Desenvolvimento de Metodologia Voltada à Sustentabilidade para Lachésis Locações: Aplicação do Conceito de Upcycling

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Desenvolvimento de Metodologia Voltada à
Sustentabilidade para Lachésis Locações: Aplicação
do Conceito de Upcycling

MORO, Anelise Bez.
Universidade Positivo

Este artigo trata da sustentabilidade ambiental e o conceito de Upcycling. O objetivo é
desenvolver uma metodologia para a empresa Lachésis Locações de Trajes Sociais Ltda, com
o conceito de Upcycling. Outros objetivos: levantar dados sobre sustentabilidade na moda,
realizar o diagnóstico, desenvolver uma metodologia, verificá-la e reutilizar os próprios resíduos
da empresa. A metodologia foi uma investigação bibliográfica uma pesquisa de campo e um
estudo de caso. A conclusão para a empresária e a autora foi não positiva, havendo a
necessidade de estudo técnico, devido à dificuldade de adaptação de moldes, junção de
tecidos de gramaturas diferentes e fechamento das peças.


Palavras-chave: Sustentabilidade Ambiental. Upcycling. Resíduos Próprios. Desperdício.
Descarte Têxtil.


Introdução
Levando em consideração a atual conjuntura, o consumo compulsivo e as
catástrofes que estão acontecendo na natureza, se faz necessário que todos reflitam
sobre o ambiente, o consumo, a sociedade e a cultura do desperdício que está
ocorrendo nos tempos atuais.
É de grande importância que se faça alguma coisa no sentido de perceber o
que necessita o consumidor, o que afeta a sociedade e como a sustentabilidade ligada
à moda pode ajudar a promover mudanças e renovações.
A moda, como se sabe, é um meio que renova e descarta os produtos a cada
nova estação, logo algo tem que ser feito para que sejam reduzidos os custos da
indústria e também os desperdícios de materiais e recursos.
A relação entre a moda e o consumo afeta e interfere nos objetivos da
sustentabilidade, pois o que é produzido explora o trabalho, explora as energias não
renováveis e ainda aumenta o impacto ambiental provocando danos sérios e
incalculáveis, assim como muito desperdício.
O vestuário que na antiguidade servia como uma capa protetora para o ser
humano, nos dias atuais faz parte de uma indústria poderosa que leva em
consideração os gostos e mostra as diferenças sociais. A industrialização aumentou
consideravelmente a gama de diferentes peças de vestuário.
Esse aumento na diversidade das peças de vestuário, juntamente com a
globalização provocou uma necessidade de também fazer uso de novos tipos de

matérias primas que acompanham a evolução da tecnologia e no modo mais
sofisticado de se vestir.
O desenvolvimento de uma metodologia voltada à sustentabilidade ambiental a
partir da aplicação do conceito de Upcycling é uma alternativa viável para a
reutilização de materiais têxteis descartados pela empresa Lachésis Locações de
Trajes Sociais Ltda.
Ao reutilizar os seus próprios resíduos do segmento Moda Festa, a empresa
evita o desperdício do material ainda em condições de uso, colaborando assim com a
redução do descarte têxtil, diminuindo o problema ambiental gerado pelo setor de
confecção.
Assim o projeto deverá ser desenvolvido visando elaborar uma metodologia
voltada à sustentabilidade ambiental, para que a empresa possa ampliar a consciência
sobre questões relativas ao descarte têxtil no meio ambiente, e desta forma assumir
valores voltados a diminuir os impactos ambientais e aumentar o consumo consciente.
Então, esse projeto tem como objetivo desenvolver esta metodologia para a
empresa Lachésis Locações de Trajes Sociais Ltda, em Curitiba, com aplicação do
conceito de Upcycling.
Para se atingir este objetivo foram levantados dados bibliográficos sobre
moda e sustentabilidade, conceituação de Upcycling, que trata da reutilização dos
próprios resíduos da empresa, realização de um diagnóstico de como a empresa atua
nos dias atuais e desenvolvimento da metodologia para a empresa acima citada.
Para a realização do trabalho foram feitas pesquisas em livros, sites e artigos
científicos sobre o tema, procurando coletar dados para que se possa encontrar a
metodologia adequada para a empresa em questão.

