depois de Sua vinda. A palavra “testamento” tem o significado de aliança, concerto,
pacto.
9) “Dá-se o nome de Tradição à doutrina revelada por Deus que não está
contida na Escritura, tendo-se conservado por diveros meios. Por isso se diz que
a Tradição é ‘complemento’ da Sagrada Escritura; assim, por ex., nem tudo o que
Nosso Senhor Jesus Cristo fez ou disse foi escrito, e no entanto foi transmitido
infalivelmente, graças à assistência do Espírito Santo. A Tradição chegou até nós
por meio da pregação, da própria vida da Igreja, dos escritos dos Padres da
Igreja, da Liturgia e de outras formas...” (ARCE, Pablo; SADA, Ricardo. op cit.; p.
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10) A Tradição tem suas fontes principalmente nos Símbolos da Fé, na
Liturgia e na vida da Igreja, e nos escritos dos Padres e Doutores da Igreja .
11) Os Símbolos são compilações, fórmulas, resumos das principais verdades
da Fé, sendo os mais importantes o “Credo Apostólico”, o “Credo Niceno-
constantinopolitano”, e “Credo de Santo Atanásio”. Este último será muito
importante na Lição 4. A Liturgia e a vida da Igreja também contém a Tradição, por
exemplo, nos ritos, nas ações sagradas (as exéquias para os defuntos é uma
confissão implícita da crença no Purgatório, v.g.) Os livros dos grandes escritores da
Igreja também nos conservam as verdades da Tradição. Nesse sentido, Padres da
Igreja são escritores que reúnem quatro condições: antigüidade – anteriores
todos ao século VII –, ortodoxia – i.e., pureza de fé, retidão na doutrina –,
santidade e declaração pela Igreja – para ser “Padre da Igreja” é necessário
que a Igreja tenha declarado o escritor com tal título. Exemplos: Santo Agostinho,
Santo Atanásio, São Basílio Magno, São Cipriano de Cartago, São Gregório de Nissa,
São Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia, São Clemente Romano, São
Cesário de Arles, São Cirilo de Alexandria, São Cirilo de Jerusalém, Santo Irineu de
Lião, Santo Ildefonso de Toledo, Santo Isidoro de Sevilha etc. Doutores da Igreja,
por sua vez, são escritores que não necessitam do requisito da antigüidade, mas,
em compensação, além da ortodoxia, santidade e declaração pela Igreja, reúnem o
da ciência eminente. Dessa maneira, alguns Padres da Igreja são também
declarados Doutores: Santo Agostinho, São João Crisóstomo, Santo Atanásio, São
Basílio Magno, São Gregório Nazianzeno, Santo Isidoro de Sevilha, Santo Ambrósio,
São Jerônimo, São Gregório Magno. Outros Doutores, entretanto, por lhes faltar o
requisito da antigüidade, não são considerados também Padres: São Bernardo,
Santo Anselmo, São Boaventura, São Francisco de Sales, São João da Cruz, Santo
Afonso Maria de Ligório, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila, Santa
Teresinha do Menino Jesus, e, entre outros, muito especialmente, o grande
teólogo da Igreja, Santo Tomás de Aquino . Temos entretanto que nem tudo o
que escreveram os Padres e Doutores representa a voz da Tradição, que só pode
ser julgada pela Igreja. Somente aquilo que, das fontes, for julgado legítimo e
com o valor dado pela Igreja, é realmente parte da Tradição.
12) Para interpretar o conteúdo do depositum fidei, e manifestar se determinada
doutrina pertence ou não àquele, i.e., para verificar se alguma questão
levantada é ou não acolhida pela Revelação e com ela compatível , Deus
estabeleceu o Magistério da Igreja. É o Magistério da Igreja que sanciona a
infalibilidade de uma verdade contida nas fontes da Revelação. Assim, a Igreja julga
das expressões de suas fontes para saber se estão com consonância com a
Tradição, e também, em relação à Escritura, estabelece seu cânone – i.e., os
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