Cruzadas

edgardhistoria 2,679 views 7 slides Apr 24, 2011
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As CruzadasAs Cruzadas
E
m 1095, na cidade de Clermont na
França, o Papa Urbano II reuniu um
grande número de nobres, religiosos,
fanáticos e gente de toda natureza.
Depois de muito "choro" encorajou os cristãos a orga-
nizar uma expedição, com o objetivo de atacar Jerusa-
lém resgatando-a dos infiéis árabes, que ocupavam a
cidade desde a Alta Idade Média. Ao final do
comovente discurso o papa foi delirantemente aplau-
dido pelos presentes, que prontamente saíram empe-
nhados em organizar a empreitada de retomada de Je-
rusalém.
Por trás dos aplausos existiam, porém, muitos
problemas e motivos que iam além da simples retoma-
da da Terra Santa. Para começar, poucas pessoas sabi-
am efetivamente onde ficava e qual a importância de
Jerusalém. Aplaudiram movidos pela fé e pelo desejo
de agradar a Igreja, e por extensão agradar a Deus.
Poucas pessoas sabiam o que representava a emprei-
tada religiosa e o que estava por trás do choro do papa.
O fato é que a expedição convocada pelo papa partiria
em 1096, quase um ano depois do Concílio de
Clermont. No todo, seriam oito expedições, que pas-
saram para a história como o primeiro grande con-
fronto entre o Ocidente e Oriente e apelidada por al-
guns historiadores como a primeira "efetiva" guerra
mundial da história.
“Não há, entre as guerras travadas pelos homens, nenhuma que seja mais
zelosamente empreendida do que aquelas que se combate pela fé. E entre as “guerras
santas” nenhuma foi mais sangrenta e dilatada do que as Cruzadas cristãs, durante a
Idade Média”. In. Anne Fremantale
O Tempo da História
1054
Divisão
da
Igreja
Cisma
do
Oriente
1095
Convocação
da
Primeira
Cruzada
1096
Cruzada
dos
Mendigos
1096 - 1099
Cruzada
dos
Nobres
1189 - 1192
Cruzada
dos Reis
1270
Oitava e
última
Cruzada
Cavaleiros
cristãos que
participaram das
Cruzadas em
quadro do século
XVII

As Cruzadas
POR QUE ACONTECERAM AS
CRUZADAS?
Lendo o discurso do
papa pode-se inferir alguns mo-
tivos da expedição. Com efeito,
desde que haviam dominado Je-
rusalém, os árabes conseguiram
manter uma relação amistosa
com os cristãos, que tinham o
hábito de visitar a cidade em
grupos de peregrinos integrados
por dezenas de pessoas. Entre-
tanto a partir do século XI os
árabes fecharam a porta de Je-
rusalém aos cristãos fornecen-
do o grande artifício das Cruza-
das. Do ponto de vista religioso
não era muito difícil convencer
cristãos ávidos por uma vaga no
céu, que a participação na expedição contra os infiéis,
assegurava de antemão um lugar garantido ao lado de
Deus.
A promessa de conquista das "terras que jorra-
vam leite e mel" despertaram a cobiça e ambição de
centenas de nobres que possuíam títulos de nobreza,
mas não tinham acesso às melhores terras.
O problema acontecia na herança deixada por
nobres feudais, que normalmente beneficiava os filhos
mais velhos e prejudicava os mais novos. Em caso de
morte do senhor feudal as terras eram entregues ao
herdeiro mais velho.
Insatisfeitos com o prejuízo, muitos nobres re-
jeitados recorreram à guerra enfrentando os próprios
irmãos.
A Pregação da Cruzada
"N
o mês de novembro (1095), o papa reuniu todos os bispo da Gália e da Espanha e
realizou um grande concílio em Clermont...
"Dos confins de Jerusalém e da cidade de Constantinopla graves notícias, repetidas ve-
zes tem chegado aos nossos ouvidos. Uma raça oriunda do Reino dos Persas, uma raça maldita
e totalmente alheia a Deus...invadiu com violência a terra dos cristãos e as despovoou pela
pilhagem e pelo fogo. Levaram para sua própria terra parte dos cativos e a outra parte deles
mataram em torturas cruéis. Das Igrejas de Deus destruíram umas e ocuparam outras para a
prática da sua religião.