Desenvolvimento
- Moda e Sustentabilidade
O mercado de moda festa é aquecido pelas festas de casamento
principalmente, e outros eventos sociais: formaturas, 15 anos, bodas de casamento,
entre outros.
Segundo o relatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos
naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade
das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades".
De acordo com Sachs (2004, p. 15), os cinco pilares do desenvolvimento
sustentável são: social, ambiental, territorial, econômico e político.
A produção de peças de vestuário envolve vários processos até a sua
comercialização. As etapas do processo produtivo são as seguintes:

 1 ª etapa: extração da fibra bruta, tecelagem, e a produção do tecido;
 2ª etapa: criação, modelagem, pilotagem, fichas técnicas;
 3ª etapa: risco, corte, montagem, confecção, costuras e acabamentos;
 4ª etapa: distribuição e disponibilidade para o consumidor final.
Após estas etapas ocorre o consumo e pós-consumo, e chegando à fase de
descarte do produto, existem alternativas para prolongar a vida útil do mesmo.
O desenvolvimento dos produtos com o objetivo de reduzir o uso de matéria
prima nova e os impactos causados pelo setor leva não só em consideração o meio
ambiente, mas a parte social e econômica relacionada, que estão presentes no
processo produtivo dos produtos de moda, incluindo-se o bem-estar de todas as
pessoas envolvidas, preocupando-se também com as gerações futuras. Por isto, tendo
em vista esse cenário, o papel do designer é muito importante, pois possui o intuito de
trilhar o caminho da sustentabilidade.
Esse deverá ser o papel de um designer daqui para frente: ao criar
uma peça, ele precisará pensar na redução de perdas, na
durabilidade na forma como ela vai ser feita e nos resíduos. Bons
designers criarão soluções, enquanto designers ruins continuarão
criando problemas. (CARVALHAL, 2016, p. 212).

- Ferramentas
Para as marcas da área da Moda percorrerem o caminho em busca de inserir a
sustentabilidade aos seus processos produtivos, existem ferramentas que as auxiliam
para chegar até esse objetivo, que são: Materiais têxteis e upcycling.
Quando se pensa em sustentabilidade, é relevante estudar sobre os materiais
têxteis existentes, que é essencial para o designer realizar o planejamento das roupas
de vestuário, antes mesmo de criá-las.
Como afirmam Fletcher; Grose (2011, p.12), “até o momento, a exploração de
materiais tem sido o ponto de partida para a maior parte da inovação sustentável”.
Para compreender os materiais têxteis é preciso identificar os tipos de fibras
naturais ou químicas. As fibras naturais são derivadas de polímeros vegetais, animais:
algodão, lã, seda. As fibras químicas são produzidas através de processos de
transformação de polímeros em fibras e podem ser originárias do petróleo, sal,
celulose entre outros, são divididas em sintéticas: poliéster, elastano, acrílico, e fibras
químicas artificiais: poliamida, náilon, viscose.
As fibras derivadas de plantas e animais demandam pouco tempo para
decompor-se. Já as outras fibras são consideradas não biodegradáveis. Contudo, a
mistura de uma fibra natural com uma fibra sintética, não garante a sustentabilidade,
pois quando se mistura os dois tipos de fibras, altera a sua composição.

