2º ano – E. E. NOSSA SENHORA DA PIEDADE DESCARTES Professor: José Kleber Fernandes Calixto FILOSOFIA
Surrealismo “Surrealismo, substantivo. Automatismo puramente físico através do qual se pretende expressar, verbalmente, por escrito ou de outra forma, a verdadeira função do pensamento. Pensamento ditado na ausência de qualquer controle manifestado pela razão, e fora de quaisquer preocupações estéticas e morais.” (André Breton, Primeiro Manifesto do Surrealismo, 1924.) Sobre a Imagem O que estou vendo? Num cenário aparentemente normal, uma chuva de homens de chapéu-coco. 2. Quem fez esta imagem? Quando? René Magritte (pintor surrealista), em 1953. 3. Qual o meio utilizado para criá-la? A pintura. 4. Que tipo de impressões ou sentimentos ela desperta? Causa estranhamento, sonho, pesadelo, ideia de não realidade, etc. 5. Qual a importância de conhecer esta imagem? Uma possibilidade é dizer que o estranhamento nos faz repensar a realidade dita “normal”.
Algumas perguntas... Qual é a fonte de nossos conhecimentos? É possível confiar em quem nos engana uma vez? Como podemos ter certeza de que estamos acordados e que tudo o que vivemos não é um sonho?
O RACIONALISMO
O Racionalismo é uma corrente que defende que a origem do conhecimento é a razão. Os racionalistas acreditam que só a razão pode levar a um conhecimento rigoroso. Os racionalistas desvalorizam os sentidos e a experiência devido à sua falta de rigor. Os racionalistas possuem uma visão otimista da razão porque acreditam que ela possibilita o conhecimento humano. O racionalismo
RENÉ DESCARTES
Sendo um racionalista convicto, Descartes procurou combater os céticos e reabilitar a razão. Os céticos duvidavam ou negavam mesmo que a razão pudesse conduzir ao conhecimento. Descartes vai procurar demonstrar que a razão é a origem do conhecimento humano. DESCARTES (1596-1650)
Quem é o sujeito? Passamos agora por mais uma virada na história, a chegada da filosofia moderna. É com o francês René Descartes (1596 – 1650) que veremos como isso começa. Fonte: FRATESCHI, Yara. “Revolução Científica, Mecanicismo e Método do Conhecimento”. In: Curso de Filosofia Política . São Paulo: Atlas, 2010
Um velho conhecido. Descartes é (ou será) seu conhecido pelas suas importantes conquistas no campo da matemática . De onde você acha que vem o plano cartesiano ? O filósofo também contribuiu com a Física (na Ótica) e com a Astronomia
É preciso método para conhecer. Descartes, contudo, é também aquele quem define o método de investigação das ciências modernas, ou seja, como elas procedem para conhecer a natureza. Como podemos ser capazes de separar os conhecimentos seguros, corretos e verdadeiros daqueles falsos e enganosos? Bastaria aceitar que o conhecimento vem de Deus e que temos de aceitá-lo apenas pela fé , como diziam alguns filósofos medievais?
DESCARTES E O MÉTODO
Para mostrar que a razão pode atingir um conhecimento verdadeiro, Descartes vai criar um método. Este método tem como objetivo a obtenção de uma verdade indiscutível. De entre as regras do método, pode destacar-se a regra da evidência. Esta regra diz-nos para não aceitarmos como verdadeiro tudo que possa deixar dúvidas. A dúvida é, portanto, um elemento muito importante do método. DESCARTES E O MÉTODO
Com ele uma nova e importante forma de se perguntar sobre o conhecimento surge: Como é possível o conhecimento da verdade pelo homem ? O problema central não é mais saber definir o que as coisas são (pergunta pelo OBJETO), mas antes como nós podemos conhecê-las (pergunta pelo SUJEITO). A busca pela certeza. SUJEITO OBJETO Como as coisas são conhecidas? Como conhecemos as coisas?
Sozinho no seu quarto... Sem mais o que fazer, Descartes inaugura a Filosofia do Sujeito. ... Não encontrando nenhuma conversação que me divertisse e não tendo, além disso, por felicidade, preocupações ou paixões que me perturbassem, ficava todo o dia fechado sozinho num cômodo aquecido por uma estufa onde dispunha de todo o tempo para me entreter com meus pensamentos Veremos como no Discurso do método para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências (1637) Descartes se ocupa disso.
