Dom Pimpão Saramacotão,
o macaco sem rabo
Era uma vez um macaco chamado D. Pimpão
Saramacotão que tinha um rabo muito grande.
Certo dia, começaram a gozar com ele. Ficou tão triste
que chegou ao barbeiro e pediu:
- Levantai-vos e vinde cortar o meu real rabiosque.
E lá ficou ele sem rabiosque real!
Quando chegou ao palácio reparou que além da falta de
rabo, lhe faltava mais qualquer coisa e pensou, pensou... era
um criado e foi procurá-lo...
Entrou numa floresta e viu uma cabana feita de bananas,
entrou e encontrou uma peixeira a vender sardinhas que lhe
perguntou:
- Meu real príncipe, porque veio vossa excelência até à
floresta?
- Procuro um criado. Quereis vir comigo?
- Não, primus interpares, obrigado, mas não! - respondeu
a vendedora de sardinhas.
- Então, levo uma das suas sardinhas para fazer de rabo
que sinto muita falta do meu! - ripostou o macaco Pimpão.
Mais tarde descobriu um guripano, sabem o que é? Nem
nós, mas achamos graça. Bem, encontrou um guripano e
achou-o talentoso para criado e começou a falar com ele.
- Bom dia caro amigo! - cumprimentou ele.
- Bom dia, em que posso ser-lhe útil?
- Ora pois bem, preciso de um criado, pagar-lhe-ei muito
bem que ganância não me falta! Terá apenas de aceitar o
nome de Pimpim Saramacotim e por cada vez que se dirigir a
mim, tratar-me por primus interpares.
Apesar de não perceber muito bem o que o macaco dizia,
o facto de ganhar muito bem agradou-lhe e aceitou.
Com o passar do tempo, o guripano Pimpim, habituou-se
às lides do palácio e ao palavreado complicado do seu primus
interpares... vejam só que além do significado de ganância,
que é riqueza, aprendeu que água era abundância, entre
outras coisas e, até começou a falar como ele.
Mas, um dia, já cansado de tanta palermice vocabular e
uma vez que era o único criado do palácio, para ser
despedido, ateou fogo ao rabo de um gato que correu por ali
fora e incendiou tudo. Começou então a gritar:
- Abundância primus interpares, abundância que o papa
ratuns tem fogo no caule e lá se vai a sua ganância desta para
melhor!
Mas o macaco Pimpão não estava. Pegou na sardinha que
tinha guardada no fresco e foi dá-la ao padeiro, depois quis
recuperá-la mas levou-lhe a farinha, esta deu-a a uma
professora que com ela fez bolos, como lhe comeram os bolos,
levou uma menina, como a menina berrava, entregou-a aos
pais, e com tanto dá e tira, passou o tempo e de regresso ao
palácio percebeu que com tanta insatisfação e tanto
palavreado caro, lá se tinha perdido a ganância de uma vida.
Texto baseado nos contos O macaco de rabo cortado e D. Pimpão Saramacotão e o
seu criado Pimpim, de António Torrado, elaborado pelos alunos da turma de 3º e
4º anos, turma 3T, EB1 nº2 de Queluz, janeiro de 2014.