Como afirma Flatcher; Grose (2011, p.17), “com frequência as roupas são
feitas de mesclas de fibras, e quando as fibras naturais são combinadas com fibras
sintéticas, a decomposição é inibida”.
Upcycling consiste em um termo criado para representar a transformação de
materiais que seriam descartados, em algo com novo significado, de igual ou maior
valor, ampliando o ciclo de vida dos mesmos, evitando o descarte de materiais. Ou
seja, todos aqueles produtos, sejam eles peças de vestuário, que não tem mais uso, e
só teriam como destino final os aterros sanitários, podem ser utilizados como matéria-
prima para a criação de um produto novo através do processo de Upcycling.
O objetivo é fazer o uso do material que está no fim da vida útil, como parte de
algo novo, sem ter que passar pelo processo de transformação dos resíduos que
envolve a alteração de suas propriedades físicas, químicas e biológicas como é o caso
da reciclagem, a peça é utilizada no estado em que se encontra.
Diferente da reciclagem, que usa energia para destruir a forma e
então transformar em algo novo, o Upcycling reinsere a peça
descartada no processo para então transformá-la. A peça é a matéria
prima, e o trabalho agrega valor a ela transformando-a em uma nova,
com criatividade e baixo gasto de energia (CARVALHAL, 2016, p.
216).
A proposta é lançar um produto que não mude seu estado químico no processo
e demande baixo uso de energia. Trata-se do reaproveitamento do material de
maneira criativa e habilidosa, com o objetivo de reduzir a geração de resíduos. Como
também afirmam os autores Mcdough e Brungart (2002, p.53):
O objetivo do Upcycling é evitar o desperdício de materiais
potencialmente úteis, reduzindo o consumo de novas matérias primas
durante a criação de novos produtos e o consumo de energia, a
poluição do ar e da água e as emissões de gases de efeito estufa,
resultantes dos processos industriais da reciclagem.

- Metodologias de Design
Foram analisadas as metodologias apresentadas por Bruno Munari (1998),
Bernd Löbach (2001) e Mike Baxter (2011), os principais autores estudados nos
cursos de design.
Segundo Munari (1998, p.10), “o método de projeto não é mais do que uma
série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela experiência.
Seu objetivo é o de atingir o melhor resultado com menos esforço”. Compreende-se
que deve seguir uma sequência de etapas de acordo com experiências anteriores.
Essas experiências descartam tentativas inválidas, do qual demandaria tempo para
realizá-la. O método de projeto pode ser modificado como afirma Munari (1998, p. 11):
O método de projeto para o designer, não é absoluto nem definitivo;
pode ser modificado caso ele encontre outros valores objetivos que

melhorem o processo. E isso tem a ver com a criatividade do
projetista, que, ao aplicar o método, pode descobrir algo que o
melhore.

Figura 1 – Metodologia de Bruno Munari
Fonte: Site Mova Design <http://movadesign.com.br/qual-seu-metodo-metodlogia-no-design/>
De acordo com Duarte (2010, p. 6), a metodologia de Munari possui como
pontos positivos e negativos:
Como pontos positivos: adequado para iniciantes, linguagem de fácil
entendimento.
Como pontos negativos: estrutura superficial incompleta; não aborda
mercado, gestão, ergonomia e estratégia; representação gráfica
inadequada, método fechado.
Löbach (2001, p.141) aponta que “o processo de design é tanto um processo
criativo como de solução de problemas” e faz referência à lógica de avanços e
retrocessos ao longo do processo de design. O seu método envolve quatro fases:
análise do problema, geração de alternativas, avaliação de alternativas e realização da
solução do problema, conforme figura 2 a seguir:

Figura 2 – Metodologia de Bernd Löbach
Fonte: Livro Design Industrial: bases para configuração dos produtos industriais. (2001, p. 142)

Segundo Baxter (2011, p. 168), “o planejamento do produto começa com a
estratégia de desenvolvimento de produto da empresa e termina com as
especificações de produção do novo produto”. Busca integrar assuntos de ponto de
vista mercadológico com engenharia, como a identificação e a satisfação das
necessidades dos consumidores.
Baxter (2011) desenvolveu seus métodos de desenvolvimento de produtos
voltados diretamente para os mercados, atribuindo pesquisas de marketing para a
criação de modelos que atendam diretamente o desejo e a satisfação do consumidor,
para a obtenção de resultados mais satisfatórios de comercialização, fazendo uma
aproximação entre os meios científicos e a fabricação de produtos.