Entrando no Discurso - Note que este método de Descartes terá na matemática um modelo, pois esta é capaz de encontrar certezas fixas e imutáveis. - Descartes é influenciado pelo desenvolvimento científico do renascimento e do surgimento de uma concepção mecanicista do mundo e do homem. De acordo com o método para conhecer é preciso: Clareza e distinção (não tomar como verdadeiro o que eu não puder provar como tal). Análise (dividir um problema em quantas parte for possível). Ordem (conduzir os pensamentos a partir do que há de mais fácil até o mais complexo). Enumeração (enumerar de modo completo para não perder nada do que se quer conhecer).
Discurso do método para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências (1637) - Objetivo : encontrar um caminho seguro para que possamos alcançar o conhecimento da verdade e assim fazer ciência. - Ponto de partida : muitos de nossos conhecimentos parecem seguros, mas são enganosos os sentidos , fonte de nossos conhecimentos nos enganam. Como confiar neles? - Decisão : todo conhecimento que for duvidoso , direi que é falso . a dúvida é a arma de Descartes
A DÚVIDA
Recusando tudo que possa suscitar incerteza, a dúvida afirma-se como um modo de evitar o erro. A dúvida é um instrumento da razão na busca da verdade. A dúvida procura impedir a razão de considerar verdadeiros conhecimentos que não merecem esse nome. A DÚVIDA
A implosão do edifício do saber. Será que algo do edifício do conhecimento ficará em pé após a dinamite desta dúvida radical ? Descartes em seu caminho percebe que: Os sentidos são duvidosos A matemática é duvidosa Podemos duvidar se estamos acordados ou dormindo.
CARACTERÍSTICAS DA DÚVIDA
A dúvida é: » Metódica (faz parte de um método que procura o conhecimento verdadeiro); » Provisória (é temporária, isto é, pretende-se ultrapassá-la e chegar à verdade); » Hiperbólica (exagerada propositadamente, para que nada lhe escape); » Universal (aplica-se a todo o conhecimento em geral); » Radical (incide sobre os fundamentos, as bases de todo o conhecimento); » Uma suspensão do juízo (ao duvidar evitam-se os erros e os enganos); » Catártica (purifica e liberta a mente de falsos conhecimentos); » Um exercício voluntário e autónomo (não é imposta, é uma iniciativa pessoal); » Uma prova rigorosa (nada será aceito como verdadeiro sem ser posto em dúvida); » Um exame rigoroso (que afasta tudo que possa ser minimamente duvidoso). CARACTERÍSTICAS DA DÚVIDA
NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA DÚVIDA
Descartes vai aplicar a dúvida a tudo que possa causar incerteza, nomeadamente: » as informações dos sentidos; » as nossas opiniões, crenças e juízos precipitados; » as realidades físicas e corpóreas e, de uma maneira geral, tudo que julgamos real; » os conhecimentos matemáticos; » também Deus é submetido à prova rigorosa da dúvida, uma vez que Descartes coloca a hipótese de Deus poder ser enganador ou um génio do mal. A dúvida hiperbólica e radical e a possibilidade de Deus ser enganador parecem levar a um beco sem saída. Quer dizer, torna-se quase impossível acreditar que a razão humana pode alcançar conhecimentos verdadeiros. No entanto, há uma saída. NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA DÚVIDA
O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO)
A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade incontestável. Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência daquele que duvida. A dúvida é um ato do pensamento e não pode acontecer sem um autor. Chegamos então à primeira verdade: “penso, logo, existo” (cogito ergo sum). Toda mente humana sabe de forma clara e distinta que, para duvidar, tem que existir. A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e distinção. A verdade “eu penso, logo, existo” é uma evidência. Trata-se de um conhecimento claro e distinto que irá servir de modelo para todas as verdades que a razão possa alcançar. Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da razão e não dos sentidos. O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO)
RESUMINDO: Para duvidar é preciso pensar. Mas não podemos duvidar da nossa dúvida? Ou duvidar que estamos pensando? Ora, se fizermos isso ainda estaremos duvidando. Assim, Descartes encontra uma certeza indestrutível: o pensar . Com isso é possível dizer eu penso, logo existo , certeza a partir da qual é possível reerguer o edifício do conhecimento. O conhecimento começa então pela razão Racionalismo Pensamento Dúvida Dúvida
Descartes mostrou que a razão, só por si, é capaz de produzir conhecimentos verdadeiros, pois ela alcançou uma verdade inquestionável. Mas apesar da razão ter chegado ao conhecimento verdadeiro, ainda não está excluída a hipótese do Deus enganador. Descartes considera fundamental demonstrar a existência de Deus , um Deus que traga segurança e seja garantia das verdades. O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO)
Teoria sobre ideia em Descartes
1. Ideias Inatas São aquelas que nascem com a razão humana. Independem da experiência sensível. Exemplos: noção de Deus, infinito, perfeição, existência, pensamento. Garantem verdades universais e necessárias. Fundamentam o racionalismo cartesiano. As Ideias em Descartes
Vêm da experiência e do contato com o mundo externo. Chegam até nós pelos sentidos. Exemplos: calor, frio, som, cores, sabores. Podem enganar, pois os sentidos não são absolutamente confiáveis. Exigem análise crítica pela razão. 2. Ideias Adventícias
3. Ideias Factícias São construídas pela imaginação. Resultam da combinação de elementos de outras ideias. Exemplos: sereias (mulher + peixe), unicórnio (cavalo + chifre). Não correspondem a realidades existentes. Mostram a criatividade da mente, mas não produzem conhecimento seguro.