Que os ódios desapareçam entre vós, que terminem vossas brigas, que cessem as guer-
ras e adormeçam as desavenças e controvérsias. Entrai no caminho do Santo Sepulcro; arrancai
aquela terra da raça malvada para que fique em vosso poder. É a terra na qual, disse a escritura,
escorre leite e mel... Jerusalém é o centro do mundo; sua terra é mais fértil do que todas as
outras.
Quando um ataque for lançado sobre o inimigo, que um grito seja dado pelos soldados de
Deus: Deus o quer! Deus o quer!
Em seguida... fez uma comovente descrição da desolação da Cristandade no Oriente e
expôs os sofrimentos e a opressão atrozes que os sarracenos infligiam aos cristãos. Na sua
piedosa alocução, o orador, comovido até às lágrimas, falou igualmente, com insistência, sobre
a maneira como eram espezinhados Jerusalém e os Lugares Santos...
... Foi, nos ricos e nos pobres, nas mulheres, nos monges e nos clérigos, nos citadinos e
nos camponeses, uma prodigiosa vontade de ir a Jerusalém ou de ajudar os que aí fossem...
Ladrões, piratas e outros celerados surgiam das profundezas da iniquidade e, tocados pelo
Espírito de Deus, confessavam seus crimes e, arrependendo-se deles, partiam para a Cruzada
a fim de satisfazer Deus por causa dos seus pecados".
Quadro do século XV representando a partida dos cruzados para a Terra Santa
“ESTAMOS RESOLVIDOS E
COMETIDOS À LUTA ... PARA EXPUL-
SAR OS PAGÃOS DA TERRA SANTA.
AQUELE CHÃO PISADO PELOS
SAGRADOS PÉS...QUE HÁ QUATORZE
SÉCULOS ATRÁS FORAM CRAVADOS -
POR AMOR DE NÓS, À DURA CRUZ”.
HENRIQUE IV

As Cruzadas
Daí o papa ter se referido "aos ódios que desa-
pareçam entre vós, que terminem vossas brigas, que
cessem as guerras e adormeçam as desavenças e con-
trovérsias As Cruzadas colocaram os nobres"sem-ter-
ra" do lado da Igreja Ca-
tólica facilitando a for-
mação dos batalhões cru-
zados.
No aspecto mate-
rial, o contexto era extre-
mamente favorável à
convocação das Cruza-
das. Desde o início do
século XI, ocorreram
mudanças na agricultura
que multiplicaram a pro-
dução. O uso do arado
com ponta de ferro pos-
sibilitou a utilização mais
coerente do solo. A
construção de pontes di-
namizou as comunicações
e permitiu melhor circulação da produção. Com a uti-
lização de ferraduras os cavalos suportaram viagens
mais longas, apesar das estradas não prestarem.
O manso senhorial foi dividido racionalmente
em três partes, e se fez o rodízio das áreas cultivadas.
O plantio de leguminosas intercaladas nas culturas re-
cuperou os nutrientes dos solos desgastados e o hábi-
to de colocar o gado pastando na área em pousio, fa-
cilitou a adubação do solo.
Com o aumento da produção agrícola e a mai-
or oferta de alimentos, diminuiu a fome que era o
flagelo da sociedade feudal. A população melhor ali-
mentada ficou menos susceptível às terríveis epidemi-
as que matavam milhares de pessoas. Em resumo após
o século X a população europeia não parou de cres-
cer. Em contrapartida, era impossível absorver toda a
mão-de-obra excedente na precária estrutura agrária
feudal. Concretamente, não havia trabalho para to-
dos e perigosamente centenas de camponeses vaga-
vam pelos campos e estradas.