Figura 3 – Metodologia de Mike Baxter
Fonte: Livro Projeto de Produto: guia prático para o design de novos produtos. (1998)

- Comparação entre as Três Metodologias
O método de Munari (1998) apresenta como proposta uma abordagem para o
projeto de uma forma sequencial, de forma abrangente dando ênfase à lógica do
processo de design que engloba etapas gerais que devem ser cumpridas para que se
tenha a solução do problema detectado.
Como diferencial, o seu método destaca como importante a solução do
problema ou dos problemas do projeto. Este autor destaca, principalmente, que
criatividade não está ligada à improvisação sem método e que o problema do design
está diretamente ligado a uma necessidade.
Já o método de Löbach (2001), tem como proposta que o processo de design é
criativo e de solução de problemas. É caracterizado como sendo um processo linear
de etapas: estruturalista, cartesiano e sistemático.
O seu diferencial está em que ele enfatiza a lógica dos avanços e retrocessos
durante todo o processo de design, embora seja por um processo linear. Ele tem como
certo que ao se analisar o problema de forma eficiente, se chegará ao encontro de
uma solução para o problema.

Com relação ao método de Baxter (2011), apresenta como proposta questões
vinculadas ao mercado e ao sucesso do produto que está sendo projetado,
abrangendo de forma total o processo de desenvolvimento de novos produtos indo
desde uma pesquisa de mercado, passando pelo projeto conceitual, desenvolvimento
de especificações até finalmente chegar à fabricação. O seu diferencial está na
articulação do design e do marketing para que venha a alcançar diferenciação no
mercado, bem como de um projeto inovador.

- A Empresa
A empresa surgiu em 1981, em Curitiba, com a denominação Lachésis
Indústria e Comércio de Artigos do Vestuário. Eram criadas coleções de peças para o
segmento infantil, adulto feminino e masculino. A marca sempre participava de feiras
de roupas no atacado e distribuía seus produtos através de sacoleiras e lojas para a
venda.
Em 1999, a empresa Lachésis de Indústria e Comércio de artigos do vestuário
foi encerrada e surgiu a nova empresa com razão social denominada Ane Locações
de Trajes Sociais, e manteve o nome fantasia Lachésis, atendendo somente o
segmento de Moda Festa. Ao longo do tempo teve um considerado crescimento no
mercado e foi ampliando o seu negócio.
A Lachésis é especializada no aluguel de vestidos de noiva, debutante, dama,
pajem, primeira comunhão, trajes sociais femininos e masculinos e acessórios para
festa em Curitiba. A empresa trabalha com uma ampla linha de peças únicas com
produção própria, e com algumas peças de fornecedores do mesmo ramo: Center
Noivas, Rússia Noivas; além de possibilitar a criação de modelos para primeira
locação que garantem a exclusividade e feitos sob medida para seus clientes.

- Pesquisa de Campo
Foi realizada uma pesquisa de campo com clientes da Lachésis, com seus
clientes jovens e com o público externo através de questionários que foram
respondidos na própria loja e no Google Docs para o externo. A analise dos resultados
foi a seguinte:
Imaginava-se que o público jovem tivesse mais conhecimento e consciência
sobre a sustentabilidade, do que o público mais velho e percebeu-se que os dois tipos
de público possuem o nível igual de conhecimento sobre o assunto. As respostas
referentes à preocupação com a sustentabilidade foram similares.
O público alvo para as peças confeccionadas através da metodologia com
aplicação do conceito de Upcycling são mulheres jovens residentes em Curitiba entre

