Cada um de nós incapaz de amar, perdoar, aceitar a correção, a disciplina; de relevar
as fraquezas um do outro; causando dissidência e empunhando a bandeira da revelação, sai
por aí com a Bíblia na mão, citando versículos adrede preparados, como apóstolo, profeta,
evangelista, pastor e mestre, cheio do Espírito Santo, criando igrejas, comunidades,
ministérios, e cada um mais extravagante do que o outro. E parece que isso não está fazendo
bem para o mundo nem para a igreja, pois em ambos a corrupção campeia, o desrespeito
impera, o pecado domina, a ambição cresce, o orgulho aumenta, a vaidade pavoneia, a
safadeza se escancara, o mau caráter aflora, a ganância se avoluma, a infidelidade se
manifesta e a confusão impera. Aqui, o pastor troca a esposa pela secretária (certamente mais
nova e mais conservada, pois não gerou e não pariu os filhos dele!). Ali, o outro, conhecido
pelas suas intransigências morais; sabidinho e dando uma de gostosão, fica com as duas (não
tem coragem de assumir o pecado, pois pode perder a boquinha dos dízimos e das ofertas).
Acolá, o pastor é pego em transas sexuais com um homem (que mau gosto, mané!). Não
muito além, outro pastor publica uma revista evangélica, vende espaço publicitário,
informando que a tiragem da revista é de dez mil exemplares, mas só imprime mil, distribui
uns poucos exemplares e joga os outros fora. Este é contumaz emitente de cheques sem
fundos (ah, se a lei penal fosse devidamente cumprida, estaria na cadeia e não no púlpito!).
Esse outro, compra a guitarra do irmão para louvar o Senhor, mas somente paga quando o
vendedor ameaça tomá-la de volta. Aquele foge ao cumprimento dos seus compromissos. E o
rebanho, sem o alimento verdadeiro, desorientado, ouvindo o toque das falsas trombetas, está
indo atrás, cometendo as mesmas sandices!
Falando em o orgulho aumenta, a vaidade pavoneia, e em emitente de cheques sem
fundos, lembrei-me de três episódios. Preciso relatar.
Um deles foi meu sobrinho quem me contou. Liguei para ele hoje, só para confirmar a
história. O fato se passou numa tal Conferência Profética, realizada em Goiânia, Goiás. Um
dos conferencistas, desses atuais apóstolos (que espero não esteja no rol dos mencionados em
Apocalipse 2, que se declaram apóstolos mas não são, pois não vi suas credenciais de
apóstolo, conforme mencionadas pelo apóstolo Paulo em II Coríntios 12), para comparecer,
não aceitou voar na classe comercial, só voaria de primeira classe. Depois, somente se
hospedaria em hotel de sua escolha, pois o que a comissão escolhera tinha poucas estrelas. No
intervalo da Conferência, dois pastores queriam falar com esse tal apóstolo, e pediram ao meu
sobrinho, que fazia parte da comissão organizadora, que conseguisse com ele um encontro. O
tal pastor, digo, apóstolo (desculpe a irreverência) não os quis atender, pois viera para a
Conferência e não para falar com pastores!
O outro, ouvi e vi. No rádio, o apóstolo (que espero não esteja no rol dos mencionados
em II Coríntios 11, nem em Apocalipse 2), falava com uma irmã. Lá pelas tantas, a irmã
deixou escapar e disse: ... pastor... Ele mais que depressa, corrigiu-a: apóstolo! Pois bem, não
demorou muito tempo, vi-o na TV entrevistando o decano dos pastores do Brasil. E lá pelas
tantas, esse ancião o chamou de pastor, e o tal apóstolo não teve peito para corrigi-lo!
O terceiro, me foi contado por um pastor. Tinha em meu poder um punhado de
cheques sem fundos para cobrança, e observei que, se juntássemos os emitentes, dava para
formar uma comunidade evangélica bem ecumênica, pois havia pastor, presbítero, diácono e
membros de diversas denominações: Assembléia de Deus, Congregação Cristã, Igreja do
Monte, Maranata, Presbiteriana, Presbiteriana Renovada. Então comentei o fato com esse
pastor, e ele me contou uma experiência que vivenciara. Ele comprou um livro, em uma
livraria evangélica, e quando deu o cheque em pagamento, o vendedor lhe perguntou se
aquele cheque era igual aos dos outros pastores. Como assim? Perguntou o pastor. O
vendedor tirou da gaveta um pacote de cheques sem fundos e disse: Todos esses aqui são de
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