.12:40)
(4) O homem obteve uma alma Essa é a base da doutrina
imortalista, de que Deus
supostamente teria
implantado uma alma nos
seres humanos. Contudo...
O homem tornou-se uma alma
(cf. Gn.2:7)
(5) Apenas os seres humanos
possuem espírito
Se o espírito fosse
realmente uma entidade
consciente e dotada de
personalidade em nós
implantada, então somente
os humanos a possuiriam.
Contudo...
Os homens e os animais
possuem espírito-ruach (cf.
Gn.6:17; Gn.7:21,22;
Ec.3:19,20; Gn.7:15;
Sl.104:29)
(6) Existe vida sem sangue Nosso espírito sobrevive em
um “estado intermediário”
antes da ressurreição
Não há vida sem sangue; a alma
da carne está no sangue (cf.
Lv.17:11; Gn.9:4,5)

quando ganharemos
novamente um corpo.
Contudo...
(7) Nós já possuímos a
imortalidade
Se o nosso “verdadeiro eu”,
a nossa alma, fosse eterna,
então nós já seríamos
detentores da imortalidade,
supostamente na forma de
um elemento eterno
implantado em nosso ser.
Contudo...
Nós temos qu e buscar a
imortalidade (cf. Rm.2:7)
(8) A alma vai para o Céu ou
para o inferno na morte
Essa é a base da doutrina
imortalista. Contudo...
A alma retorna para a cova na
morte (cf. Jó 33:18; Is.38:17;
Jó 33:22; Sl.94:17; Jó 33:28;
Sl.49:8,9; Jó 33:30)
(9) A alma é eterna e imortal Apesar de nunca na Bíblia
inteira tais termos
precederem a palavra
“alma”, é assim que os
imortalistas acreditam.
Contudo...
A alma morre (cf. Nm.31:19;
Nm.35:15,30; Js.20:3,9;
Jo.20:3,28; Gn.37:21; Dt.
19:6, 11; J r.40:14,15;
Jz.16:30; Nm.23:10;
Ez.18:4,20; Jz.16:30;
Nm.23:10; Mt.10:28;
Ez.22:25,27; Jó 11:20;
At.3:23; Tg.5:20)
(10) O homem já foi criado
com a imortalidade
Um elemento eterno já teria
sido implantado em nós logo
na criação do ser humano,
concedendo-lhe
imortalidade. Contudo...
Se o homem comesse da árvore
da vida seria imortal (cf.
Gn.3:22)
(11) Nós já somos revestidos
de imortalidade
Mediante uma alma eterna
em nós implantada, nós já
somos revestidos de
imortalidade, para desfrutar
dela em um “estado
intermediário” pré -
ressurreição. Contudo...
Só alcançaremos a imortalidade
quando seremos revestidos dela
a partir da ressurreição dos
mortos (cf. 1Co.15:51-54)
(12) A alma é algo imaterial A base da teologia que
divide a natureza humana
entre o corpo material e
uma “alma imaterial” que
possuiríamos presa dentro
do corpo. Contudo...
A alma é visivelmente presente
na forma do corpo, e até mesmo
em cadáveres (cf. Lv.19:28;
21:1, 11; 22:4; Nm.5:2;
6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11, 13;
Ag.2:13), pois o corpo é a forma
exterior da alma
(13) Corpo e alma são dois
opostos
Sendo o corpo mortal e a
alma imortal; o corpo
corruptível e a alma
Corpo e alma são usados
intercambiavelmente como
paralelismo bíblico (cf. Sl.63:1)

incorruptível; o corpo
material e a alma imaterial;
corpo e alma são
antagônicos entre si – dois
opostos. Contudo...