26 e 35 anos, pertencentes a classe A e B, que frequentem eventos sociais e
busquem trajes com valores mais acessíveis.
Na pesquisa realizada com os clientes Lachésis, que foi feita por meio de um
questionário entregue às clientes na loja, trinta clientes, o público alvo está na faixa
etária de mulheres com mais de 45 anos e de profissões diversas.
Neste público a preocupação com a sustentabilidade ocorreu em menos de
50% das entrevistadas, verificando-se que a preocupação maior está relacionada com
separação de lixo e reciclagem. Havendo poucas que responderam dentro do tema da
pesquisa que foi relacionada com utilização de roupas de fibras naturais, não utilizar
roupas de pele de animal e comprar roupas de fabricação sustentável.
Nenhuma das entrevistadas tinha conhecimento do termo Upcycling mostrando
que não estão familiarizadas com roupas confeccionadas de restos de tecidos ou de
mudanças em roupas fora de moda.
A maioria prefere alugar um vestido ao compra-lo, pelo motivo de não repetir a
mesma roupa em mais de um evento, e não ocupar espaço nos guarda roupas em
casa.
Com relação à pesquisa realizada com clientes mais jovens da Lachésis, foi
utilizado o mesmo questionário para o mesmo número de clientes. Neste caso o
público alvo esteve na faixa de 16 a 25 anos, onde a preocupação com a
sustentabilidade foi mais baixa do que a do público mais velho, o que foi
surpreendente devido aos mais jovens estarem mais acos tumados com esta
preocupação. Percebeu-se, também, que a maioria está preocupada com lixo, energia
e água; e não na aquisição ou locação de roupas em locais que se preocupem com a
sustentabilidade. Também neste caso não havia conhecimento do termo Upcycling. E
as jovens também preferem alugar as roupas para os eventos para não repetir o
mesmo traje e nem ocupar espaço em casa com roupas que não vão mais utilizar.
Por fim, foi realizada uma pesquisa com o público externo, através de um
questionário colocado na Internet. Neste caso o público alvo esteve entre as mulheres
com mais de 45 anos, sendo que a maioria, mais de 60% não tem preocupação com a
sustentabilidade, preocupando-se também com lixo, reciclagem, economia de água e
energia, entre outras não ligadas à área de confecção. As que possuem preocupação
com roupas, tendem a comprar roupas em locais mais simples, não em fast.
Neste caso houve poucas que tinham conhecimento do termo Upcycling e até
locariam vestidos de festa, mas com valores de até R$ 200,00.

- Desenvolvimento da Metodologia para a Lachésis
De acordo com Lins (2014), metodologia é o:
Estudo dos métodos; etapas a seguir em um determinado processo.
Tem como objetivo captar e analisar as características de vários
métodos indispensáveis, avaliar suas capacidades, potencialidades,
limitações ou distorções e criticar pressupostos ou implicações de sua
utilização.

Foi levado em consideração para a escolha da estrutura do método, o
levantamento de dados, bem como as pesquisas e as análises realizadas na empresa
Lachésis.
Desenvolveu-se então, uma metodologia, que consiste em 15 etapas e estas
foram construídas seguindo uma ordem lógica do processo de desenvolvimento de um
produto.
O processo de confecção das peças aplicado ao conceito de upcycling
corresponde a um conjunto de etapas a serem seguidas para modificações mais
significativas do produto original, entretanto nem todas as peças necessitam de
mudanças tão grandes, devido à boa conservação dos materiais existentes. Assim o
processo depende de qual nível de mudanças é mais adequado.
A partir do estudo das metodologias de design de Baxter (2011), Munari (1998) e
Löbach (2001) e também dos métodos utilizados por marcas de Upcycling, foi criada
uma metodologia adequada às características da empresa Lachésis.
Este método usou como base a metodologia de Löbach, que mais se aproxima da
lógica de projetos no desenvolvimento de produtos de Upcycling.
A metodologia utilizada consiste das seguintes etapas encontradas na figura a
seguir:

Figura 4 – Metodologia desenvolvida
Fonte: A autora (2017)

A tabela a seguir mostra um comparativo entre a metodologia de Löbach e a que
foi desenvolvida:
Löbach Metodologia desenvolvida

1. Análise do problema
 Conhecimento do problema;
 Coleta de informações;
 Definição do problema;
 Classificação do problema;
 Definição dos objetivos.


