Descartes: ANÁLISE DO Capítulo IV DA OBRA "O Discurso do Método" Provas da existência de Deus
1º Argumento da causalidade/marca impressa Vejo claramente que não sou perfeito porque: Duvido e tenho pensamentos obscuros Vejo claramente que duvidar é uma imperfeição pois não sei, sobre todas as coisas que gostaria de saber. Desejaria ter aquilo que vejo claramente que me falta, ser perfeito. Logo se tenho ideia que me falta perfeição tenho a ideia de perfeito.
Qual a causa da ideia de perfeito? Não pode ser fruto do meu pensamento porque: O que é imperfeito não pode ser a causa do que é perfeito porque isso repugna ao pensamento e à razão. Porque a causa de uma ideia tem que ter mais realidade que o seu efeito. Porque do nada nada se produz. Também não a posso ter tirado de algo corpóreo que tão pouco sei se existe e é dependente do meu pensamento. Esta ideia tem que ter sido colocada em mim por algo mais perfeito. Só pode ser Deus, logo Deus existe
2º Argumento -Natureza de Deus/causa do cogito Deus tem de ter todas as perfeições que eu posso pensar mais as que o meu pensamento por ser imperfeito não conhece. Deus é um ser de uma substância diferente da substância extensa/corpórea ou da substância pensante. A substância divina é omnisciente , omnipotente e omnipresente. É também criador do meu ser, visto que na perfeição não haver dependência ele basta-se a si próprio,(causa sui) enquanto eu e tudo o que posso pensar de perfeito e verdadeiro dependo dele. Como ser imperfeito, não sou o criador de mim, devendo a existência do meu pensamento a Deus.
3º Argumento para provar a existência de Deus: Argumento ontológico. Podemos pensar em figuras geométricas como um triângulo, mas nada na ideia de triângulo nos permite concluir que existem triângulos fora da nossa mente. A ideia de triângulo é necessariamente uma figura com três lados e três ângulos, mas nada diz sobre ele existir. Mas com a ideia de perfeito, descubro que a existência está contida na ideia de Deus, com mais evidência do que a ideia de um triângulo ter três lados. Logo, a existência de Deus segue-se necessariamente da ideia de um ser perfeito.(Deus).
Tipos de ideias A ideia de Deus não foi tirada dos sentidos de algo que vi ou que recordo que vi. Essas ideias são totalmente obscuras e a ideia de Deus é evidente. Ideias retiradas da experiência - Ideias adventícias. Também não é inventada porque não a posso mudar de acordo com a minha vontade . Ideias fictícias. Só pode ter sido colocada em mim por um ser perfeito. Deus. É portanto uma ideia Inata. Marca da criação. As ideias inatas são as únicas que são claras e distintas, ou seja, evidentes.
Deus é a garantia da verdade das minhas ideias Se existe um Deus com todas as perfeições então ele não é enganador, (porque a fraude não faz parte da perfeição) então tudo o que posso pensar com clareza e distinção é verdadeiro. Mesmo que esteja a sonhar, o pensamento do que tudo o que concebo claramente é verdadeiro, podendo assim ter outros conhecimentos de outras coisas para além de mim, como o conhecimento matemático e outras matérias intelectuais. Com a existência de Deus é afastado o génio maligno e os raciocínios dedutivos da matemática têm um fundamento Deus é a garantia da realidade objetiva das ideias e da existência do mundo exterior à mente. Deus é a garantia de que posso conhecer com clareza e distinção a substância pensante, a substância divina e a substância extensa. Posso conhecer o mundo exterior corpóreo com clareza e distinção. As características que posso conhecer do mundo corpóreo são aquelas que se relacionam com a substância extensa (altura, cumprimento, largura). As características matemáticas das coisas corpóreas.
Três crenças básicas que são fundamento de todo o conhecimento.