Essa situação perturbadora explica outro mo-
tivo das Cruzadas. No
que partiam milhares
de homens para o ou-
tro lado do mundo di-
minuía também o pro-
blema de alimentar
mais bocas e encontrar
trabalho para a popu-
lação que não parava
de crescer. Como pro-
metia o papa Urbano
II, "no Oriente en-
contrariam terras
que jorravam leite e
mel". As Cruzadas ti-
veram o suporte da
população excedente,
que atendeu de imedi-
ato o apelo do papa acreditando que além das rique-
zas teria o lote assegurado no céu.
No que se refere ao aspecto econômico, deve
se destacar o empenho das cidades de Veneza e Gê-
nova que participaram ativamente da empreitada,
principalmente após a Segunda Cruzada, quando
então financiaram expedições com o objetivo de au-
mentar os negócios com o mundo oriental. Na Alta
Idade Média, Veneza e Gênova mantiveram um ra-
zoável padrão comercial, apesar do marasmo eco-
nômico do ocidente. Com a venda do sal consegui-
ram acumular grande fortuna que foi então empre-
gada nas expedições das Cruzadas. O interesse pu-
ramente econômico das cidades italianas foi enco-
berto pela motivação religiosa. Antes do fim das
Cruzadas já eram as cidades mais ricas do mundo
ocidental.
Jerusalém é ponto de referência
fundamental às três grandes
religiões monoteístas. Dentro
das muralhas da cidade velha
estão locais sagrados para
cristãos, judeus e muçulmanos.
Muçulmanos
J
erusalém é a
terceira cidade
mais importante
para a fé Islâmica,
depois de Meca e
Medina (ambas na
Arábia Saudita)
Jerusalém - A cidade sagrada
Na gravura,
cavaleiros
cristãos
atacam
fortaleza na
Ásia Menor

As Cruzadas
Na empreitada de reconquista de Jerusalém os
cristãos esperavam receber ajuda de Constantinopla.
Na prática os árabes se mostra-
ram um grande ameaça aos
bizantinos e uma união com os
cristãos, em tese, seria bem vin-
da. Lembre que em 1054, católi-
cos e bizantinos chegaram ao
ápice das divergências religiosas
quando então, houve o Cisma do
Oriente. Daí em
diante, a cristan-
dade desmem-
brada passou a
ter duas igrejas:
Católica Apostó-
lica no mundo
ocidental e Cris-
tã Ortodoxa, no
mundo oriental.
Resumindo; as
Cruzadas poderiam favorecer a
união das duas igre-
jas.
AS EXPEDIÇÕES PARA A
TERRA SANTA
O interessante é que antes do em-
barque da expedição oficial, saiu uma ex-
pedição que a Igreja não reconheceu como
primeira Cruzada. O grupo de 5.000 pes-
soas foi comandado por um líder religioso
chamado Pedro, o Eremita que organizou
um exército de indigentes. Como era de se
esperar, o grupo comandado pelo Eremita
enfrentou inúmeros problemas ao longo do
percurso, sendo que poucos chegaram no
Oriente. A "Cruzada dos Mendigos" como
foi então chamada, já chegou esfacelada
em Constantinopla para enfrentar em se-
guida, o deserto, que serviu de sepultura para os últi-
mos sobreviventes.
Em 1097, nobres, cavaleiros e centenas de pes-
soas humildes partiram em direção à Jerusalém inte-
grando a Primeira Cruzada. A expedição reuniu gente
de todos os cantos e de todas as classes sociais. Com
diferentes motivos, homens foram em busca da salva-
ção eterna, da conquista, pilhagem e da fama pessoal.
Já em fins de 1097, conseguiram um triunfo parcial
retomando uma parte da Ásia Menor, anteriormente
dominada pelos muçulmanos. Em 1099, derrotaram
os árabes reconquistando Jerusalém.
A conquista da cidade santa foi ce-
lebrada em todo o Ocidente, dando a im-
pressão que era uma vitória definitiva dos
cristãos. Entretanto a derrota árabe se deu
num momento de extrema divisão e des-
gaste interno do mundo islâmico como um
todo.
Atacados por uma coalizão cristã
extremamente numerosa e animada pelo
fervorreligioso, os árabes não conseguiram en-
carar a briga de igual para
igual. Com a derrota dos mu-
çulmanos estruturou-se um
reino cristão que se manteve
por meio século, quando en-
tão, os árabes foram aos pou-
cos recuperando o que havi-
am perdido. Após a vitória os
cristãos foram se espalhando
por várias regiões entre Jeru-
salém e Constantinopla. Com
isso não criaram raízes num
meio, por natureza, hostil ao
dominador.