 1ª etapa: verificar quais as peças
que não foram alugadas no
período de um ano;
 2ª etapa: selecionar 10 vestidos e
retalhos em estoque para o
processo Upcycling;
 3ª etapa: avaliar e definir as
costuras a serem desmanchadas;
 4ª etapa: desmontar as peças;
 5ª etapa: selecionar as partes
que serão utilizadas e os
resíduos (têxteis e aviamentos);
 6ª etapa: classificar os pedaços
de tecido por cores e por
gramatura em um local definido;
 7ª etapa: definir e utilizar

modelagens de três vestidos de
acordo com os seguintes
critérios: modelos mais alugados,
que atendam a biotipos
diferentes e que facilitem o
processo de Upcycling;
 8ª etapa: graduar cada molde do
tamanho 36 ao 48.


2. Geração de alternativas
 Escolha dos métodos para
solucionar problemas;
 Produção de ideias;
 Geração de alternativas.

 9ª etapa: definir um tema e
construir painel semântico;
 10ª etapa: gerar as alternativas
(croquis);

3. Avaliação de alternativa
 Exame das soluções;
 Processo de seleção;
 Processo de avaliação;


 11ª etapa: experimentar e
encaixar as peças nos moldes;
 12ª etapa: selecionar as
alternativas
 13ª etapa: alfinetar partes a
serem costuradas;

4. Realização da solução do problema
 Nova avaliação da solução.


 14ª etapa: confeccionar – costura
e acabamentos;
 15ª etapa: provar o vestido e
finalizar a peça;
 16ª etapa: produção de moda e
fotos para divulgação no site e
mídias sociais ( facebook,
instagram).
 17ª etapa: colocar as peças no
local pré-definido para a marca
de Upcycling.
 18ª etapa: verificar os resultados
através de pesquisa com as
clientes.
Tabela 1 – Comparativo entre a metodologia de Löbach e a desenvolvida
Fonte: Autora, 2017.

- Verificação da Metodologia desenvolvida
Para confirmar a eficiência do método e conclusão final do projeto, foi
necessário verificar a metodologia desenvolvida para a empresa, a fim de observar se
está completamente adequada em todas as suas etapas ou se necessita de ajustes ou
modificações, com o objetivo de obter resultados positivos.
Foram selecionados três vestidos de modelo mais desatualizados para
esta verificação e que estão há muito tempo sem locar. Foram desmanchadas as
partes principais do vestido “1”, onde a saia foi separada do corpo e o corpo do vestido
foi inteiramente desmanchado: parte externa e bordados. Da saia do vestido foram
desmanchados os babados, e mantida a saia de cetim. O vestido “2” desmanchou-se
apenas o tecido branco frontal e os bordados. A saia foi mantida, mas o zíper retirado

para reuso. No vestido “3” todas as partes do corpo foram desmanchadas exceto o
forro de malha. Em seguida foi realizada a limpeza dos fios. Como ficaram marcas
nas peças estas foram ara a lavanderia e passadoria as quais foram incluídas
na metodologia.
Na sequência foram separados os resíduos e as artes a serem reutilizadas e
estas ultimas foram separadas por cor (preto e branco no caso) e gramatura. Foram
definidas três modelagens que atendem aos critérios definidos anteriormente.
São um modelo “princesa”, um modelo “reto” e outro modelo “sereia” sendo
este último o escolhido.

Figura 5 – Modelos de vestidos
Fonte: Site Noiva com classe <http://www.noivacomclasse.com/2012/01/como-escolher-vestido-de-noiva-de-acordo-
com-o-tipo-fisico-tipo-de-corpo.html>; adaptações autora, 2017.