Em resumo, os sentidos secundários de espírito e alma devem necessariamente seguir a mesma linha a partir de seu sentido
principal e primário, ou, senão, a própria Bíblia seria contraditória e confusa consigo mesma. Além disso, poderíamos sempre dar
a qualquer palavra bíblica o significado que bem quiséssemos ao nosso bel prazer. A exegese seria inútil, a hermenêutica ficaria
amputada. Quem se importaria com o que alma significa primariamente ou sem seu devido contexto, se cada um pode dar a ela
o sentido que bem quiser na passagem que bem entender? Alma, como vimos, possui o significado primário de um ser vivo, o
“todo” do ser humano, cujas características são:

• Corruptível (emagrece, sente sede, chora, desce à cova da corrupção na morte)
• Mortal (a morte do corpo é a morte da alma)
• Material (visível na forma do corpo)
• Algo que somos (e não algo que detemos)

Diante dos sentidos primários para alma presentes na própria narração da natureza humana em Gênesis 2:7 e também ao longo
de toda a Escritura, os sentidos secundários jamais podem contrariar os sentidos primários, como se pudesse significar ao mesmo
tempo:

• Incorruptível
• Imortal
• Imaterial
• Algo que obtemos

Isso seria o mesmo que dizer que os significados secundários de uma palavra corrompem, substituem ou contradizem seus
significados primários, o que evidentemente nada mais é senão aleijar a exegese. Podemos dar a palavra significados secundários
de acordo com cada situação? Sim, podemos. Mas este significado é dado ao nosso bel prazer? Não. Pode entrar em contradição
com seus significados primários? Nunca! Muito pelo contrário: são exatamente os significados primários de um determinado
termo bíblico que dão significados secundários a esta mesma palavra. Por exemplo, sabemos que alma é, primariamente, o ser
integral, o ser vivo. Por isso, não seria errado dizer que a alma é a própria vida, uma vez sendo que pela junção do corpo com o
espírito a própria vida se formou, teve início, como consequência da junção daqueles dois elementos. Por isso, nesse sentido,
“alma” significa “vida”.

Note que este sentido está correto e plausível diante do significado primário da palavra e da descrição bíblica segundo Gênesis
2:7. Não é um significado arbitrário, não contradiz em primeira mão o fato de que o homem não obteve uma alma mas se tornou
uma, não entra em contradição com nenhum dos fatos apresentados neste estudo. Por isso, o imortalista que alega que em
Gênesis 2:7 o homem realmente é uma alma mas que em outras situações o homem não mais é uma alma mas possui uma, está
entrando em sérias contradições com a Escritura.

É o mesmo que afirmar que o significado secundário da palavra é o mais correto e que toma o lugar do significado primário, que
um significado secundário pode entrar em contradição com o significado primário e que o homem ao mesmo tempo é uma alma
e possui uma alma, o que é totalmente contraditório. Uma coisa é compreender que biblicamente o homem é uma alma e a partir
deste conceito primário ir descobrindo sentidos secundários que tem como base este sentido primário real, outra coisa
inteiramente distinta é concordar com isso mas ao mesmo tempo formular sentidos secundários que em nada tem a ver com o
sentido primário e que ainda o contradiz!

Em outras palavras, se o homem é holista (como aqui ficou provado que é), então dentro desta linha holista devemos procurar os
sentidos secundários, pois o homem não pode ser holista e dualista ao mesmo tempo; ou seja, a alma não pode ser mortal em um

lugar e imortal em outro. Ou a alma é mortal ou é imortal. Como vimos, há um arsenal bíblico insuperável de citações Escriturísticas
que revelam expressamente que a alma morre; portanto, não há lugar para o dualismo na Bíblia, nem mesmo em sentidos
secundários. O fato da natureza humana ser holista elimina qualquer sentido secundário dualista para a alma.

Quando você vê uma pessoa, você está vendo uma alma, que morre. Uma alma vivente é simplesmente um ser vivo, mortal, que
só atinge o patamar de imortalidade a partir da realidade da ressurreição (cf. 1Co.15:51-54), somente no último dia. O corpo é a
alma visível. Por isso, é errado dizer que “você é um espírito que possui uma alma”. É o espírito chamado de homem por si mesmo?
Não, mas é chamado de “espírito do homem”. Sendo assim, você não é um espírito que possui uma alma, mas é um ser vivo (alma
vivente) que é constituído de um organismo físico (corpo) com todas as suas funções, junto à força vital (fôlego de vida) que dá
vida ao corpo durante a sua jornada terrestre. Não existe nenhum segmento imaterial, ou imortal, que leve consigo consciência e
personalidade, que Deus tenha implantado no ser humano.

