Esse fator de desconfiança manifestou-se poderosamente
na primeira tentação, e afeta até hoje a todos os seres humanos.
Assim, não admira que você também desconfie de Deus, e que
em sua mente levantem-se pensamentos adversos a respeito do
Senhor.
Temos aqui um mal bem claro e definido, contra o qual pre
cisamos lutar. Não devemos viver desconfiando de Deus. Se Ele
nos disser alguma coisa, não devemos imaginar que Ele queira
dizer outra coisa. Não nos cabe supor que Deus tenha mente dúbia,
em qualquer de Seus caminhos. Antes, devemos dizer a nós mes
mos: "Deus disse isto, e Ele quis dizer exatamente isto, e eu aco
lherei a vontade de Deus de acordo com a Sua Palavra. Não quero
atribuir dois ou três outros sentidos às Suas claras declarações.
O que Ele disser, aceitarei palavra por palavra". Não devemos andar
à cata de segundos sentidos, de limitações ou de coisas que fujam
ao uso comum das palavras. Quanto mais nos mantivermos no
caminho comum da linguagem e do sentido das palavras que Deus
tiver dito, tanto melhor.
Agora, prezado amigo, reflita sobre isso, e jamais desconfie
novamente de Deus. Por causa da desconfiança, pelo menos em
parte, é que não entendemos Deus. Ora, sempre que há algum
mal entendido, há confusão e dificuldades.
Existe ainda mais um empecilho, dentre diversos outros,
que eu desejo mencionar, ou seja, aquele velho e arraigado hábito
de não esperarmos o que é bom da parte de Deus.
A nossa velha natureza, cheia de desconfianças e de incom
preensões, leva-nos a imaginar que Deus deveria ser a última pes
soa de quem poderíamos esperar aquilo que é bom. Quando consi
derávamos o juízo, a ira por causa do pecado e o castigo, e coisas
similares, então certamente era para Deus que olhávamos. Não
esperávamos dEle coisas excelentes. Mas, quando Deus se revelou
a Moisés, que lemos a respeito da Sua glória em favor dos
transgressores?
Quando os israelitas estavam sob a mão de Deus, severa
mente castigados pelo Senhor, por causa dos seus pecados, que
poderia ser mais improvável, humanamente falando, do que a aju
da de Deus? Porém, examinemos o que está escrito em Deutero-
nômio 4:27-31: "O Senhor vos espalhará entre os povos, e restareis
poucos em número entre as gentes, aonde o Senhor vos conduzirá.
Lá servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira
e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram".