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SEGREDOS DO MAR
Por Evaí Oliveira
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“Iemanjá
Odoiá! Odoiá!
Rainha do Mar...”
Estava andando pela praia da Boa Viagem, na Cidade Baixa, admirando a vista
da baía de Todos-os-Santos e da Ilha de Itaparica, cantando a música de Dorival
Caymmi, Caminhos do Mar. De repente, as ondas ficaram mais agitadas. Tive a
impressão de ter ouvido uma voz suave dizendo “Venha até mim!”. Olhei para os lados.
A praia estava deserta.
Dei alguns passos dentro da água e ouvi a voz me chamando mais uma vez.
Quando estava com a água na altura da cintura, uma onda se levantou à minha frente e
me cobriu. Não fui jogado na praia. Mesmo submerso, respirava normalmente. Não via
mais a superfície. Os peixes pareciam falar comigo.
A poucos metros de mim, os peixes começaram a nadar em círculo e um pequeno
redemoinho se formou. Dentro dele, apareceu uma mulher morena de cabelos longos
usando um vestido azul comprido, com uma tiara e um colar feitos de pérolas e brincos
de estrelas do mar.
Pensei estar imaginando coisas. A princípio, fiquei sem reação, pois não entendi
o que estava acontecendo. Mas era real. Eu estava vendo um orixá. Uma divindade da
religião - ou mitologia – iorubá. Muitos seguidores de outras religiões, que se iludem a
ponto de acreditarem que a que seguem é a religião do Deus verdadeiro e atacam o
candomblé acusando os orixás de serem demônios, o que não é verdade, apenas são
entidades de uma cultura diferente, nem melhor, nem pior.