É digno de nota que sempre a Bíblia afirma que é o espírito [princípio animador da vida] que volta para
Deus por ocasião da morte (cf. At.7:59; Lc.23:46; Ec.12:7), tanto de justos como de ímpios (cf. Ec.12:7),
sendo que nunca é nos dito que a alma volta para Deus ou desce para o inferno. Salomão nos escreve
que o espírito volta para Deus (cf. Ec.12:7); Estêvão entregou o espírito para Deus na morte (cf.
At.7:59), do mesmo modo Jesus entregou o espírito na morte (Lc.23:46). Por que nunca em parte
alguma da Bíblia há sequer qualquer menção da alma voltando para Deus ou sendo entregue nas suas
mãos após a morte?

A razão para isso é simples: o que retorna a Deus não é uma alma imortal, mas simplesmente o princípio
animador da vida concedido por Deus tanto aos seres humanos quanto aos animais pela duração de sua
existência terrena. O fôlego de vida [espírito] é nos concedido como “empréstimo” a fim de animar um
ser inanimado (pó). Quando, porém, esse espírito deixa de dar animação ao corpo (que volta a ser pó),
Deus recebe de volta para ele aquilo que já era dele mesmo. Por isso, o espírito de toda a carne volta
para Deus, que é quem o deu (cf. Ec.12:7). O ser racional simplesmente deixa de existir – volta a ser
pó: morre.

Como disse o Dr. Bacchiocchi:

“Enquanto permanecer o ‘sopro de vida’ [espírito], os seres humanos são ‘almas viventes’. Quando,
porém, o sopro se vai, tornam-se almas mortas. Isso explica porque a Bíblia frequentemente se refere à
morte humana como a morte da alma (Lev. 19:28; 21:1, 11; 22:4; Núm. 5:2; 6:6,11; 9:6, 7, 10; 19:11,
13; Ageu 2:13)”
17


Na ressurreição, Deus sopra novamente em nossas narinas o fôlego de vida que retorna a Ele, o nosso corpo é ressuscitado
glorificado, e nos tornamos novamente em almas viventes. Quanto ao fator ressurreição, veremos mais sobre isso nos próximos
capítulos. A pergunta, no entanto, que quisemos responder neste ponto é: onde no relato da criação Deus aparece implantando
uma alma imortal no homem? Exatamente... em lugar nenhum.

Quando analisamos a criação da natureza humana, vemos como fica absurdamente claro que nós não fomos dotados de uma alma
imortal cativa dentro de nós. Assim como Deus soprou o fôlego de vida em nossas narinas (cf. Gn.2:7), ele soprou nos animais
também (cf. Ec.3:21; Gn.7:15). E exatamente a mesma expressão “alma vivente” empregada aos seres humanos também foi
empregada aos animais. Em Gênesis 2:19, Adão foi convidado para o nome de cada “alma [nephesh] vivente”. O
que aconteceu no relato da criação dos seres humanos foi exatamente o mesmo que aconteceu com os
animais.

A nossa diferença é que fomos criados a imagem e semelhança de Deus, sem, contudo, ser mos
compostos da mesma substância, como Deus. Deus é espírito, Deus é imortal; Ele possui auto-inerência

17
ibid.

à vida eterna. O homem, por outro lado, foi formado a partir dos elementos da terra como um material
inerte, o cadáver físico de matéria orgânica no chão - até que Deus soprou nele o fôlego da vida. Ao
ponto que o homem passou a ser alma vivente.

O argumento mais inútil já utilizado pelos defensores da tese de que o homem é matéria e possui em si
mesmo uma substância imaterial é dizer que pelo fato do homem ser formado a imagem e semelhança
de Deus lhe dá o direito de ser como Deus, imortal. Isso é um completo disparate. Por essa mesma linha
de raciocínio, poderíamos presumivelmente pressupor que o homem deveria também ser onisciente,
onipresente e onipotente – porque Deus é!