No que se refere ao co-
mércio, as regiões dominadas
eram litorâneas, facilitando a
construção de fortificações que
asseguravam o desembarque de navios
que chegavam com interesse comercial.
Pedro, o Eremita, entrega a Urbano II uma súplica do Patriarca de Jerusalém
DEUS O
QUER!!!!
"Fora dos combates os cruzados não se poderiam apre-
sentar como modelos de compostura. Os cidadãos de Cons-
tantinopla lhes detestavam as maneiras rústicas. Até mesmo aos
mais civilizados ocidentais aquela cidade deixava boquiabertos de
espanto. Nessa época Paris, Londres e Roma eram pouco mais que
vilas, com a sua feira. Constantinopla tinha ruas pavimentadas,
iluminadas à noite, lojas abrigadas em colunatas, parques, teatros,
um hipódromo, mansões para os ricos, blocos de resi-dências
operárias, a incomparável igreja de Santa Sophia, e o palácio
imperial, repleto de mármores, mosaicos, pedras raras e
suntuosas tapeçarias. A riqueza da cidade era tentadora, e os
cruzados não reprimiram o ímpeto de saquear. Ana Comnena, filha
do imperador, talvez a mulher mais azeda que já lançou palavras em papel - invectivou os
cruzados como epíteto de "bestas louras" sempre "ávidos por dinheiro". (In.Anne Fremantale. A
Conquista pelas Cruzadas. Coleção Time-Life. Livraria José Olympio . Pág 56/57

As Cruzadas
Essa importante mudança encerrou séculos de
hostilidade comercial entre árabes e cristãos, e no caso
os dois tiveram a ganhar. Foi aí que cidades como
Veneza, Gênova e Pisa despertaram para as Cruza-
das. A porta aberta pelas cruzadas intensificou o co-
mércio de especiarias estimulando o interesse pelo Ori-
ente. Com o tempo o interesse comercial extrapolou a
motivação religiosa inicial.
No Oriente, os cristãos ficaram fascinados com
as riquezas e os padrões culturais diferentes. Até en-
tão a sociedade feudal vivera enclausurada nos feudos
e castelos, condicionada a seguir os valores
teocentricos. Entorpecidos pelo preconceito e desco-
nhecimento, os cristãos não poderiam imaginar que
encontrariam um mundo mais dinâmico e desenvolvi-
do que o mundo ocidental. Independente do desfecho
militar, o contato com o mundo oriental se mostrava
extremamente enriquecedor para os cristãos.
REFLUXO CRISTÃO NAS
CRUZADAS.
Depois de meio século os árabes se recupera-
ram e começaram a fustigar os reinos cristãos. A que-
da do reino de Odessa em 1144 motivou a segunda
Cruzada liderada pelos reis Luís VII da França e
Conrado III da Alemanha. Logo após os árabes recu-
perarem Jerusalém, em 1187, organizou-se da terceira
Cruzada liderada pelos reis Frederico Barba-Ruiva da
Alemanha, Felipe II da França e Ricardo Coração de
Leão da Inglaterra. Fortalecidos, os árabes derrota-
ram os cristãos nas duas cruzadas.
A presença de monarcas liderando as duas cru-
zadas se deu num contexto de interesse pelo reforço
da autoridade pessoal. Na Europa, as monarquias
engatinhavam o processo de centralização política des-
pertando a cobiça dos monarcas e suseranos. Entre-
tanto a participação dos monarcas teve efeito
desagregador, pois raramente conseguiram se enten-
der.
A quarta Cruzada que foi patrocinada pelos
mercadores de Veneza, concentrou-se basicamente no
aspecto comercial. Quando a expedição chegou a
Constantinopla atacou a capital do Império Bizantino,
destruindo e saqueando 1/3 da cidade. Ficou então pa-
tente o interesse mercantil. Com o domínio de
Constantinopla, os mercadores de Veneza asseguravam
o controle da melhor rota de comércio do mundo.
