reduzida a escombros (Dn 9:25 ). Houve pelo menos três decretos permitindo aos
judeus o retorno a sua pátria. Somente um deles, o último, nos interessa, pelo seu caráter
definitivo que levou à libertação de Israel. Esse decreto, assinado por Artaxerxes, em
457 a.C., se acha registrado em Esdras 6:6-12.
Temos de aplicar o princípio dia/ano que usamos para compreender o capítulo 7. O uso
dessa ferramenta nos levará a entender que as 70 semanas ou 490 dias equivalem a 490
anos literais. Esse período começa em 457 a.C. e termina em 27 d.C. (isso porque não
existe o ano-zero; o ano 1 a.C. é seguido pelo ano 1 d.C.). Qual a finalidade desse
tempo especial predito por Daniel? Os 490 anos servem como uma oportunidade para
que os judeus, como povo, deixassem de pecar, tivessem suas faltas removidas,
experimentassem a justiça eterna e o santuário celestial fosse ungido, como uma forma
de inauguração (Dn 9:24).
Para entender como isso iria acontecer na prática, temos que nos voltar para a última
semana (de 27 a 34 d.C.). Nos últimos sete anos, viria o Ungido, ou seja, Jesus estaria
capacitado para a Sua missão como Salvador. Sabemos que antes de começar Seu
ministério efetivamente, Jesus foi batizado por João Batista (Mt 3:13-17). O batismo foi
Sua unção. O que viria a seguir?
“Ele [o Unido, Jesus] fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade da
semana [o que equivale a três anos e meio] fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares
[…]” (Dn 9:27). O ministério de Jesus durou três anos e meio, exatamente como Daniel
predisse! Ao fim desse tempo, Jesus foi sacrificado na cruz, anulando a lei cerimonial
judaica, que servia apenas como um símbolo de Sua vinda. Cordeiros não precisavam
mais ser mortos, porque o Cordeiro de Deus finalmente chegara (Jo 1:29).
Se Jesus começou Seu ministério em 27 d.C. e morreu três anos e meio depois, estamos
no ano 31 d.C. Mas ainda haveria outros três anos e meio equivalentes à segunda
metade da última semana. Só daí acabaria a oportunidade que Deus dera aos judeus.
De fato, a oportunidade passou sem ser aproveitada. No ano 34 d.C., os judeus
marcaram sua recusa ao plano de Deus, condenando o diácono Estêvão (At 7) e
iniciando uma perseguição que dispersou os cristãos de Jerusalém. Com isso, os
seguidores de Cristo passaram a compartilhar as boas-novas em outras terras.
As 70 semanas apontam para o amor incondicional de Deus, e também mostram a
ingratidão e descaso humano diante das oportunidades da graça.
Como foi falado, as 70 semanas (ou 490 anos) são uma “fatia” dos 2.300 anos.
Levando-se em conta que os 490 anos terminam em 34 d.C., temos que continuar a
partir dessa data para contabilizar a última parte da profecia. Dos 2.300 anos,
descontando 490 (que se aplicam aos judeus especialmente), sobram 1.810 anos.
Contando de onde paramos, chegamos à data de 1844. O que aconteceria, portanto, em
1844? “Até duas mil trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado” (Dn 8:44).
Em 22 de outubro de 1844,* Jesus iniciou Sua obra no santuário celestial, “que o
Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8:2). O santuário celeste, que serviu de modelo para
Moisés construir o tabernáculo do deserto (Hb 8:5), agora serviria de palco para uma
nova fase da obra de Jesus. Graças a essa nova obra, você pode se aproximar de Deus.