É óbvio que nem onipresença, nem onisciência, nem tampouco onipotência ou imortalidade é possuído
por outro a não ser o próprio Deus vivo, que é “o único que possui a imortalidade” (cf. 1Tm.6:16). Dizer
que o homem é eterno não é o colocar no mesmo patamar de Deus, mas também fazer dele próprio
deus. Ele contaria com um poder divino inerente dentro dele mesmo e possuiria aquilo que somente
Deus possui (cf. 1Tm.6:16). Tal visão é ferrenhamente contrária ao que a Bíblia nos mostra, afinal, “que
é o homem mortal para que te lembres dele?” (cf. Sl.8:4).

Nada além de substância materiais que perecem na morte, sendo milagrosamente recriado pelo fator
ressurreição. O ser humano é um ser distinto de Deus: Deus é eterno, o homem é finito; Deus é imortal,
o homem é mortal; Deus não tem começo e nem fim, o homem naturalmente tem um começo e um fim
temporal. Mas Deus, pela Sua infinita graça e misericórdia, trouxe-nos “a ressurreição e a vida” (cf.
Jo.11:25) por meio de Jesus Cristo, pelo que nós poderemos desfrutar da imortalidade condicional a
partir deste prorrogamento de vida que é a ressurreição dentre os mortos na segunda vinda de Cristo.

Bacchiocchi ainda acrescenta:

“Nada na Escritura sugere que o homem transmite a imagem de Deus por possuir atributos divinos, como
a imortalidade. Não existem razões válidas para isolar a imortalidade como o único atributo divino que
se tenciona expressar pela frase ‘imagem de Deus’”
18


A “alma” é algo que somos, não é algo que nós temos. Na ressurreição, seremos dotados de imortalidade
e incorruptibilidade (cf. 1Co.15:54,55). Enquanto isso, os seres humanos são criaturas de pó: “Defendes
o órfão e o oprimido, a fim de que o homem, que é pó , já não cause terror” (cf. Sl.10:18); “Com o suor
do teu rosto comerás pão, até que voltes a terra, porque dela foste tirado; pois és pó e ao pó tornarás"
(cf. Gn.3:19). Abraão respondeu e disse: "Eis que agora eu me comprometi a falar ao Senhor, eu que
sou pó e cinza” (cf. Gn 18:27). A nossa estrutura é puramente o pó: “Pois ele conhece a nossa estrutura,
ele lembra que somos pó” (cf. Sl.103:14).

É interessante notar que, enquanto o dualismo e tricotomismo afirmam que nós somos espírito (que
por definição seria algo imortal e imaterial), a Bíblia declara que nós somos pó (que por definição não
é nada senão algo corruptível e fadado à inexistência). Infelizmente, muitas pessoas hoje em dia
preferem seguir doutrinas de homens famosos que guiam ao erro do que se apegar ao que é simples e
claro através da Escritura Sagrada.

O Salmo 104 retrata muito bem o processo que ocorre com o ser humano. Não é algo complexo, pelo
contrário, completamente simples. Na criação: “Quando sopras o teu fôlego, eles são criados” (v.30); e
na morte: “Quando escondes o teu rosto, entram em pânico; quando lhe retiras o fôlego, morrem e
voltam ao pó” (v.29). Deus não formou o homem a partir de alguma substância espiritual divina, mas
sim exatamente do pó da terra (cf. Gn.2:7).

18
ibid.

Concluindo, nós não temos uma alma imortal em nosso ser, o nosso “verdadeiro eu” não tem destinos
diferentes após a morte, senão ao pó. Nós não temos alma, somos "almas viventes" [ nephesh] (cf.
Gn.2:7), assim como os animais. Claro, não demorou muito para que Satanás apar ecesse em cena
contrariando o aviso de Deus sobre o pecado e suas consequências mortais. Tentando Eva com o fruto
proibido, ele disse: "você certamente não morrerá...” (cf. Gn.3:4). Em certo sentido, os conceitos
modernos de alma imortal e reencarnação visam transmitir a mesma ideia, de que o homem é
inerentemente imortal, que ele realmente não vai morrer. Ezequiel disse exatamente o oposto: "... A
alma que pecar, essa morrerá" (cf. Ez.18:4,20).

