Conto feliz aniversário de Clarice Lispector no gênero notícia

CssioSoriano 2,035 views 2 slides Sep 28, 2012
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Reconto do conto Feliz Aniversário, de Clarice Lispector, uma das obras da autora em seu livro Laços de família. Trabalho feito no gênero notícia.


Slide Content

Reconto do Conto Feliz Aniversário, de Clarice Lispector no gênero notícia.
Conto da obra "Laços de Família”

1ª edição
3º “B” News

Idosa discrimina a falsidade afetiva de
seus parentes em sua própria festa de
aniversário.



27 setembro de 2012.



o último final de semana na
cidade do Rio de Janeiro, em uma
região entre a Copacabana e a
Zona Norte da cidade aconteceu uma festa de
aniversário em homenagem ao 89º aniversário
de D. Anita, onde teve desfecho nada agradável.
A festa foi organizada e realizada na casa de sua
filha Zilda, com quem ela morava. Na ocasião se
encontraram presente os familiares para
parabenizar-lhe, entretanto não havia a presença
afetiva dos familiares, e a aniversariante, que
permaneceu sentada sempre no mesmo lugar,
observou tudo imóvel e muda, até que um
determinado momento seu limite extrapola e D.
Anita denuncia, com gestos e palavras, toda a
farsa ali embutida, acabando com a falsa festa.
Tudo se iniciou com a chegada de uma
das noras da aniversariante, que reside em
Olaria, bairro localizado na zona norte. Ela trazia
consigo os três filhos e trajava-se da melhor
forma possível, portando-se de maneira
arrogante, perante a família do marido. Este não
fora porque não queria ver os irmãos. Em
seguida, chegou outra nora, a de Ipanema, um
bairro nobre vizinho à Copacabana. Ambas as
noras, a de Olaria e Ipanema, nem se olhavam,
deixando transparecer um conflito entre elas.
A aniversariante morava com sua filha
Zilda, a única entre seis irmãos que tinha espaço
e tempo para abrigá-la. Zilda arrumou toda a
festa cedo com todos os apetrechos necessários.
Antecipadamente, a homenageada da festa
também fora colocada diante da mesa,
arrumada, para esperar os convidados e,
consequentemente, não atrasar Zilda na
organização da festa. A nonagenária captava,
atenciosamente, tudo o que acontecia ao seu
redor, escutava todas as conversas e
comentários expressos de cada um dos
presentes. Isso tudo lhe causou um nojo
excessivo e repugnante que ia se acumulando
no decorrer da festa.
Após a chegada das noras, de Olaria e
Ipanema, o restante da família começou a
chegar e a encher a sala, tornando o ambiente
ruidoso e inaugurando a festa. Neste instante, a
aniversariante em sua seriedade, não se
expressava mais nem com um olhar. José, seu
filho mais velho, anunciou a idade da mãe,
mostrando uma admiração para aqueles que se
encontravam na festa. Manuel, irmão e sócio de
José, também levantou a voz e anunciou os
oitenta e nove anos que ali se comemoravam,
entretanto sua esposa o reprimiu diante da sua
atitude. Dentre os convidados, nem todos
levaram presentes e aqueles que a
N

presentearam, foram desconsiderados por Zilda.
Esta se aproveitava dos presentes para benefício
próprio e resmungava quando algum não lhe
servia.
Quando chegou a hora dos parabéns,
todos ficam envoltos à mesa, Zilda que havia
escrito 89 em um pedaço de papel que ninguém,
ao menos, perguntou ou disse nada a respeito
da ideia dela em por a idade daquela forma
sobre o bolo. Na hora dos parabéns, José
começou as palmas e devido ao seu olhar
autoritário, todos começaram a cantar. A vela foi
apagada por um bisneto e, logo após, a lâmpada
foi acesa e alguns gritaram: “Viva mamãe!”, “Viva
vovó!”. Surgiu inclusive, um “Viva d. Anita”, dito
pela primeira vez no conto e pela vizinha, uma
pessoa fora da rede de parentesco.
A senhora permaneceu passiva até vir a
cortar o bolo e neste momento, ela rompeu sua
imagem de mulher digna. A associação que a
mesma fazia entre o cortar e matar assemelhava
o aniversário a um funeral, bem como a
organização das cadeiras. A aniversariante,
através de um monólogo interior, ressaltou o seu
desprezo por ter gerado seres marcados pela
insensatez e pensou “como s e cuspisse”,
denotando uma maneira grosseira de se pensar
a família. Daqueles apenas Rodrigo, filho de
Cordélia, era digno e lhe trazia orgulho.
A senhora naquele momento relembrou
do seu casamento e do orgulho que poderia
sentir dos seus filhos, pois eles haviam nascido
de uma união rica em valores. Entretanto, via a
falsidade estampada no rosto de cada um deles.
De repente, D. Anita cospe no chão e este é o
momento em que chega ao seu limite, expondo
um reflexo da desestruturação familiar em seu
extremo. Após este ato, Zilda se exaltou e disse
que a mãe nunca tinha feito isso, percebendo
que todos consentiam, ela assumiu o fato da
velha estar agindo deste modo constantemente.
De súbito, a velha pediu um copo de vinho e isso
causou surpresa a todos. A neta negou-lhe
perguntando se não iria fazer mal, enfurecida
respondeu-lhe agressivamente, atingindo a todos
os presentes com palavras fortes e agressivas.
Depois que bebeu o vinho, a aniversariante
permaneceu com um olhar fixo e silencioso, esta
atitude foi considerada pelos familiares um ato
infantil da nonagenária, manifestado através das
risadas.
A festa estava acabada. Alguns se
encontravam sentados e reflexivos, as crianças
continuavam brincando ater o fim da tarde. A
aniversariante recebeu um beijo de cada um
como se fosse uma estranha perante aquele
grupo que ali se reunia.
José que era o encarregado de fazer o
discurso não sabia o que dizer, aguardava uma
frase “Que não vinha”. Todos esperavam o
discurso que se alongava silenciosamente. José,
então, disse “Até o ano que vem” e Manoel
complementou “No ano que vem nos veremos
diante do bolo aceso!”, houve certo receio em
tais palavras. Toda cena conceituada pela
aniversariante como uma encenação teatral, em
que há a falência da linguagem verbal através do
esforço de falar bonito diante dos parentes.
José repete “No ano que vem nos
veremos, mamãe!” e ela acarinhada grita que
não é surda, e intimamente, que não é idiota. Na
hora de despedida, alguns conseguiram olhar
nos olhos dos outros sem receio e faltava-lhes a
ultima palavra, que não sabiam dizer qual era.
Não sabiam, mas olhavam sorrindo uns para os
outros. “Até o ano que vem” era a única coisa
que sabiam dizer.
O triste e falso aniversário de D. Anita
lhe causou muita repugnância, pois a situação de
completar mais um ano de vida deveria ser de
alegria e satisfação para a família e naquela
situação ocorreu justamente o oposto porque as
relações entre os familiares aconteceram de
maneira forçada e tudo funcionou no plano do
“parecer ser”.



Repórteres:
Cássio Soriano, nº 10
Natachi Carvalho, nº 11
Luna Natacha, nº 23


Cruzeiro do Sul-Acre, 27 de setembro de 2012.
Jornal 3”B” News