As Cruzadas
Na empreitada de reconquista de Jerusalém os
cristãos esperavam receber ajuda de Constantinopla.
Na prática os árabes se mostra-
ram um grande ameaça aos
bizantinos e uma união com os
cristãos, em tese, seria bem vin-
da. Lembre que em 1054, católi-
cos e bizantinos chegaram ao
ápice das divergências religiosas
quando então, houve o Cisma do
Oriente. Daí em
diante, a cristan-
dade desmem-
brada passou a
ter duas igrejas:
Católica Apostó-
lica no mundo
ocidental e Cris-
tã Ortodoxa, no
mundo oriental.
Resumindo; as
Cruzadas poderiam favorecer a
união das duas igre-
jas.
AS EXPEDIÇÕES PARA A
TERRA SANTA
O interessante é que antes do em-
barque da expedição oficial, saiu uma ex-
pedição que a Igreja não reconheceu como
primeira Cruzada. O grupo de 5.000 pes-
soas foi comandado por um líder religioso
chamado Pedro, o Eremita que organizou
um exército de indigentes. Como era de se
esperar, o grupo comandado pelo Eremita
enfrentou inúmeros problemas ao longo do
percurso, sendo que poucos chegaram no
Oriente. A "Cruzada dos Mendigos" como
foi então chamada, já chegou esfacelada
em Constantinopla para enfrentar em se-
guida, o deserto, que serviu de sepultura para os últi-
mos sobreviventes.
Em 1097, nobres, cavaleiros e centenas de pes-
soas humildes partiram em direção à Jerusalém inte-
grando a Primeira Cruzada. A expedição reuniu gente
de todos os cantos e de todas as classes sociais. Com
diferentes motivos, homens foram em busca da salva-
ção eterna, da conquista, pilhagem e da fama pessoal.
Já em fins de 1097, conseguiram um triunfo parcial
retomando uma parte da Ásia Menor, anteriormente
dominada pelos muçulmanos. Em 1099, derrotaram
os árabes reconquistando Jerusalém.
A conquista da cidade santa foi ce-
lebrada em todo o Ocidente, dando a im-
pressão que era uma vitória definitiva dos
cristãos. Entretanto a derrota árabe se deu
num momento de extrema divisão e des-
gaste interno do mundo islâmico como um
todo.
Atacados por uma coalizão cristã
extremamente numerosa e animada pelo
fervorreligioso, os árabes não conseguiram en-
carar a briga de igual para
igual. Com a derrota dos mu-
çulmanos estruturou-se um
reino cristão que se manteve
por meio século, quando en-
tão, os árabes foram aos pou-
cos recuperando o que havi-
am perdido. Após a vitória os
cristãos foram se espalhando
por várias regiões entre Jeru-
salém e Constantinopla. Com
isso não criaram raízes num
meio, por natureza, hostil ao
dominador.
No que se refere ao co-
mércio, as regiões dominadas
eram litorâneas, facilitando a
construção de fortificações que
asseguravam o desembarque de navios
que chegavam com interesse comercial.
Pedro, o Eremita, entrega a Urbano II uma súplica do Patriarca de Jerusalém
DEUS O
QUER!!!!
"Fora dos combates os cruzados não se poderiam apre-
sentar como modelos de compostura. Os cidadãos de Cons-
tantinopla lhes detestavam as maneiras rústicas. Até mesmo aos
mais civilizados ocidentais aquela cidade deixava boquiabertos de
espanto. Nessa época Paris, Londres e Roma eram pouco mais que
vilas, com a sua feira. Constantinopla tinha ruas pavimentadas,
iluminadas à noite, lojas abrigadas em colunatas, parques, teatros,
um hipódromo, mansões para os ricos, blocos de resi-dências
operárias, a incomparável igreja de Santa Sophia, e o palácio
imperial, repleto de mármores, mosaicos, pedras raras e
suntuosas tapeçarias. A riqueza da cidade era tentadora, e os
cruzados não reprimiram o ímpeto de saquear. Ana Comnena, filha
do imperador, talvez a mulher mais azeda que já lançou palavras em papel - invectivou os
cruzados como epíteto de "bestas louras" sempre "ávidos por dinheiro". (In.Anne Fremantale. A
Conquista pelas Cruzadas. Coleção Time-Life. Livraria José Olympio . Pág 56/57