Foram, então, criados os croquis e feita a escolha da melhor ideia levando em
consideração questões práticas, estéticas técnicas e simbólicas.
Após a escolha da alternativa houve a necessidade de adaptar a modelagem
escolhida (vestido sereia) de acordo com o croqui, que possui diversos recortes, com o
objetivo de facilitar o encaixe das peças no molde.
Em seguida foram escolhidas as partes de tecido que mais se aproximavam
com o tamanho de cada molde e foram posicionados sobre os mesmos e presas com
alfinetes Neste modelo de vestido, todas as partes foram cortadas no sentido diagonal
dos tecidos para possibilitar mais elasticidade.
Para a confecção da peça foram utilizadas duas máquinas industriais, sendo
uma para costura reta, e uma para costura overlock (arremate e acabamentos
internos).
Para a finalização da peça foram recortadas as rendas florais (retalho em
estoque), e bordadas com as mesmas pedrarias que foram desmanchadas do vestido
longo e aplicadas em alguns dos recortes do vestido.

O vestido foi provado e a modelagem foi aprovada. A peça ficou atualizada e
bonita, porém foram observados alguns defeitos como: sobra de tecido e costura
repuxada.

Figura 6 - Vestidos escolhidos para o upcycling
Fonte: A autora (2017)


Figura 7 – Peça finalizada
Fonte: A autora (2017)

Considerações Finais
O desenvolvimento de produtos por marcas na área de moda sem
planejamento e o uso excessivo de matérias primas resultam em vários impactos
ambientais gerados pelo setor já notados atualmente, visto que a indústria têxtil é uma
das mais poluentes do mundo e o designer possui um papel muito importante na
mudança na cadeia produtiva da moda.
Com a validação da metodologia as peças que não eram mais locadas e iriam
ser descartadas pelo motivo de estarem desatualizadas, voltam a circular, sem
necessidade de confeccionar uma peça com novas matérias primas. Assim a marca
aumenta o seu mix de produtos com peças com design diferenciado a partir de
resíduos e contribui para o uso racional da matéria prima diminuindo o impacto
causado pelo setor de confecção, possibilitando ampliar o ciclo de vida da peça.

Portanto é considerável que o projeto foi concluído com sucesso em relação ao
objetivo geral de desenvolver uma metodologia voltada à sustentabilidade ambiental
para a empresa Lachésis Locações, com aplicação do conc eito de Upcycling,
permitindo que a marca reutilize seus próprios resíduos.
A percepção da empresária não foi positiva, principalmente pelo tempo
necessário para o processo, que inviabiliza a execução de Upcycling, ao menos por
enquanto. As maiores dificuldades durante o processo foram: adaptar o molde, a
junção de tecidos com gramaturas e estruturas diferentes e o fechamento de um
modelo formado por muitas peças pequenas. A empresária percebeu a necessidade
de aprofundar seu conhecimento sobre materiais têxteis e sobre modelagem.
Concluiu-se a mesma percepção da empresária, que se faz necessário um estudo
técnico (materiais têxteis e modelagem) para confecção da peça.
Futuramente há a possibilidade de aperfeiçoar a metodologia desenvolvida
através de pesquisa de campo com profissionais de empresas que trabalham com o
Upcycling de outros estados do Brasil e marcas internacionais, aprofundando o estudo
dos métodos utilizados e deixando a metodologia mais completa e eficiente.

Referências
BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos.
São Paulo: Edgard Blücher, 2011.

CARVALHAL, André. Moda com propósito: manifesto pela grande virada. 1.ed. São
Paulo: Paralela, 2016.

DUARTE, Márcio A. Fernandes. Metodologias: comparação. UNIVEM, 2010.
Disponível em: https://pt.slideshare.net/mduart/mtodo-aberto-apresentao-1. Acesso
em: 28 ago 2017

FLETCHER, Kate; GROOSE, Lynda. Moda e sustentabilidade: design para
mudança. São Paulo: SENAC, 2011.

LINS, Carlos. Metodologia e método. 2014. Disponível em:
http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/metodologia/12734/. Acesso em:
25/08/2017.

LÖBACH, Bernard. Design Industrial: bases para a configuração dos produtos
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MCDONOUGH, W illian; BRAUNGART, Michael. The Upcycle: beyond sustainability,
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MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento includente, sustentável, sustentado. Rio de
Janeiro: Garamond, 2004.
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