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Pondo-se de lado as especies mais modestas que vicejam nos cam
pos e vivem espontaneamente em pitoresca promiscuidade nas matas de
Leopoldina, Porto Calvo, Camaragibe, São Miguel dos Campos e outros
municípios, encontra-se grande abundancia de especies resinosas, tex
tis, lindos cernes para mobiliario, lenhos preciosos para construção civil
e naval, de alto valor comercial.
As matas al~goanas jã forneceram á nossa marinha de guerra,
nos primeiros dias da Independencia, duas corvetas construídas nos es
taleiros que existiram em Pajussara, e ainda hoje os estaleiros alagoa
nos constroem os ,·elcifos da nossa navegação costeira e os barcos que
fazem os serviços internos do porto de :\1aceió.
Essas matas eram tão importantes que a metropole, sentindo a
necessidade de
defender tão rico patrimonio contra a devastação do ho
mem ambicioso, creou em Alagoas uma magistratura especial -o
juiz
conservador dns mn :as. Mas, apeza.r dessa precaução e da vigilancia que
se exercia, pouco a pouco, as matas foram dando lugar ás capoeiras, de
vastadas pelo m achado e pelo fogo.
Contudo
no Estado ainda existe uma importante
riquez-a florestal,
embora dela se não fac;:a comercio externo. Para referirmos somente as
especies de aplicação industri~J c as mais procuradas para as constru
ções e a marcenaria, citaremos:
Plantas tan Ir eras: açafrão, angico, mangue, aroeira, barbatimão,
barauna, jitaí, muricí, pacoYa-brava, páu-brasil, páu-ferro, sapucaia, ta
tajuba, urucú e outras que nodem fornecer materia prima á industria
tanifera, assegurando-lhe altas porcentagens.
P1nutas oleo~i nosns: Cajueiro, mamona, cumarú, coqueiro da
Baía, ouricuri, catolé, dcndê, algodoeiro e outras.
Plantas tcx.tis: Tucum, gravatá, coroá, piassava, coqueiro da Baía
e outras.
lfudeirns para mlll'Cf.lllnria: Amarelo, vinhatico, angico, cedro, co
ração de negro, gejuiba, jitaí, jaqueira, jacarandá, louro, paraíba, piti
mijú, páu-santo, etc.
1\Iadeiras }mrn fonstru~ão: Aroeira, bar bati mão, bordãosinho,
brauna, camassari, giquitibá, gororoba, i!Jé, Maria-preta, massaranduba,
pá.u-darco, quiri, páu-ferro, sapucaia, sucupira, páu de jangada ou cor
tiç:a, etc.
Entre as numerosas especies que produzem fibras destacam-se:
Coroai (XcogruzioYin n'll'icgntn) bromeliácea que vive espontanea
m
ente nas matas alagoanas, e
é explorada rudementarmente pelo povo
na c01·doaria c na simples extração das fibras parl. exportação, como ma
teria prima; o gra,•atii (Bromclia Karatas), outra bromeliácea que nas
ce espontaneamente em todo o Estado e cuja fibra, embora não tenha a
resistencia do coroá, as suas folhas fornecem á industria do papel ma
teria prima de primeira ordem, pela pasta alva e finíssima que produ
zem; a piassa.Ta (A.ttalea funiiern), encontrada abundantemente em cer
tas zonas alagoanas. Todas elas podem, d evidamente exploradas, repre
sentar ainda um importante papel na riqueza industrial do Estado.
O coroá, principv.lmente. Ocupando-se dessa riquíssima bromeliá
cea, o Departamento Nacional do Comercio (BRASIL ATUAL, 1931) diz
ser ela •·superior á juta indiana para a confecção de sacos de qualquer
especie e principalmente para o café, podendo, neste caso, ri\'llizar com
o canllamo e o linho", e acrescenta esta informação muito importante:
"Estudos oficiais realizados recentemente nos Estados Unidos, chega
ram a resultados altamente satisfutorios relativamente ao emprego do
coroá como materia prima para o fabrico do papel; os tecnicos norte
americanos afirmam que o coroá pode substituir perfeitamente as celu-