Os sucessivos fracassos mexeram com o Oci-
dente. Foi nesse contexto que se organizou a inusitada
Cruzada de jovens e crianças. Seus integrantes marcha-
ram para o Oriente acreditando que Deus abriria o ca-
minho nas águas do Mediterrâneo para a passagem dos
guerreiros infantis. Sem muita opção os garotos foram
capturados por mercadores de escravos. Conivente com
o absurdo, a Igreja incentivava a ida dos garotos pro-
metendo indulgências e o lugar garantido no céu.
As últimas Cruzadas ratificaram os interesses
anteriores. A sexta Cruzada, em 1228, foi liderada por
um nobre excomungado pela própria Igreja! No Orien-
te o excomungado Frederico II da Alemanha casou-se
com a filha do rei de Jerusalém. O casamento garantiu-
lhe uma patética e efêmera presença na cidade santa,
até quando saiu escorraçado pelos árabes.
Na última cruzada o rei francês Luís IX
condicionara o regresso à conquista de Jerusalém. Con-
seguiu no máximo combater os árabes em circunstânci-
as completamente desfavoráveis. Depois da última ten-
tativa, em 1270, morreu vítima de uma peste no norte
da África. Reconhecendo o desprendimento e zelo cris-
tão, a Igreja resolveu canonizar o rei que havia lutado
em vão. Daí em diante não houve mais quem se aventu-
rasse, por melhor que fossem as promessas. Embora
tenha amargado uma derrota militar, restava ao mundo
ocidental a perspectiva de acentuar as trocas comerci-
ais que muito contribuíram para o renascimento econô-
mico do continente europeu.
Mapa das Cruzadas. Fonte: Brasil 500 Anos. Editora Abril Cultural. pág 7
Na gravura da esquerda, cavaleiros devotos
chefiados pelo rei Luís IX (de coroa na cabeça), velejam
para a África, tencionando invadir a Terra Santa através do
Egito.

As Cruzadas
O Castelo de Belvoir
De alta competência nas artes da guerra, mas relativamente poucos em
número, os cruzados do século XII contruíram castelos na Terra Santa para
guardar suas posses e a fim de servir como centros para o início de novas
conquistas. A maioria estava situada em locais estratégicos; o castelo de Belvoir,
aqui ilustrado, ficava na borda de uma escarpa elevada no sul da Galiléia, domi-
nando a vista para o rio Jordão e seus lados vitais. Os muçulmanos que captura-
ram Belvoir intato em 1189, conheciam-no como a “Estrela dos Ventos”, e o
historiador árabe Abu Shama disse que ele “estava colocado entre as estrelas
como um ninho de falcão”.
Construído para os
Hospitalários, uma ordem fechada
de monges guerreiros, Belvoir
ficou pronto em 1168. Foi um dos
primeiros castelos concêntricos
da história da arquitetura ociden-
tal, consistindo em uma fortaleza
quadrada interna, cercada por
outra faixa de fortificações
externas. É provável que os
Hospitalários ocupassem a
fortaleza interna, enquanto seus
auxiliares mercenários ficavam
nas estruturas de fora.
Como sistema defensivo,
um castelo como esse tinha um
ponto fraco: se o inimigo rompes-
se o círculo externo de defesa,
poderia usá-lo para repelir uma
força de auxílio, ao mesmo tempo
em que assediava a guarnição
interna. De qualquer forma,
Belvoir suportou um sítio de
dezoito meses entre 1187 e 1189,
antes de se render. In Geoffrey
Parker.op cit. pág 77.
Fundada para proteger os peregrinos da Terra Santa, a Ordem dos
Templários usava o motivo de dois cavaleiros sobre um único cavalo como
símbolo do voto de pobreza que os prendia. Ele aparece em sinetes do século
XII e na ilustração ao lado, da Chronica Majora, do historiador inglês Mateus
Paris, de cerca de 1245. Os escudos trazem o desenho preto-e-branco,
emblema distintivo dos templários. Com certeza, os guerreiros monges não
dividiam um cavalo para viajar ou lutar, embora a tática de fazer um cavaleiro
levar outro soldado na garupa para aumentar a velocidade de um exército
fosse comum entre os muçulmanos. In. Geoffrey Parker.A Luta pela
TerraSanta. Coleção Time-Life. pág 91
As Cruzadas
PARA VOCÊ SABER MAIS.

