as fronteiras entre interior e exterior se esfumam e em que os espaços privados e públicos se
confundem.
Neste sentido, a Sociedade em Rede torna-se mais inacessível e de difícil observação,
carregando em si um misto de instabilidade, de incerteza e de desorientação. Daí advém a
urgência no surgimento (de forma contraditória mas igualmente humana) de novas
apropriações e delimitações, tais como, por exemplo, as de “reenquadramento” do indivíduo
(nomeadamente em cibercomunidades), através da reformulação das identidades, da revisão
das pertenças, da reconstrução de cultura (cibercultura), da Netiqueta (ética de comunicação e
relacionamento na Internet), entre outras.
Em suma, poder-se-á dizer que a Sociedade em Rede, de uma inevitabilidade e
irreversabilidade constrangedoras, é pautada pela coexistência, sobreposição e conexão
entre binómios fundamentais que afetam e são reconhecíveis em quaisquer das suas várias
dimensões (social, política, financeira, geográfica,…) e campos (Educação, Ciência,
Comunicação…). Esses binómios, que são transversais, podem agrupar-se como:
• Descentralização vs. Centralização (que, por sua vez, se pode particularizar noutros
binómios como Horizontalidade vs. Verticalidade, Hierarquia vs. Distribuição);
• Global vs. Local (numa dinâmica que é transportada para o binómio do Indivíduo vs. Grupo,
Ativo vs. Passivo, Abertura vs. Fechamento, Inclusão vs. Exclusão);
• Virtual vs. Físico (onde se redefinem as noções de Tempo e Espaço, elas próprias compostas
por binómios como Flexível vs. Inflexível ou Instantâneo vs. Diferido);
• Público vs Privado (relacionado com o binómio Conetividade vs. Isolamento e também com
as noções de Espaço e Tempo);
• Tecnologia vs Humanização (num fluxo simbiótico e constante).
Estes binómios, mais do que antagónicos, criam sinergias através de interações complexas
(entre si e uns com os outros) possibilitadas pela inexistência das fronteiras no ciberespaço. É
necessário então abandonar a noção de que estes são conceitos opostos, para se reconfigurar
a forma como o Homem se define a si próprio e às suas relações sociais.
Os opostos dão lugar a noções (e realidades) como Rizoma e Conetividade, que justificam que
a sociedade possibilitada (mas não limitada) pela emergência e generalização da
microeletrónica tenha sido cunhada como Sociedade em Rede.