Como bem colocou o teólogo luterano Oscar Cullmann:

“A doutrina grega da imortalidade e a esperança cristã na ressurreição diferem tão radicalmente porque
o pensamento grego tem uma interpretação completamente diferente da criação. A interpretação judaica
e cristã da criação exclui todo o dualismo grego de corpo e alma”
19


A natureza holista do ser humano é tão evidente que todas as tentativas de negar o simplismo bíblico na
criação do homem caem em inúmeras contradições e erros de primeira ordem, porque a narração do
Gênesis é gritantemente contrária a uma suposta “alma imo rtal/imaterial” implantada no ser humano.
Moisés (autor do Gênesis) não tinha sequer a mínima ideia de dualismo; e, se tal fosse o caso, decerto
teria relatado a criação como sendo da seguinte forma:

“...Deus formou o homem do pó da terra e incluiu nele u m espírito eterno e o homem obteve
uma alma imortal”

Apesar de isso parecer ser uma piada diante do que realmente está na Bíblia (e uma piada de mau
gosto), incrivelmente é deste modo que os imortalistas imaginam, e empreendem todos os seus
malabarismos “exegéticos” para tentar forçar o texto ao máximo a fim de passar tal ideia falsa e
completamente distorcida do que o texto bíblico diz. Provavelmente seria assim que Moisés teria escrito
caso imaginasse que o homem possui uma alma imortal diferentemente do s animais.

É óbvio que isso não aparece em lugar nenhum da Bíblia, porque o simplismo bíblico exclui qualquer
tentativa de dualismo entre corpo e alma. Deus soprou o fôlego para dar animação ao corpo formado do
pó, e assim o homem tornou-se uma alma vivente. Não existe nada, absolutamente nada mesmo, nem
sequer alguma pista, de alguma alma imortal implantada nos seres humanos. Os dualistas tentam achar
a tal da “alma imortal” onde não existe, e isso acaba acarretando em uma série de contradições sérias
como vimos acima. Não é a toa que o Dicionário e Enciclopédia Bíblica Online, a mais completa enciclopédia bíblica em Língua
Portuguesa, que por vezes apresenta tendências dualistas, mesmo assim declara no tema de imortalidade da alma:

“Nos autores não cristãos, Heródoto, historiador grego que viveu alguns séculos antes de Cristo, diz-nos que os egípcios foram os
primeiros que ensinaram a imortalidade da alma humana. Logo depois Platão ensinou ao mundo grego a mesma verdade, dizendo
ter aprendido essa doutrina de outro filósofo, chamado Pitágoras. Platão baseou uma boa porção dos seus ensinamentos morais
nesta grandiosa crença, o ser bom ou o ser mau é que determina o futuro da alma, sendo pitorescamente descritos os tormentos
dos maus, e a felicidade dos bons. Na Sagrada Escritura, ‘E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas
narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.’ (Gn 2.7). A alma é a combinação do corpo e do fôlego de vida, quer
dizer, sem corpo não há alma e sem fôlego de vida também não há alma. O fôlego de vida é a mesma coisa que espírito (Jó 27:3).
Quanto à vida futura, a Escritura claramente nos ensina que o corpo volta a ser pó e o espírito, ou fôlego de vida, volta para Deus.
'Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa

19
CULLMANN, Oscar. Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos? Disponível em:
<http://www.mentesbereanas.org/download/imort-ressur_folheto.pdf>. Acesso em: 13/08/2013.

morrerá.' Ezequiel 18:4. Nós aspiramos possuir a imortalidade. A Bíblia usa a palavra alma 1600 vezes, mas nunca usa a expressão:
'alma imortal'. Receberemos a imortalidade quando Jesus voltar (1Tim 6:16 e Rom 2:7)"
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Disponível em: <http://dicionariobiblico.elosdejesus.com.br/imortalidade-da-alma/2520>. Acesso em: 15/08/2013.
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