As Cruzadas
população da Cidade Santa foi morta pela espada, e os franj
(cristãos) massacraram os muçulmanos durante uma semana. Na mesquita
al-Aqsa, eles mataram mais de 70 mil pessoas. E Ibn al-Qalanissi, que evita
manipular números que não se podem verificar, pre-cisa: “Muitas pessoas
foram mortas. Os judeus foram reunidos na sinagoga e os franj os queima-
ram vivos. Eles destruíram também os munumentos dos santos e o túmulo
de Abraão
− que a paz esteja com ele!”
Entre os monumentos saqueados pelos invasores está a mesquita de Omar, erigida em memó-
ria do segundo sucessor do Profeta, o califa Ibn al-Khattab, que tomara Jerusalém em 638. Os árabes
não deixaram de evocar com freqüência este acontecimento, com a intenção de ressaltar a diferença
entre seu comportamento e o dos franj. Neste dia, Omar fizera sua entrada no seu famoso camelo
branco, enquanto o patriarca grego da Cidade Santa avançava ao seu encontro. Antes de pedir-lhe
para visitar os locais sagrados do Cristianismo, o califa começou assegurando-lhe que a vida e os
bens de todos os habitantes seriam respeitados. Enquanto eles estavam na igreja de Qyama, diante do
Santo Sepulcro, tendo chegado a hora da reza, Omar perguntou ao seu hóspede onde poderia esten-
der seu tapete para se prosternar. O patriarca o convidou a fazê-lo onde estava, mas o califa respon-
deu: “Se eu fizer isso, amanhã os muçulmanos vão querer apropriar-se desse local, dizendo: “Omar
orou aqui.” E, levando o seu tapete, foi ajoelhar-se no exterior. Ele pensara corretamente, pois foi
nesse preciso lugar que se construiria a mesquita que traz seu nome. Os
chefes francos, infelizmente, não tiveram essa magnitude. Festejaram seu
triunfo com uma matança indescritível, depois saquearam selvagemente a
cidade que pretendiam venerar.
Seus próprios correligionários não foram poupados: uma das
primeiras medidas tomadas pelos franj é expulsar da Igreja do Santo
Sepulcro todos os sacerdotes dos ritos orientais
− gregos, georgianos,
armênios, coptas e sírios
− que oficiavam juntos, segundo uma antiga
tradição que todos os conquistadores haviam respeitado até então. Pasmos
com tanto fanatismo, os dignatários das comunidades cristãs orientais deci-
dem resistir. Eles se recusam a revelar aos invasores o local onde está
escondida a cruz verdadeira a qual o Cristo morreu. Para esses homens a
devoção religiosa para com a relíquia é acrescida de orgulho patriótico. Não
são eles, com efeito os concidãos do Nazareno? Mas os invasores não se
deixam de forma alguma impressionar. Prendendo os sacerdotes que têm a
guarda da cruz e submetendo-os à tortura para arrancar-lhes em segredo,
eles conseguem tirar dos cristãos da Cidade Santa, pela força, a mais
preciosa de suas relíquias.
Maalouf, Amin. As Cruzadas vistas pelos Árabes. Editora
Brasiliense. Pág. 57.
Terra Santa querida de todos os corações cristãos foi profanada.
Os reis cristãos devem empunhar suas armas contra os inimigos de Deus. A
guerra à qual são chamados é uma guerra e Deus o quer! deve ser seu grito.
Quem perder a vida nessa empresa ganhará o paraíso e a remissão de seus
pecados”. Com tais palavras o papa Urbano II pregou a Primeira Cruzada.
As Cruzadas vistas
pelos Árabes.
As Cruzadas vistas
pelos Árabes.
Os CristãosOs Cristãos
A gravura mostra
os cristãos na
porta de
Jerusalém.