Conteúdos Complementares
A EXISTÊNCIA DE DEUS
Descartes considera que termos a percepção que existimos não basta para a fundamentação do conhecimento. Para Descartes, é essencial descobrir a causa de o nosso pensamento funcionar como funciona e explicar a causa da existência do sujeito pensante. Descartes parte das ideias que estão presentes no sujeito para provar a existência de Deus. Lembrando: As ideias que qualquer indivíduo possui são de três tipos: adventícias , factícias e inatas . Uma das ideias inatas que todos nós temos na mente é a ideia de perfeição . É esta ideia que Descartes vai usar como ponto de partida para as provas da existência de Deus. A EXISTÊNCIA DE DEUS
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Descartes apresenta três provas: 1ª prova: sendo Deus perfeito, tem que existir. Não é possível conceber Deus como perfeição e não existente. 2ª prova: a causa da ideia de perfeito não pode ser o ser pensante porque este é imperfeito. A ideia de perfeição só pode ter sido criada por algo perfeito, Deus. 3ª prova: o ser pensante não pode ter sido o criador de si próprio, pois se tivesse sido ter-se-ia criado perfeito. Só a perfeição divina pode ter sido a criadora do ser imperfeito e finito que é o homem e de toda a realidade. PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
A IMPORTÂNCIA DE DEUS NO SISTEMA CARTESIANO E A QUESTÃO DOS ERROS DO SER HUMANO
Deus, sendo perfeito, não pode ser enganador. Enquanto perfeição, Deus é garantia da verdade das nossas ideias claras e distintas (por exemplo: 2+2=4 ou ”penso, logo, existo”). Se Deus é perfeito e criador do homem e da realidade, então é também o criador das verdades incontestáveis e o fundamento da certeza. Segundo Descartes, é Deus que garante a adequação entre o pensamento evidente (verdadeiro) e a realidade, conferindo assim validade ao conhecimento . Deus é a perfeição, ou seja, é o bem, a virtude, a eternidade, logo, não poderá ser o autor do mal nem responsável pelos nossos erros. A IMPORTÂNCIA DE DEUS NO SISTEMA CARTESIANO E A QUESTÃO DOS ERROS DO SER HUMANO
Se Deus não existisse e não fosse perfeito, não teríamos a garantia da verdade dos conhecimentos produzidos pela razão, nem teríamos a garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a uma evidência , isto é, a uma verdade incontestável. Se Deus não é enganador, então as nossas evidências racionais são absolutamente verdadeiras. Se Deus não existisse, para Descartes, seria “o caos” e nunca poderíamos ter a garantia do funcionamento coerente da nossa razão nem ter noção de como se tornou possível a nossa existência. Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da vontade, quando esta se sobrepõe à razão. Erramos quando usamos mal a nossa liberdade e quando aceitamos como evidentes afirmações que o não são, logo, Deus não é responsável pelos nossos erros mas é garantia das verdades alcançadas pela razão humana. A IMPORTÂNCIA DE DEUS NO SISTEMA CARTESIANO E A QUESTÃO DOS ERROS DO SER HUMANO